Re: General Leopoldo Galtieri e o Brasil
Enviado: Seg Abr 07, 2014 12:07 pm
Vencendo nas Malvinas, como a Argentina se reequiparia? A OTAN não venderia nada, e os soviéticos eram inimigos ideológicos.
Obrigado pela confirmação, Rodrigo. Sabe algo mais além disso? A informação que me foi passada era muito generalista, apenas que o general tinha isso em mente por conta dos seus estudos militares.rodrigo escreveu:É verdade. E o Brasil sabia e se preparou para isso.o general argentino Leopoldo Galtieri, responsável pelo ataque as Malvinas (que está sendo comemorado aqui) graduou-se na escola de engenharia das forças armadas argentinas com uma tese sobre as perdas territoriais argentinas no século XIX, dando especial destaque para as perdas para o Brasil e propagandeando a retomada dessas terras.
Que apoio? Os bandeirulha? Isso não é apoio, tanto que foram oferecidos bandeirulhas aos ingleses também, num episódio que foi até irônico, mas a oferta, apesar de ser absurda, era real. O Brasil permaneceu neutro até o fim do conflito, muito embora houvesse um pouco de simpatia pela causa dos hermanos. Nada oficial mesmo.RicardoAg escreveu:Obrigado pela confirmação, Rodrigo. Sabe algo mais além disso? A informação que me foi passada era muito generalista, apenas que o general tinha isso em mente por conta dos seus estudos militares.rodrigo escreveu: É verdade. E o Brasil sabia e se preparou para isso.
Uma dúvida: qual foi, então, a razão do apoio brasileiro, se o exército sabia disso?
O Brasil, na prática, ficou neutro, não fez nada que tivesse influência na guerra. Galtieri tinha a tese, na escola militar, de recuperação dos territórios perdidos para o Brasil e Chile. O Chile, muito menos capaz que o Brasil, partiu para o apoio aberto aos ingleses, na esperança de apoio anglo-americano em caso de conflito nos Andes. A mobilização militar chilena não permitiu o amplo emprego de tropas experientes nas Malvinas, por parte da Argentina. O quase conflito no Canal de Beagle dá ideia do belicismo argentino na época.RicardoAg escreveu:Obrigado pela confirmação, Rodrigo. Sabe algo mais além disso? A informação que me foi passada era muito generalista, apenas que o general tinha isso em mente por conta dos seus estudos militares.rodrigo escreveu: É verdade. E o Brasil sabia e se preparou para isso.
Uma dúvida: qual foi, então, a razão do apoio brasileiro, se o exército sabia disso?
Informação interessantíssima, Marino.Marino escreveu:Quando eu servia no MD participei de uma conferência em Sao Paulo onde haviam dois conferencistas argentinos.
Um era o Fabian Calle e o outro o Hector San Martin.
Eles, em um jantar no qual participei, afirmaram com todas as letras que os argentinos invadiriam o Brasil por dois eixos, um no RGS e outro no Paraná.
A memória nao ajuda, mas um era em direção a Santa Maria e o outro, mais importante, em direção a Cascavel, com o objetivo de cortar o sul do país com o norte, principalmente Sao Paulo.
O General brasileiro que presidia o jantar respondeu que seria muito interessante, pois no planejamento do EB eles visualizaram esta manobra e concentraram os meios exatamente nos dois eixos, como é até hoje.
Então, nao é fantasia.
malmeida escreveu:Que apoio? Os bandeirulha? Isso não é apoio, tanto que foram oferecidos bandeirulhas aos ingleses também, num episódio que foi até irônico, mas a oferta, apesar de ser absurda, era real. O Brasil permaneceu neutro até o fim do conflito, muito embora houvesse um pouco de simpatia pela causa dos hermanos. Nada oficial mesmo.RicardoAg escreveu: Obrigado pela confirmação, Rodrigo. Sabe algo mais além disso? A informação que me foi passada era muito generalista, apenas que o general tinha isso em mente por conta dos seus estudos militares.
Uma dúvida: qual foi, então, a razão do apoio brasileiro, se o exército sabia disso?
Apoio real mesmo foi do Peru, que forneceu SA-7 e vendeu Mirage mesmo com a proibição francesa. Há quem diga que também repassou muita munição via Líbia.
