Fuzil da Guarda Presidencial

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#31 Mensagem por Clermont » Seg Mai 27, 2013 11:52 am

Ricardo Rosa escreveu:totalmente exaustos, dizimados e cercados, seu comandante, o General Claude-Michel Etienne, proferiu a célebre frase aos inimigos: a Guarda morre, mas não se rende.
Na verdade, quando solicitado a se render pelos britânicos, o comandante francês disse, simplesmente:

- Vão à merda!

Porém, como não fica bem esse tipo de comentário, alguém transformou em:

- A Guarda morre, mas não se rende!

Que, aliás, é o lema das unidades de Guarda do Exército brasileiro. Já pensaram, o locutor do desfile de 7 de Setembro, em Brasília, ao anunciar a passagem do Batalhão da Guarda Presidencial, dizendo no sistema de som que o lema do batalhão é:

- Vão à merda!

Não pegaria bem, certo?

(por falar nisso, nem mesmo se sabe, exatamente, qual foi o comandante francês que disse isso: se foi o referido Claude-Michel Etienne. ou se foi o general Pierre Cambronne. Mas foi este último quem mais se associou com o dito. Tanto que o nome dele virou apelido de penico.)




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#32 Mensagem por Ricardo Rosa » Seg Mai 27, 2013 12:27 pm

Clermont escreveu:
Ricardo Rosa escreveu:totalmente exaustos, dizimados e cercados, seu comandante, o General Claude-Michel Etienne, proferiu a célebre frase aos inimigos: a Guarda morre, mas não se rende.
Na verdade, quando solicitado a se render pelos britânicos, o comandante francês disse, simplesmente:

- Vão à merda!

Porém, como não fica bem esse tipo de comentário, alguém transformou em:

- A Guarda morre, mas não se rende!

Que, aliás, é o lema das unidades de Guarda do Exército brasileiro. Já pensaram, o locutor do desfile de 7 de Setembro, em Brasília, ao anunciar a passagem do Batalhão da Guarda Presidencial, dizendo no sistema de som que o lema do batalhão é:

- Vão à merda!

Não pegaria bem, certo?

(por falar nisso, nem mesmo se sabe, exatamente, qual foi o comandante francês que disse isso: se foi o referido Claude-Michel Etienne. ou se foi o general Pierre Cambronne. Mas foi este último quem mais se associou com o dito. Tanto que o nome dele virou apelido de penico.)
Boa tarde a todos,

Com relação ao lema, concordo com vc! Apesar de possuírem o mesmo sentido, vão à merda não cairia bem para os anais da história. Bem, na minha opinião, só um comandante, no calor, no stress e no desespero do combate, poderia proferí-lo. Fico com o General Claude-Michel Etienne.

Abraços.




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#33 Mensagem por Túlio » Seg Mai 27, 2013 1:47 pm

Já eu fico com Cambronne. Trasnscrevo aqui um trecho do livro Fora de Controle, de Eric Durschmied, página 122 (Ipsis litteris, até as expressões em itálico são do autor):
(...) Britânicos e hanoverianos, belgas e holandeses, junto com os prussianos de Blücher, cercavam o que restava do Império de Napoleão. Le Bataillon Sacré da velha guarda imperial não se renderia. Até o último momento permanecia fiel ao juramento feito ao imperador.

La Garde meurt mais ne se rend pas - A guarda morre mas não se rende. O General Cambronne, comandante da Garde Imperiale, montado em seu cavalo no interior do quadrado do 1er Chasseurs Imperiales, ouviu o pedido de Wellington para que se rendesse. Cambronne respondeu com uma brutalidade heróica: "Merde" 14. Seus grenadiers, em um último desafio, encaravam as bocas dos canhões britânicos diante deles. Sabiam o que os esperava quando Wellington baixasse o chapéu.(...)

14 - No francês coloquial, a expressão é conhecida como "a palavra de Cambronne".
Nota - Embora seja Austríaco, o autor vive na França e certamente conhece muito bem o idioma coloquial, a ponto de fazer a afirmação que consta na nota 14.




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#34 Mensagem por Poti » Sáb Jun 01, 2013 9:25 pm

Alguns dizem que esta frase "La garde meurt, mais ne se rend pas" é do Cambronne. Mas segundo o próprio, "eu não morri e me rendi".
Esta lenda é tenaz e de certa forma bela, Cambronne liderava um dos últimos quadrados da velha guarda, aguentaram carga após carga. O General Colville se aproximou e afirmou que a honra da velha guarda havia sido salva e o derramamento de sangue, inglês e francês seria inútil. Segundo a lenda Cambronne respondeu que a guarda morre mas não se rende. Colville retornou e insistiu novamente, e obteve uma simples resposta de Cambronne "MERDE". Até hoje na França, quando o bicho pega é usual de se desejar sorte dizendo "MERDE". Isto tem o sentido de 'vai lá camarada, seja guerreiro que tudo dá certo".
Waterloo foi realmente uma baita batalha.

h
Ricardo Rosa escreveu:
Reginaldo Bacchi escreveu: Não é isto.

