VARIG
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cebola escreveu:Alguém discorda que U$ 1, 3 BI não é um bom motivo para participar da reestruturação.
Mais uma vez o cidadão é quem vai bancar o custo da incapacidade privada...
Triste...
Atte.
André R. Finken Heinle
"If the battle for civilization comes down to the wimps versus the barbarians, the barbarians are going to win."
Thomas Sowell
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cebola escreveu:Neste caso o cidadão está bancando o preço da incapacidade governamental.
Desconheço...
Foi a intervenção estatal que levou a Varig à ser a Aérea de Bandeira... Que a tornou gigante, e por isso hoje é que se ela falir, vai deixar um espaço...
Mas o cidadão está arcando, sim, o preço da incapacidade governamental, que não tratou de desregulamentar o setor, e por este motivo, a concorrência é baixa e os preços altos...
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André R. Finken Heinle
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Desde do governo Color a VARIG não tem mais o monópolio das linhas internacionais, vc sabia???
Neste tempo todo pq. será que outras empresas como a TAM não ocuparam espaços no exterior??
A desregulamentação aconteceu o como resultado trouxe inumeros prejuízoz ao país, vc já olhou o preço das passagens pro México e para Londres nos ultimos dias??
Neste tempo todo pq. será que outras empresas como a TAM não ocuparam espaços no exterior??
A desregulamentação aconteceu o como resultado trouxe inumeros prejuízoz ao país, vc já olhou o preço das passagens pro México e para Londres nos ultimos dias??
Paulo Rabello de Castro
"Deixar a Varig quebrar é burrice"
Economista diz que o fim da empresa aérea custaria pelo menos R$ 10 bilhões ao País e que o novo discurso do governo só serve aos concorrentes interessados em criar um duopólio na aviação.
O economista Paulo Rabello de Castro, formado na Universidade de Chicago, reduto do pensamento liberal, fica possesso quando ouve alguma autoridade de Brasília – e têm sido muitas nos últimos dias – repetindo o bordão de que o “governo não deve colocar dinheiro numa empresa quebrada como a Varig”. O motivo da indignação: esse discurso tem certa lógica, parece responsável e soa até liberal. “Só que é um discurso desinformado e burro, que só serve aos concorrentes”, diz ele. Rabello de Castro, que é consultor dos pilotos da Varig, fez um estudo em que aponta o prejuízo do País com o fim da companhia aérea: R$ 10 bilhões. Seriam perdas decorrentes do corte de empregos, do fim dos impostos e dos aumentos de tarifas com um duopólio formando por TAM e Gol, entre outros fatores. Além disso, ele diz que o que está em jogo não é o resgate da Varig com dinheiro público, mas sim uma solução privada, em que os atuais acionistas controladores seriam punidos e a empresa preservada. “É assim que se faz em qualquer parte do mundo capitalista”, diz ele, que também critica a postura errática do governo Lula no caso. Leia a seguir sua entrevista à DINHEIRO.
DINHEIRO – O sr. diz que o Brasil perderia R$ 10 bilhões com o fim da Varig. Por quê?
PAULO RABELLO DE CASTRO – Há muita coisa que se perde e que não se repõe pela concorrência. Essa é a primeira coisa, que já indica ser falso o argumento de que novos entrantes tomariam rapidamente o espaço da Varig. Haveria perdas fiscais e não fiscais. Só a queda do PIB do setor aéreo no Brasil seria da ordem de R$ 4 bilhões. Isso inclui a marca Varig, a sua operação e tudo que vem junto com ela, como o Smiles.
DINHEIRO – Por que é falsa a tese de que novos entrantes tomariam o lugar da empresa?
CASTRO – O discurso do “deixa quebrar para que o mercado resolva” é o dos concorrentes, ao qual eu, um autêntico liberal, me oponho. Não haveria a destruição criadora, na linha do economista Joseph Schumpeter, mas sim a destruição de uma empresa, que teria seu espaço ocupado por um duopólio. E não tem graça nenhuma país pobre sair destruindo suas companhias. A nova Lei de Falências é inteligente. Ela preserva a empresa e tira o acionista.
