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Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 5:41 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Uma coisa que percebi. As montadoras instaladas no Brasil são multinacionais bem estabelecidas no mundo inteiro. Dinheiro elas tem. investimento em inovação e novos produtos é uma regra de sobrevivência no mercado global. Além do que o brasil permite que vendam qualquer lixo como os carros de entrada e populares a preços astronômicos ou que não seriam aceitos pela falta de segurança e acessórios em outros países. Sinceramente não acho que o incetivo as montadoras seja tão benéfico. Elas não precisam competir como em outros países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O povo ajuda a manter a situação. Gente fazendo fila para comprar carros pelados, sem segurança, antiguados, caros e financiados em 60 vezes. E achando um grande negócio.
A verdade é que o modelo de industrialização adotado de Juscelino para cá, através da atração de empresas multinacionais em detrimento das nossas próprias, leva a esta situação. As multinacionais instaladas aqui tem como único interesse aproveitar o nosso mercado, as decisões sobre onde desenvolver e onde vender são tomadas lá fora. Quando nós éramos o país pobre de salários baixos valia à pena usar mão de obra local em algum desenvolvimento e em produção para exportação, mas nem era do nosso interesse ser um país de mão de obra barata para sempre. Agora que existem uma China, uma Índia ou uma Tailândia com salários ainda menores que os nossos mas também produzindo carros o interesse das montadoras em desenvolver alguma coisa aqui desapareceu.

Então a situação vai ser cada vez mais esta, carros primitivos, inseguros e muito caros, e que ainda assim só continuarão a ser fabricados aqui porque a indústia terá a proteção do governo. E muitos outros segmentos industriais estão na mesma situação. Trabalho no ramo e cada vez vejo menos projetos de carros novos sendo iniciados nas poucas montadoras instaladas no Brasil que ainda insistem em desenvolver alguma coisa aqui, ultimamente só se desenvolvem algumas poucas peças da lataria ou de plástico, todo o resto é só fabricado aqui com desenhos que vem prontos de fora. Isso quando as peças não podem ser compradas já prontas também, coisa que o governo tem combatido (o que também de pouco ajuda).


Leandro G. Card

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 7:58 pm
por Algus
FMI vê aceleração do Brasil no 4º trimestre, mas alerta para risco de inflação

O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu nesta sexta-feira que o Brasil crescerá em torno de 4% no último trimestre deste ano, em parte pela base de comparação fraca dos últimos três meses de 2011 e em parte pelos efeitos cumulativos da política de corte de juros sobre a economia.
Em sua avaliação periódica do país com base no Artigo 4, a que todos os membros do Fundo devem se submeter, os economistas do FMI dizem que "a economia deve ganhar impulso durante a segunda metade do ano, puxada pela demanda doméstica".
"O aumento do salário mínimo em 2012 está elevando a renda disponível, dada a relação entre salários e aposentadorias. A criação de empregos, especialmente no setor de serviços, permanece forte. E os efeitos completos do afrouxamento monetário devem ser sentidos no segundo semestre", diz o relatório.
Na última segunda-feira, os técnicos do FMI reduziram a sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2,5% neste ano.
Em parte por causa da atividade econômica em preparação para a Copa do Mundo, o PIB cresceria 4,6% em 2013 – acima do potencial, no entendimento do Fundo – e 4% no ano seguinte.
Nesse passo, alerta o relatório, um dos principais riscos no médio prazo seria de um aumento da inflação ligeiramente acima do centro da meta no ano que vem. As projeções são de um índice de cerca de 5% em 2013.
Com base nessa avaliação, o relatório prevê que o governo comece a retirar os estímulos à economia possivelmente já no fim deste ano ou ao longo do próximo.
Revisão para baixo
O Brasil foi um dos países, entre os principais emergentes, cuja previsão de crescimento para este ano foi significativamente revista para baixo pelo FMI. O mercado tem revisto a expansão do PIB para este ano de maneira ainda mais acentuada.
Entretanto, em seu relatório, os técnicos do FMI reforçaram o seu apoio às medidas anticíclicas tomadas pelo governo – tanto de aperto como de afrouxamento –, nos campos fiscal e monetário.
"Apoiamos esta posição, enfatizando a importância de reconhecer o atraso com que as políticas monetárias têm efeito", diz o relatório.
É a primeira vez que o Brasil concorda com a divulgação integral da avaliação da equipe do FMI que visitou o país para as discussões com o governo e com atores econômicos. A missão do Fundo esteve no país em meados de maio.
O representante brasileiro no Fundo, Paulo Nogueira Batista Jr, disse a jornalistas em Washington que o governo e os técnicos da organização convergem em grande parte das conclusões do relatório.
Mas o porta-voz do Brasil destacou que existem "diferenças de ênfase" quanto à discussão sobre se o processo de desindustrialização no país se deve à falta de competitividade interna ou é efeito do câmbio, por exemplo, ou o quanto o alerta de inflação acima do centro da meta – mas ainda dentro do intervalo – para 2013 é "exagerado".
"O governo brasileiro e o Banco Central concordam que se houver uma aceleração da inflação que coloque em risco o controle da meta, serão tomadas providências", disse Batista Jr. "Mas não é essa a preocupação premente."
O economista destacou que os dados contidos no documento mostram como o país se fortaleceu do ponto de vista externo, com reservas internacionais de US$ 350 bilhões (R$ 700 bilhões) no fim do ano passado, o equivalente a 900% da dívida externa de curto prazo, e um setor bancário capaz de suportar inclusive "choques extremos".
Embora considerem uma crise europeia a maior ameaça para a retomada brasileira, os técnicos do FMI afirmam que "o Brasil possui as ferramentas efetivas para controlar choques transitórios e espaço para adotar políticas para contrabalançar choques externos adversos".
Mudança de modelo
No entanto, para o futuro, o FMI acredita que o país precisa mudar o seu foco de crescimento atual, baseado na força do consumo interno, para um modelo de mais ênfase no investimento e na poupança.
O relatório diz que existe um "sentimento compartilhado" da importância de se elevar a poupança e o investimento, e melhorar a competitividade da economia do país.
"As autoridades estão gradualmente tomando os passos nesse sentido com a reforma das aposentadorias, o uso de concessões para aumentar o investimento, e a reforma tributária em andamento", diz o relatório.
Para o longo prazo, o FMI também recomenda uma "redução gradual" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) das atividades comerciais, para que se concentre em objetivos de infra-estrutura realmente de longo alcance e deixe livre este mercado para os bancos comerciais.
Batista Jr disse que todos concordam que a expansão do consumo de bens duráveis já foi "de certa forma saciada" e não continuará no mesmo ritmo.
Apesar das ressalvas feitas ao futuro do modelo baseado no consumo, o Fundo suavizou as preocupações imediatas com o nível de crédito.
Ainda que recomendem o "monitoramento" do nível de crédito - que dobrou entre 2004 e 2011 no Brasil, chegando a 49% do PIB - os técnicos observam que grande parte dos empréstimos está associada a compras no setor automotivo, que passaram a ser alvo de melhor regulamentação.
"As taxas gerais de empréstimos de baixo desempenho continuam baixas, em cerca de 3,8% dos empréstimos, sendo que nos bancos públicos é até menor (2% dos empréstimos)", cita o documento.
"O sistema permanece altamente capitalizado, com baixos riscos gerais de liquidez."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... l_pu.shtml

