Centrífuga Paquistanesa (Importante!)

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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ZeRo4
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#16 Mensagem por ZeRo4 » Dom Out 03, 2004 1:34 am

Fox

Apesar de acreditar na tese de que o Brasil não estaria permitindo aos técnicos da AIEA o acesso as centrífugas para proteger tecnologia nacional, também acho estranho o Brasil ter algum desenvolvimento que seja significante perante a países que já dominam a energia nuclear a tempos, veja não estou desqualificando os cientistas Brasileiros... porém sei que nesse caso a demanda por "inteligência" deve vir na mesma proporção que a demanda por tempo e dinheiro.

Então eu penso, conforme a sua explicação (muito boa por sinal...), já que o Brasil é signatário do programa de não proliferação nuclear, já que a AEIA tem um controle e informações sobre o que entra e sai de combustível nuclear e se a tecnologia Brasileira não é assim tão significante para os países avançados, pq eles estariam forçando a barreira para ver as nossas centrífugas?




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Brasileiro
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#17 Mensagem por Brasileiro » Dom Out 03, 2004 9:45 am

Tá vendo o que eu estou querendo dizer ZeRo4? Até aqui no fórum já começou a desconfiança.


Ai meu Deus do céu! Não adiantou eu avisar e me entendem mal do mesmo jeito!
Eu não estou desconfiando do Brasil de forma alguma, inclusive acho que o Brasil desenvolveu ao longo dos árduos 30 anos a sua própria centrífuga.

O que eu quis dizer é que o Brasil está se comportando como alguns países como Paquistão, Coréia do Norte e Iraque. Ao passo que deveria ao invés disso, se comportar seguindo o exemplo de países que deixem as suas inspeções, pois dúvidas sempre geram desconfiança.
E também acho que essa AIEA é uma organização de meia tigela, pois os Brasileiros sempre dizem que não precisa conhecer as máquinas para fiscalizar o Brasil, pois isso pode ser feito com muita segurança mesmo sem ver as máquinas.



abraços




Carlos Mathias

#18 Mensagem por Carlos Mathias » Dom Out 03, 2004 11:04 am

O problema é que essas centrífugas produzem a parada 30% a 40% mais barato que as deles e esse é um mercado de bilhões de dólares. Pô, se o programa existe à trinta anos, por que só agora essa neura de querer ver as centrífugas? Muita gente fala em teoria da conspiração, pois eu acredito sim nessa possibilidades, não precisa ser muito conhecedor de história prá ver que eles são capazes de tudo para preservar seus mercados de alta tecnologia, onde o ganho é muito alto devido ao valor agregado dos produtos. Se fosse uma centrífuga de tomates, ninguém ia querer saber. Por que não querem saber se nossas indústrias químicas produzem agentes perigosos ou outras tranqueiras?
Prá mim o problema chama-se DINHEIRO, que foi o que levou os EUA ao Iraque, essa historinha de armas é prá enrolar que tá dormindo.




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#19 Mensagem por VICTOR » Dom Out 03, 2004 11:19 am

