Cassio escreveu: ↑Dom Jun 23, 2024 8:13 pm
Eu não acho que adianta culpar as empresas aéreas... Se o mercado regional fosse tão grande e lucrativo, seria também muito atrativo e as empresas aéreas estariam explorando...
O problema é que o mercado regional no Brasil carece de infraestrutura, e o povo carece de renda para formar uma grande base de demanda com os custos que temos.
Por mais de uma vez as empresas a aéreas tentaram construir malhas regionais e não deu muito certo.
É preciso reduzir os custos para viabilizar a operação.
E operar em rotas regionais exige uma aeronave de custo de operação baixo... Hoje essa aeronave é o ATR.
O mercado regional de aviação foi praticamente abandonado à própria sorte faz muito tempo, tendo em vista, principalmente, os apontamentos que bem fizeste. Por outro lado, é possível ver que as grandes aéreas do país não tem se furtado em dispor novas linhas para muitas cidades do interior do sudeste\sul do país uma vez sanadas, mesmo que em parte, as condições de infraestrutura e demanda. Isto é bem mais fácil onde ela já existe em termos razoáveis e há um certo entendimento do setor público em ampliar e colaborar para seu pleno emprego. É só ver o que estão fazendo em São Paulo com a privatização dos aeroportos do interior.
Contudo, norte, centro-oeste e nordeste ainda estão muito distantes de ter capacidade crível de investimento, e consciência do potencial do setor aéreo para que governadores e prefeitos botem a mão no bolso e façam a sua parte, além daquilo que a Infraero já faz. É sempre a mesma ladainha. Os ATR são muito bons, como se diz dos turbohélices, para rotas de até 500 km, e tem feito um trabalho espetacular por aqui, visto que é, na prática, a única alternativa atual entre 40 a 70 assentos disponível no mercado que apresenta suporte adequado e rentabilidade de operação.
Conquanto, chega a ser um certo absurdo a meu ver LATAM, GOL e Azul operaram A320 e 737 em pistas do interior em que um E-2 caberia como uma luva, mesmo o E-175 de segunda geração. E não é nem o caso de demanda, mas infraestrutura mesmo. E mesmo assim, as rotas são mantidas e disputadas a tapa pelas empresas.
Como disse, o E-175, seja o E-1 ou E-2, são mais que suficientes para dar conta de muitas rotas para o interior que hoje são atendidas pelos Boeing e Airbus no sul e sudeste, e também, em rotas regionais e interregionais que podem acolher sem maiores problemas os E-190\195, principalmente fora dos grandes hub's.
O mercado regional só não cresce mais porque somente agora os grandes aeroportos do norte e centro oeste estão sendo privatizados com prazos e cronogramas de investimento no longo prazo para os hub regionais e para os aeroportos secundários, num modelo de gestão que obriga a investir em toda a infraestrutura aeroportuária da regiões. E isso só vai surtir efeito daqui a alguns anos para elas.
Mas mesmo agora, a falta de incentivo, a desburocratização e a turba legal existentes no setor aeronáutico não oferecem qualquer interesse para quem queira investir em empresas regionais de verdade, com vocação para a integração regional, sem isso de "um dia eu vou ser igual a Varig".
Podem dizer que eu viajo na maionese e tudo mais, mas, ainda acredito que se tivéssemos só um pouquinho de visão além do próprio nariz, projetos como os da DESAER e outros que estão por aí e não conseguem sair do papel, já estariam sendo usados e vendidos há tempos no mercado nacional. Mas, enfim.