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 8:22 pm
por JT8D
LeandroGCard escreveu:
Bourne escreveu:Uma coisa que percebi. As montadoras instaladas no Brasil são multinacionais bem estabelecidas no mundo inteiro. Dinheiro elas tem. investimento em inovação e novos produtos é uma regra de sobrevivência no mercado global. Além do que o brasil permite que vendam qualquer lixo como os carros de entrada e populares a preços astronômicos ou que não seriam aceitos pela falta de segurança e acessórios em outros países. Sinceramente não acho que o incetivo as montadoras seja tão benéfico. Elas não precisam competir como em outros países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O povo ajuda a manter a situação. Gente fazendo fila para comprar carros pelados, sem segurança, antiguados, caros e financiados em 60 vezes. E achando um grande negócio.
A verdade é que o modelo de industrialização adotado de Juscelino para cá, através da atração de empresas multinacionais em detrimento das nossas próprias, leva a esta situação. As multinacionais instaladas aqui tem como único interesse aproveitar o nosso mercado, as decisões sobre onde desenvolver e onde vender são tomadas lá fora. Quando nós éramos o país pobre de salários baixos valia à pena usar mão de obra local em algum desenvolvimento e em produção para exportação, mas nem era do nosso interesse ser um país de mão de obra barata para sempre. Agora que existem uma China, uma Índia ou uma Tailândia com salários ainda menores que os nossos mas também produzindo carros o interesse das montadoras em desenvolver alguma coisa aqui desapareceu.

Então a situação vai ser cada vez mais esta, carros primitivos, inseguros e muito caros, e que ainda assim só continuarão a ser fabricados aqui porque a indústia terá a proteção do governo. E muitos outros segmentos industriais estão na mesma situação. Trabalho no ramo e cada vez vejo menos projetos de carros novos sendo iniciados nas poucas montadoras instaladas no Brasil que ainda insistem em desenvolver alguma coisa aqui, ultimamente só se desenvolvem algumas poucas peças da lataria ou de plástico, todo o resto é só fabricado aqui com desenhos que vem prontos de fora. Isso quando as peças não podem ser compradas já prontas também, coisa que o governo tem combatido (o que também de pouco ajuda).


