Para não poluir o tópico da Avex com assuntos fora do contexto, resolvi trazer para cá um debate interessante com o Knigt7 sobre a questão da capacidade de realizar missões de ligação na FAB, e que via de regra também estão ligadas a outras missões que também podem ser desempenhadas pelo mesmo tipo de vetor usados principalmente nos ETA.
Atualmente, para tentar ilustrar o tamanho do desafio, a FAB está divida hoje de acordo com o seguinte organograma:
Assim também EB e MB:
É possível ver que a organização burocrática das três forças é algo gigantesco e que prover toda essa malha hierárquica com recursos e, transporte, dentro e fora do país é significativamente uma das maiores dores de cabeça dos cmtes da FAB e dos setores responsáveis pela implementação da logística militar, e principalmente, pela manutenção da ligação de comando entre as centenas de estruturas nos mais diversos níveis de operacionalidade, desde um simples PEF até o alto comando da força, passando pelas estruturas do MD abaixo:
Diria ser quase impossível prover tarefas de ligação com tantos órgãos a serem atendidos em suas mais diversas atividades de comando, controle e comunicações entre si e com outros setores do poder público na esfera federal e também municipal e estadual, que não raro, também demandam missões aos esquadrões de transporte da FAB.
Como disse no outro tópico, a missão de ligação em específico na FAB poderia ser muito bem aquinhoada com a aquisição de mais unidades do Phenom 100 para os ETA, de forma a contemplar todos os COMAR, à exceção do 4o COMAR em São Paulo, que não tem mais ETA subordinado, e assim garantir um mínimo de capacidade e qualidade à altura da missão, que apesar de pouco ou nada comentada e visada, é uma das mais importantes para se manter aquelas estruturas funcionando plenamente e operacionais.
Em tempo, aludi que 4 a 6 Phenom 100 seriam, em tese, suficientes para dispor à FAB de capacidade adequada para oferecer suporte às missões de ligação próprias e das demais forças, assim como das demandas vindas do poder público civil. Isto nos daria uma demanda hipotética de cerca de 24 a 36 aeronaves distribuídas nos 6 ETA existentes hoje, que seriam 28 a 42, caso o 4o ETA seja redivivo no curto a médio prazo, como parece ser a tendência, face as pressões, cobranças e consequências práticas de sua extinção em São Paulo.
Mas muito antes de falar em números é preciso dizer que nem todas as organizações descritas naqueles organogramas precisam de fato de um Phenom 100 para executar as suas missões, e sendo assim, o limite de funcionários de alto escalão a nível de OM GU, diretorias, gerências e comandos militares ficam bem mais restrito ao topo da cadeia. Neste aspecto, pode-se dizer que é mister dispor dos ETA para a missão de ligação nos níveis mais altos da cadeia de comando, senão vejamos:
FAB - Comandante, Gabinete do Cmte, Estado Maior, comandos de área, COMAR, diretorias e gerencias de setor e projetos\programas, instituições de ensino e pesquisa.
EB - Comandante, Gabinete do Cmte, Estado Maior, comandos militares de área, regiões militares, e respectivos estados maiores, diretorias e gerencias de setor e projetos\programas, instituições de ensino e pesquisa.
MB - Comandante, Gabinete do Cmte, Estado Maior, distritos navais, capitanias, diretorias e gerencias de setor e projetos\programas, instituições de ensino e seus respectivos estados maiores.
Então, em uma conta simplória, sem considerar a estrutura funcional do Ministério da Defesa, existem 3 comandantes de forças, 8 comandos militares de área, 12 regiões militares, 7 COMAR e 9 Distritos Navais e seus respectivos estados maiores a serem atendidos. Nesta formatação, são mais de 100 OM que teriam prioridade no atendimento nas missões de ligação no Brasil. Considerando apenas o alto escalão e seus estados maiores. Mais de 1 mil miliares que precisam de transporte regular, flexível e aprestado na hora e lugar necessários. Se considerarmos os oficiais superiores em OM que trabalham também em funções de comando e controle em diversos órgãos e OM em nível divisão e brigada, ou até mesmo batalhão, e seus homólogos na FAB e MB, então são mais de 10 mil militares envolvidos em um processo gigantesco de aprestamento permanente do organograma de suas respectivas forças.
Se notarmos, os ETA ainda tem a obrigação de cobrir as muitas demandas civis em termos de missões secundárias e das quais hoje, seria impensável dizer um não para alguém. Mas isto na verdade não chega a ser um problema já que praticamente se tornou uma tradição as forças armadas operarem as missões de apoio as organizações públicas federal, estadual e municipal em suas necessidades onde quer que estejam. É uma cultura enraizada nos militares e da qual eles mesmos não abrem mão.
Enfim, olhando esse quadro todo, fica difícil falar em números de frota que possa atender não somente a demanda por ligação militar nas três forças e ao mesmo tempo manter um fluxo constante e ininterrupto de apoio as missões secundárias, cada vez maiores e mais exigentes a cada ano que passa.
Me parece o caso então de debater nem tanto o tamanho da frota, mas a sua qualidade. E neste sentido, temos aqui mesmo a solução possível e viável para constituir os ETA de uma organização tal que seja capaz de realizar com a maior eficiência e eficácia possível o trabalho duplo de executar e atender às suas missões primárias militares ao mesmo tempo que abarca as civis no seu dia a dia. E estou falando em ETA por serem estas OM as garantem a capilaridade do transporte aéreo logístico da FAB até os mais afastados e inóspitos pistas de pouso no Brasil e quiçá fora dele na América do Sul.
A Embraer oferece soluções que podem ser adequadas as várias demandas relacionadas aos diferentes níveis hierárquicos e funcionais das ffa's, do MD e demais ministérios e órgãos públicos da esfera federal na forma dos:
Phenom 100
Phenom 300
Legacy 450*
Legacy 500*
Legacy 650
Praetor 500
Praetor 600
* os Legacy estão fora de linha de produção, substituídos que foram pelos Praetor 500\600. A FAB já utiliza o Legacy 500 no GEIV, sendo que dos 6 pretendidos apenas 4 foram comprados. Estes jatos podem ser encontrados por preços relativamente baratos e acessíveis no mercado internacional e poderiam ser uma boa alternativa para equipar, também, os ETA.
A pensar se e como a nova família Energy da Embraer pode ser no futuro também uma opção para as tarefas de ligação nas forças armadas com alguns modelos despontando como uma escolha interessante para certas regiões do país onde a infraestrutura não suporte jatos ou aeronaves mais carentes de cuidados específicos.