Da minha parte eu acho Waterloo um dos mais escandalosos exemplo de egoísmo da história. Dezenas de milhares de homens perderam suas vidas por absolutamente nada. Pouco importa o que o "Ogro da Córsega" fizesse ou deixasse de fazer: ainda que conquistasse uma vitória em Waterloo o único resultado é que outra aldeia belga que entraria para a história como a "Última Batalha de Bonaparte". Enquanto os acontecimentos se desenrolavam naqueles dias de junho, poderosos exércitos russos e austríacos rumavam para a Bélgica e mais tropas prussianas e britânicas se aprontavam para a guerra. Simplesmente, não havia chance alguma de vitória para o Império Napoleônico que, naquela altura era um zumbi, morto mas ainda pensando estar vivo.
O próprio Bonaparte sabia que não tinha chances e fez de tudo para tentar conseguir uma paz com os Aliados, sem perceber que era sua própria presença que unia os Aliados na resolução de fazer guerra à França até o fim, enquanto ele estivesse no poder.
Egoísmo sim, pois Bonaparte saiu de Elba, com o receio de que acabaria sendo retirado de seu exílio e levado a algum julgamento como era defendido por muitos de seus inimigos. Então, para salvar sua própria vida, ele sacrificou dezenas e dezenas de milhares de vidas de soldados franceses. Não pela França, mas por Bonaparte.
A grande sorte da França é que, apesar de a guerra ter sido travada sob novos parâmetros da conduta da guerra, inéditos para o século XVIII, o seu desfecho político ainda foi determinado pela norma de conduta das guerras de gabinete anteriores, ou seja, as decisões da paz foram tomadas pelas cabeças governantes dos estados inimigos da França, friamente, sem qualquer influência da opinião pública. Ao contrário do que ocorreria, por exemplo, no Tratado de Versalhes no pós-Grande Guerra em 1918. Se assim não fosse, a França, depois destes Cem Dias de Bonaparte, teria sofrido grandes amputações territoriais. O que, pelo menos para nós, brasileiros, teria sido uma boa coisa, pois, provavelmente, teria garantido para Portugal, a posse da Guiana Francesa. Então, em 1822, ela teria ficado com o Império do Brasil.
Simples assim. Hoje teríamos a Base de Kourou servindo ao nosso projeto espacial, não ao da França e da União Européia.
