A simulação no modelo de avaliação português
Segundo a PTE 245-01 (EME, 2020b), o modelo de avaliação de guarnições é constituído por sete fases distintas, sendo que cada uma prevê a utilização de determinados meios para a execução das avaliações previstas.
Na primeira fase, cujo principal objetivo é dar ao instruendo os conhecimentos teóricos necessários para a operação do CC, é utilizada principalmente a sala de aula. No entanto, como complemento da instrução teórica são utilizados a torre de instrução, o buggy e o próprio CC. A avaliação, ao fim das duas semanas de duração desta fase, é feita através de um teste escrito.
Na fase nº2, o foco incide sobre a execução das tarefas da guarnição, mas a nível individual, isto é, de acordo com cada posto de combate da guarnição. Para tal são utilizados os mesmos meios da fase um, isto é, a sala de aulas, a torre de instrução, o buggy e o CC real. No entanto estes sistemas têm um papel diferente nesta fase, uma vez que vão contribuir diretamente para a consecução das avaliações previstas doutrinariamente. São estas um novo teste teórico, um circuito de avaliação prático e uma sessão avaliativa na torre de instrução.
Esta fase tem uma duração de duas semanas e de forma ideal em Espanha, de modo a tirar partido da sua torre de instrução com sistema de simulação integrado. A torre de simulação portuguesa apenas permite o treino de procedimentos no compartimento de combate. O funcionamento e operação da torre espanhola será explicado com mais detalhe no capítulo V.
Na fase nº3, são avaliados os conhecimentos e procedimentos apreendidos anteriormente pela guarnição, mas nesta fase já como um organismo uno, isto é, como guarnição completa e operacional. Para tal, são utilizados o já referido VTE (aqui empregue para avaliar os postos de combate de chefe de carro e apontador) e a torre de instrução, tendo uma duração total de quatro semanas.
Na fase seguinte (fase quatro), são avaliados apenas os procedimentos de controlo de tiro ao nível do pelotão, recorrendo ao sistema VTE e a tabelas de instrução e avaliação que, relembre-se, ainda não existem para o sistema avaliativo português. Nesta fase não existe tiro propriamente dito, apenas são avaliados procedimentos, tendo a duração total de duas semanas.
Na fase nº5 do modelo de avaliação encontra-se contemplada a realização de um exercício de Situational Training Exercise (STX), através de um tema tático de pelotão.
No referencial português encontra-se prevista a realização desta fase em Espanha, no campo Militar de San Gregorio, em Saragoça, de modo a utilizar os seus sistemas para o efeito, neste caso o Steel Beasts, com uma duração de duas semanas.
A fase nº6 consiste na conduta de tiro de nível pelotão, para a qual têm vindo a ser desenvolvidos treinos e avaliações em fases anteriores (na fase nº4 foram avaliados os procedimentos de controlo de tiro de nível pelotão), sendo que para tal será utilizado o VTE.
Numa fase posterior, e após uma sessão com recurso ao sistema anteriormente referido executa-se um LFX (Live Fire Exercise), segundo tabelas de avaliação próprias. A conduta de tiro real dura um total de duas semanas e é realizada na carreira de tiro A7 do Campo Militar de Santa Margarida, onde se encontra a BrigMec.
Na última fase (correspondente à fase nº7), é desenvolvido, durante uma semana, um tema tático de nível pelotão recorrendo ao simulador TacOps.
No quadro seguinte encontra-se exposto, de forma simplificada, os sistemas de simulação empregues em cada fase do processo de avaliação das guarnições de CC portuguesas.
- Pirâmide da Instrução Espanhola
A nível de consumo de munições, verificamos que para avaliar uma guarnição de CC portuguesa no nível básico são necessárias 4 munições de CC. Considerando que o custo de uma munição MZ-UB custa em torno de 1.540€ o custo de avaliação de um esquadrão de CC a 14 CC totaliza 64.690€. Sendo que o preço do simulador não deverá ultrapassar algumas centenas de milhares de euros, concluímos rapidamente que obteríamos retorno do investimento ao avaliar guarnições a médio prazo recorrendo à torre de simulação, exclusivamente. É evidente que esta aquisição não dispensa a realização de tiro real, porém aumenta a letalidade das guarnições e consequentemente o aproveitamento das mesmas na execução de tiro real, bastante mais dispendioso.
Ao custo avultado da execução de tiro real de modo a avaliar as guarnições, ainda que no nível básico, junta-se o custo das deslocações e da estadia em Espanha para a execução de uma sessão de avaliação com recurso a simulação, totalizando aproximadamente 3.000€ por pelotão, o que perfaz cerca de 9.000€ para uma deslocação a espanha de um esquadrão de CC como um todo, para fins de simulação. Isto evidencia ainda mais a necessidade da aquisição dos próprios meios de simulação por parte do EP.
https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/42202