Folha de S.paulo 03/10/2004 - Secretário de Estado chega amanhã a São Paulo

Brasil discute com Powell suspeitas dos EUA sobre o programa nuclear

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

O secretário norte-americano de Estado Colin Powell inicia amanhã, por São Paulo, uma visita ao Brasil que as duas partes imaginam ser de extrema cordialidade, mas com a predisposição do governo brasileiro de não aceitar ser tratado, na questão nuclear, com a mesma suspeição que cerca o programa do Irã e o da Coréia do Norte.
O ponto da discórdia gira em torno da inspeção visual na usina de Resende (RJ) por parte dos técnicos da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
É nessa usina que se faz o enriquecimento de urânio, para fins pacíficos, segundo o governo brasileiro. O Brasil alega que a inspeção visual permitiria descobrir os segredos tecnológicos que o país desenvolveu. Os EUA, mesmo sem contestar as finalidades pacíficas do programa brasileiro, acham que a negativa de permitir a inspeção visual é um mau exemplo, quando há problemas com o Irã e com a Coréia do Norte (cujo programa tem fins militares).
O chanceler Celso Amorim rebate com uma comparação com as CPIs do Congresso: "Quando tem alguém sob suspeita, sem discutir se a suspeita é ou não justa, você abre a conta dele. Mas, quando não se justifica a suspeita, como é o caso do Brasil, tem que usar métodos mais suaves". As autoridades brasileiras adiantam mais dois argumentos para rejeitar qualquer tipo de suspeição:
1) "O Brasil é talvez o único país do mundo no qual a finalidade pacífica do programa nuclear está protegida constitucionalmente", diz Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático do presidente.
2) "Para o enriquecimento de urânio [que é o caminho para atingir eventualmente armas nucleares], é preciso investimento, que só pode vir do exterior. É óbvio que só virá se a finalidade pacífica estiver cercada de todas as garantias", afirma Celso Amorim.
Dadas essas garantias, o Brasil considera que é um exagero insistir na inspeção visual. "Nunca dissemos que não aceitaríamos a inspeção visual. O problema é o momento oportuno e a negociação correta sobre como fazê-la", afirma Amorim.
A discórdia sobre a inspeção visual do programa nuclear não é suficiente para mudar o caráter extremamente "fluído" das relações Brasil/EUA, para usar expressão de Marco Aurélio Garcia.
O único outro ponto de real discórdia é o comércio ou mais exatamente as negociações comerciais globais (no âmbito da OMC) ou regionais (a Álca). Mas essa área não é de responsabilidade de Powell e, portanto, se entrar nas conversas, será marginalmente.
Como não foi feita uma agenda prévia para a visita, a pauta será livre, mas há alguns temas óbvios:
1) Conselho de Segurança das Nações Unidas - O Brasil está em vigorosa campanha para ter o direito a um assento de membro permanente nessa instância. Potências como Alemanha e Japão acabam de dar suporte à pretensão brasileira, que, devolveu a cortesia a japoneses e alemães. Os EUA fazem silêncio a respeito. Mas o movimento de Alemanha, Brasil, Japão (e também Índia) acelerou a discussão, com o surgimento de novas candidaturas (Indonésia e Nigéria) e o veto chinês ao Japão. Logo, há atualidade para tratar do tema com Powell.
2) Venezuela - Brasil e EUA fazem parte do grupo de países que ajudou a evitar o pior no país (guerra civil). Mas a acomodação após o plebiscito que garantiu a permanência de Hugo Chávez no poder não é o fim da história. A diplomacia brasileira insistiu com Powell para que os EUA segurassem os radicais oposicionistas. Foi atendida. É razoável imaginar que o pedido seja reiterado para evitar que o processo desande.
3) Haiti - O Brasil vai lembrar que os 2.500 soldados da força de paz, comandada pelo Brasil, são insuficientes, até porque a decisão original de enviá-los previa 6.000 homens. O governo espera convencer Powell a usar o poder de pressão dos EUA para liberar recursos a fim de reconstruir o país.




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#20 Mensagem por ZeRo4 » Dom Out 03, 2004 1:05 pm

Carlos Mathias escreveu:O problema é que essas centrífugas produzem a parada 30% a 40% mais barato que as deles e esse é um mercado de bilhões de dólares. Pô, se o programa existe à trinta anos, por que só agora essa neura de querer ver as centrífugas? Muita gente fala em teoria da conspiração, pois eu acredito sim nessa possibilidades, não precisa ser muito conhecedor de história prá ver que eles são capazes de tudo para preservar seus mercados de alta tecnologia, onde o ganho é muito alto devido ao valor agregado dos produtos. Se fosse uma centrífuga de tomates, ninguém ia querer saber. Por que não querem saber se nossas indústrias químicas produzem agentes perigosos ou outras tranqueiras?
Prá mim o problema chama-se DINHEIRO, que foi o que levou os EUA ao Iraque, essa historinha de armas é prá enrolar que tá dormindo.


De onde você tirou essa informação de que as centrífugas nacionais produzem de 30% a 40% mais barato ?! Veja não estou duvidando, mas é justamente porque penso que esse motivo é o único que eles teriam.




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#21 Mensagem por Paisano » Dom Out 03, 2004 1:39 pm

Brasileiro escreveu:
Tá vendo o que eu estou querendo dizer ZeRo4? Até aqui no fórum já começou a desconfiança.