DINHEIRO – Até agora, estamos em R$ 4 bilhões. E o restante?
CASTRO – Eu fiz uma conta referente também aos empregos, considerando que, dos 11 mil trabalhadores, cerca de 7 mil poderiam ser absorvidos, mas com salários aviltados. Isso criaria uma perda para a economia de R$ 700 milhões. Estou confrontando dois cenários: a Varig existindo versus a Varig não existindo.
DINHEIRO – O que mais?
CASTRO – Eu coloco mais R$ 300 milhões como perda de eficiência nas linhas nacionais, estimando um aumento de tarifas da ordem de 7% após a confirmação de um duopólio entre TAM e Gol. E isso já pode ser pressentido. Já não se voa barato na Gol. Além disso, perde-se muito tempo nas filas. Estão roubando o tempo do cliente. É uma combinação de perda de eficiência e aumento de preços.
DINHEIRO – E as rotas internacionais?
CASTRO – Nesse caso, com a Varig deixando de voar para o exterior, é óbvio que companhias internacionais prestarão o serviço. Eu apontei um valor de R$ 670 milhões, que é inferior ao que a Varig fatura no exterior todos os anos, mas que representa o valor agregado desse PIB do transporte internacional. Mas isso pode estar bem subestimado.
DINHEIRO – Gol e TAM não passariam a voar nas rotas internacionais da Varig?
CASTRO – Não existe nem aparelho para isso. Os horários de chegada lá não são passados para outras companhias de bandeiras brasileiras. Ou é a Varig ou não é. Mas as perdas maiores são as que vêm na seqüência.
DINHEIRO – Quais?
CASTRO – No campo tributário são R$ 3,5 bilhões. É uma tunga no contribuinte.
DINHEIRO – Mas pode-se dizer que a Varig já não paga os impostos?
CASTRO – Esse valor é uma dívida do passado, que seria negociada mediante um crédito também do passado, referente ao congelamento tributário. É bom que se diga que esse crédito em favor da Varig já transitou em julgado e que o governo tem adotado apenas medidas protelatórias. O resultado disso é que a União vai acabar tendo que pagar a indenização referente ao congelamento para uma massa falida – e não para uma empresa em operação. Se eu pago para alguém que está vivo, eu posso cobrar os impostos. Se eu pago para um morto, fico numa situação ruim.
DINHEIRO – O encontro de contas no futuro só terá uma ponta?
CASTRO – Exatamente. Só a ponta do governo pagador.
DINHEIRO – E como seria a perda do fundo de pensão dos funcionários, o Aerus?
CASTRO – É o que fecha a conta dos R$ 10 bilhões. A despesa vai cair nas costas da sociedade. É só ver o que a Justiça já decidiu no caso do Aero, o fundo de pensão da Vasp. E agora, com a intervenção do governo no Aerus, no momento em que os funcionários apresentavam uma solução para a Varig, essa questão ficou ainda mais líquida e certa.
DINHEIRO – Por quê?
CASTRO – Houve uma falha clara na regulação, que deve ser sempre antecedente aos fatos. Eu mesmo fui ao governo ainda em 2002 para alertá-los sobre os problemas no Aerus. Os empregados pediram intervenção com muitíssima antecedência. Onde é que estava a Secretaria de Previdência Complementar nesse tempo todo? Só eu fiz denúncias formais várias vezes.
DINHEIRO – E por que eles decidiram intervir só agora?
CASTRO – Eles só acordaram do distraído sono para atrapalhar a única coisa que ainda poderia fazer o Aerus ser coberto parcialmente pela própria máquina da Varig. Os trabalhadores pegariam parte dos recursos para fazer a empresa voltar a operar. O que pouca gente sabe é que os trabalhadores são os principais credores da empresa. Portanto, é natural que eles queiram ser os donos de uma nova empresa, que seria a Varig Operacional. As dívidas não são com bancos privados.
DINHEIRO – O governo joga pela quebra da empresa?
CASTRO – É o que se depreende do discurso oficial, que além de burro é desinformado. Até porque a Varig não quer dinheiro público e nem está quebrada. Ela está agindo em conformidade com a lei de recuperação judicial.
