J.Ricardo escreveu: Ter Abr 04, 2023 3:56 pm
nós precisamos de uma marinha de guerra, mas PA são por natureza armas de projeção de poder, para o AS aviões baseados em terra são até mais perigosos que aviões em um PA, eles ficam distribuídos pela costa e podem fazer ataques letais com mísseis, ainda mais se desenvolverem realmente aquele míssil hipersônico, um PA br seria um alvo excelente e um troféu magnífico para esfregar em nossa cara...
Fragatas pesadas sempre serão uma ótima arma, mas os submarinos sempre serão a arma definitiva de negação do mar.
Olá
@J.Ricardo
Projeção de poder tem menos a ver com os meios do que com as intenções que cada país tem para sua defesa.
No caso do Brasil, projetar poder pode ser simplesmente sinônimo de marcar presença naval nos limites da ZEE ou do SALVAMAR\SALVAERO no Atlântico Sul, manter navios de patrulha operando na costa da Àfrica e\ou no Caribe, ou até mesmo mantendo uma esquadra capaz de acompanhar, literalmente, toda e qualquer atividade naval militar de potências estranhas ao AS, e ainda apoiar países parceiros nos interesses da defesa do Brasil. Isso pode ser feito com Nae, subs, navios de superfície, simples patrulhas, aviões e\ou drones, e até mesmo com presença militar física onde seja necessário. E esta é apenas a parte visível da projeção de poder de um país, que vai muito além do aspecto puramente militar. No Brasil nenhum documento da Defesa identifica claramente o que é projeção de poder para nós, e muito menos deixa explícito como ele deve ser feito, e de que forma devemos preparar o país a fim de exercê-lo.
Como não temos documentos públicos de cunho político-estratégico que determinem as características da projeção de poder do país, os militares o fazem em sua seara seguindo estritamente o que diz a doutrina consolidada através do tempo. E já que não tem ninguém no MD, GF e congresso que se interesse ou disponha a questionar e\ou conhecer estas doutrinas, cada um faz o que acha melhor, e tudo bem. Eu costumo dizer que a nossa melhor defesa é saber antecipadamente quais as intenções de eventuais atores externos tenham sobre nós. E neste aspecto, construir um sistema ISR estratégico que vá além dos limites legais de nossas fronteiras, é necessário, diria impositivo. Inteligência, para um país lerdo e acéfalo em lideranças reais como o nosso, carece no mínimo de ser capaz de saber o que outros pensam, querem e estão dispostos a fazer contra nós. E um Nae pode ser, ou não, parte desse esquema de prospecção de inteligência, seja militar, diplomática, comercial e econômica. De uma forma ou outra ele não entra sozinho nesta equação.
Se Nae fossem alvos tão fáceis de abater em qualquer cenário naval, os norte americanos não teriam dezenas deles até hoje, e outros países não se dariam o trabalho de investir em modelos que em menor ou maior parte podem operar enquanto tal. A decisão de construir um Nae dispõe sobre o conceito que tipo de esquadra se quer ter. Por aqui, a marinha sonha em ser algo de águas azuis, sem nunca ter sido boa nas marrons e verdes, ou mesmo naquela. E ninguém nunca se importou com isso. Balancear o poder de um esquadra pode, e deve ser feito na exata medida em que o país sabe o que quer do mar à sua frente. Nós não sabemos até hoje, enquanto Estado. Então, ter ou não ter um Nae, acaba sendo uma decisão técnica de quem olha a doutrina, a estratégia nacional, e a defesa naval a partir do ponto de vista de quem estuda e opera o assunto julgando ser possível ter o melhor de todos os mundos, aéreo, naval e submarino. E pior, sem ninguém para criticar ou questionar suas decisões com embasamento.
Podemos optar por caças baseados em terra obviamente, mas isto limita, e muito, a capacidade da esquadra de defender o país somente dentro da cobertura dos seus caças, que estaria limitada à nossa capacidade de prover, primeiro, um número coerente de vetores, e segundo, de Revo para que os mesmos possam atuar o mais distante possível da costa. Não teremos, a priori, nem uma coisa e nem outra. E a FAB, novamente, não tem sequer previsão de possuir caças em quantidade para defender a si mesma, que se dirá a esquadra. Só aí já matamos a nossa defesa naval duas vezes, impondo uma limitação clara ao que ela poderá efetivamente fazer no caso de uma agressão vinda do mar.
Tá, mas a marinha pode operar os seus próprios caças de terra e os aviões Revo necessários. Poder pode, mas, tem verba e interesse para isso, a fim de alocar uma capacidade real e não apenas representativa como se faz normalmente por aqui?
Idem para a aviação de patrulha, que não está na MB por pura e simples falta de verbas para sustentá-la como sempre se disse por aqui. Onde está o SISGAAZ...
Enfim, manter uma esquadra com ou sem Nae é uma escolha do país, que deve ser organizar para defender seus interesses no mar olhando bem mais que a pobreza e ignomía política interna. Políticos, partidos e ideologia passam. Mas a marinha fica por aí, para o bem e para o mal.