Arqueologia/antropologia/ADN
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
A primeira estudante brasileira em Coimbra chamava-se América do Sul
Nascida no Maranhão, tinha 19 anos quando entrou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde hoje encontramos a bisneta.
Domitila de Carvalho é um nome incontornável na História das mulheres portuguesas pelo seu pioneirismo no Ensino Superior. Em 1892, tornou-se a primeira aluna da Universidade de Coimbra (UC). Ela com 20 e a academia com 602 anos de idade. Frequentou os cursos de Matemática, Filosofia e Medicina. Mas enquanto Domitila estudava, ainda sem traje académico que na época era proibido às mulheres, nascia no Brasil outra vanguardista.
No dia 30 de julho de 1898, nasce em casa, no Largo do Carmo, em São Luís do Maranhão, a menina América do Sul Fontes Monteiro (sim, isso mesmo). Não existe registo de como foi a vida desta nordestina brasileira até Setembro de 1917 mas, em Outubro desse ano, América assina um documento onde pede: «Exmo. Sr. Reitor da Universidade de Coimbra. América do Sul Fontes Monteiro, filha de Bernardino Monteiro e Maria de Jesus, natural do Maranhão, Estados Unidos do Brazil, pretende matricular-se e inscrever-se em todas as disciplinas do primeiro ano da Faculdade de Letras – secção de Filologia Germânica – para o que junta os documentos exigidos no referente edital. Pede a Vossa Excelência se digne deferir.»
Este documento, guardado no Arquivo da UC, é hoje a confirmação do pioneirismo desta brasileira para o estudo das populações universitárias. América do Sul foi a primeira mulher do Brasil a vir para Portugal estudar na Universidade de Coimbra, mudando o género de uma longa lista que começou em 1574 com Manuel de Paiva Cabral, pernambucano, que se licenciou em Leis. Ou seja, o Brasil demorou 343 anos para enviar uma aluna e acrescentar o feminino na lista de brasileiros estudantes.
Na Faculdade de Letras, América do Sul frequentou Língua e Literatura Inglesa e Alemã, Curso prático de Inglês e Alemão, Filologia Portuguesa, História de Portugal, História Geral da Civilização, Filosofia, História Medieval e ainda Geografia de Portugal e Colónias. Era para ter concluído o Curso em 1920, mas cancelou a matrícula um ano antes. O que fez uma mulher como América desistir da empreitada? A família acredita que a culpado se chamava Sebastião: «Não conheci a minha avó América, sei que teve três filhos, todos já desaparecidos e que abandonou o curso para casar com o meu avô que, entretanto, tirou o curso de Direito em Coimbra», explica a neta Maria Hermínia Quintela, professora em Lamego.
Quando América transitou para o seu segundo ano do Curso de Letras, Sebastião se tornava caloiro de Direito, os dois nomes aparecem juntos na documentação dos matriculados em 1918. Casaram dois anos depois e foram viver para Vila Real. Foi a história de amor entre América e Sebastião que desviou a maranhense dos estudos, mas este amor só tirou o diploma à brasileira, Sebastião concluiu o curso e tornou-se doutor. Viveram relativamente pouco tempo como casal, ele morreu aos 45 e América com 61. Perderam uma filha adolescente e criaram dois rapazes. Os seus descendentes retomaram fortemente os laços com Coimbra: dos 10 netos, seis formaram-se aqui e entre os 18 bisnetos, quatro já passaram pela mais antiga universidade portuguesa.
Maria Beatriz Claro da Fonseca Cid de Oliveira é um destes frutos nascidos a partir da semente de América do Sul. A mestranda na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação reconhece sua importância: «A história dela é repassada de geração em geração na minha família e motivo de muito orgulho. Candidatei-me para Coimbra por realmente querer estudar nesta cidade e talvez o passado de América me tenha influenciado. É um privilégio estudar aqui tendo em conta o exemplo da minha bisavó», diz Beatriz.
As mulheres na Universidade de Coimbra podem ter demorado para adentrar no mundo académico mas, uma vez inseridas, trataram de esgarçar o espartilho das barreiras. A partir dos anos 60, a evolução acontece muito rapidamente e a viragem dá-se em 1983, quando o número de alunas suplanta o de alunos na universidade. Hoje, os brasileiros representam a maior comunidade de estudantes internacionais na UC, são 15% do total discente e destes, as mulheres são maioria e tudo começou na jovem América do Sul Fontes Monteiro.
https://coimbracoolectiva.pt/historias/ ... ca-do-sul/
Nascida no Maranhão, tinha 19 anos quando entrou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde hoje encontramos a bisneta.
Domitila de Carvalho é um nome incontornável na História das mulheres portuguesas pelo seu pioneirismo no Ensino Superior. Em 1892, tornou-se a primeira aluna da Universidade de Coimbra (UC). Ela com 20 e a academia com 602 anos de idade. Frequentou os cursos de Matemática, Filosofia e Medicina. Mas enquanto Domitila estudava, ainda sem traje académico que na época era proibido às mulheres, nascia no Brasil outra vanguardista.
No dia 30 de julho de 1898, nasce em casa, no Largo do Carmo, em São Luís do Maranhão, a menina América do Sul Fontes Monteiro (sim, isso mesmo). Não existe registo de como foi a vida desta nordestina brasileira até Setembro de 1917 mas, em Outubro desse ano, América assina um documento onde pede: «Exmo. Sr. Reitor da Universidade de Coimbra. América do Sul Fontes Monteiro, filha de Bernardino Monteiro e Maria de Jesus, natural do Maranhão, Estados Unidos do Brazil, pretende matricular-se e inscrever-se em todas as disciplinas do primeiro ano da Faculdade de Letras – secção de Filologia Germânica – para o que junta os documentos exigidos no referente edital. Pede a Vossa Excelência se digne deferir.»
Este documento, guardado no Arquivo da UC, é hoje a confirmação do pioneirismo desta brasileira para o estudo das populações universitárias. América do Sul foi a primeira mulher do Brasil a vir para Portugal estudar na Universidade de Coimbra, mudando o género de uma longa lista que começou em 1574 com Manuel de Paiva Cabral, pernambucano, que se licenciou em Leis. Ou seja, o Brasil demorou 343 anos para enviar uma aluna e acrescentar o feminino na lista de brasileiros estudantes.