DINHEIRO – O governo vetou a proposta de US$ 400 milhões feita pela Varig Log, por meio de uma decisão da Agência Nacional de Aviação Civil. Por quê?
CASTRO – É estranho. Parece que há um movimento orquestrado na direção da quebra e que existem dois pesos e duas medidas. Dependendo da situação, a lei vale ou não.
DINHEIRO – E por que o governo, que antes dizia que a Varig era estratégica, mudou tanto?
CASTRO – Eu fui ao José Dirceu no início de 2003. Ele me disse que gostava de aviação e que conhecia tudo – tudo mesmo – do setor. No primeiro momento, eu fiquei animado. Depois, quando perguntei se ele conhecia a situação do Aerus, percebi que ele não conhecia tanto assim.
DINHEIRO – Ele articulou o compartilhamento de vôos com a TAM. Isso foi bom?
CASTRO – Já ficou claro que isso foi bom para a TAM e contribuiu para a asfixia da Varig. Aliás, eu disse ao Dirceu que o problema da Varig era simples, uma vez que a empresa não devia a bancos privados ou internacionais. Ela devia a fornecedores, empregados e empresas com participação do governo, como BR e Infraero. A Globo, que devia a bancos internacionais, contratou a Goldman Sachs, chamou todos e renegociou. Sempre há solução, dentro das regras de mercado. O discurso do “deixa quebrar” é o discurso da conveniência.
DINHEIRO – Qual o papel da Fundação Rubem Berta, dona da Varig, na crise?
CASTRO – É o papel do Drácula, que foi sugando o sangue da empresa. O Drácula vai inoculando a vítima e só se alimenta do sangue necessário. Mas a questão é que a boa solução é aquela que mata o Drácula e salva a vítima – no caso, a Varig.
DINHEIRO – Alguém no governo já tentou efetivamente contribuir para uma solução?
CASTRO – O Carlos Lessa, que estava no BNDES, parecia disposto a contribuir, mas numa entrevista recente disse que suas iniciativas vinham sendo bloqueadas. Proibiram-no de fazer qualquer coisa a respeito.
DINHEIRO – E o José Alencar, no Ministério da Defesa?
CASTRO – Ele atuou para que a Fundação Rubem Berta contratasse uma consultoria do Unibanco. Mas a solução foi esdrúxula, pois dependia de mudanças na Lei de Falências no Senado. Por isso, não prosperou. E depois vieram os notáveis que ingressaram em maio de 2005.
DINHEIRO – É a turma do David Zylberstajn?
CASTRO – Isso. E foi então que a empresa aderiu à Lei de Falências. O problema é que a postura do governo em relação à Varig sempre foi errática. Mesmo sem ser credor.
DINHEIRO – BR e Infraero não são credores?
CASTRO – São empresas com participação acionária da União, com créditos relativamente pequenos. E é bom lembrar que operam em situações de monopólio. Será que é justa a tarifa aeroportuária cobrada no Brasil?
DINHEIRO – A Varig Operacional geraria caixa positivo?
CASTRO – Claro que sim. Se você separa essa empresa da Varig antiga, ela passa a valer, no dia seguinte, US$ 1 bilhão. E é uma conta até conservadora, porque a Gol, por exemplo, vem sendo avaliada em US$ 5 bilhões. É por isso que faz sentido, para muitos investidores, inclusive os funcionários, apostar no futuro da Varig.
DINHEIRO – E a Varig podre fica então com o governo?
CASTRO – Não é verdade. O desequilíbrio entre ativos e passivos é irreal. Existe só um descasamento temporal entre as cobranças feitas no presente à companhia e os diversos recursos processuais que o governo tem à disposição para não pagar o que deve à Varig.
DINHEIRO – Estatizar a Varig, como aconteceu com outras empresas aéreas importantes até na Europa, seria uma solução?
CASTRO – Essa é uma proposta que cria só confusão, porque não é necessária. Há soluções disponíveis de mercado, que, portanto, seriam mais eficientes.