Eram generais transformados em coroneis comandando regimentos da Guarda Imperial.

Bacchi

Bom dia a todos,

Durante o período napoleônico, a Guarda Imperial, era a unidade de maior prestígio do Exército Imperial Francês. Em diversas campanhas, seus integrantes, tanto praças como oficiais, sempre se destacaram e notabilizaram-se pela lealdade, disciplina e bravura em combate. Na época, servir na "guarda" era a maior honra que um militar francês poderia ter. Como exemplo, na batalha de Waterloo, foram as formações da Guarda Imperial que contiveram, durante horas, o exército aliado, permitindo a retirada do que sobrou do exército francês. Ao final da batalha, já totalmente exaustos, dizimados e cercados, seu comandante, o General Claude-Michel Etienne, proferiu a célebre frase aos inimigos: a Guarda morre, mas não se rende.

Abraços.




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#35 Mensagem por Poti » Sáb Jun 01, 2013 9:34 pm

Ah, em francês merda não tem o sentido de "vai a merda". Tem mais o sentido (desculpem o palavrão, é para a tradução) de "fudeu".




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#36 Mensagem por Boss » Sáb Jun 01, 2013 9:52 pm

Mas pra que guarda presidencial, não aumenta o número de armas nas mãos dos brasileiros ? [003]




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#37 Mensagem por Reginaldo Bacchi » Dom Jun 02, 2013 10:51 am

Toda esta história de "merda" é para esconder o fato de que a derrota francesa foi selada no momento me que os 5 batalhões de infantaria da Guarda Imperial, que atacaram o centro da linha defensiva aliada, foram repelidos pelo fogo cerrado da infantaria vbritanica, e recuaram.

Tanto que se afirma que muitos dos soldados franceses gritaram: La Garde recule. Sauve qui peut! (A Guarda recua. Salve-se quem puder!). Possivelmente tanto apocrifo, quanto o famoso "merde".

Tudo isto é puro papo francês para dar um pouco de gloria a maior derrota dos exercitos napoleonicos.

Eles não precisavam desta idiotice, pois durante toda a batalha as tropas de linha francesas lutaram como leões, merecendo sem duvida uma melhor sorte.

Bacchi




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#38 Mensagem por Poti » Dom Jun 02, 2013 11:22 am

Concordo Bacchi.
Em Waterloo inúmeras unidades (tanto de cavalaria quanto de infantaria) entraram para a glória. O interessante é que o desempenho da velha guarda em Waterloo não é avaliado da mesma forma pela historiografia francesa e inglesa. E algumas testemunhas afirmas que debandaram enquanto outras afirmam que saíram do campo de batalha combatendo. Para a historiografia francesa os ingleses confundiram a velha guarda com a jovem ou média guarda...




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#39 Mensagem por Túlio » Dom Jun 02, 2013 4:10 pm

Na verdade o primeiro passo para a derrota definitiva da França em Waterloo foi dado pelo adoentado Napoleão. Cometeu a imprudência de nomear o impetuoso Ney, um Cavalariano "puro", comandante de toda uma ala do Exército. Como de fato aconteceu, ele não deu a mínima à Infantaria - seres inferiores, no ponto de vista da Cavalaria - e avançou apenas com seus Cuirassiers contra as bocas dos canhões e as baionetas e mosquetes dos Ingleses.

E quase venceu mesmo! Bastar-lhe-ia um punhado de Infantes com martelos e pregos sem cabeça para inutilizar TODA a Artilharia Britânica (que foi separada da Infantaria) ou, alternativamente, um punhado de Artilheiros para voltá-la contra seus ex-donos e não haveria quadrado que os salvasse. Nem mesmo todos os Prussianos do mundo teriam resolvido fosse o que fosse.

UM ato de estupidez de um grande homem deu ensejo a vários outros que, devidamente encadeados, transformaram uma vitória certa em acachapante derrota...