Quanto às ameaças de Galtieri, também acredito que eram só gogó mesmo. Imaginando que os argentinos tivessem conseguido recuperar suas ilhas, quanto recurso material seria necessário para segurá-las? Não daria para manter uma força defensiva nas Malvinas, Geórgias do Sul, Sandwich E, ao mesmo tempo, lançar um ataque e recuperar Beagle, ENTÃO, abrir mais duas frentes para cortar o sul do Brasil... é muito Johnny Walker!
MAlmeida
EDIT: corrigido 1 erro de concordância
De fato, diplomaticamente, o Brasil sempre apoiou o direito argentino, mais por uma questão própria do que para o lado deles. Temos muitas ilhas ao longo do nosso litoral que são geograficamente semelhantes às Malvinas. Um desses arquipélagos, Trindade/Martim Vaz, creio eu, foi "emprestado" temporariamente pelos ingleses no séc XIX, daí nosso interesse em manter este apoio.RicardoAg escreveu:Pode-se falar em apoio brasileiro tendo em vista o suporte diplomático dado.malmeida escreveu: Que apoio? Os bandeirulha? Isso não é apoio, tanto que foram oferecidos bandeirulhas aos ingleses também, num episódio que foi até irônico, mas a oferta, apesar de ser absurda, era real. O Brasil permaneceu neutro até o fim do conflito, muito embora houvesse um pouco de simpatia pela causa dos hermanos. Nada oficial mesmo.
Apoio real mesmo foi do Peru, que forneceu SA-7 e vendeu Mirage mesmo com a proibição francesa. Há quem diga que também repassou muita munição via Líbia.
Quanto às ameaças de Galtieri, também acredito que eram só gogó mesmo. Imaginando que os argentinos tivessem conseguido recuperar suas ilhas, quanto recurso material seria necessário para segurá-las? Não daria para manter uma força defensiva nas Malvinas, Geórgias do Sul, Sandwich E, ao mesmo tempo, lançar um ataque e recuperar Beagle, ENTÃO, abrir mais duas frentes para cortar o sul do Brasil... é muito Johnny Walker!
MAlmeida
EDIT: corrigido 1 erro de concordância
Não foi como o Peru, que se jogou de corpo e alma na guerra, mas foi uma certa ajuda, sim.
Por isso a minha surpresa, tendo em vista as informações do Marino.
Plenamente de acordo.pt escreveu:Caso os argentinos tivessem conseguido manter as Malvinas, eles poderiam contar com o apoio da União Soviética, que estava interessada na criação de um foco de tensão no Atlântico Sul.
Para a União Soviética, não existia na realidade um problema ideológico. O regime argentino, como o soviético era uma ditadura. Portanto, havia apenas que garantir uma relação aceitável entre as elites que comandavam o país.
Aliás o gen. Galtieri terá dito aos americanos que os russos (que mantinham vários submarinos no Atlântico Sul) chegaram a propor afundar um porta-aviões inglês, para que depois os argentinos ficassem com os louros.
Alexander Heigh disse que não acreditou, mas posteriormente os argentinos voltaram a afirmar que tinham recebido propostas para o fornecimento de armamento de países não ocidentais.
A real politik é assim. As ideologias vão todas para o brejo, quando a coisa fica quente ...
Paisano escreveu:Em 1982 havia 3 (três) opções para o governo(?) argentino na chamada Operação Rosário:
1 - Canal de Beagle (Chile);
2 - Região das Missões (Brasil);
3 - Malvinas (Inglaterra).
Escolheu-se a última devido a distância e, também, pelo fato do governo(?) argentino achar que os EUA iriam impedir qualquer tipo de ação por parte dos ingleses. E deu no que deu...
Apenas a título de curiosidade: Logo após o término da campanha das Malvinas foi publicado em um jornal/revista (não me lembro qual) uma análise sobre as consequências caso a escolha do governo(?) argentino recaísse sobre um ataque/invasão à Região das Missões, no sul do Brasil.
Dizia essa análise que o Brasil somente conseguiria conter o avanço argentino na altura do Estado de Santa Catarina. Isso porque a partir desse ponto o parque industrial brasileiro e o tamanho da população começariam fazer diferença a nosso favor.
Frases de aquella época en ArgentinaMarino escreveu:Na época ele disse em alto e bom tom: "primero las Malvinas, después otras cosas más".
Ninguém lembra hoje, mas a Argentina ameaçou bombardear Itaipu.