DINHEIRO – O sr. ainda acredita numa solução?
CASTRO – O tempo joga contra. E nesse relógio o ponteiro dos segundos se acelera. O problema é que o efeito tempo age sobre a percepção do cliente – e isso é que me deixa desesperado. Mas deixar quebrar seria burrice, um neomercadismo da pior espécie. É a representação mais nítida de que o País já não toma decisões estratégicas.
DINHEIRO – Deixar quebrar é uma tese que vem travestida de discurso liberal.
CASTRO – É isso que me enfurece. Eu sou do time liberal, e não os que hoje atuam pela quebra da Varig. Propor a quebra não é liberalismo. É entreguismo aos concorrentes nacionais e internacionais. Mas tudo isso é reversível. A marca Varig é tão forte que basta um sinal contundente na direção positiva para que os clientes voltem.
"Deixar a Varig quebrar é burrice"
Economista diz que o fim da empresa aérea custaria pelo menos R$ 10 bilhões ao País e que o novo discurso do governo só serve aos concorrentes interessados em criar um duopólio na aviação.
O economista Paulo Rabello de Castro, formado na Universidade de Chicago, reduto do pensamento liberal, fica possesso quando ouve alguma autoridade de Brasília – e têm sido muitas nos últimos dias – repetindo o bordão de que o “governo não deve colocar dinheiro numa empresa quebrada como a Varig”. O motivo da indignação: esse discurso tem certa lógica, parece responsável e soa até liberal. “Só que é um discurso desinformado e burro, que só serve aos concorrentes”, diz ele. Rabello de Castro, que é consultor dos pilotos da Varig, fez um estudo em que aponta o prejuízo do País com o fim da companhia aérea: R$ 10 bilhões. Seriam perdas decorrentes do corte de empregos, do fim dos impostos e dos aumentos de tarifas com um duopólio formando por TAM e Gol, entre outros fatores. Além disso, ele diz que o que está em jogo não é o resgate da Varig com dinheiro público, mas sim uma solução privada, em que os atuais acionistas controladores seriam punidos e a empresa preservada. “É assim que se faz em qualquer parte do mundo capitalista”, diz ele, que também critica a postura errática do governo Lula no caso. Leia a seguir sua entrevista à DINHEIRO.
DINHEIRO – O sr. diz que o Brasil perderia R$ 10 bilhões com o fim da Varig. Por quê?
PAULO RABELLO DE CASTRO – Há muita coisa que se perde e que não se repõe pela concorrência. Essa é a primeira coisa, que já indica ser falso o argumento de que novos entrantes tomariam rapidamente o espaço da Varig. Haveria perdas fiscais e não fiscais. Só a queda do PIB do setor aéreo no Brasil seria da ordem de R$ 4 bilhões. Isso inclui a marca Varig, a sua operação e tudo que vem junto com ela, como o Smiles.
DINHEIRO – Por que é falsa a tese de que novos entrantes tomariam o lugar da empresa?
CASTRO – O discurso do “deixa quebrar para que o mercado resolva” é o dos concorrentes, ao qual eu, um autêntico liberal, me oponho. Não haveria a destruição criadora, na linha do economista Joseph Schumpeter, mas sim a destruição de uma empresa, que teria seu espaço ocupado por um duopólio. E não tem graça nenhuma país pobre sair destruindo suas companhias. A nova Lei de Falências é inteligente. Ela preserva a empresa e tira o acionista.
DINHEIRO – Até agora, estamos em R$ 4 bilhões. E o restante?
CASTRO – Eu fiz uma conta referente também aos empregos, considerando que, dos 11 mil trabalhadores, cerca de 7 mil poderiam ser absorvidos, mas com salários aviltados. Isso criaria uma perda para a economia de R$ 700 milhões. Estou confrontando dois cenários: a Varig existindo versus a Varig não existindo.
DINHEIRO – O que mais?
CASTRO – Eu coloco mais R$ 300 milhões como perda de eficiência nas linhas nacionais, estimando um aumento de tarifas da ordem de 7% após a confirmação de um duopólio entre TAM e Gol. E isso já pode ser pressentido. Já não se voa barato na Gol. Além disso, perde-se muito tempo nas filas. Estão roubando o tempo do cliente. É uma combinação de perda de eficiência e aumento de preços.
