Re: O Wikleaks e o FX
Enviado: Qua Set 24, 2014 1:35 pm
Alguns pontos extraídos dos textos a respeito da transferência tecnológica, mostrando a manipulação americana. A tradução é minha e é bastante livre:
- Os brasileiros têm evitado exigências específicas de tecnologia mas deixaram claro que
a tecnologia transferida deve beneficiar sua indústria e que eles esperam um nível tecnológico semelhante a de outras grandes forças aéreas.
- Baseado no que líderes da FAB têm dito à embaixada e à Boeing, há dois pontos que são considerados como fundamentais pelo Brasil: códigos fonte e integração de armas.
- Durante a reunião de 10 de dezembro, ficou claro que, para a FAB, o Super Hornet é o líder da competição. As capacidades, tecnologias e custo geral do F-18 lhe colocam em vantagem. Estes fatores, porém, não terão um peso maior na decisão final do que a percepção de que outras aeronaves podem oferecer uma melhor transferência de tecnologia e financiamento. Decisões de transferência tecnológica devem estabelecer limites apropriados sobre que tecnologias serão disponibilizadas. A chave para o sucesso será explicar aos brasileiros em termos de "o que vocês estão recebendo" ao invés de "o que não estamos liberando". Será importante assegurar aos brasileiros que eles estão sendo tratados da mesma forma que outras nações amigas em termos de transferência tecnológica.
- Sobre os dois pontos fundamentais - integração de armamento e códigos-fonte - a resposta aos brasileiros deverá ser "sim, mas...," o Brasil receberá os códigos necessários para a cooperação industrial planejada no pacote de offsets mesmo se alguns códigos-fonte não forem transferidos. Da mesma forma, o Brasil precisa ouvir que será capaz de usar seus próprios armamentos. (aqui começa a arte de não dizer não)
- A assinatura da Parceria Estratégica com a França criou a percepção de que o Rafale seria a decisão natural do Brasil. Para superar tal percepção, a Boeing trouxe um grupo de eminentes jornalistas para um tour na US Navy e na fábrica da Boeing, o que deve resultar em um equilíbrio maior na cobertura da imprensa brasileira.
- O governo americano deve estar preparado para dar respostas ao governo brasileiro sobre liberação de tecnologia, particularmente em relação aos códigos-fonte e integração de armamentos fora dos EUA, de forma a não dizer "não" e ao mesmo tempo se manter consistente com a política americana.
- A exclusão do míssil AIM 9x, que tem sido aprovado para exportação para países como Coréia do Sul, Suíça e Arábia Saudita, poderá ser visto como evidência de uma má-vontade de transferir tecnologias que temos cedidos a outros e confirmar a suspeita brasileira sobre a falta de confiabilidade nos EUA como fornecedores.
- A aprovação do AIM 9x pra o Brasil é improvável, mas é importante não responder perguntas sobre essa arma diretamente com um "não". Devemos estar preparados para explicar ao Brasil que entendemos sua política em favor de armas nacionais e que estaremos dispostos a trabalhar juntos pela integração de tais armamentos conforme eles se tornem disponíveis. Também ofereceremos o AIM 9m como solução de baixo custo.
- Talvez haja problemas sobre a localização onde será feita a integração de armamentos. Os brasileiros vão querer que seja feita no Brasil por engenheiros brasileiros, um acordo que o governo americano não aprovará. Novamente, não deverá ser dada uma negativa direta. O governo americano deverá enfatizar as desvantagens de se fazer a integração no Brasil.