Leandro G. Card
Acho que não é tanto a questão econômica (que também pesa, é claro). Vou dar um exemplo hipotético, mas baseado em fatos reais que não posso revelar por motivos óbvios:
Uma empresa multinacional instalada no Brasil desenvolve aqui mesmo seus produtos para o mercado local. Ela, entretanto, tem acesso a toda a tecnologia e o conhecimento da matriz e, portanto, poderia desenvolver produtos para o mercado nacional tão seguros quanto os que fabrica em seu país de origem. Acontece que a norma brasileira é bem menos exigente que a norma internacional, e se ela fabricar aqui esses produtos mais seguros ela perderá mercado para os concorrentes locais, que vendem produtos mais baratos.
Ou seja, você tem que jogar conforme as regras e, infelizmente, o jogo no Brasil está nivelado por baixo.
Se o governo quer dar às empresas aqui instaladas um mercado protegido, que exija no mínimo que normas de segurança internacionais sejam aplicadas no Brasil.
Mas essa é uma questão muito técnica e específica de cada indústria e talvez nossas agências reguladoras não tenham competência para fazer este controle e nosso congresso não tenha competência para legislar sobre esses assuntos.

Abraços,

JT

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 10:14 pm
por Sterrius
Para o BNDS poder se preocupar com projetos reais de infraestrutura e largar o resto na mão do setor privado é preciso antes garantias que o setor privado ira prover os recursos necessários!

Porque largar sem garantias é gerar crise por falta de credito ou nos fazer reféns de créditos vindo do exterior.

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 10:30 pm
por LeandroGCard
JT8D escreveu:Acho que não é tanto a questão econômica (que também pesa, é claro). Vou dar um exemplo hipotético, mas baseado em fatos reais que não posso revelar por motivos óbvios:
Uma empresa multinacional instalada no Brasil desenvolve aqui mesmo seus produtos para o mercado local. Ela, entretanto, tem acesso a toda a tecnologia e o conhecimento da matriz e, portanto, poderia desenvolver produtos para o mercado nacional tão seguros quanto os que fabrica em seu país de origem. Acontece que a norma brasileira é bem menos exigente que a norma internacional, e se ela fabricar aqui esses produtos mais seguros ela perderá mercado para os concorrentes locais, que vendem produtos mais baratos.
Ou seja, você tem que jogar conforme as regras e, infelizmente, o jogo no Brasil está nivelado por baixo.
Se o governo quer dar às empresas aqui instaladas um mercado protegido, que exija no mínimo que normas de segurança internacionais sejam aplicadas no Brasil.
Mas essa é uma questão muito técnica e específica de cada indústria e talvez nossas agências reguladoras não tenham competência para fazer este controle e nosso congresso não tenha competência para legislar sobre esses assuntos.

Abraços,

JT
Você olhou a questão pelo ângulo errado (e o pior é que no Brasil só se olha por este ângulo :cry: ).

Sendo uma multinacional que só está aqui porque isso facilita entrar no nosso mercado (sempre fomos um país muito fechado), eles sem a menor sombra de dúvida irão produzir o que lhes der a maior margem de lucro ou seja, o pior e mais caro produto que nossa lei e a concorrência local permitirem, não importa quanto acesso tiverem à tecnologia da matriz. Vejo muito isso por aí, departamentos de engenharia de multinacionais instalados no Brasil que trabalham basicamente para criar versões "pioradas" de produtos que lá fora são vendidos muito mais barato do que o preço que será praticado aqui. Criar leis e normas mais restritivas só vai fechar mais ainda o mercado e contribuir para aumentar os preços. E se o governo abrir o mercado as empresas multinacionais vão simplesmente importar e parar de produzir aqui.

Agora, se as empresas fossem nacionais elas teriam duas escolhas: Se limitar ao mercado brasileiro (que é muito pequeno comparado ao do restante do mundo) e assim se contentar em permanecer pequenas até serem engolidas por alguma multinacional, ou ir lá fora competir para alcançar os mercados internacionais, desenvolvendo produtos com o mesmo nível de proporção qualidade/preço que é praticado no resto do planeta. O papel do governo seria garantir a competitividades destas empresas nacionais com relação aos competidores externos, através de diversas ações que todos sabemos quais seriam e nem é preciso mencionar.

E dizer que isso seria impossível é afirmar que somos particularmente incompetentes e estamos fadados a fracassar onde diversos outros países como Japão, Coréia do Sul, China, Índia, Turquia e outros tiveram e estão tendo sucesso.