Ai meu Deus do céu! Não adiantou eu avisar e me entendem mal do mesmo jeito!


Brasileiro, peço desculpas se entendi mal o que vc escreveu, mas o seu texto me passou a sensação de uma desconfiança de sua parte sobre a verdadeira origem centrífugas brasileiras.




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#22 Mensagem por Fox » Dom Out 03, 2004 4:10 pm

ZeRo4 escreveu:Então eu penso, conforme a sua explicação (muito boa por sinal...), já que o Brasil é signatário do programa de não proliferação nuclear, já que a AEIA tem um controle e informações sobre o que entra e sai de combustível nuclear e se a tecnologia Brasileira não é assim tão significante para os países avançados, pq eles estariam forçando a barreira para ver as nossas centrífugas?


Um motivo seria talvez pelas questões financeiras, pois o Brasil não precisará adquirir mais esse produto no mercado internacional (isso daqui alguns anos), sem contar que pode ser tornar um importador desse produto para paises amigos(fins pacíficos)! Outro motivo seria a possibilidade do Brasil enriquecer combustível atômico para fins militares (uma determinada quantia X de centrifugas, e a mesma com dimensões Y, etc)! Também podemos citar a possibilidade do Brasil não manipular o processo de maneira adequada, com isso esse material poderia cair em mãos erradas! Entre outros!

O que temos que entender, e que tudo que o Brasil fizer de “inovador” (subtenda como independência, ou concorrência, etc) vai ter pressão de alguns paises, pois não é interessante ver o nosso país tecnologicamente competente. Quer um exemplo?! O VLS, que apesar de ser utilizado com plataforma de lançamento de satélite, ainda existe algumas desconfianças sobre esse projeto. Agora vamos deixar que outros países observem a tecnologia empregada no VLS, conhecendo os nossos acertos e erros (no projeto)?!

Se o Brasil já permitiu a inspeções, medição de vazão de entrada e saída e não fez nenhuma objeção ao uso das câmeras SELADAS, portanto não há motivos que coloquem esse país sobre duvidas. Pelos menos no momento! Então cabe a AIEA continuar controlado o Brasil (como está sendo feito atualmente: Câmeras, medições de vazões, etc) e se o nosso país mostra algum sinal de irregularidade (por exemplo: uma produção maior que a nossa demanda, etc), ai sim caberia outro tipo de tratamento!

Até mais..........................................

Fox :wink:




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#23 Mensagem por Carlos Mathias » Dom Out 03, 2004 10:53 pm

Li não me lembro aonde, mas o artigo fala que o Brasil despontava como um temido competidor com o urânio a preços bem mais baixos, falava também que o mercado era de bilhões de dólares e praticamente cativo das grandes potências nucleares. Daí não é difícil chegar-se as conclusões do por que dessas pressões.




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#24 Mensagem por Paisano » Seg Out 04, 2004 9:02 am

O recado nuclear de Bolton, assinado por Larry Rohter

Argemiro Ferreira

NOVA YORK (EUA) - O último recado mandado ao Brasil pela ala troglodita do governo Bush - aquela que deu ao mundo as guerras do Afeganistão e do Iraque e promete outras para futuro próximo - veio assinado pelo indefectível Larry Rohter, na forma enganosa de reportagem jornalística (mais uma!) nas páginas outrora nobres do "New York Times".

Rohter fingiu no texto (publicado dia 25) haver disputa entre a Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) e o governo Lula, que estaria descumprindo o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT). É falso, mas hoje a expressão "mentira de Larry Rohter" já virou pleonasmo. Ao contrário dos EUA, o Brasil cumpre rigorosamente os tratados internacionais que assinou e respeita o sistema multilateral.

O que me chamou atenção, no entanto, é que no mesmo dia desse texto teleguiado (e envenenado) do ex-jornalista, importante colunista do mesmo "Times", Nicholas D. Kristof, botou o dedo na ferida real da proliferação nuclear - a ditadura militar paquistanesa de Pervez Musharraf, general que Bush apadrinha na esperança de que consiga achar Osama Bin Laden antes da eleição americana.