DINHEIRO – E as rotas internacionais?
CASTRO – Nesse caso, com a Varig deixando de voar para o exterior, é óbvio que companhias internacionais prestarão o serviço. Eu apontei um valor de R$ 670 milhões, que é inferior ao que a Varig fatura no exterior todos os anos, mas que representa o valor agregado desse PIB do transporte internacional. Mas isso pode estar bem subestimado.
DINHEIRO – Gol e TAM não passariam a voar nas rotas internacionais da Varig?
CASTRO – Não existe nem aparelho para isso. Os horários de chegada lá não são passados para outras companhias de bandeiras brasileiras. Ou é a Varig ou não é. Mas as perdas maiores são as que vêm na seqüência.
DINHEIRO – Quais?
CASTRO – No campo tributário são R$ 3,5 bilhões. É uma tunga no contribuinte.
DINHEIRO – Mas pode-se dizer que a Varig já não paga os impostos?
CASTRO – Esse valor é uma dívida do passado, que seria negociada mediante um crédito também do passado, referente ao congelamento tributário. É bom que se diga que esse crédito em favor da Varig já transitou em julgado e que o governo tem adotado apenas medidas protelatórias. O resultado disso é que a União vai acabar tendo que pagar a indenização referente ao congelamento para uma massa falida – e não para uma empresa em operação. Se eu pago para alguém que está vivo, eu posso cobrar os impostos. Se eu pago para um morto, fico numa situação ruim.
DINHEIRO – O encontro de contas no futuro só terá uma ponta?
CASTRO – Exatamente. Só a ponta do governo pagador.
DINHEIRO – E como seria a perda do fundo de pensão dos funcionários, o Aerus?
CASTRO – É o que fecha a conta dos R$ 10 bilhões. A despesa vai cair nas costas da sociedade. É só ver o que a Justiça já decidiu no caso do Aero, o fundo de pensão da Vasp. E agora, com a intervenção do governo no Aerus, no momento em que os funcionários apresentavam uma solução para a Varig, essa questão ficou ainda mais líquida e certa.
DINHEIRO – Por quê?
CASTRO – Houve uma falha clara na regulação, que deve ser sempre antecedente aos fatos. Eu mesmo fui ao governo ainda em 2002 para alertá-los sobre os problemas no Aerus. Os empregados pediram intervenção com muitíssima antecedência. Onde é que estava a Secretaria de Previdência Complementar nesse tempo todo? Só eu fiz denúncias formais várias vezes.
DINHEIRO – E por que eles decidiram intervir só agora?
CASTRO – Eles só acordaram do distraído sono para atrapalhar a única coisa que ainda poderia fazer o Aerus ser coberto parcialmente pela própria máquina da Varig. Os trabalhadores pegariam parte dos recursos para fazer a empresa voltar a operar. O que pouca gente sabe é que os trabalhadores são os principais credores da empresa. Portanto, é natural que eles queiram ser os donos de uma nova empresa, que seria a Varig Operacional. As dívidas não são com bancos privados.
DINHEIRO – O governo joga pela quebra da empresa?
CASTRO – É o que se depreende do discurso oficial, que além de burro é desinformado. Até porque a Varig não quer dinheiro público e nem está quebrada. Ela está agindo em conformidade com a lei de recuperação judicial.
DINHEIRO – O governo vetou a proposta de US$ 400 milhões feita pela Varig Log, por meio de uma decisão da Agência Nacional de Aviação Civil. Por quê?
CASTRO – É estranho. Parece que há um movimento orquestrado na direção da quebra e que existem dois pesos e duas medidas. Dependendo da situação, a lei vale ou não.
DINHEIRO – E por que o governo, que antes dizia que a Varig era estratégica, mudou tanto?
CASTRO – Eu fui ao José Dirceu no início de 2003. Ele me disse que gostava de aviação e que conhecia tudo – tudo mesmo – do setor. No primeiro momento, eu fiquei animado. Depois, quando perguntei se ele conhecia a situação do Aerus, percebi que ele não conhecia tanto assim.