Leandro G. Card

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 10:34 pm
por Túlio
EXCELENTE DEBATE! Por favor sigam!!! :D :D :D :D


(((Aprendendo muito)))

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 10:55 pm
por JT8D
LeandroGCard escreveu:
JT8D escreveu:Acho que não é tanto a questão econômica (que também pesa, é claro). Vou dar um exemplo hipotético, mas baseado em fatos reais que não posso revelar por motivos óbvios:
Uma empresa multinacional instalada no Brasil desenvolve aqui mesmo seus produtos para o mercado local. Ela, entretanto, tem acesso a toda a tecnologia e o conhecimento da matriz e, portanto, poderia desenvolver produtos para o mercado nacional tão seguros quanto os que fabrica em seu país de origem. Acontece que a norma brasileira é bem menos exigente que a norma internacional, e se ela fabricar aqui esses produtos mais seguros ela perderá mercado para os concorrentes locais, que vendem produtos mais baratos.
Ou seja, você tem que jogar conforme as regras e, infelizmente, o jogo no Brasil está nivelado por baixo.
Se o governo quer dar às empresas aqui instaladas um mercado protegido, que exija no mínimo que normas de segurança internacionais sejam aplicadas no Brasil.
Mas essa é uma questão muito técnica e específica de cada indústria e talvez nossas agências reguladoras não tenham competência para fazer este controle e nosso congresso não tenha competência para legislar sobre esses assuntos.

Abraços,

JT
Você olhou a questão pelo ângulo errado (e o pior é que no Brasil só se olha por este ângulo :cry: ).

Sendo uma multinacional que só está aqui porque isso facilita entrar no nosso mercado (sempre fomos um país muito fechado), eles sem a menor sombra de dúvida irão produzir o que lhes der a maior margem de lucro ou seja, o pior e mais caro produto que nossa lei e a concorrência local permitirem, não importa quanto acesso tiverem à tecnologia da matriz. Vejo muito isso por aí, departamentos de engenharia de multinacionais instalados no Brasil que trabalham basicamente para criar versões "pioradas" de produtos que lá fora são vendidos muito mais barato do que o preço que será praticado aqui. Criar leis e normas mais restritivas só vai fechar mais ainda o mercado e contribuir para aumentar os preços. E se o governo abrir o mercado as empresas multinacionais vão simplesmente importar e parar de produzir aqui.

Agora, se as empresas fossem nacionais elas teriam duas escolhas: Se limitar ao mercado brasileiro (que é muito pequeno comparado ao do restante do mundo) e assim se contentar em permanecer pequenas até serem engolidas por alguma multinacional, ou ir lá fora competir para alcançar os mercados internacionais, desenvolvendo produtos com o mesmo nível de proporção qualidade/preço que é praticado no resto do planeta. O papel do governo seria garantir a competitividades destas empresas nacionais com relação aos competidores externos, através de diversas ações que todos sabemos quais seriam e nem é preciso mencionar.

E dizer que isso seria impossível é afirmar que somos particularmente incompetentes e estamos fadados a fracassar onde diversos outros países como Japão, Coréia do Sul, China, Índia, Turquia e outros tiveram e estão tendo sucesso.


Leandro G. Card
Me desculpe, mas você está confundindo dois assuntos distintos. Os governos precisam se preocupar com as normas de segurança. O "mercado" não é bonzinho e sempre tentará maximizar seus lucros dentro das regras vigentes. Querer que a economia se auto-regule quando o assunto é segurança do consumidor é o cúmulo do neoliberalismo. É para isso que são criadas agências reguladoras, em qualquer lugar do mundo. A questão é que alguns países tem leis e fiscalização mais rigorosas e outros nem tanto.
Veja que neste caso nem mesmo é relevante se o país possui ou não indústria. Um país que não produza carros, por exemplo, mas que estabelece normas rígidas para os veículos que importa estará resguardando a segurança de seus cidadãos.
Pessoas leigas geralmente não são capazes de discernir entre um produto seguro e outro inseguro, e assim podem adquirir bens potencialmente perigosos. É por isso que se proíbe peças pequenas que possam ser engolidas por crianças e tintas a base de chumbo em brinquedos, por exemplo. Isso não tem nada a ver com economia, e sim com a proteção da vida de inocentes. Isto não é questão de política industrial, mas de legislação e fiscalização, pura e simplesmente.

Abraços,

JT

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sex Jul 20, 2012 11:50 pm
por cassiosemasas
muito bom, a questão não é regular o mercado, mas sim o que ele gera?!

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Jul 21, 2012 3:30 pm
por Vitor
JT8D escreveu:
LeandroGCard escreveu: A verdade é que o modelo de industrialização adotado de Juscelino para cá, através da atração de empresas multinacionais em detrimento das nossas próprias, leva a esta situação. As multinacionais instaladas aqui tem como único interesse aproveitar o nosso mercado, as decisões sobre onde desenvolver e onde vender são tomadas lá fora. Quando nós éramos o país pobre de salários baixos valia à pena usar mão de obra local em algum desenvolvimento e em produção para exportação, mas nem era do nosso interesse ser um país de mão de obra barata para sempre. Agora que existem uma China, uma Índia ou uma Tailândia com salários ainda menores que os nossos mas também produzindo carros o interesse das montadoras em desenvolver alguma coisa aqui desapareceu.