Apoio de Bush à bomba-A islâmica

Vale a pena falar do Paquistão antes de voltar ao Brasil e Aiea. Os colunistas do "Times" são livres para opinar (o que teoricamente é vedado a reporterezinhos como Rohter). Leitores indignaram-se contra disparates e mentiras cínicas do direitista William Safire e o jornal explicou: não os corrige porque se trata de colunista (mas, por razão desconhecida, tampouco corrige os desvios de má-fé de Rohter).

Kristof foi ao Paquistão e de lá enviou coluna sob o título "Twisting Dr. Nuke's arm" (Torcendo o braço do dr. Nuclear). Explicou: "Se nos próximos anos uma bomba nuclear destruir o Capitólio, na certa terá sido desenvolvida com tecnologia paquistanesa. O maior desafio à civilização não é Osama Bin Laden ou Saddam Hussein, mas Abdul Qadeer Khan, pai da bomba atômica do Paquistão".

Apesar de ter o direito de mentir, como Safire, o que Kristof escreveu é verdade, como o mundo inteiro já sabe. O dr. Khan pediu desculpas recentemente ao ditador Musharraf por ter vendido tecnologia nuclear ao Irã, Coréia do Norte, Líbia e sabe-deus-quem-mais. O ditador o abraçou com carinho, dizendo para não se preocupar: "Está tudo bem, dr. Khan, você é herói nacional, construiu a bomba-A islâmica".

Bush podia ao menos exigir do amigo ditador arrancar do dr. Khan os nomes dos outros a quem deu a receita da bomba-A. "Espantosamente, oito meses depois de ter feito declaração pública confessando que disseminou sua fórmula nuclear pelo mundo, não sabemos quem são os outros clientes do dr. Khan", escreveu Kristof. "O próprio Musharraf admitiu: sabemos de alguns, mas não de todos".

Campo livre para o doutor Khan

Segundo Kristof, o que o ditador disse significa que eventualmente o mundo ainda ficará sabendo sobre as outras transações de Khan, acobertadas pela ditadura sob a proteção de Bush. Musharraf jurou ainda que seu amigo e protetor da Casa Branca não se interessou em ouvir o maior proliferador nuclear do mundo. "Vou ser franco: ninguém me pediu para interrogar o dr. Khan", disse.

Segundo o colunista, o ditador confirmou: os laboratórios do "herói" intocável foram visitados pelo ministro saudita da Defesa. A Arábia Saudita, claro, é amiga de outros carnavais da família Bush. E se os sauditas construirem a bomba, o Egito (e seu ditador protegido dos EUA) será o seguinte. Musharraf negou que também a Síria seja cliente do dr. Khan, que ainda tem ligações não esclarecidas na África.

Bush e seus neoconservadores negligenciaram essa proliferação nuclear de verdade mas investem contra o Brasil, país pacífico e quinto no mundo em reservas de urânio natural - portanto, com todo o direito de desenvolver sua tecnologia própria de enriquecimento, exportar o produto e ampliar sua receita, como fazem os países ricos. Por que teríamos de nos privar disso e deixar o mercado só para eles?

Como cumpre o NPT e respeita o sistema multilateral, o Brasil já se prontificou a abrir a intalação da Marinha em Resende às inspeções da Aiea. Mas exige proteção para sua tecnologia. Ninguém esquece a obsessão americana de infiltrar seus espiões entre inspetores da ONU (uma das situações graves que criaram impasse no Iraque, levando à suspensão por quatro anos das inspeções internacionais naquele país).

As fontes anônimas, uma vergonha

Rohter não faz jornalismo: apenas dá o recado do bando neocon, gente da laia de John R. Bolton, que tirou o brasileiro José Bustani da OPAQ. O que queria Bustani? Que arsenais químicos e biológicos dos EUA tivessem inspeção igual à dos outros países. Bolton, sub-secretário de Estado para Controle de Armas, mandou Bustani sair da OPAQ. Ele respondeu: "Não sou seu empregado. Fui eleito pela maioria".

O governo Bush mandou os submissos FHC e Celso Láfer tirarem Bustani. Os dois covardes tentaram e Bustani avisou: "Estou fora do Itamaraty, a serviço da ONU". O resultado é sabido. Países foram subornados e votaram a saída do diplomata, escancarando a arrogância imperial. Mas o Brasil derrotou FHC e o cupincha, elegeu Lula. E Bustani teve seu prêmio pela valentia: tornou-se embaixador em Londres.