Na Faculdade de Letras, América do Sul frequentou Língua e Literatura Inglesa e Alemã, Curso prático de Inglês e Alemão, Filologia Portuguesa, História de Portugal, História Geral da Civilização, Filosofia, História Medieval e ainda Geografia de Portugal e Colónias. Era para ter concluído o Curso em 1920, mas cancelou a matrícula um ano antes. O que fez uma mulher como América desistir da empreitada? A família acredita que a culpado se chamava Sebastião: «Não conheci a minha avó América, sei que teve três filhos, todos já desaparecidos e que abandonou o curso para casar com o meu avô que, entretanto, tirou o curso de Direito em Coimbra», explica a neta Maria Hermínia Quintela, professora em Lamego.
Quando América transitou para o seu segundo ano do Curso de Letras, Sebastião se tornava caloiro de Direito, os dois nomes aparecem juntos na documentação dos matriculados em 1918. Casaram dois anos depois e foram viver para Vila Real. Foi a história de amor entre América e Sebastião que desviou a maranhense dos estudos, mas este amor só tirou o diploma à brasileira, Sebastião concluiu o curso e tornou-se doutor. Viveram relativamente pouco tempo como casal, ele morreu aos 45 e América com 61. Perderam uma filha adolescente e criaram dois rapazes. Os seus descendentes retomaram fortemente os laços com Coimbra: dos 10 netos, seis formaram-se aqui e entre os 18 bisnetos, quatro já passaram pela mais antiga universidade portuguesa.
Maria Beatriz Claro da Fonseca Cid de Oliveira é um destes frutos nascidos a partir da semente de América do Sul. A mestranda na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação reconhece sua importância: «A história dela é repassada de geração em geração na minha família e motivo de muito orgulho. Candidatei-me para Coimbra por realmente querer estudar nesta cidade e talvez o passado de América me tenha influenciado. É um privilégio estudar aqui tendo em conta o exemplo da minha bisavó», diz Beatriz.
As mulheres na Universidade de Coimbra podem ter demorado para adentrar no mundo académico mas, uma vez inseridas, trataram de esgarçar o espartilho das barreiras. A partir dos anos 60, a evolução acontece muito rapidamente e a viragem dá-se em 1983, quando o número de alunas suplanta o de alunos na universidade. Hoje, os brasileiros representam a maior comunidade de estudantes internacionais na UC, são 15% do total discente e destes, as mulheres são maioria e tudo começou na jovem América do Sul Fontes Monteiro.
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
Esqueleto de D. Dinis não tem marcas do lendário ataque de um urso
Requalificação do túmulo avança. Antropólogos e médicos têm estudado os ossos do rei e do neto. Do ataque de que se terá defendido com uma faca não há vestígios. Estudo ainda sem ADN do monarca.
Lucinda Canelas
4 de Maio de 2023
Sobre as mesas do laboratório improvisado que hoje ocupa a sacristia da igreja do Mosteiro de São Dinis e São Bernardo de Odivelas há caixas com pedaços de tecido minúsculos, pinças e instrumentos de medição, folhas de acetato com padrões e um traje de seda verde com sofisticados bordados que foi vestido a um menino que acabava de morrer, neto de D. Dinis (1261-1325).
https://www.publico.pt/2023/05/04/cultu ... so-2048359
Mais tarde vou digitalizar o artigo e coloco cá.
Requalificação do túmulo avança. Antropólogos e médicos têm estudado os ossos do rei e do neto. Do ataque de que se terá defendido com uma faca não há vestígios. Estudo ainda sem ADN do monarca.
Lucinda Canelas
4 de Maio de 2023
Sobre as mesas do laboratório improvisado que hoje ocupa a sacristia da igreja do Mosteiro de São Dinis e São Bernardo de Odivelas há caixas com pedaços de tecido minúsculos, pinças e instrumentos de medição, folhas de acetato com padrões e um traje de seda verde com sofisticados bordados que foi vestido a um menino que acabava de morrer, neto de D. Dinis (1261-1325).
https://www.publico.pt/2023/05/04/cultu ... so-2048359
Mais tarde vou digitalizar o artigo e coloco cá.
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
cabeça de martelo escreveu: ↑Sex Mar 31, 2023 8:02 am A primeira estudante brasileira em Coimbra chamava-se América do Sul
Este documento, guardado no Arquivo da UC, é hoje a confirmação do pioneirismo desta brasileira para o estudo das populações universitárias. América do Sul foi a primeira mulher do Brasil a vir para Portugal estudar na Universidade de Coimbra, mudando o género de uma longa lista que começou em 1574 com Manuel de Paiva Cabral, pernambucano, que se licenciou em Leis. Ou seja, o Brasil demorou 343 anos para enviar uma aluna e acrescentar o feminino na lista de brasileiros estudantes.
Uma das mais ridículas peças de propaganda WOKE que já tive o desprazer de ler: então já existia um País chamado Brazil em 1574? Jurava que era apenas uma colómnia de Portugal, logo, tudo que havia e todos que nela nasciam eram PORTUGUESES. A ser verdade, então fomos mesmo invadidos e espoliados, logo
DEVOLVAM O NOSSO OIRO, SHOVEL!!!
Ainda bem que sou véio, logo, não serei eu um dos que terão de pagar o grosso da conta por todo o atual ginocentrismo, tão entusiasticamente disseminado na AGITPROP.
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
Após a vossa sucessão, a nova elite "Brasileira" continuou a enviar os seus filhos para a universidade de Coimbra como se não houvesse diferenças.Túlio escreveu: ↑Ter Jul 04, 2023 11:14 amcabeça de martelo escreveu: ↑Sex Mar 31, 2023 8:02 am A primeira estudante brasileira em Coimbra chamava-se América do Sul
Este documento, guardado no Arquivo da UC, é hoje a confirmação do pioneirismo desta brasileira para o estudo das populações universitárias. América do Sul foi a primeira mulher do Brasil a vir para Portugal estudar na Universidade de Coimbra, mudando o género de uma longa lista que começou em 1574 com Manuel de Paiva Cabral, pernambucano, que se licenciou em Leis. Ou seja, o Brasil demorou 343 anos para enviar uma aluna e acrescentar o feminino na lista de brasileiros estudantes.