Então a situação vai ser cada vez mais esta, carros primitivos, inseguros e muito caros, e que ainda assim só continuarão a ser fabricados aqui porque a indústia terá a proteção do governo. E muitos outros segmentos industriais estão na mesma situação. Trabalho no ramo e cada vez vejo menos projetos de carros novos sendo iniciados nas poucas montadoras instaladas no Brasil que ainda insistem em desenvolver alguma coisa aqui, ultimamente só se desenvolvem algumas poucas peças da lataria ou de plástico, todo o resto é só fabricado aqui com desenhos que vem prontos de fora. Isso quando as peças não podem ser compradas já prontas também, coisa que o governo tem combatido (o que também de pouco ajuda).


Leandro G. Card
Acho que não é tanto a questão econômica (que também pesa, é claro). Vou dar um exemplo hipotético, mas baseado em fatos reais que não posso revelar por motivos óbvios:
Uma empresa multinacional instalada no Brasil desenvolve aqui mesmo seus produtos para o mercado local. Ela, entretanto, tem acesso a toda a tecnologia e o conhecimento da matriz e, portanto, poderia desenvolver produtos para o mercado nacional tão seguros quanto os que fabrica em seu país de origem. Acontece que a norma brasileira é bem menos exigente que a norma internacional, e se ela fabricar aqui esses produtos mais seguros ela perderá mercado para os concorrentes locais, que vendem produtos mais baratos.
Ou seja, você tem que jogar conforme as regras e, infelizmente, o jogo no Brasil está nivelado por baixo.
Se o governo quer dar às empresas aqui instaladas um mercado protegido, que exija no mínimo que normas de segurança internacionais sejam aplicadas no Brasil.
Mas essa é uma questão muito técnica e específica de cada indústria e talvez nossas agências reguladoras não tenham competência para fazer este controle e nosso congresso não tenha competência para legislar sobre esses assuntos.

Abraços,

JT
Pq mercado protegido é excelente para promover melhorias e inovação né? :lol:

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Jul 21, 2012 7:47 pm
por JT8D
Vitor escreveu:
JT8D escreveu: Acho que não é tanto a questão econômica (que também pesa, é claro). Vou dar um exemplo hipotético, mas baseado em fatos reais que não posso revelar por motivos óbvios:
Uma empresa multinacional instalada no Brasil desenvolve aqui mesmo seus produtos para o mercado local. Ela, entretanto, tem acesso a toda a tecnologia e o conhecimento da matriz e, portanto, poderia desenvolver produtos para o mercado nacional tão seguros quanto os que fabrica em seu país de origem. Acontece que a norma brasileira é bem menos exigente que a norma internacional, e se ela fabricar aqui esses produtos mais seguros ela perderá mercado para os concorrentes locais, que vendem produtos mais baratos.
Ou seja, você tem que jogar conforme as regras e, infelizmente, o jogo no Brasil está nivelado por baixo.
Se o governo quer dar às empresas aqui instaladas um mercado protegido, que exija no mínimo que normas de segurança internacionais sejam aplicadas no Brasil.
Mas essa é uma questão muito técnica e específica de cada indústria e talvez nossas agências reguladoras não tenham competência para fazer este controle e nosso congresso não tenha competência para legislar sobre esses assuntos.

Abraços,

JT
Pq mercado protegido é excelente para promover melhorias e inovação né? :lol:
Quem foi que afirmou isso? Mesmo se você abrir totalmente o mercado e importarmos tudo, ainda assim é preciso estabelecer normas de segurança, do contrário você poderá ter a importação de carros indianos e chineses inseguros.
Uma coisa é estimular a eficiência e a inovação da indústria e outra é estabelecer normas de segurança para os produtos vendidos em nosso mercado. É preciso fazer AS DUAS COISAS. Eles não são excludentes. Ou alguém acha que se fecharmos a Anvisa e o Inmetro nossa indústria se tornará mais inovadora?

[]´s,

JT

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Jul 21, 2012 10:49 pm
por LeandroGCard
JT8D escreveu:Me desculpe, mas você está confundindo dois assuntos distintos. Os governos precisam se preocupar com as normas de segurança. O "mercado" não é bonzinho e sempre tentará maximizar seus lucros dentro das regras vigentes. Querer que a economia se auto-regule quando o assunto é segurança do consumidor é o cúmulo do neoliberalismo. É para isso que são criadas agências reguladoras, em qualquer lugar do mundo. A questão é que alguns países tem leis e fiscalização mais rigorosas e outros nem tanto.
Veja que neste caso nem mesmo é relevante se o país possui ou não indústria. Um país que não produza carros, por exemplo, mas que estabelece normas rígidas para os veículos que importa estará resguardando a segurança de seus cidadãos.
Pessoas leigas geralmente não são capazes de discernir entre um produto seguro e outro inseguro, e assim podem adquirir bens potencialmente perigosos. É por isso que se proíbe peças pequenas que possam ser engolidas por crianças e tintas a base de chumbo em brinquedos, por exemplo. Isso não tem nada a ver com economia, e sim com a proteção da vida de inocentes. Isto não é questão de política industrial, mas de legislação e fiscalização, pura e simplesmente.