Bolton comandou a indecente operação intimidatória e agora vinga-se, plantando a difamação na mídia e manipulando a Aiea, a insinuar que o Brasil não cumpre o NPT. Lula está no dever de repelir a insolência, cujo objetivo é forçar a assinatura de um "protocolo adicional" inventado pelos EUA. Não temos de assinar nada. Antes de ampliar nossas obrigações no NPT, é preciso obrigar os EUA a cumprir sua parte.

Rohter, na nova torpeza, usa fontes anônimas: "diplomata estrangeiro", "analistas de controle de armas nos EUA e na Europa", coisas assim. E quem são eles? Bolton? Bagrinhos neocons nos EUA e na "nova Europa" de Rumsfeld, de joelhos na "coalizão dos voluntários" no Iraque? Que tal identificá-los? Notórios demais? Sem fiscais como I. F. Stone, George Seldes, A. J. Liebling, a mídia fica no nível dos Rohters, Judith Millers, Jayson Blairs, etc. Uma vergonha.

Fonte: Tribuna da Imprensa




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#25 Mensagem por fredom » Seg Out 04, 2004 9:53 am

pronto, esse texto diz tudo, não faz sentido essa historia inventada sobre o Brasil




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#26 Mensagem por Fox » Seg Out 04, 2004 12:10 pm

BRASIL NUCLEAR, ano 7, número 21, abr-jun 2000

OS CAMINHOS DO URÂNIO

Mineral atravessa várias etapas da mina ao reator

Fábio Aranha


O urânio é o mineral usado como combustível para usinas nucleares. Porém, até que esteja pronto para ser utilizado na geração de energia elétrica, um longo caminho precisa ser percorrido. O ciclo do combustível nuclear é o nome dado às etapas industriais pelas quais o urânio passa desde a mineração até a entrada numa usina nuclear. No Brasil, a empresa responsável pelas seis etapas que o compõem é a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que fatura entre R$ 100 a 120 milhões por ano com estas atividades.

A primeira etapa do ciclo inclui a mineração e a produção do concentrado de urânio, ou yellowcake, correspondendo a 27% do valor total. A INB possui atualmente uma mina de urânio em atividade, prestes a entrar em operação comercial, localizada no município de Caetité, no sertão da Bahia. A reserva total está estimada em cerca de 100 mil toneladas, o que supre facilmente a demanda nacional. Para se ter uma idéia do tamanho da jazida existente no local, seriam necessárias apenas cerca de 22 mil toneladas de urânio para abastecer as usinas de Angra 1, 2 e, futuramente, 3 por toda a vida útil, de no mínimo 40 anos.

Inicialmente, a unidade produzirá aproximadamente 400 toneladas de concentrado de urânio por ano, o que exigiu um investimento da ordem de R$ 41 milhões por parte da INB. O concentrado será produzido na própria unidade de Caetité, através da técnica de lixiviação estática.
A produção da unidade poderá, num futuro próximo, ser elevada para 500 toneladas anuais. As 100 toneladas restantes seriam beneficiadas em Caldas, Minas Gerais. Lá, a INB manteve uma mina de urânio em atividade de 1981 até 1995. Porém, a extração foi suspensa devido ao esgotamento do minério economicamente recuperável. Então, a unidade foi reestruturada para processar o urânio proveniente de Caetité e para realizar a abertura química da monazita _ que contém as chamadas terras raras, de aplicação em inúmeras indústrias de tecnologia de ponta - minerada em Buena, distrito pertencente ao município fluminense de São Francisco de Itabapoana. Com isso, a empresa economizou R$ 14,1 milhões, que seriam gastos na construção de uma nova unidade industrial para executar estas funções.

Brasil tem grande reserva de Urânio

O Brasil é atualmente a sexta maior reserva de urânio do mundo, porém, tem apenas um terço de seu território prospectado. A grande quantidade de urânio existente no país torna essa uma área com ótimas perspectivas para exportação. Para tanto, a INB tem várias opções de mineração para explorar. Uma alternativa seria a expansão da própria mina de Caetité. "Nós já estamos estudando um projeto de expansão que duplica a capacidade da mina, a fim de atender à futura demanda de Angra 3 e qualquer necessidade de negociação com o mercado externo", afirma o presidente Roberto da Franca.

