Re: CONFLITO: CORÉIA DO NORTE x CORÉIA DO SUL
Enviado: Seg Dez 02, 2019 6:05 am
Reorientação da política externa de Moon Jae-in
Robert E Kelly
Ele falou tao favoravelmente de Kim Jong-un que Moon foi criticado por atuar como ministro das Relacoes Exteriores da Coreia do Norte.
O presidente sul-coreano Moon Jae-in esta mudando a politica externa sul-coreana. Ele permitiu que o relacionamento de Seul com os Estados Unidos e o Japao se deteriorasse enquanto apostava fortemente que a Coreia do Norte abracaria seu esforco de desentendimento. Isso corre o risco de isolar a Coreia do Sul, e a reacao conservadora aqui em Seul contra as iniciativas de politica externa de Moon, dovish, foi violenta.
A coalizao esquerdista de Moon ha muito busca melhores relacoes com a Coreia do Norte. Ao contrario da direita sul-coreana, que adere a um anticomunismo tradicionalista duro em relacao ao norte, a esquerda aqui e mais nacionalista. Ele le a Coreia do Norte como um estado irmao coreano que se perdeu, radicalizado pela horrivel campanha de bombardeios americanos durante a guerra, sancoes dos EUA e da ONU, isolamento extremo e assim por diante.
O principal argumento do esforco de desentendimento de Moon - como o de seus predecessores liberais de 1998 a 2008 - e que a Coreia do Norte moderara seu comportamento ou ate se tornara um parceiro da Coreia do Sul, se o trouxermos do frio. Portanto, as abordagens tradicionais de sancoes e contencoes favorecidas pelos EUA, Japao e pela direita sul-coreana estao realmente piorando o problema. Uma inversao de marcha e necessaria, e Moon perseguiu isso vigorosamente. Nenhum presidente sul-coreano foi tao dovish e solicito da Coreia do Norte antes. A direita sul-coreana esta cheia de teorias da conspiracao de que Moon e um marxista pro-Pyongyang.
O outro lado dessa aproximacao com Pyongyang esta se distanciando dos americanos e, principalmente, dos japoneses. O contraste com a direita sul-coreana e novamente bastante acentuado: a direita aqui e bastante pro-americana e esta disposta a trabalhar com o Japao enquanto ainda debate questoes historicas espinhosas decorrentes do imperialismo japones no seculo passado. A esquerda, porem, essas sao questoes centrais. O relacionamento americano e muito debatido, ja que os EUA sao frequentemente acusados ??de apoiar ditadores repressivos na Coreia do Sul pre-democratica. E ha suspeitas de que a presenca militar dos EUA aqui manipula a politica externa da Coreia do Sul, uma critica neocolonial que se ve com frequencia nos filmes sul-coreanos.
Em relacao ao Japao, a esquerda aqui e francamente ideologica. Em vez de cooperar de ma vontade com as preocupacoes norte-coreanas compartilhadas, a coalizao de Moon quer um confronto com o Japao por questoes historicas. Idealmente, a distensao com a Coreia do Norte tambem melhoraria a posicao do Sul. As duas Coreias que cooperassem pressionariam Toquio com mais eficacia durante a guerra, e a Coreia do Sul nao precisaria de assistencia japonesa na coleta de informacoes ou qualquer outra coisa se a paz intra-coreana estivesse a mao.
Moon falou tao favoravelmente de Kim Jong-un, lider supremo da Coreia do Norte, que ele foi criticado por rastejar e atuar como ministro das Relacoes Exteriores da Coreia do Norte.
Durante a maior parte da historia da Coreia do Sul, a esquerda nao conseguiu atingir esses objetivos. Primeiro, a ditadura ate 1987 obviamente restringiu essas preferencias. Desde entao, a popularidade da alianca dos EUA, combinada com a hostilidade dos EUA a esse programa de politica externa, restringiu Seul. Moon e o primeiro presidente sul-coreano a realmente impulsionar essa reorientacao. Ele e o terceiro presidente liberal da Coreia do Sul, mas seus dois antecessores de 1998 a 2008 nunca foram tao longe quanto Moon.