Abraços,

JT
JT,

Sem dúvida os governos precisam se preocupar com a segurança das pessoas, do meio ambiente, etc..., isso é indiscutível, e para isso é claro que são necessárias agências reguladoras, normas de fabricação, regras, etc... . A questão que estou colocando é que a criação de regras, embora necessária, vai sempre tender a aumentar o custo dos produtos fabricados no país, a menos que exista uma forte concorrência que force os fabricantes a absorver os custos adicionais e não repassá-los aos consumidores, ou que os obrigue a investir em inovações que permitam atingir os padrões cada vez mais rigorosos como o mesmo custo. Mas da forma como a economia brasileira está estruturada esta concorrência não é possível, pois empresas estabelecidas aqui não tem motivos para fazer nem uma coisa nem outra. Se o merccado é aberto ao exterior ou a moeda é valorizada elas simplesmente vão buscar os produtos lá fora, e se o mercado é fechado ou a moeda se desvaloriza elas não tem concorrência a temer e simplesmente aumentam ainda mais os seus preços. Ah, mas os empresários são malvados e egoístas e não ligam para o bem do país? É claro que não, principalmente se o chefe deles está lá no quartel general da empresa no exterior cobrando lucratividade. Na verdade em geral os empresários não estão nem aí sequer para os seus próprios países, em lugar nenhum do mundo, o que eles querem é lucro, e neste aspecto investir em desenvolvimento e eficiência no cenário brasileiro simplesmente não vale à pena. Os empresários estrangeiros tem o mundo inteiro para procurar lugares melhores para investir do que aqui, e os brasileiros sabem que não tem nenhuma proteção ou apoio diferenciado para serem competitivos, então também não investem. Por isso todos, sem excessão, tem interesse apenas em manter o mercado o mais fechado e isolado possível, de forma a proteger seus altos lucros. E o resultado é aquele que já conhecemos.


Nenhum país do mundo, nem mesmo os EUA, conseguem ser realmente competitivs atendendo apenas o seu próprio mercado, e enquanto as empresas instaladas aqui tiverem como objetivo praticamente único abastecer o mercado local nossa situação continuará como está hoje: Ou teremos apenas produtos de segunda linha e caríssimos para comprar, ou não fabricaremos nada aqui. E isso jamais será resolvido apenas com a adoção de normas mais estritas, o que é preciso é dar condições de competitividade à industria local e depois expô-la (cuidadosamente) à concorrência internacional. Todos os países do planeta que tem indústrias realmente pujantes e competitivas seguiram este caminho, e as tentativas do Brasil de inventar outra receita já duram mais de 50 anos e até agora não apresentaram bons resultados. Pessoalmente duvido muito que algum dia consigamos ter sucesso por outro caminho.


Leandro G. Card.

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Sáb Jul 21, 2012 11:27 pm
por JT8D
LeandroGCard escreveu:
JT8D escreveu:Me desculpe, mas você está confundindo dois assuntos distintos. Os governos precisam se preocupar com as normas de segurança. O "mercado" não é bonzinho e sempre tentará maximizar seus lucros dentro das regras vigentes. Querer que a economia se auto-regule quando o assunto é segurança do consumidor é o cúmulo do neoliberalismo. É para isso que são criadas agências reguladoras, em qualquer lugar do mundo. A questão é que alguns países tem leis e fiscalização mais rigorosas e outros nem tanto.
Veja que neste caso nem mesmo é relevante se o país possui ou não indústria. Um país que não produza carros, por exemplo, mas que estabelece normas rígidas para os veículos que importa estará resguardando a segurança de seus cidadãos.
Pessoas leigas geralmente não são capazes de discernir entre um produto seguro e outro inseguro, e assim podem adquirir bens potencialmente perigosos. É por isso que se proíbe peças pequenas que possam ser engolidas por crianças e tintas a base de chumbo em brinquedos, por exemplo. Isso não tem nada a ver com economia, e sim com a proteção da vida de inocentes. Isto não é questão de política industrial, mas de legislação e fiscalização, pura e simplesmente.