A empresa tem outras minas espalhadas pelo país, com destaque para Itataia, no Ceará, onde o urânio se encontra associado ao fosfato, utilizado na indústria de fertilizantes. "Neste caso, precisaríamos de um parceiro da iniciativa privada, que pudesse comercializar o fosfato, para fazer os investimentos necessários", explica Franca. Este é um projeto que requereria US$ 100 milhões de investimento, resultando anualmente na produção de cerca de 600 toneladas de concentrado de urânio.
Outra alternativa é estabelecer parcerias nas indústrias que tenham produção de minério com urânio associado. Neste cenário, a principal opção seria a jazida localizada em Pitinga, no Pará, de propriedade da mineradora Paranapanema, onde o urânio se encontra associado ao estanho. A jazida, de aproximadamente 150 mil toneladas de urânio, pode aumentar em 50% as reservas brasileiras e representar uma produção de 1,5 mil toneladas de concentrado de urânio por ano, cerca de 3 vezes a produção de Caetité.

Após ser produzido, o concentrado é enviado ao exterior, onde acontece a segunda etapa do ciclo do combustível: sua conversão em hexafluoreto de urânio (UF6). Esta etapa corresponde a apenas 3% do valor do ciclo e será a única não realizada no Brasil, apesar de termos a tecnologia. "Seriam necessárias umas oito usinas em operação para realizarmos esta etapa no país em grande escala. Como temos apenas duas, não se torna economicamente vantajoso montar uma estrutura industrial para agregá-la", informa o presidente da INB.

País está preparado para o enriquecimento de Urânio

À conversão, se segue a mais importante etapa, o enriquecimento isotópico, que corresponde a 36% do valor do ciclo do combustível. Este processo é absolutamente essencial, pois reatores de água leve (LWR - light water reactor) como os de Angra 1 e 2 utilizam urânio enriquecido a 3,5%. Apenas oito países no mundo realizam o enriquecimento em escala industrial.

Até o momento, esta etapa é contratada pela INB no exterior, sendo realizada pelo consórcio Urenco - constituído por Holanda, Alemanha e Inglaterra - que desenvolveu tecnologia de enriquecimento por ultracentrifugação. Porém, a Marinha brasileira também desenvolveu esta tecnologia, cedida à INB (ver página 31) para que seja implantada uma fábrica de enriquecimento de urânio nas instala País está preparado para o enriquecimento de Urânio nas instalações da unidade industrial que a empresa mantém em Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro.

- O primeiro módulo de ultracentrífugas ficará pronto após 18 meses. Ao final do contrato, estaremos economizando US$ 16 milhões por ano. Como as máquinas têm vida útil de cerca de 20 anos, serão US$ 320 milhões economizados, ressalta Roberto da Franca. Pelo contrato, será enriquecido urânio o suficiente para abastecer metade das necessidades de Angra 1 e 2. Porém, a tendência é que, após seu término, sejam feitas novas negociações para suprir toda a demanda das usinas nucleares brasileiras. Em função do enriquecimento, a INB poderia, inclusive, realizar a conversão em pequena escala para atender às necessidades desta etapa industrial.

Novas fábricas economizarão R$ 10 milhões anuais

Após ser enriquecido, o urânio volta ao Brasil para a etapa de reconversão do UF6 em pó de urânio. Esta etapa é realizada na Unidade II da Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC II), em Resende/RJ. Posteriormente, o pó é enviado para a fabricação de pastilhas de urânio, processo que também é realizado na FEC II. A reconversão constitui 4% do valor do ciclo do combustível, enquanto a fabricação de pastilhas responde por 8%.

A produção de pó e pastilhas dentro de um mesmo prédio proporcionará economia de recursos e aprimoramento da segurança. Para implantar ambas as unidades, foram investidos cerca de R$ 36 milhões. Numa primeira estimativa, a INB economizará em torno de R$ 10 milhões por ano, considerando o fornecimento de combustível para Angra 1 e 2. Com a construção de Angra 3, esse valor sobe para R$ 17 milhões.