Uma das mais ridículas peças de propaganda WOKE que já tive o desprazer de ler: então já existia um País chamado Brazil em 1574? Jurava que era apenas uma colómnia de Portugal, logo, tudo que havia e todos que nela nasciam eram PORTUGUESES. A ser verdade, então fomos mesmo invadidos e espoliados, logo
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
cabeça de martelo escreveu: ↑Ter Jul 04, 2023 11:31 am
Após a vossa sucessão, a nova elite "Brasileira" continuou a enviar os seus filhos para a universidade de Coimbra como se não houvesse diferenças.
Não estás sendo WOKE direito, é filhES.
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
The Y-chromosomal Heritage of the Azores Islands Population
P. R. Pacheco1,2, C. C. Branco1,2, R. Cabral1,2, S. Costa1,2, A. L. Araujo´ 3 , B. R. Peixoto1,2, P. Mendonc¸a3 and L. Mota-Vieira1,2∗ 1Molecular Genetics and Pathology Unit, Hospital of Divino Esp´ırito Santo, Ponta Delgada, Sao Miguel Island, Azores, Portugal ˜ 2 Instituto Gulbenkian de Ciencia, Oeiras, Portugal ˆ 3Hematology Department, Hospital of Divino Esp´ırito Santo, Ponta Delgada, Sao Miguel Island, Azores, Portugal
Summary
The Azores, a Portuguese archipelago located in the north Atlantic Ocean, had no native population when the Portuguese first arrived in the 15th century. The islands were populated mainly by the Portuguese, but Jews, Moorish prisoners, African slaves, Flemish, French and Spaniards also contributed to the initial settlement. To understand the paternal origins and diversity of the extant Azorean population, we typed genomic DNA samples from 172 individuals using a combination of 10 Y-biallelic markers (YAP, SRY-1532, SRY-2627, 92R7, M9, sY81, Tat, SRY-8299, 12f2 and LLY22g) and the following Y-chromosomal STR systems: DYS389I, DYS389II, DYS390, DYS391, DYS392, DYS393 and DYS385. We identified nine different haplogroups, most of which are frequent in Europe. Haplogroup J∗ is the second most frequent in the Azores (13.4%), but it is modestly represented in mainland Portugal (6.8%). The other non-European haplogroups, N3 and E3a, which are prevalent in Asia and sub-Saharan Africa, respectively, have been found in the Azores (0.6% and 1.2%, respectively) but not in mainland Portugal. Microsatellite data indicate that the mean gene diversity (D) value for all the loci analysed in our sample set is 0.590, while haplotype diversity is 0.9994. Taken together, our analysis suggests that the current paternal pool of the Azorean population is, to a great extent, of Portuguese descent with significant contributions from people with other genetic backgrounds.
Prevalent Y-chromosome Lineages in Azores Islands The non-random distribution of distinctive stable HGs provides patterns of genetic affinity and clues concerning past human movements. Here we investigated the genetic background of the male Azorean population, and discussed the results in light of existing historical records. HG J∗ , defined by the 12f2 deletion, is largely confined to Caucasoid populations, with its highest frequencies being found in Middle Eastern populations. It is thought to have originated in the Middle East, where it accounts for over one third of the Y-chromosomes of Jewish, Turkish and Arab populations (Bosh et al. 2001; Nebel et al. 2001). Our data show that in the Azores this haplogroup is the second most common, with a frequency of 13.4%, twice as high as in mainland Portugal (6.8%; Rosser et al. 2000). Using a sampling strategy based on the three geographical groups of the Azores.
islands, Montiel and colleagues (in this issue) found lineage J at a lower frequency (8.6%) for the whole archipelago, although their study revealed a similar frequency (14.5%) for the islands of the Central group. The high frequency of lineage J raises the question of whether early Jewish settlers left a significant imprint in the genetic pool of the Azorean male population. The overall northwest (NW) African contribution to the Iberian Y-chromosome pool has been calculated as 7%, with the highest level of contribution (14%) being found in Andalusians from southern Iberia (Bosch et al. 2001), a result that is consistent with the population movement associated with Islamic rule in Iberia (Pereira et al. 2000). The frequency of the NW African lineage E∗ (xE3) in mainland Portugal and the Azores (11.7% and 10.5%, respectively) is similar. Montiel and colleagues (in this issue) also found comparable values (13.0%) for the archipelago. The results obtained by us and Montiel at al. suggest several hypotheses for the presence of this lineage in the present-day population of the Azores: a direct input of Moorish prisoners, the influence of early Portuguese settlers, or a contribution of both Moorish prisoners and Portuguese. Lineage E3a, defined by mutation sY81, shows a subSaharan distribution pattern. This HG is the most frequent in west African populations, and its presence can be interpreted as resulting from sub-Saharan gene flow. The occurrence of lineage E3a in the Azores is the result of African influence, since it has been detected neither in Europe, nor in Iberian samples (Semino et al. 2000; Bosch et al. 2001; Rosser et al. 2000). The presence of sub-Saharan African slaves in the archipelago since the beginning of its settlement is well documented (Matos 1989). Therefore, we conclude that the 1.2% Ychromosomes with the E3a background represent the male descendants of black slaves from Guinea, Cabo Verde and Sao Tom ˜ e.´ Lineage N3, defined by a Tat biallelic polymorphism, is specific to Asians and northern Europeans, and has not been found in the Iberian peninsula or in other European countries (Rosser et al. 2000; Helgason et al. 2000). This mutation probably arose in the Mongolia/China area, and its present distribution stretches from Japan to Norway (Zerjal et al. 1997). The presence of this lineage in the Azores (0.6%) is intriguing. Historical records of the presence of Asians or Mongolians in the archipelago are not known, but Bruges-Armas and colleagues (1999) have recently described the presence of Mongolian HLA genes at a high frequency in the Terceira Island population (Azores). Thus, it is possible that the N3 Lineage may have been introduced during the expansion of trade navigation between Europe, America and Asia, in the XVI and XVII centuries, when the Azores had a strategic role due to its geographic position (Russel-Wood, 1998). Lineage R1b8, defined by a C→T base substitution at the SRY-2627, arose recently in Iberia. This lineage has its highest frequency in Basques (11%) and Catalans (22%), but in other regions these chromosomes are rare or absent (Hurles et al. 1999). In the Azores, its frequency is marginal (0.6%), probably reflecting the descendants of Spaniards who came to the islands during the reign of Spain over Portugal, from 1580 to 1640 (Matos, 1989). Lineage R1a is most frequent in central eastern Europe, comprising approximately half of the chromosomes in Russian, Polish and Slovakian samples. In contrast, frequencies in southeast and southwest Europe are low. In our sample set, R1a is four times more common than in mainland Portugal (Rosser et al. 2000), which may be explained by the following reasons: (i) this chromosome only arrived with Portuguese settlers, and subsequently increased in frequency; (ii) some chromosomes came with Portuguese settlers, while others came directly from central eastern Europeans; and (iii) they are an exclusive contribution from central eastern Europe. Records and papers exploring historical settlement show that some Europeans (e.g. Flemish) contributed to the peopling of the Azores, so we believe that all of the above hypotheses are possible.
