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Re: Hovercrafts - Porque não adotá-los?

Enviado: Dom Out 07, 2007 9:32 am
por LeandroGCard
Mapinguari escreveu:
Jet Crash® escreveu:Tava aqui sem fazer nada e me deparei com o hovercraft, então me veio a cabeça a seguinte pergunta. Porque não usá-los na Amazônia?

Existem vários modelos de diferentes tamanhos. Seria um ótimo veículo para locomoção no Rio Amazonas, já que não teria problemas com bancos de areia, poderia aportar naquelas praias tranquilamente, maior velocidade que embarcações convencionais, sem preocupação com as cheias do rio. Ajudaria na integração da Amazônia, talvez tal qual o anfíbio Catalina fez um dia.

Prá deslocar tropas em grande quantidade e rapidez.


Não rola hovercraft na Amazônia, JetCrash.
Existem muitos troncos flutuando, descendo rio abaixo. No primeiro impacto com um, adeus hovercraft.
Mas a MB e o EB juntos poderiam comprar as CB-90 suecas para o Batalhão de Operações Ribeirinhas (CFN) e para os Batalhões de Selva do EB. A CB 90 e a Group Boat (G-Boat) já foram demonstradas aqui e avaliadas por mais de um ano pelo EB. Essas sim, são fantásticas. O casco delas é de alumínio mas é reforçado, uma vez que foram projetadas para operar no litoral rochoso da Suécia. E a filosofia de emprego delas prevê abicagens nas margens, quando os soldados desembarcam.
Tenho um vídeo que fiz de uma demonstração da CB 90 para a qual fui convidado, em abril de 2004. Vou subir o vídio para o YouTube e postar aqui o link. O barco é fantástico.


Gente, desculpe a intromissão, mas reli o tópico todo e notei que o principal problema dos hovercrafts para operações na Amazônia não foi citado.

É verdade que eles passariam por cima dos troncos flutuantes sem nem percebê-los, que poderiam passar de um trecho de rio para o outro pairando sobre a terra firme sem problemas, e que podem se deslocar bem rapidamente. E também é verdade que eles consomem muito combustível (pois precisam gastar grande parte da energia gerada por seus motores para manter o colchão de ar sobre o qual flutuam), e que o desgaste das saias é rápido, principalmente em terreno abrasivo (como acontece com pneus). Mas o fator que limita seu uso nos rios amazônicos é outro completamente diferente.

O que acontece é que os hover's, justamente por se deslocarem sobre um conchão de ar que elimina o atrito com a superfície da água ou do solo, apresentam uma comportamento direcional errático, deslizando de lado em qualquer manobra ou mesmo quando apenas atingidos pelo vento ou por uma onda na saia. Este efeito pode ser minimizado pelo uso de hélices móveis para o controle direcional (no lugar dos simples lemes aerodinâmicos), mas mesmo isto não elimina totalmente o problema de derrapagem típico da navegação destes veículos. Assim, eles não são adequados para operar em espaços estreitos, apenas em áreas desimpedidas como grandes lagos, oceanos, pântanos com poucas árvores e desertos.

Entrar com um hovercraft em um igarapé da Amazônia é pedir para bater em todas as árvores que ladearem os caminhos estreitos, e se enroscar em tudo que é touceira de mato que estiver na linha sinuosa que é a trajetória que estes veículos percorrem, a menos que estejam em alta velocidade (quando suas superfícies aerodinâmicas tem melhor efeito em estabilizá-los). O único lugar onde eles poderiam se deslocar sem risco seria no meio da calha dos grandes rios, longe das margens, e isto lhes daria um emprego tático muito restrito na região.

Somente os hovercrafts semi-rígidos (cujas laterais são paredes rígidas que penetram na água como os cascos das embarcações normais, e que possuem saias flexíveis apenas na dianteira e na traseira) apresentam uma condição de navegação melhor, mas estes não podem sair da água e seriam muito danificados caso encontrassem algum tronco flutuante, coisa comum na região, quando estivessem utilizando sua alta velocidade.

É por esta razão que não se utilizam hovercrafts em lugares como os pântanos dos Everglades na Flórida (onde são utilizadas aquelas lanchas de fundo chato e helices aéreas, que derrapam um pouco menos), ou nos lagos menores do Canadá, ou nos rios amazônicos.

Leandro G. Card

Enviado: Dom Out 07, 2007 10:13 am
por luis F. Silva
LeandroGCard escreveu:
O que acontece é que os hover's, justamente por se deslocarem sobre um conchão de ar que elimina o atrito com a superfície da água ou do solo, apresentam uma comportamento direcional errático, deslizando de lado em qualquer manobra ou mesmo quando apenas atingidos pelo vento ou por uma onda na saia. Este efeito pode ser minimizado pelo uso de hélices móveis para o controle direcional (no lugar dos simples lemes aerodinâmicos), mas mesmo isto não elimina totalmente o problema de derrapagem típico da navegação destes veículos. Assim, eles não são adequados para operar em espaços estreitos, apenas em áreas desimpedidas como grandes lagos, oceanos, pântanos com poucas árvores e desertos.