A fábrica de reconversão tem capacidade de produção de 165 toneladas anuais, enquanto a de pastilhas produzirá 120 toneladas durante o mesmo período. O prédio que as contém ocupa uma área de 18 mil m2 e também abrigará as instalações da fábrica de enriquecimento por ultracentrifugação.

As pastilhas de urânio, depois de prontas, deixam as dependências da FEC II e seguem para a unidade adjacente, FEC I, para serem submetidas à última etapa do ciclo do combustível nuclear: a montagem do elemento combustível. Esta atividade corresponde a 22% do seu valor e é feita no Brasil desde 1982. Após a montagem, o combustível está pronto para abastecer os reatores de Angra 1 e 2. A cada ano, um terço dos elementos combustíveis do reator de Angra 1 são trocados. A empresa foi responsável pela fabricação de todas as recargas desta usina e pelo combustível carregado no núcleo de Angra 2 para o início das operações.
A INB também produz, na FEC I, pequenos componentes mecânicos utilizados na fabricação do elemento combustível para a alemã Siemens e para a americana Westinghouse. A empresa planeja, a partir de 2001, faturar cerca de US$ 1 a US$ 1,5 milhão com esta atividade.
Para o presidente Roberto da Franca, a nacionalização do ciclo do combustível que a empresa vem buscando nos últimos anos é da maior importância para o país. "A partir do pressuposto de que temos reservas abundantes de urânio, era imperativo que nos estruturássemos ao máximo para utilizar este insumo", afirma.

Assim sendo, o presidente da INB aposta na geração de energia elétrica via nuclear como alternativa para ajudar a solucionar a crise que o país vive no setor. "As usinas do complexo de Angra dos Reis são extremamente competitivas em relação às outras alternativas de produção de energia que existem hoje. Por isso, Angra 3 é extremamente importante para nós. A produção de energia elétrica é estratégica para o Brasil", conclui.

Revista Brasil Nuclear




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#27 Mensagem por Paisano » Qua Out 06, 2004 8:52 pm

Preocupação com urânio é econômica

Janaína Leite

BRASÍLIA - A chegada dos técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), prevista para o próximo dia 18, deverá aumentar a polêmica em torno das inspeções em instalações nucleares brasileiras. O assunto vai muito além da preocupação dos países ricos com a fabricação de armas. Caso o Brasil domine a tecnologia de enriquecimento de urânio, poderá brigar por um mercado que movimenta cerca de US$ 18 bilhões por ano, só com a venda de elemento combustível.

- Existem 440 reatores nucleares no mundo e 60% usam urânio enriquecido. Fica óbvio que os interesses dos produtores não são única e exclusivamente o desvio do material para fins militares - afirma o professor Aquilino Senra Martinez, do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ.

O professor compara as inspeções com as medidas de gasto residencial de água: - Para saber quanto é consumido, nenhum fiscal precisa entrar na casa. E é isso que os países desenvolvidos, que deitam e rolam nesse mercado tão promissor, querem fazer conosco - completa ele.

Hoje, apenas quatro empresas concorrem pela comercialização do urânio beneficiado: Usec (Estados Unidos), Eurodif/Cogema (França), Urenco (Alemanha, Inglaterra e Holanda) e Tenex (Rússia).

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de urânio. Estima-se que pode chegar ao terceiro lugar, se houver investimento para a prospecção de novas áreas. Por enquanto, o país vende apenas o minério natural, por US$ 30 por quilo. Esse valor pode chegar a US$ 1350, se todo o ciclo de beneficiamento for desenvolvido. Para tentar reverter essa situação foi investido R$ 1 bilhão da década de 80 para cá. Dinheiro que garantiu o desenvolvimento de um processo 100% nacional de ultracentrifugação do urânio.

A técnica brasileira é mais eficiente e 25 vezes mais barata do que tecnologia usada nos Estados Unidos, por exemplo. Para enriquecer 1 quilo de urânio a 4%, a ultracentrifugação gasta em média 530 kWh, a um custo de R$ 26. Na difusão gasosa, processo escolhido pelos norte-americanos, o consumo é de 13250 kWh, por R$ 662.