Fonte: https://www.academia.edu/18134784/The_Y ... view-paper
Por isso é que eu gosto da música dos Sardaukar!
P. R. Pacheco1,2, C. C. Branco1,2, R. Cabral1,2, S. Costa1,2, A. L. Araujo´ 3 , B. R. Peixoto1,2, P. Mendonc¸a3 and L. Mota-Vieira1,2∗ 1Molecular Genetics and Pathology Unit, Hospital of Divino Esp´ırito Santo, Ponta Delgada, Sao Miguel Island, Azores, Portugal ˜ 2 Instituto Gulbenkian de Ciencia, Oeiras, Portugal ˆ 3Hematology Department, Hospital of Divino Esp´ırito Santo, Ponta Delgada, Sao Miguel Island, Azores, Portugal
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The Azores, a Portuguese archipelago located in the north Atlantic Ocean, had no native population when the Portuguese first arrived in the 15th century. The islands were populated mainly by the Portuguese, but Jews, Moorish prisoners, African slaves, Flemish, French and Spaniards also contributed to the initial settlement. To understand the paternal origins and diversity of the extant Azorean population, we typed genomic DNA samples from 172 individuals using a combination of 10 Y-biallelic markers (YAP, SRY-1532, SRY-2627, 92R7, M9, sY81, Tat, SRY-8299, 12f2 and LLY22g) and the following Y-chromosomal STR systems: DYS389I, DYS389II, DYS390, DYS391, DYS392, DYS393 and DYS385. We identified nine different haplogroups, most of which are frequent in Europe. Haplogroup J∗ is the second most frequent in the Azores (13.4%), but it is modestly represented in mainland Portugal (6.8%). The other non-European haplogroups, N3 and E3a, which are prevalent in Asia and sub-Saharan Africa, respectively, have been found in the Azores (0.6% and 1.2%, respectively) but not in mainland Portugal. Microsatellite data indicate that the mean gene diversity (D) value for all the loci analysed in our sample set is 0.590, while haplotype diversity is 0.9994. Taken together, our analysis suggests that the current paternal pool of the Azorean population is, to a great extent, of Portuguese descent with significant contributions from people with other genetic backgrounds.
Prevalent Y-chromosome Lineages in Azores Islands The non-random distribution of distinctive stable HGs provides patterns of genetic affinity and clues concerning past human movements. Here we investigated the genetic background of the male Azorean population, and discussed the results in light of existing historical records. HG J∗ , defined by the 12f2 deletion, is largely confined to Caucasoid populations, with its highest frequencies being found in Middle Eastern populations. It is thought to have originated in the Middle East, where it accounts for over one third of the Y-chromosomes of Jewish, Turkish and Arab populations (Bosh et al. 2001; Nebel et al. 2001). Our data show that in the Azores this haplogroup is the second most common, with a frequency of 13.4%, twice as high as in mainland Portugal (6.8%; Rosser et al. 2000). Using a sampling strategy based on the three geographical groups of the Azores.
islands, Montiel and colleagues (in this issue) found lineage J at a lower frequency (8.6%) for the whole archipelago, although their study revealed a similar frequency (14.5%) for the islands of the Central group. The high frequency of lineage J raises the question of whether early Jewish settlers left a significant imprint in the genetic pool of the Azorean male population. The overall northwest (NW) African contribution to the Iberian Y-chromosome pool has been calculated as 7%, with the highest level of contribution (14%) being found in Andalusians from southern Iberia (Bosch et al. 2001), a result that is consistent with the population movement associated with Islamic rule in Iberia (Pereira et al. 2000). The frequency of the NW African lineage E∗ (xE3) in mainland Portugal and the Azores (11.7% and 10.5%, respectively) is similar. Montiel and colleagues (in this issue) also found comparable values (13.0%) for the archipelago. The results obtained by us and Montiel at al. suggest several hypotheses for the presence of this lineage in the present-day population of the Azores: a direct input of Moorish prisoners, the influence of early Portuguese settlers, or a contribution of both Moorish prisoners and Portuguese. Lineage E3a, defined by mutation sY81, shows a subSaharan distribution pattern. This HG is the most frequent in west African populations, and its presence can be interpreted as resulting from sub-Saharan gene flow. The occurrence of lineage E3a in the Azores is the result of African influence, since it has been detected neither in Europe, nor in Iberian samples (Semino et al. 2000; Bosch et al. 2001; Rosser et al. 2000). The presence of sub-Saharan African slaves in the archipelago since the beginning of its settlement is well documented (Matos 1989). Therefore, we conclude that the 1.2% Ychromosomes with the E3a background represent the male descendants of black slaves from Guinea, Cabo Verde and Sao Tom ˜ e.´ Lineage N3, defined by a Tat biallelic polymorphism, is specific to Asians and northern Europeans, and has not been found in the Iberian peninsula or in other European countries (Rosser et al. 2000; Helgason et al. 2000). This mutation probably arose in the Mongolia/China area, and its present distribution stretches from Japan to Norway (Zerjal et al. 1997). The presence of this lineage in the Azores (0.6%) is intriguing. Historical records of the presence of Asians or Mongolians in the archipelago are not known, but Bruges-Armas and colleagues (1999) have recently described the presence of Mongolian HLA genes at a high frequency in the Terceira Island population (Azores). Thus, it is possible that the N3 Lineage may have been introduced during the expansion of trade navigation between Europe, America and Asia, in the XVI and XVII centuries, when the Azores had a strategic role due to its geographic position (Russel-Wood, 1998). Lineage R1b8, defined by a C→T base substitution at the SRY-2627, arose recently in Iberia. This lineage has its highest frequency in Basques (11%) and Catalans (22%), but in other regions these chromosomes are rare or absent (Hurles et al. 1999). In the Azores, its frequency is marginal (0.6%), probably reflecting the descendants of Spaniards who came to the islands during the reign of Spain over Portugal, from 1580 to 1640 (Matos, 1989). Lineage R1a is most frequent in central eastern Europe, comprising approximately half of the chromosomes in Russian, Polish and Slovakian samples. In contrast, frequencies in southeast and southwest Europe are low. In our sample set, R1a is four times more common than in mainland Portugal (Rosser et al. 2000), which may be explained by the following reasons: (i) this chromosome only arrived with Portuguese settlers, and subsequently increased in frequency; (ii) some chromosomes came with Portuguese settlers, while others came directly from central eastern Europeans; and (iii) they are an exclusive contribution from central eastern Europe. Records and papers exploring historical settlement show that some Europeans (e.g. Flemish) contributed to the peopling of the Azores, so we believe that all of the above hypotheses are possible.