Como um experimento, foi fascinante assistir. Moon pressionou por um avanco norte-coreano muito mais dificil do que qualquer presidente sul-coreano anterior. Ele conheceu o lider norte-coreano mais do que todos os outros presidentes sul-coreanos juntos. Ele falou tao favoravelmente de Kim Jong-il, lider supremo da Coreia do Norte, que Moon foi criticado por rastejar e atuar como ministro das Relacoes Exteriores da Coreia do Norte.
Moon tambem apostou nesse esforco distintivo para tracar uma linha muito mais dura no Japao do que seus antecessores. Ele retirou unilateralmente a Coreia do Sul de um pacto assinado com o Japao para resolver a questao das “mulheres de conforto”, alienando profundamente Toquio e Washington e provocando debates sobre a credibilidade sul-coreana. Quando o Japao revidou com as restricoes comerciais, Moon dobrou a ideologia na linguagem, o que chocou quase todo mundo fora do ambiente de esquerda na Coreia do Sul.
Moon retirou a Coreia do Sul de um pacto de compartilhamento de informacoes com o Japao - o Acordo Geral de Seguranca das Informacoes Militares (GSOMIA). A GSOMIA permite que a Coreia do Sul e o Japao compartilhem informacoes diretamente sobre a Coreia do Norte, em vez de negociar com os EUA como terceiros. Os EUA ha muito desejam que a Coreia do Sul faca isso, e o Japao tambem considera o pacto valioso. Curiosamente, o proprio governo de Moon admitiu esse valor usando o compartilhamento da GSOMIA varias vezes nos meses apos a declaracao da intencao da Coreia do Sul de partir.
Ao mesmo tempo, Moon resistiu abertamente a demanda do presidente dos Estados Unidos DonaldTrump por uma contribuicao sul-coreana muito mais alta a defesa conjunta por meio do "Acordo de Medidas Especiais" (SMA), que governa o compartilhamento de carga entre a ROK e os EUA. A demanda de Trump e realmente exorbitante, mas um presidente conservador da Coreia do Sul provavelmente teria lidado com isso de forma mais silenciosa e concordado em aumentar. Nao esta claro no momento se o governo da Lua fara o mesmo.
Em suma, Moon promoveu uma mini-revolucao na politica externa da ROK. Ele buscou agressivamente um avanco com o Norte, resistindo as teorias da conspiracao e acusacoes de apaziguamento. Com base nisso, Moon adotou uma linha dura tanto no Japao quanto na GSOMIA quanto nos EUA na SMA nos ultimos meses.
Esta e uma mistura bastante inebriante e arriscada. Ele se apoia fortemente em uma inovacao inter-coreana para compensar relacoes mais duras com aliados tradicionais que compartilham os valores da Coreia do Sul - democracia, pluralismo, liberalismo, mercados. Contar com a Coreia do Norte para qualquer coisa e, e claro, uma aposta, e a Coreia do Norte, de fato, nao tem sido confiavel ao longo da recente detencao. Isso, por sua vez, elevou os custos de uma linha dura na GSOMIA e na SMA, especialmente ao mesmo tempo.
E provavelmente por isso que Moon recuou no GSOMIA no final. No ultimo minuto, a Coreia do Sul nao se retirou da GSOMIA. Moon provavelmente percebeu que ele estava exagerando: ele estava se envolvendo simultaneamente com os americanos e os japoneses - que tambem estavam ativando profunda resistencia domestica conservadora - enquanto esperava um acordo inovador do Norte que ainda nao havia chegado.
No final, algo tinha que dar, e piscar na GSOMIA provavelmente era considerado uma concessao toleravel aos americanos para melhorar a posicao da Coreia do Sul na luta mais importante da SMA.
Moon piscando sobre a GSOMIA ilustra o duro vinculo da reorientacao esquerdista da politica externa esbocada aqui. Ele pressupoe que a Coreia do Norte possa ser transformada em um parceiro confiavel e de boa fe; sem isso, Seul e jogada de volta, mais uma vez, nos EUA e no Japao. E ai esta de novo hoje.
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