Embora não conheça a realidade dos grandes rios brasileiros, os hovercrafts foram usados com exito no Vietnam, embora em número muito reduzido. Serviram essencialmente para intervenções rápidas no delta do Mekong.

É por esta razão que não se utilizam hovercrafts em lugares como os pântanos dos Everglades na Flórida (onde são utilizadas aquelas lanchas de fundo chato e helices aéreas, que derrapam um pouco menos), ou nos lagos menores do Canadá, ou nos rios amazônicos.

Até porque económicamente não se justifica.

Enviado: Dom Out 07, 2007 12:44 pm
por Edu Lopes
E os Air Boats usados nos Everglades, será que poderiam ser usados pelos BIS? Não seriam uma opção interessante até mesmo para os Fuzileiros? Ou, quem sabe, para ações de comandos?

O barulho talvez seja um problema, mas a agilidade que proporciona é muito grande.

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Re: Hovercrafts - Porque não adotá-los?

Enviado: Dom Out 07, 2007 6:04 pm
por Mapinguari
LeandroGCard escreveu:
Mapinguari escreveu:
Jet Crash® escreveu:Tava aqui sem fazer nada e me deparei com o hovercraft, então me veio a cabeça a seguinte pergunta. Porque não usá-los na Amazônia?

Existem vários modelos de diferentes tamanhos. Seria um ótimo veículo para locomoção no Rio Amazonas, já que não teria problemas com bancos de areia, poderia aportar naquelas praias tranquilamente, maior velocidade que embarcações convencionais, sem preocupação com as cheias do rio. Ajudaria na integração da Amazônia, talvez tal qual o anfíbio Catalina fez um dia.

Prá deslocar tropas em grande quantidade e rapidez.


Não rola hovercraft na Amazônia, JetCrash.
Existem muitos troncos flutuando, descendo rio abaixo. No primeiro impacto com um, adeus hovercraft.
Mas a MB e o EB juntos poderiam comprar as CB-90 suecas para o Batalhão de Operações Ribeirinhas (CFN) e para os Batalhões de Selva do EB. A CB 90 e a Group Boat (G-Boat) já foram demonstradas aqui e avaliadas por mais de um ano pelo EB. Essas sim, são fantásticas. O casco delas é de alumínio mas é reforçado, uma vez que foram projetadas para operar no litoral rochoso da Suécia. E a filosofia de emprego delas prevê abicagens nas margens, quando os soldados desembarcam.
Tenho um vídeo que fiz de uma demonstração da CB 90 para a qual fui convidado, em abril de 2004. Vou subir o vídio para o YouTube e postar aqui o link. O barco é fantástico.


Gente, desculpe a intromissão, mas reli o tópico todo e notei que o principal problema dos hovercrafts para operações na Amazônia não foi citado.

É verdade que eles passariam por cima dos troncos flutuantes sem nem percebê-los, que poderiam passar de um trecho de rio para o outro pairando sobre a terra firme sem problemas, e que podem se deslocar bem rapidamente. E também é verdade que eles consomem muito combustível (pois precisam gastar grande parte da energia gerada por seus motores para manter o colchão de ar sobre o qual flutuam), e que o desgaste das saias é rápido, principalmente em terreno abrasivo (como acontece com pneus). Mas o fator que limita seu uso nos rios amazônicos é outro completamente diferente.

O que acontece é que os hover's, justamente por se deslocarem sobre um conchão de ar que elimina o atrito com a superfície da água ou do solo, apresentam uma comportamento direcional errático, deslizando de lado em qualquer manobra ou mesmo quando apenas atingidos pelo vento ou por uma onda na saia. Este efeito pode ser minimizado pelo uso de hélices móveis para o controle direcional (no lugar dos simples lemes aerodinâmicos), mas mesmo isto não elimina totalmente o problema de derrapagem típico da navegação destes veículos. Assim, eles não são adequados para operar em espaços estreitos, apenas em áreas desimpedidas como grandes lagos, oceanos, pântanos com poucas árvores e desertos.

Entrar com um hovercraft em um igarapé da Amazônia é pedir para bater em todas as árvores que ladearem os caminhos estreitos, e se enroscar em tudo que é touceira de mato que estiver na linha sinuosa que é a trajetória que estes veículos percorrem, a menos que estejam em alta velocidade (quando suas superfícies aerodinâmicas tem melhor efeito em estabilizá-los). O único lugar onde eles poderiam se deslocar sem risco seria no meio da calha dos grandes rios, longe das margens, e isto lhes daria um emprego tático muito restrito na região.

Somente os hovercrafts semi-rígidos (cujas laterais são paredes rígidas que penetram na água como os cascos das embarcações normais, e que possuem saias flexíveis apenas na dianteira e na traseira) apresentam uma condição de navegação melhor, mas estes não podem sair da água e seriam muito danificados caso encontrassem algum tronco flutuante, coisa comum na região, quando estivessem utilizando sua alta velocidade.

É por esta razão que não se utilizam hovercrafts em lugares como os pântanos dos Everglades na Flórida (onde são utilizadas aquelas lanchas de fundo chato e helices aéreas, que derrapam um pouco menos), ou nos lagos menores do Canadá, ou nos rios amazônicos.