Fonte: https://www.academia.edu/18134784/The_Y ... view-paper
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
José Rodrigues dos Santos responde a críticas: “Colombo, fascismo e História”
A resposta de José Rodrigues dos Santos às críticas do historiador Roger Lee de Jesus
A propósito de uma entrevista que dei ao Jornal 2, o historiador Roger Lee de Jesus acusou-me de “difundir teorias da conspiração da História, sem qualquer sustento nem credibilidade” e também de ter “desprezo implícito pelo trabalho académico”, o que considerou uma “vergonha nacional”
A crítica, difundida pela Visão, incidiu em dois pontos: a tese apresentada no meu romance O Codex 632 sobre a possível origem portuguesa de Cristóvão Colombo e a tese apresentada na minha trilogia do Lótus, e em particular no primeiro tomo, As Flores de Lótus, sobre as origens marxistas do fascismo.
Comecemos por Cristóvão Colombo. Diz o professor Lee de Jesus, se corretamente citado, que “há centenas de documentos da época a comprovar a naturalidade de Colombo” e que sobre isso há um “consenso” entre os historiadores.
Ora eu no Jornal 2 disse que “não existe nenhuma prova sólida de que ele fosse de facto genovês”, que “na verdade, há sugestões de que ele poderia ser português” e que, depois de O Codex 632 ser publicado em 2005, “houve historiadores que apareceram em público a dizer que achavam também que ele era português”, afirmações que, até prova em contrário, mantenho.
Existem múltiplas referências históricas às origens genovesas de Colombo, a começar por d’Anghiera e a acabar em Assereto. O problema é que os documentos em questão resultam de fontes secundárias sem que os originais tenham sobrevivido ou então estão carregados de incongruências que minam a sua credibilidade ou são de autores a citarem-se uns aos outros.
Por exemplo, Angelo Trevisano foi o primeiro a indicar claramente a origem genovesa de Colombo, mas do seu Libretto de 1504 não sobreviveu nenhum exemplar e tudo o que sabemos sobre o seu conteúdo é baseado no Paesi de Montalboddo de 1507. Mas sabemos que Trevisano não conhecia Colombo e assumiu abertamente a intenção de mostrar que “só os itálicos descobriram terras”, além de que estamos a lidar com uma fonte secundária. É isto uma prova sólida?
Como vemos, toda a questão é muito técnica, de pormenores quase bizantinos, e não é fácil debatê-la em textos para o grande público. O professor Lee de Jesus seguramente reconhece a importância da crítica dos documentos. Se estes têm problemas, então não constituem provas “sólidas” – tal como eu disse no Jornal 2.
Os dois principais documentos habitualmente invocados para associar Colombo a Génova são o Mayorazgo e o documento Assereto. Terei o maior prazer em discuti-los aqui se o professor Lee de Jesus os invocar, mas aviso que será uma conversa técnica.
O professor Lee de Jesus, por outro lado, mostra-se cioso da questão do “consenso” na historiografia. A este propósito, deixe-me recordar-lhe que o historiador Veríssimo Serrão emitiu em 2008 uma declaração por escrito a dizer-se convencido “a 99%” das teses do Colombo português. Já Armando Cortesão tinha a mesma convicção. Acha mesmo que isso acontecia porque a teoria está “sem qualquer sustento nem credibilidade”?
Por fim, a referência en passant que o professor Lee de Jesus fez sobre as minhas afirmações relativas às origens marxistas do fascismo, incluindo-as na categoria de “achismos” e “opiniões sem fundamento”, acusando-me de ter mostrado “desprezo implícito pelo trabalho académico” e de fazer parte de um grupo de jornalistas que “fazem afirmações sobre um campo científico que não dominam”.
Sobre isto poderei dizer várias coisas. A primeira é que sobre este tema defendi recentemente uma tese académica na Sorbonne, em Paris, em co-tutela Universidade de Paris-Panthéon-Assas e Universidade Aberta, perante um júri internacional e tendo o ex-diretor do Centro de História de Sciences Po, Marc Lazar, como arguente. A tese foi avaliada em 19 valores e mereceu da parte do júri uma “forte recomendação de publicação”. Claramente, ao classificar como “achismo” um trabalho académico revisto e aprovado por pares, o professor Lee de Jesus está a mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico”.