DINHEIRO – Ele articulou o compartilhamento de vôos com a TAM. Isso foi bom?
CASTRO – Já ficou claro que isso foi bom para a TAM e contribuiu para a asfixia da Varig. Aliás, eu disse ao Dirceu que o problema da Varig era simples, uma vez que a empresa não devia a bancos privados ou internacionais. Ela devia a fornecedores, empregados e empresas com participação do governo, como BR e Infraero. A Globo, que devia a bancos internacionais, contratou a Goldman Sachs, chamou todos e renegociou. Sempre há solução, dentro das regras de mercado. O discurso do “deixa quebrar” é o discurso da conveniência.
DINHEIRO – Qual o papel da Fundação Rubem Berta, dona da Varig, na crise?
CASTRO – É o papel do Drácula, que foi sugando o sangue da empresa. O Drácula vai inoculando a vítima e só se alimenta do sangue necessário. Mas a questão é que a boa solução é aquela que mata o Drácula e salva a vítima – no caso, a Varig.
DINHEIRO – Alguém no governo já tentou efetivamente contribuir para uma solução?
CASTRO – O Carlos Lessa, que estava no BNDES, parecia disposto a contribuir, mas numa entrevista recente disse que suas iniciativas vinham sendo bloqueadas. Proibiram-no de fazer qualquer coisa a respeito.
DINHEIRO – E o José Alencar, no Ministério da Defesa?
CASTRO – Ele atuou para que a Fundação Rubem Berta contratasse uma consultoria do Unibanco. Mas a solução foi esdrúxula, pois dependia de mudanças na Lei de Falências no Senado. Por isso, não prosperou. E depois vieram os notáveis que ingressaram em maio de 2005.
DINHEIRO – É a turma do David Zylberstajn?
CASTRO – Isso. E foi então que a empresa aderiu à Lei de Falências. O problema é que a postura do governo em relação à Varig sempre foi errática. Mesmo sem ser credor.
DINHEIRO – BR e Infraero não são credores?
CASTRO – São empresas com participação acionária da União, com créditos relativamente pequenos. E é bom lembrar que operam em situações de monopólio. Será que é justa a tarifa aeroportuária cobrada no Brasil?
DINHEIRO – A Varig Operacional geraria caixa positivo?
CASTRO – Claro que sim. Se você separa essa empresa da Varig antiga, ela passa a valer, no dia seguinte, US$ 1 bilhão. E é uma conta até conservadora, porque a Gol, por exemplo, vem sendo avaliada em US$ 5 bilhões. É por isso que faz sentido, para muitos investidores, inclusive os funcionários, apostar no futuro da Varig.
DINHEIRO – E a Varig podre fica então com o governo?
CASTRO – Não é verdade. O desequilíbrio entre ativos e passivos é irreal. Existe só um descasamento temporal entre as cobranças feitas no presente à companhia e os diversos recursos processuais que o governo tem à disposição para não pagar o que deve à Varig.
DINHEIRO – Estatizar a Varig, como aconteceu com outras empresas aéreas importantes até na Europa, seria uma solução?
CASTRO – Essa é uma proposta que cria só confusão, porque não é necessária. Há soluções disponíveis de mercado, que, portanto, seriam mais eficientes.
DINHEIRO – O sr. ainda acredita numa solução?
CASTRO – O tempo joga contra. E nesse relógio o ponteiro dos segundos se acelera. O problema é que o efeito tempo age sobre a percepção do cliente – e isso é que me deixa desesperado. Mas deixar quebrar seria burrice, um neomercadismo da pior espécie. É a representação mais nítida de que o País já não toma decisões estratégicas.
DINHEIRO – Deixar quebrar é uma tese que vem travestida de discurso liberal.
CASTRO – É isso que me enfurece. Eu sou do time liberal, e não os que hoje atuam pela quebra da Varig. Propor a quebra não é liberalismo. É entreguismo aos concorrentes nacionais e internacionais. Mas tudo isso é reversível. A marca Varig é tão forte que basta um sinal contundente na direção positiva para que os clientes voltem.