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#40 Mensagem por Clermont » Dom Jun 02, 2013 6:41 pm

Da minha parte eu acho Waterloo um dos mais escandalosos exemplo de egoísmo da história. Dezenas de milhares de homens perderam suas vidas por absolutamente nada. Pouco importa o que o "Ogro da Córsega" fizesse ou deixasse de fazer: ainda que conquistasse uma vitória em Waterloo o único resultado é que outra aldeia belga que entraria para a história como a "Última Batalha de Bonaparte". Enquanto os acontecimentos se desenrolavam naqueles dias de junho, poderosos exércitos russos e austríacos rumavam para a Bélgica e mais tropas prussianas e britânicas se aprontavam para a guerra. Simplesmente, não havia chance alguma de vitória para o Império Napoleônico que, naquela altura era um zumbi, morto mas ainda pensando estar vivo.

O próprio Bonaparte sabia que não tinha chances e fez de tudo para tentar conseguir uma paz com os Aliados, sem perceber que era sua própria presença que unia os Aliados na resolução de fazer guerra à França até o fim, enquanto ele estivesse no poder.

Egoísmo sim, pois Bonaparte saiu de Elba, com o receio de que acabaria sendo retirado de seu exílio e levado a algum julgamento como era defendido por muitos de seus inimigos. Então, para salvar sua própria vida, ele sacrificou dezenas e dezenas de milhares de vidas de soldados franceses. Não pela França, mas por Bonaparte.

A grande sorte da França é que, apesar de a guerra ter sido travada sob novos parâmetros da conduta da guerra, inéditos para o século XVIII, o seu desfecho político ainda foi determinado pela norma de conduta das guerras de gabinete anteriores, ou seja, as decisões da paz foram tomadas pelas cabeças governantes dos estados inimigos da França, friamente, sem qualquer influência da opinião pública. Ao contrário do que ocorreria, por exemplo, no Tratado de Versalhes no pós-Grande Guerra em 1918. Se assim não fosse, a França, depois destes Cem Dias de Bonaparte, teria sofrido grandes amputações territoriais. O que, pelo menos para nós, brasileiros, teria sido uma boa coisa, pois, provavelmente, teria garantido para Portugal, a posse da Guiana Francesa. Então, em 1822, ela teria ficado com o Império do Brasil.

Simples assim. Hoje teríamos a Base de Kourou servindo ao nosso projeto espacial, não ao da França e da União Européia. :twisted:




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#41 Mensagem por Túlio » Dom Jun 02, 2013 6:56 pm

Olhes, tirando a parte em que eu trocaria século 18 por 19, concordo com todo o resto. Seria legal que a terrinha nos tivesse deixado mais um pedaço para NÃO defender... :wink: 8-]




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#42 Mensagem por Poti » Dom Jun 02, 2013 7:01 pm

Nos cem dias Portugal não ficou bem na fita com os ingleses. Durante a guerra peninsular as tropas do exército português lutaram (e bem) em conjunto com tropas britânicas. Muitas unidades britânicas de infantaria eram mistas, por exemplo a light division tinha uma unidade de caçadores. Wellington contava com estas tropas para a campanha que culminou em Waterloo, no entanto o governo português de Dom João VI viu que a guerra já estava longe de Portugal e, a meu ver, acertadamente ficou de fora. Por isso creio que não ganharíamos muito nas negociações pós-cem-dias...
Abs,
Rafael Wolter




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#43 Mensagem por Túlio » Dom Jun 02, 2013 7:05 pm

Uma coisa que me chateia é que todo mundo sempre fala só em Sir Arthur Wellesley e esquece Sir Robert William, o "Bobby Rider", criador e comandante da Leal Legião Portuguesa, que manteve Junot em xeque por tempos, até o futuro Duque de Wellington entrar de vez - como sempre, hesitante - no cenário...




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#44 Mensagem por Poti » Dom Jun 02, 2013 7:15 pm

Engraçado, não acho o Wellington um General medíocre. Ele era muito ponderado e conservador, mas acho que deu certo. Achei que o comandante da LLL havia sido o Thomas Wilson. Não conheço o Bobby Ridder! Vou buscar informações a respeito!
Valeu a dica.




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Re: Fuzil da Guarda Presidencial

#45 Mensagem por Poti » Dom Jun 02, 2013 7:20 pm

A atuação do Wellington quando chegou em Portugal foi exemplo de seu conservadorismo. Só lutou em locais onde tinha vantagem (como em Vimeiro) e eram sempre combate defensivos, ele não contra-atacava. Ficou atrás de Torres Vedras, aguardando o exército francês ficar exangüe, quando este decidiu retornar aos seus "aposentos espanhóis", Wellington saiu da linha e perseguiu o inimigo. Não foi nada brilhante, como Napoleão ou Von Moltke (o velho) mas foi extremamente eficaz. Suas outras campanhas serão sempre neste mesmo estilo...




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