Abraços,

JT
JT,

Sem dúvida os governos precisam se preocupar com a segurança das pessoas, do meio ambiente, etc..., isso é indiscutível, e para isso é claro que são necessárias agências reguladoras, normas de fabricação, regras, etc... . A questão que estou colocando é que a criação de regras, embora necessária, vai sempre tender a aumentar o custo dos produtos fabricados no país, a menos que exista uma forte concorrência que force os fabricantes a absorver os custos adicionais e não repassá-los aos consumidores, ou que os obrigue a investir em inovações que permitam atingir os padrões cada vez mais rigorosos como o mesmo custo. Mas da forma como a economia brasileira está estruturada esta concorrência não é possível, pois empresas estabelecidas aqui não tem motivos para fazer nem uma coisa nem outra. Se o merccado é aberto ao exterior ou a moeda é valorizada elas simplesmente vão buscar os produtos lá fora, e se o mercado é fechado ou a moeda se desvaloriza elas não tem concorrência a temer e simplesmente aumentam ainda mais os seus preços. Ah, mas os empresários são malvados e egoístas e não ligam para o bem do país? É claro que não, principalmente se o chefe deles está lá no quartel general da empresa no exterior cobrando lucratividade. Na verdade em geral os empresários não estão nem aí sequer para os seus próprios países, em lugar nenhum do mundo, o que eles querem é lucro, e neste aspecto investir em desenvolvimento e eficiência no cenário brasileiro simplesmente não vale à pena. Os empresários estrangeiros tem o mundo inteiro para procurar lugares melhores para investir do que aqui, e os brasileiros sabem que não tem nenhuma proteção ou apoio diferenciado para serem competitivos, então também não investem. Por isso todos, sem excessão, tem interesse apenas em manter o mercado o mais fechado e isolado possível, de forma a proteger seus altos lucros. E o resultado é aquele que já conhecemos.


Nenhum país do mundo, nem mesmo os EUA, conseguem ser realmente competitivs atendendo apenas o seu próprio mercado, e enquanto as empresas instaladas aqui tiverem como objetivo praticamente único abastecer o mercado local nossa situação continuará como está hoje: Ou teremos apenas produtos de segunda linha e caríssimos para comprar, ou não fabricaremos nada aqui. E isso jamais será resolvido apenas com a adoção de normas mais estritas, o que é preciso é dar condições de competitividade à industria local e depois expô-la (cuidadosamente) à concorrência internacional. Todos os países do planeta que tem indústrias realmente pujantes e competitivas seguiram este caminho, e as tentativas do Brasil de inventar outra receita já duram mais de 50 anos e até agora não apresentaram bons resultados. Pessoalmente duvido muito que algum dia consigamos ter sucesso por outro caminho.


Leandro G. Card.
Não discordo do seu ponto de vista. Só que não estamos falando exatamente do mesmo assunto. Não estou dizendo que devemos criar regras apenas para onerar nossa indústria. O que defendo é que aqui se apliquem as mesmas normas de segurança que existem em outros mercados. Não somos consumidores de segunda classe e as vidas de nossos familiares não devem ser colocadas em risco de forma negligente e irresponsável. Ou alguém concordaria em mudar a norma de elevadores para que cabos de aço mais finos e baratos fossem usados só para aumentar o lucro dos fabricantes? Normas de segurança não diminuem a competitividade de ninguém, na medida em que forem aplicadas a todos concorrentes.
Mais especificamente no caso dos automóveis, recentemente o congresso brasileiro dispensou nossos veículos de serem submetidos a crash tests que são obrigatórios em outros países. Isto beneficia a alguém? Como isso aumentaria a competitividade de nossos fabricantes, se esses veículos nem mesmo seriam aceitos em muitos mercados?

Abraços,

JT

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Jul 22, 2012 4:27 pm
por LeandroGCard
JT8D escreveu:Não discordo do seu ponto de vista. Só que não estamos falando exatamente do mesmo assunto. Não estou dizendo que devemos criar regras apenas para onerar nossa indústria. O que defendo é que aqui se apliquem as mesmas normas de segurança que existem em outros mercados. Não somos consumidores de segunda classe e as vidas de nossos familiares não devem ser colocadas em risco de forma negligente e irresponsável. Ou alguém concordaria em mudar a norma de elevadores para que cabos de aço mais finos e baratos fossem usados só para aumentar o lucro dos fabricantes? Normas de segurança não diminuem a competitividade de ninguém, na medida em que forem aplicadas a todos concorrentes.
Novamente você está olhando apenas para o mercado interno, e perdendo de vista o cenário maior. Se nossas normas seguirem padrões europeus e americanos mas nossa estrutura econômica não permitir o mesmo nível de produtividade da Europa e dos EUA, ao mesmo tempo em que nossa escala de produção continua muito inferior à dos asiáticos porque eles visam o mercado mundial e nós apenas o local, então nossos produtos serão sempre mais caros e menos competitivos do que os produzidos em qualquer outro lugar do mundo. Esta é exatamente a situação em que estamos hoje, que evidentemente não está dando certo, e atacar apenas por um lado sem resolver o outro só vai piorar a situação. É um dilema difícil, e para escapar dele provavelmente seriam necessárias ações específicas como reduzir por tempo determinado os impostos de um determinado setor cada vez que uma norma mais restritiva fosse introduzida, ou até mesmo subsidiar investimentos específicos para permitir que o custo do comprimento desta norma não afetasse a competitividade das empresas envolvidas. Outra forma de compensar a desvantagem dos produtores locais seria desvalorizar artificialmente a moeda, o que aliás sempre foi praxe no oriente mas aqui é considerado uma espécie de "pecado econômico" que vai contra as crenças locais.