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cebola escreveu:Desde do governo Color a VARIG não tem mais o monópolio das linhas internacionais, vc sabia???
Neste tempo todo pq. será que outras empresas como a TAM não ocuparam espaços no exterior??
A desregulamentação aconteceu o como resultado trouxe inumeros prejuízoz ao país, vc já olhou o preço das passagens pro México e para Londres nos ultimos dias??
Fato 1: A Varig perdeu o monopólio, contudo continua tendo uma fatia enorme das linhas internacionais, pelo fato supramencionado do domínio dos Slots;
Fato 2: Não houve desregulamentação.
Pergunta 1: O que tem o preço das passagens dessas linhas?!
Atte.
André R. Finken Heinle
"If the battle for civilization comes down to the wimps versus the barbarians, the barbarians are going to win."
Thomas Sowell
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FinkenHeinle escreveu:
Mas se a VARIG tem os slots mais valorizados é por que a anos a empresa investe no exterior. Muitas vezes vc opera uma rota por muito tempo até ter lucro, vc lembra que a TAM ja voou para FRANKFURT e cancelou a rota ? Não quis arcar com o investimento. Ok ninguém é obrigado a operar com prejuízo mas o mérito de possuir slots é da VARIG.
A desregulamentação ocorreu sim no governo Color, talvez o que vc defenda é a politica dos céus abertos que seria uma catástrofe para o país.
É devido a regulamentação que o Brasil é o único pais do mundo que possue as quatro grandes americanas voando para os seu território. Eta politica de desenvolvimento do setor boa essa nossa.
Subiram de 40 a 110 por cento
Olha o ministro deve acompanhar mensalmente o fluxo de turistas que entram no Brasil, e o Paulo Rabello de Castro é um dos mais conceituados economistas do Brasil, deve ser por algum motivo. [/quote]
Fato 1: A Varig perdeu o monopólio, contudo continua tendo uma fatia enorme das linhas internacionais, pelo fato supramencionado do domínio dos Slots;
Mas se a VARIG tem os slots mais valorizados é por que a anos a empresa investe no exterior. Muitas vezes vc opera uma rota por muito tempo até ter lucro, vc lembra que a TAM ja voou para FRANKFURT e cancelou a rota ? Não quis arcar com o investimento. Ok ninguém é obrigado a operar com prejuízo mas o mérito de possuir slots é da VARIG.
Fato 2: Não houve desregulamentação.
A desregulamentação ocorreu sim no governo Color, talvez o que vc defenda é a politica dos céus abertos que seria uma catástrofe para o país.
É devido a regulamentação que o Brasil é o único pais do mundo que possue as quatro grandes americanas voando para os seu território. Eta politica de desenvolvimento do setor boa essa nossa.
Pergunta 1: O que tem o preço das passagens dessas linhas
Subiram de 40 a 110 por cento
Pergunta 2: de onde foram tirados os dados do Ministro e do Economista?!
Olha o ministro deve acompanhar mensalmente o fluxo de turistas que entram no Brasil, e o Paulo Rabello de Castro é um dos mais conceituados economistas do Brasil, deve ser por algum motivo. [/quote]
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cebola escreveu:Mas se a VARIG tem os slots mais valorizados é por que a anos a empresa investe no exterior. Muitas vezes vc opera uma rota por muito tempo até ter lucro, vc lembra que a TAM ja voou para FRANKFURT e cancelou a rota ? Não quis arcar com o investimento. Ok ninguém é obrigado a operar com prejuízo mas o mérito de possuir slots é da VARIG.
Mas a VARIG recebeu durante décadas o monopólio das Linhas Internacionais. O mínimo que se espera é que isso limite a entrada de outras aéreas nesse mercado.
cebola escreveu:A desregulamentação ocorreu sim no governo Color, talvez o que vc defenda é a politica dos céus abertos que seria uma catástrofe para o país.
É devido a regulamentação que o Brasil é o único pais do mundo que possue as quatro grandes americanas voando para os seu território. Eta politica de desenvolvimento do setor boa essa nossa.