A segunda coisa que lhe posso dizer é que me parece surpreendente ainda haver historiadores que desconheçam as origens marxistas do fascismo. Quero explicar-lhe que o fascismo nasceu em 1915 com os Fasci d’Azioni Rivoluzionaria, um grupo de comunistas, sindicalistas e anarquistas que acreditavam na violência revolucionária marxista e achavam que a Grande Guerra conduziria à revolução socialista. Em 1919 formariam os Fasci di Combattimento, cujos ideólogos eram todos socialistas e cujo programa exigia salário mínimo, horário laboral de oito horas, representação dos trabalhadores nas fábricas, entrega de gestão a organizações proletárias, expropriações, imposto sobre o capital, etc.
Os fascistas fundaram o seu jornal, intitulado Il Popolo d’Italia – Quotidiano Socialista, diretor Benito Mussolini. Elogiaram entusiasticamente a revolução de 1917 na Rússia, dizendo “seja bem-vindo o comunismo”, tendo Mussolini escrito: “saúdo com admiração devota e comovida as bandeiras vermelhas (…) de Petrogrado”.
O caos revolucionário na Rússia, no entanto, contribuiu para que condenassem os bolcheviques – a exemplo de muitos socialistas europeus, aliás. De socialistas marxistas, os fascistas passaram a socialistas pós-marxistas, pois deixaram de acreditar no internacionalismo proletário e na luta de classes, tendo Mussolini estabelecido claramente que o fascismo seria “um socialismo antimarxista, por exemplo, e nacional”. Nunca renegou estas palavras e no final da vida, em 1945, disse: “fui e sou socialista”.
São múltiplas as declarações dos ideólogos fascistas a estabelecerem o fascismo como um socialismo, de Mussolini a Olivetti, de Spirito a Panunzio, de Carli a Malaparte, de Farinacci a Bottai, de Ricci a Solaro. Também dirigentes e investigadores comunistas, como Togliatti, Tasca, Chiesa, Galkin e Vajda, o reconheceram. Sendo académico, é inesperado que o professor Lee de Jesus faça “afirmações sobre um campo científico que não domina(m)”.
A terceira coisa que lhe posso dizer é que está a mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico” de tantos colegas seus que pesquisaram as origens marxistas do fascismo e toda a sua dimensão socialista. Isso foi feito da parte deles com muita seriedade e coragem – sim, coragem, professor Lee de Jesus, pois coragem é realmente preciso ter, e muita, para trabalhar este tema perante todos os insultos, intimidações e interesses ideológicos que se sobrepõem à investigação científica e tentam destruir carreiras para inibir a exumação dos factos.
Quer exemplos de historiadores que o fizeram? Aí vão eles. Michel Winock descreveu os fundadores do fascismo como “uma ultra-esquerda”; Emilio Gentile escreveu que “na reunião que fundou os Fasci di Combattimento (…) participaram uma centena de pessoas, a quase totalidade militantes da esquerda intervencionista”; Domenico Settembrini salientou que “os dirigentes (do fascismo) eram provenientes em grande parte do socialismo e do sindicalismo vermelho”; David Roberts falou abertamente na “evolução dos sindicalistas do marxismo para o fascismo”; Richard Pipes tornou claro que “o fascismo emergiu da ala ‘bolchevique’ do socialismo italiano”; Frédéric Le Moal sublinhou que “não foi diretamente do mundo” do nacionalismo “que saiu o fascismo, a maior parte dos seus chefes e mesmo o principal deles, mas do socialismo”; Augusto del Noce disse que “o fascismo assumiu uma posição revolucionária de origem marxista”; e por aí fora.
Por favor, professor Lee de Jesus, se souber italiano leia Mussolini, o Revolucionário, de Renzo de Felice; O Fascismo de Esquerda – Da Praça do Santo Sepulcro ao Congresso de Verona e Fascismo Revolucionário – O Fascismo de Esquerda do Sansepulcrismo à República Social, de Luca Rimbotti; Fascismo Vermelho – De Saló ao PCI, A História Desconhecida de uma Emigração Política, de Paolo Buchignani; Outra Direita e Esquerda: O Socialismo Fascista, de Roberto Mancini; Os Anarquistas de Mussolini – Da Esquerda ao Fascismo entre Revolução e Revisionismo, de Alessandro Luparini; Irmãos de Camisa Negra – Comunistas e Fascistas do Corporativismo à CGIL (1928-1948), de Pietro Neglie; Companheiro Duce – Factos, Personagens, Ideias e Contradições do Fascismo de Esquerda, de Ivan Buttignon; e A Esquerda Fascista – História de Um Projeto Falhado, de Giuseppe Parlato.
Leia e pare de mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico” de tantos historiadores seus colegas que venceram o medo e investigaram o assunto com honestidade e coragem. Entre eles destaco Renzo de Felice, um historiador oriundo do Partido Comunista Italiano, para quem a historiografia sobre o fascismo andava “atolando-se nas águas rasas de uma espécie de demonologia, boa em termos de propaganda, mas completamente distorcida sob a perspetiva da compreensão racional e, portanto, da explicação histórica”, sendo que este tipo de “discurso tem sido muito mais político do que científico” por parte de “um certo antifascismo de comício”.
Já agora, recomendo-lhe também a leitura de Les tabous de l’histoire, do grande historiador francês Marc Ferro. Nessa obra, Ferro escreveu sobre “todos os silêncios da História”, isto é, os factos históricos cuja existência é conhecida ou acessível aos historiadores, mas nos quais nenhum ousa tocar dada a sua extrema sensibilidade política. Ferro demonstrou que muitos desses temas começaram por ser abordados pelos ficcionistas e só depois os historiadores, a comunicação social e a classe política se atreveram a abordá-los. Exatamente o que eu disse no Jornal 2 e verdade que pelos vistos o incomodou a si.
Quer exemplos? O seu colega Ferro dá vários, mas fico-me por um. O problema do colaboracionismo francês no Holocausto permaneceu durante décadas em silêncio na investigação historiográfica, com todos os historiadores a permitirem que a ideia da inocência francesa nos crimes contra os judeus se consolidasse no registo histórico. Sabe quem quebrou esse tabu? Os romancistas e cineastas, esses malandros que mostram tanto “desprezo implícito pelo trabalho académico”. Ah, que “vergonha nacional”!