Leandro G. Card


Leandro, suas explicações foram perfeitas. Nos rios amazônicos existem muitas áreas de igapó, com árvores submersas, que podem destruir as saias do hovercraft, que criam o efeito "colchão de ar".
É por isso que, para uso na Amazônia, defendo que EB e Marinha usem barcos como a CB 90. Além de poderem transportar dois grupos de combate completos (20 homens), mais a tripulação de 3 homens, elas são muito silenciosas (vc só a ouve quando ela se encontra "em cima" de você) e manobráveis (giram sobre o próprio eixo e páram numa distãncia igual a duas vezes seu comprimento, mesmo estando a 45 nós). Existe possibilidade de uma versão com um torre com dois morteiros de 120mm AMOS. Fico imaginando o que seria uma ação de assalto anfíbio fluvial, com um conjunto de CB 90 com 20 homens cada, armadas com duas .50 coaxiais e mais uma na torre móvel controlada remotamente, apoiadas por algumas CB 90 com torres AMOS. Eu não queria estar na pele da tropa adversária...
Vejam o vídeo que fiz de uma demonstração dela em Manaus, em 27 de abril de 2004.

http://www.youtube.com/watch?v=NT_Gh-YpxNE

Enviado: Dom Out 07, 2007 6:54 pm
por Carlos Mathias
MAs um Over deste teria que entrar em igarapés sempre? Para levar um tropa grande até uma praia num rio como o negro, num local distante e rapidamente o over leva vantagem sim, e todas estas armas podem ser colocadas num over que aliás é uma plataforma muito mais estável. E o CB-90 continua batendo nos tocos.

Igarapé pede barco menor, beleza. Mas num grande rio, destes que existem aos montes na Amazônia e para chegar rápido e descer com o pé seco, um over grandão é melhor.

Enviado: Dom Out 07, 2007 9:44 pm
por Mapinguari
Carlos Mathias escreveu:MAs um Over deste teria que entrar em igarapés sempre? Para levar um tropa grande até uma praia num rio como o negro, num local distante e rapidamente o over leva vantagem sim, e todas estas armas podem ser colocadas num over que aliás é uma plataforma muito mais estável. E o CB-90 continua batendo nos tocos.

Igarapé pede barco menor, beleza. Mas num grande rio, destes que existem aos montes na Amazônia e para chegar rápido e descer com o pé seco, um over grandão é melhor.


Carlos,

A CB 90 ficou mais de um ano sendo testada e avaliada de todo jeito pelo CIGS e pelo 1º BIS (Amv). Não houve qualquer problema com troncos ou igapós. Como eu disse antes, a CB 90 enfrenta os litorais rochosos da Suécia em suas abicagens.
O maior problema era com as canaranas, uma planta aquática que se desenvolve nas margens dos rios, mas que, com a correnteza, tem seus ramos arrancados e ficam boiando rio abaixo. Esses ramos podem ser sugados pelos Water Jet da CB 90 e se acumular no escape, entupindo-os. O próprio pessoal do Exército encontrou a solução para o problema: mesmo vindo a 45 nós e vendo as canaranas muito "em cima", bastava cortar a sucção e deixar a inércia fazer o trabalho. Uma vez ultrapassadas as plantas, ligavam a sucção e aceleravam, seguindo o caminho sem quase perder velocidade. Se, por acaso, algum ramo de canarana não fosse visto pelo piloto e fosse sugado, não era nenhum bicho-de-sete-cabeças também. Parada e embarcação e com o corte do motor, qualquer um poderia remover os ramos presos nas saídas dos Water Jet, por meio de uma rampa na popa. O acesso é fácil e os escapes podem ser alcançados com as mãos.
Para levar uma tropa grande, do nível de uma Companhia de Fuzileiros de Selva, o ideal seria um grande navio de transporte de tropas fluvial, capaz de levar uns 150 homens equipados. Se pudesse ser um navio com essa capacidade de tropas e ainda capaz de levar umas 6 CB 90 numa doca alagável, melhor ainda!
Além disso, como eu disse antes, ao contrário dos hovercrafts, muito barulhentos, as CB 90 são pequenas, rápidas e silenciosas. Você só as ouve quando já estão "em cima". Hovercraft você ouve de longe, como se fossem helicópteros se aproximando.

Enviado: Seg Out 08, 2007 1:07 am
por Operador
Ola pessoal, boa noite.
Só uma contribuição!!!
As avaliações da CB 90 foram conduzidas pelo CECMA.

Enviado: Ter Out 09, 2007 12:51 am
por Mapinguari
Operador escreveu:Ola pessoal, boa noite.
Só uma contribuição!!!
As avaliações da CB 90 foram conduzidas pelo CECMA.


Mas houve participação de pessoal do CIGS e do 1º BIS, com os testes envolvendo tropas embarcadas.

Enviado: Ter Out 09, 2007 8:08 pm
por Operador
Mas houve participação de pessoal do CIGS e do 1º BIS, com os testes envolvendo tropas embarcadas.

Correto :D