É impressionante a percepção que há. Qualquer política que não seja a Intervenção Estatal Deliberada é considerada "liberal". A "desregulamentação" foi absolutamente tímida e longe do que ocorreu nos EUA, por exemplo.
Eu quero saber o que há de errado se as quatro grandes americanas voam para o Brasil. Eu não tô nem aí QUEM é que vai transportar, contanto que isso implique em benefícios ao consumidor, que devido ao monopólio da Varig só teve prejuízos quanto à isso!
cebola escreveu:Subiram de 40 a 110 por cento
Certamente isso não se deve à MAIOR competição. Ou senão caracteriza Cartel, o que é contra a Legislação de Defesa da Concorrência, e portanto não tem nada à ver com Regulamentação do Setor Aéreo!
cebola escreveu:Olha o ministro deve acompanhar mensalmente o fluxo de turistas que entram no Brasil, e o Paulo Rabello de Castro é um dos mais conceituados economistas do Brasil, deve ser por algum motivo.
Novamente: credibilidade não é FUENTES!
Quero saber de onde o ministério e o economista tirou esse dado. Senão, é chutômetro!
Atte.
André R. Finken Heinle
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Vc desconhece muitas coisas e portanto não as leva em consideração nas suas análises. Por exemplo:
1. Somente no feriado de ação de graças nos EUA eles transportam mais passageiros que o Brasil o ano inteiro.Vc sabe o que significa ecomonia de escala.
2. Em todos os lugares de se praticou uma politica de céus abertos o resultado foi um desastre para as empresas nacionais. Vide exemplo da Venezuela, Paraguai etc
Pq. será que a maioria dos países somente uma empresa voa para fora dos país??
3. Vc sabia que quando uma empresa nacional abastece em Guarulhos paga pelo combustível um valor 15% superior a uma empresa estrangeira. Isso mesmo, uma estrangeira paga o combustível em Guarulhos mais barato que uma nacional. Some-se aisto os valores de leasing superiores em média 20% devido ao custo Brasil e vc verá como é facil competir com as estrangeiras.
Lamento que vc não tenha entendido o pq. da necessidade de uma aviação forte no Brasil(se vc acha que as estrangeiras nos transportariam por preços menores está muito enganado), acho que está visão de livre mercado serve muito bem no discurso dos países que querem entrar aqui e nos vender de tudo, enquanto continuam protegendo fortemente seus mercados internos.
No mais minhas férias estão acabando e meus posts vão escassear.
1. Somente no feriado de ação de graças nos EUA eles transportam mais passageiros que o Brasil o ano inteiro.Vc sabe o que significa ecomonia de escala.
2. Em todos os lugares de se praticou uma politica de céus abertos o resultado foi um desastre para as empresas nacionais. Vide exemplo da Venezuela, Paraguai etc
Pq. será que a maioria dos países somente uma empresa voa para fora dos país??
3. Vc sabia que quando uma empresa nacional abastece em Guarulhos paga pelo combustível um valor 15% superior a uma empresa estrangeira. Isso mesmo, uma estrangeira paga o combustível em Guarulhos mais barato que uma nacional. Some-se aisto os valores de leasing superiores em média 20% devido ao custo Brasil e vc verá como é facil competir com as estrangeiras.
Lamento que vc não tenha entendido o pq. da necessidade de uma aviação forte no Brasil(se vc acha que as estrangeiras nos transportariam por preços menores está muito enganado), acho que está visão de livre mercado serve muito bem no discurso dos países que querem entrar aqui e nos vender de tudo, enquanto continuam protegendo fortemente seus mercados internos.
No mais minhas férias estão acabando e meus posts vão escassear.
Estacionar um avião aqui é muito mais barato que lá fora, para as empresas extrangeiras também. Daí o grande número de aviões americanos dormindo no aeroporto de Guarulhos e AIRJ. Ao contrário, as taxas aeroportuárias lá fora são mais caras para as empresas extrangeiras. Só no Brasil é que se previlegia a concorrência extrangeira em detrimento das empresas nacionais...
- Rui Elias Maltez
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