Não fique, no entanto, com a ideia de que menosprezo a investigação académica. Jamais. Lecionei durante 25 anos na Universidade Nova de Lisboa e os meus romances assentam essencialmente em investigação científica. A ciência é a chave que nos abre as portas do universo. Aliás, o meu novo romance, O Segredo de Espinosa, mostra justamente o dealbar do Iluminismo e do método científico, com Bacon, Descartes e o judeu português Espinosa, todos eles a desafiarem o dito “consenso”. Gostará de o ler, espero.
Adoro ciência. Mas, como também tenho passado na academia e faço investigação académica, conheço os limites do meio, incluindo os ciúmes, as invejas, os orgulhos, as coutadas e tudo o mais. Sei que o avanço no conhecimento se faz com polémica, com discussão, com roturas de consensos, com zangas e até por vezes com insultos, desqualificações, graçolas ofensivas, diabolizações e ostracismo. Também com corporativismo. Nada de novo debaixo do sol, portanto.
A teoria de que Colombo era português é apenas isso, uma teoria. Não existem provas “sólidas” de que Colombo era português nem de que era genovês. Nunca eu disse outra coisa. Mas há “sugestões” nos dois sentidos. Olhando para os indícios, parecem-me mais fortes os da origem portuguesa do que os da origem genovesa, pelas razões que explico em O Codex 632, obra aliás revista por um historiador especializado nos Descobrimentos. Naturalmente há outras opiniões e não vejo drama nisso.
Quanto às origens marxistas do fascismo, sugiro que estude melhor o tema e não faça afirmações sobre um campo científico que manifestamente não domina.
© José Rodrigues dos Santos, 2023
A resposta de José Rodrigues dos Santos às críticas do historiador Roger Lee de Jesus
A propósito de uma entrevista que dei ao Jornal 2, o historiador Roger Lee de Jesus acusou-me de “difundir teorias da conspiração da História, sem qualquer sustento nem credibilidade” e também de ter “desprezo implícito pelo trabalho académico”, o que considerou uma “vergonha nacional”
A crítica, difundida pela Visão, incidiu em dois pontos: a tese apresentada no meu romance O Codex 632 sobre a possível origem portuguesa de Cristóvão Colombo e a tese apresentada na minha trilogia do Lótus, e em particular no primeiro tomo, As Flores de Lótus, sobre as origens marxistas do fascismo.
Comecemos por Cristóvão Colombo. Diz o professor Lee de Jesus, se corretamente citado, que “há centenas de documentos da época a comprovar a naturalidade de Colombo” e que sobre isso há um “consenso” entre os historiadores.
Ora eu no Jornal 2 disse que “não existe nenhuma prova sólida de que ele fosse de facto genovês”, que “na verdade, há sugestões de que ele poderia ser português” e que, depois de O Codex 632 ser publicado em 2005, “houve historiadores que apareceram em público a dizer que achavam também que ele era português”, afirmações que, até prova em contrário, mantenho.
Existem múltiplas referências históricas às origens genovesas de Colombo, a começar por d’Anghiera e a acabar em Assereto. O problema é que os documentos em questão resultam de fontes secundárias sem que os originais tenham sobrevivido ou então estão carregados de incongruências que minam a sua credibilidade ou são de autores a citarem-se uns aos outros.
Por exemplo, Angelo Trevisano foi o primeiro a indicar claramente a origem genovesa de Colombo, mas do seu Libretto de 1504 não sobreviveu nenhum exemplar e tudo o que sabemos sobre o seu conteúdo é baseado no Paesi de Montalboddo de 1507. Mas sabemos que Trevisano não conhecia Colombo e assumiu abertamente a intenção de mostrar que “só os itálicos descobriram terras”, além de que estamos a lidar com uma fonte secundária. É isto uma prova sólida?
Como vemos, toda a questão é muito técnica, de pormenores quase bizantinos, e não é fácil debatê-la em textos para o grande público. O professor Lee de Jesus seguramente reconhece a importância da crítica dos documentos. Se estes têm problemas, então não constituem provas “sólidas” – tal como eu disse no Jornal 2.
Os dois principais documentos habitualmente invocados para associar Colombo a Génova são o Mayorazgo e o documento Assereto. Terei o maior prazer em discuti-los aqui se o professor Lee de Jesus os invocar, mas aviso que será uma conversa técnica.
O professor Lee de Jesus, por outro lado, mostra-se cioso da questão do “consenso” na historiografia. A este propósito, deixe-me recordar-lhe que o historiador Veríssimo Serrão emitiu em 2008 uma declaração por escrito a dizer-se convencido “a 99%” das teses do Colombo português. Já Armando Cortesão tinha a mesma convicção. Acha mesmo que isso acontecia porque a teoria está “sem qualquer sustento nem credibilidade”?
Por fim, a referência en passant que o professor Lee de Jesus fez sobre as minhas afirmações relativas às origens marxistas do fascismo, incluindo-as na categoria de “achismos” e “opiniões sem fundamento”, acusando-me de ter mostrado “desprezo implícito pelo trabalho académico” e de fazer parte de um grupo de jornalistas que “fazem afirmações sobre um campo científico que não dominam”.
Sobre isto poderei dizer várias coisas. A primeira é que sobre este tema defendi recentemente uma tese académica na Sorbonne, em Paris, em co-tutela Universidade de Paris-Panthéon-Assas e Universidade Aberta, perante um júri internacional e tendo o ex-diretor do Centro de História de Sciences Po, Marc Lazar, como arguente. A tese foi avaliada em 19 valores e mereceu da parte do júri uma “forte recomendação de publicação”. Claramente, ao classificar como “achismo” um trabalho académico revisto e aprovado por pares, o professor Lee de Jesus está a mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico”.
A segunda coisa que lhe posso dizer é que me parece surpreendente ainda haver historiadores que desconheçam as origens marxistas do fascismo. Quero explicar-lhe que o fascismo nasceu em 1915 com os Fasci d’Azioni Rivoluzionaria, um grupo de comunistas, sindicalistas e anarquistas que acreditavam na violência revolucionária marxista e achavam que a Grande Guerra conduziria à revolução socialista. Em 1919 formariam os Fasci di Combattimento, cujos ideólogos eram todos socialistas e cujo programa exigia salário mínimo, horário laboral de oito horas, representação dos trabalhadores nas fábricas, entrega de gestão a organizações proletárias, expropriações, imposto sobre o capital, etc.
