Hader escreveu:Leandro, no geral concordo contigo. Mas minha longa vivência no olho do furacão me diz o seguinte: a parcela da população americana que pensa como os falcões neocons não é tão pequena assim. Eu chutaria um número em torno de 25% da população. Podem não ser tão radicais nem professar ódios em público, mas se alinham de modo mais ou menos coeso com as idéias representadas pela turma do Tea Party, por exemplo. Nas grandes cidades esta proporção cai, mas nas regiões do interior do meio-oeste e sul ela sobre. É aquela que chamamos de América Profunda.
[]'s
Não discuto que exista uma parcela dos eleitores americanos que é de fato radical em suas posições, inclusive internamente, que detestam negros, hispânicos, judeus, irlandeses, e acima de tudo comunistas, que são todos os que não são WASP e não pensam exatamente como eles (incluindo aí os eleitores do partido democrata). Mas embora esta população exista ela é minoritária, talvez uns 10 a 15% do povo americano. Infelizmente eles são politicamente muito mais ativos do que a média, e estão representados de forma desproporcionalmente elevada no governo dos EUA.
Mas o que acontece com bem mais frequência é o pessoal que nem é tão radical assim, que até aceita bem outras culturas e opiniões desde que lhes sejam explicadas (embora de fato tenham muito pouca idéia sobre qualquer coisa existente fora de suas fronteiras além do que aparece nos noticiários de maior audiência da TV), mas que possui algumas posições que os identificam com os republicanos e por isso acabam votando neles. É um pessoal que tem um orgulho até salutar de seu país, da sua força militar e influência política, da sua relativa liberdade individual, muitos tem parentes que deram suas vidas em guerras contra inimigos que acreditam de fato mereciam ser destruídos (os nazistas, o império japonês, o vietcong, Sadam, ), etc... . Não são pessoas de má índole e muito menos radicais, são apenas apegadas ao que conhecem como "american way of life" e acreditam que o mundo inteiro seria melhor se todos o seguissem (como se isso fosse possível). Este pessoal até prefere políticos menos radicais, desde que tenham orientação basicamente republicana, e colocam o que ocorre na sua vizinhança muito à frente em ordem de importância do que aquilo que se passa em outros estados e ainda mais em outros países. Eles até tem pena dos povos pobres e oprimidos nos países árabes, na AL ou onde quer que seja, e se perguntados dirão que o suas FA's poderiam mesmo ser mais cuidadosas ao lançar suas bombas, mas tem muito maior preocupação com coisas que para eles são bem mais palpáveis como seus empregos, sua liberdade (de portar armas por exemplo), o preço da gasolina, a segurança de seus filhos e netos em viagem e coisas assim.
Este pessoal forma a maior parte dos eleitores republicanos, dando sustentação aos Neocons indicados pela minoria mais radical. Eles acabam sim votando em um G.W. Bush contra um All Gore, ou em um Santorum contra o Obama, mas isso não significa que sejam arrogantes e prepotentes como os próprios membros dos governos que elegem, eles apenas que não tem noção das implicações de um governo como o do Bush ou o Santorum para as relações dos EUA com o restante do planeta e em última análise para o próprio mundo em que vivem, que eles basicamente desconhecem.
Leandro G. Card