Mais especificamente no caso dos automóveis, recentemente o congresso brasileiro dispensou nossos veículos de serem submetidos a crash tests que são obrigatórios em outros países. Isto beneficia a alguém? Como isso aumentaria a competitividade de nossos fabricantes, se esses veículos nem mesmo seriam aceitos em muitos mercados?

Abraços,

JT
Na verdade este é mais um efeito da falta de empresas locais atuando no setor. O congresso concluiu que a insistência nos caríssimos crash-testes seria desnecessária justamente porque as plataformas dos automóveis não são projetadas aqui, e passam por estes mesmos testes em seus países de origem, não havendo motivos para repetí-los novamente. Além disso, sabendo que nunca vamos desenvolver uma indústria local de automóveis as montadadoras estrangeiras instaladas aqui aprenderam a fazer chantagem com o nosso governo, obtendo toda sorte de incentivos e benefícios a troco de praticamente nada, caso contrário elas simplesmente fecham as fábricas e vão embora. E elas não estão nem um pouco preocupadas se os carros feitos aqui não serão exportáveis, pois tem fábricas em outros lugares mais competitivos para atender ao mercado mundial. Em minhas visitas aos escritórios europeus da companhia em que agora trabalho percebo que o pessoal se surpreende ao saber que os demais países da AL preferem comprar automóveis do México ou da Ásia a comprá-los do Brasil, porque deveríamos ser a plataforma natural de abastecimento do nosso continente. Mas se nossas fronteiras fossem abertas nós mesmos preferiríamos comprar carros importados e "nossa" indústria automobilística desapareceria. Isso mostra como nosso modelo de desenvolvimento está equivocado, mas não percebemos isso porque em termos econômicos e de comércio não conseguimos deixar de olhar apenas para o nosso próprio umbigo.


Abraços,


Leandro G. Card

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Jul 22, 2012 8:24 pm
por Sterrius
Então a solução é continuar do jeito que estar e continuar sendo otário e pagando 3x mais para no final quando o sistema econômico explodir o que vai acontecer elas irem embora do mesmo jeito?

Tem que haver uma solução pra levar essa industria pra um nível realista!

Re: É O MELHOR MOMENTO DA HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Jul 22, 2012 8:48 pm
por LeandroGCard
Sterrius escreveu:Então a solução é continuar do jeito que estar e continuar sendo otário e pagando 3x mais para no final quando o sistema econômico explodir o que vai acontecer elas irem embora do mesmo jeito?

Tem que haver uma solução pra levar essa industria pra um nível realista!
As soluções são as que o mundo inteiro pratica já há décadas (em alguns casos há séculos):

- Privilegiar as empresas nacionais (no Brasil desde FHC não existe mais nenhuma distinção prática entre empresa nacional e estrangeira).
- Garantir ambiente de negócios favorável para elas (mínima burocracia, mínimos juros para investimentos, câmbio adequado, estabilidade, etc...).
- Fornecer base competitiva diferenciada a estas empresas (energia, infra-estrutura, matérias primas, mão de obra especializada, etc...).
- Coordenar ações do governo e das empresas privadas (o governo pode alavancar a instalação e o crescimento das empresas nacionais).
- Planejar no longo prazo, visando aproveitar os diferenciais locais e as oportunidades abertas pelo desenvolvimento da tecnologia.
- Manter o foco na capacidade de disputar competitivamente no mercado externo. O bom atendimento do mercado interno será consequência.

As ações do governo precisam considerar o conjunto da economia de forma mais ampla, e não apenas cada setor ou empresa isoladamente. Se bem aplicado cada real empregado em investimentos na infra-estrutura, educação ou mesmo subsídios para alguns setores renderá muitos e muitos dólares depois em impostos recebidos, de forma a que um balanço que pode parecer deficitário pontualmente pode ser altamente favorável de um ponto de vista mais amplo.

Um ponto importantíssimo para o sucesso é que o governo mostre o máximo nível de eficiência em suas ações. A discussão não é se deve haver mais ou menos governo nem mais ou menos iniciativa privada, e sim na determinação de em que setores cada um pode ser mais eficiente e em como obter a máxima eficiência na atuação de cada um em suas áreas de atuação. E em qualquer caso o governo precisa manter a sua capacidade fiscalizadora e organizadora para garantir que os benefícios do desenvolvimento econômico sejam distribuídos por toda a sociedade e não apropriados por alguma elite empresarial ou financeira. A democracia é um mecanismo importante neste aspecto, e deve estar sempre em contínuo aprimoramento para evitar que o governo seja "sequestrado" pelas classes mais poderosas ou favorecidas.


Leandro G. Card