Os fascistas fundaram o seu jornal, intitulado Il Popolo d’Italia – Quotidiano Socialista, diretor Benito Mussolini. Elogiaram entusiasticamente a revolução de 1917 na Rússia, dizendo “seja bem-vindo o comunismo”, tendo Mussolini escrito: “saúdo com admiração devota e comovida as bandeiras vermelhas (…) de Petrogrado”.
O caos revolucionário na Rússia, no entanto, contribuiu para que condenassem os bolcheviques – a exemplo de muitos socialistas europeus, aliás. De socialistas marxistas, os fascistas passaram a socialistas pós-marxistas, pois deixaram de acreditar no internacionalismo proletário e na luta de classes, tendo Mussolini estabelecido claramente que o fascismo seria “um socialismo antimarxista, por exemplo, e nacional”. Nunca renegou estas palavras e no final da vida, em 1945, disse: “fui e sou socialista”.
São múltiplas as declarações dos ideólogos fascistas a estabelecerem o fascismo como um socialismo, de Mussolini a Olivetti, de Spirito a Panunzio, de Carli a Malaparte, de Farinacci a Bottai, de Ricci a Solaro. Também dirigentes e investigadores comunistas, como Togliatti, Tasca, Chiesa, Galkin e Vajda, o reconheceram. Sendo académico, é inesperado que o professor Lee de Jesus faça “afirmações sobre um campo científico que não domina(m)”.
A terceira coisa que lhe posso dizer é que está a mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico” de tantos colegas seus que pesquisaram as origens marxistas do fascismo e toda a sua dimensão socialista. Isso foi feito da parte deles com muita seriedade e coragem – sim, coragem, professor Lee de Jesus, pois coragem é realmente preciso ter, e muita, para trabalhar este tema perante todos os insultos, intimidações e interesses ideológicos que se sobrepõem à investigação científica e tentam destruir carreiras para inibir a exumação dos factos.
Quer exemplos de historiadores que o fizeram? Aí vão eles. Michel Winock descreveu os fundadores do fascismo como “uma ultra-esquerda”; Emilio Gentile escreveu que “na reunião que fundou os Fasci di Combattimento (…) participaram uma centena de pessoas, a quase totalidade militantes da esquerda intervencionista”; Domenico Settembrini salientou que “os dirigentes (do fascismo) eram provenientes em grande parte do socialismo e do sindicalismo vermelho”; David Roberts falou abertamente na “evolução dos sindicalistas do marxismo para o fascismo”; Richard Pipes tornou claro que “o fascismo emergiu da ala ‘bolchevique’ do socialismo italiano”; Frédéric Le Moal sublinhou que “não foi diretamente do mundo” do nacionalismo “que saiu o fascismo, a maior parte dos seus chefes e mesmo o principal deles, mas do socialismo”; Augusto del Noce disse que “o fascismo assumiu uma posição revolucionária de origem marxista”; e por aí fora.
Por favor, professor Lee de Jesus, se souber italiano leia Mussolini, o Revolucionário, de Renzo de Felice; O Fascismo de Esquerda – Da Praça do Santo Sepulcro ao Congresso de Verona e Fascismo Revolucionário – O Fascismo de Esquerda do Sansepulcrismo à República Social, de Luca Rimbotti; Fascismo Vermelho – De Saló ao PCI, A História Desconhecida de uma Emigração Política, de Paolo Buchignani; Outra Direita e Esquerda: O Socialismo Fascista, de Roberto Mancini; Os Anarquistas de Mussolini – Da Esquerda ao Fascismo entre Revolução e Revisionismo, de Alessandro Luparini; Irmãos de Camisa Negra – Comunistas e Fascistas do Corporativismo à CGIL (1928-1948), de Pietro Neglie; Companheiro Duce – Factos, Personagens, Ideias e Contradições do Fascismo de Esquerda, de Ivan Buttignon; e A Esquerda Fascista – História de Um Projeto Falhado, de Giuseppe Parlato.
Leia e pare de mostrar “desprezo implícito pelo trabalho académico” de tantos historiadores seus colegas que venceram o medo e investigaram o assunto com honestidade e coragem. Entre eles destaco Renzo de Felice, um historiador oriundo do Partido Comunista Italiano, para quem a historiografia sobre o fascismo andava “atolando-se nas águas rasas de uma espécie de demonologia, boa em termos de propaganda, mas completamente distorcida sob a perspetiva da compreensão racional e, portanto, da explicação histórica”, sendo que este tipo de “discurso tem sido muito mais político do que científico” por parte de “um certo antifascismo de comício”.
Já agora, recomendo-lhe também a leitura de Les tabous de l’histoire, do grande historiador francês Marc Ferro. Nessa obra, Ferro escreveu sobre “todos os silêncios da História”, isto é, os factos históricos cuja existência é conhecida ou acessível aos historiadores, mas nos quais nenhum ousa tocar dada a sua extrema sensibilidade política. Ferro demonstrou que muitos desses temas começaram por ser abordados pelos ficcionistas e só depois os historiadores, a comunicação social e a classe política se atreveram a abordá-los. Exatamente o que eu disse no Jornal 2 e verdade que pelos vistos o incomodou a si.
Quer exemplos? O seu colega Ferro dá vários, mas fico-me por um. O problema do colaboracionismo francês no Holocausto permaneceu durante décadas em silêncio na investigação historiográfica, com todos os historiadores a permitirem que a ideia da inocência francesa nos crimes contra os judeus se consolidasse no registo histórico. Sabe quem quebrou esse tabu? Os romancistas e cineastas, esses malandros que mostram tanto “desprezo implícito pelo trabalho académico”. Ah, que “vergonha nacional”!
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
The haunting sound that Roman soldiers would have heard from their Celtic enemies before battle was produced by the Celtic Carnyx. This ancient wind instrument was used by the Celts during the period from 300 B.C. to 200 A.D.
According to the Greek historian Polybius, the Carnyx was employed in warfare to rouse troops to battle and to strike fear into the hearts of their opponents. Due to its significant height, the instrument's sounds could carry over the heads of those engaged in battles or ceremonies.
Depois depende é da habilidade do musico...