PRick escreveu:Essa tentativa de fazer tudo num único blindado acabou deixando claro o oposto. Eles não fazem nada direito, porque querem fazer tudo. Não tem blindagem o suficiente, poder de fogo o suficiente e não levam tropas o suficiente. Nesse passo chegamos ao PUMA, ele é ótimo, só que custa uma fortuna, é pesado e leva pouca tropa. De tal forma que mudou de categoria o tal IFV.
Já li um oficial britânico afirmar que a única autêntica viatura de combate de infantaria que existe no mundo é o "Narmer" israelense.
Sobre a questão dos comandantes dentro de viaturas, o Exército canadense deixa isto à livre discrição deles, optarem pelo que acham melhor. A norma é que os comandantes precisam estar aonde acharem que vão influenciar decisivamente o engajamento que estiverem travando. As circunstâncias decidirão, na visão deles, se eles devem montar ou desmontar.
A seção de fuzileiros (GC) da infantaria mecanizada canadense tem dez homens. Este é o total de "cadeirinhas" que existem dentro do LAV-III. Todos são infantes qualificados. Os graduados tem qualificação, tanto como combatentes de linha de frente, quanto chefes de viatura.
As "cadeirinhas" se dividem em:
a) três "cadeirinhas", uma (no casco da viatura) para o motorista, outra para o atirador do canhão 25 mm e uma terceira para o chefe de viatura (estas duas últimas na torreta).
b) as outras sete "cadeirinhas" são para os soldados que desembarcam. Ocorre que a "cadeirinha" do chefe de viatura não tem um elemento fixo, ela pode acomodar o "poposão" do comandante da seção (um sargento) ou o do auxiliar da seção (um cabo-mestre), lembrando que há, ainda, um terceiro homem na cadeia de comando, o cabo (puro e simples) que não está qualificado como chefe de viatura e sempre atuará desembarcado, para assumir o comando no terreno, caso o superior imediato desembarcado (sargento ou cabo-mestre) tombe, de forma gloriosamente heróica, em combate.
Quando a tropa desembarca há várias opções em abertos, para o que fazer com as viaturas vazias (os canadenses as chamam de "LAV-Zulu"). Com uma única pré-condição: elas tem de ser decididas antes do engajamento para evitar confusão.
OPÇÃO 1.
A viatura LAV-Zulu da seção pode ficar sob o comando do sargento desmontado. O cabo-mestre, montado na função de chefe de viatura, dirige a mesma de acordo com as ordens do sargento desmontado.
A vantagem é que, neste caso, a seção tem o mais direto apoio de fogo da sua viatura, mas há alguns probleminhas:
a) Comunicações: os rádios das viaturas e dos fuzileiros desmontados tem alguns probleminhas de incompatibilidade de freqüencias. Elas podem ser unificadas, mas isto tem de ser feito antes dos tiros começarem. E, se o inimigo for de uma classe mais qualificada do que guerrilheiros talibans, há preocupação com bloqueios e interceptações eletrônicas. Além disto, se todos as nove seções de fuzileiros da companhia entrarem na rede de comunicações de combate, ao mesmo tempo, haverá congestionamento de transmissões.
b) Concentração de fogo e prontidão diante de emergências: Com cada LAV-Zulu (viaturas sem fuzileiros. Eu já expliquei isso?) comandada pelo seu próprio sargento à pé, pode-se dar "beijim-beijim-tchau-tchau" ao princípio da concentração de fogo no ponto decisivo. Além disto, os LAV-Zulu não poderão usar fogo e movimento, pois estarão operando independemente uns dos outros, preocupados, tão somente, em apoiar pelo fogo seus fuzileiros orgânicos. E, mais outra conseqüencia: os LAV-Zulu, isolados, poderão ter dificuldades para se desengajarem do combate, e serem reagrupados e reorganizados para enfrentarem alguma ameaça repentina, num flanco ou retaguarda. Ou então, para explorarem alguma oportunidade de penetração numa eventual linha inimiga.
OPÇÃO 2.
As viaturas LAV-Zulu poderão ser agrupadas como uma "seção de viaturas" independente das seções de fuzileiros e ficarem sob a direção do sargento-adjunto de pelotão (conhecido como "Sargento LAV") que as conduzirá de acordo com as ordens do tenente comandante de pelotão.
As vantagens são:
a) Comunicações: nenhuma necessidade de alteração nas freqüencias-rádio. O comandante de pelotão controla as viaturas pelo rádio da sua própria viatura, e controla as seções de fuzileiros desembarcadas, através do rádio do seu radioperador.
b) Concentração de fogo e prontidão diante de emergências: as seções de fuzileiros tem seu apoio garantido, mas não necessariamente pelas suas próprias viaturas; o fogo de mais de um LAV-Zulu poderá ser concentrado, com rapidez, para enfrentar um alvo oferecendo resistência inesperada. A "seção de viaturas" LAV-Zulu pode ser concentrada, rapidamente para enfrentar ameaças repentinas ou para eventual exploração do êxito, podendo se movimentar de acordo com o princípio do fogo e movimento (uma viatura avança apoiada pelo fogo de outra estacionária, e vice-versa).
c) Facilitação do controle tático: O comandante do pelotão pode se concentrar no comando das seções de fuzileiros enquanto o adjunto de pelotão se ocupa da condução da "seção de viaturas", seguindo as orientações do comandante.
OPÇÃO 3.
As viaturas LAV-Zulu podem ser comandadas pelo "capitão LAV" (o terceiro oficial na hierarquia de comando de uma companhia de fuzileiros mecanizados canadenses. Os outros dois são o major comandante de companhia e um capitão subcomandante, que normalmente estará na retaguarda imediata da subunidade controlando os elementos logísiticos). O capitão-LAV estará atuando de acordo com as ordens do major.
Vantagens:
a) Comunicações: nenhuma necessidade de mudança de freqüencias. Os tenentes comandantes de pelotão ficarão, inclusive, mais aliviados, pois só precisarão se preocupar com a rede-rádio dos fuzileiros.
b) Concentração de fogo e prontidão diante de emergências: o número máximo de viaturas poderá ser concentrado contra alvos difíceis e perigosos. Mais de uma "seção de viaturas" poderá ser concentrada para enfrentar ameaças ou explorar oportunidades inesperadas. Porém, o apoio de viaturas para os pelotões individuais já não poderá ser considerado como garantido.
c) Facilitação do controle tático: o major comandante da companhia poderá se concentrar na parte de luta no terreno, enquanto o capitão-LAV cuida das viaturas, seguindo as orientações do major.. Os tenentes dos pelotões poderão se concentrar, exclusivamente, em liderarem seus fuzileiros no chão.
OPÇÃO 4.
As viaturas LAV-Zulu poderão ser conduzidas, de forma indepentente, pelos sargentos-LAV ou pelos capitães-LAV. Isto poderá ocorrer em qualquer situação na qual as viaturas recebem uma missão independente daquela da tropa desembarcada. Por exemplo, uma surtida de exploração ou quando a tropa desembarcada estiver se entrincheirando para uma defesa estacionária.