- Quando essa instalação de teste entrar em funcionamento, o Brasil economizará US$ 12 milhões em 12 meses. A iminência de uma crise do combustível fóssil já levou os países ricos a se preocuparem com a criação de veículos movidos a hidrogênio. O processo de fabricação desse hidrogênio e da produção de energia é o nuclear. Não podemos ficar para trás - estima o diretor da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Edson Kuramoto. No governo, todavia, ainda não há consenso sobre o uso desse tipo de tecnologia.

Fonte: Jornal do Brasil




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#28 Mensagem por Fox » Qui Out 07, 2004 12:38 pm

O professor compara as inspeções com as medidas de gasto residencial de água: - Para saber quanto é consumido, nenhum fiscal precisa entrar na casa. E é isso que os países desenvolvidos, que deitam e rolam nesse mercado tão promissor, querem fazer conosco - completa ele.


É exatamente o que eu venho dizendo há algum tempo. E só os engenheiros da AIEA fazer os cálculos, que nos da Engenharia Química conhecemos como Balanço Global (de massa = o que entra e igual ao que sai; e energético = X mol produz Y mol). Se você sabe quanto entra e quanto sai, e o grau de enriquecimento, pouco importa o processo interno! E fim de papo! :D :lol: :wink:




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Bandeira que é a nossa pista!
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#29 Mensagem por VICTOR » Dom Out 10, 2004 10:25 am

Em defesa do programa nuclear brasileiro
JOSÉ MAURICIO BUSTANI

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José Mauricio Bustani, 59, diplomata, é o embaixador do Brasil em Londres. Foi diretor-geral da Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas), de 1997 a 2002.


Desagrada-me o fato de ver o Brasil mencionado recentemente nos grandes jornais internacionais como um país cujas atividades nucleares seriam preocupantes. Na semana passada, o "Times", de Londres, recomendou que os Estados Unidos "tomassem cuidado com o Brasil" (a propósito, o jornal não aceitou publicar a íntegra de carta que em resposta lhe dirigi). Coincidentemente, no mesmo dia um "ex-funcionário" do Pentágono declarou que a Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) andaria suspeitando que o Brasil tivesse realizado operações de "compra" do cientista paquistanês A. Q. Khan.
Estranhamente, essas imprecisas acusações contra o Brasil nunca são oficiais, mas deixam no ar a séria sugestão de que o país está fazendo algo de errado.
Minha experiência como diretor-geral da Opaq faz-me acreditar que esteja em curso uma campanha de desinformação destinada a constranger o governo brasileiro para dele obter "concessões" na área nuclear. O que estamos fazendo que tanto preocupa certos países e a Aiea?
O governo brasileiro não tem nada a esconder: somos uma democracia, em que todas as iniciativas do Estado estão sujeitas a controles com base na norma constitucional, que proíbe atividades nucleares para fins bélicos. O Brasil é signatário de diversos tratados internacionais. Sujeita-se às inspeções rotineiras da Aiea. A nossa ultracentrífuga, a ser usada em Resende, não deveria suscitar tanta preocupação. Trata-se de equipamento desenvolvido endogenamente, que já está em operação há vários anos em instalações inspecionadas pela agência.
Por que, então, em Resende, tem a Aiea exigido "mais acesso"? Por que se pede com tanta veemência que o Brasil assine já o Protocolo Adicional de Salvaguardas, que daria ainda maior poder de acesso à Aiea?


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Importantes interesses parecem incomodados por o Brasil estar se tornando cada vez mais capacitado na área nuclear
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No fundo, importantes interesses parecem incomodados com o fato de o Brasil, ao passar a enriquecer urânio em escala comercial, estar se tornando um país cada vez mais capacitado na área nuclear. Não é bem visto, ademais, que o Brasil se torne autônomo na produção de combustível nuclear (é isso que a fábrica de Resende representa), podendo até mesmo exportar o produto e quebrar o oligopólio internacional na área. Preocupa que o Brasil avance em seu projeto de propulsão naval, tornando-se o sétimo ou oitavo país do mundo a se dotar de um submarino nuclear, alcançando proeminência estratégica no Atlântico Sul.
Parto do princípio de que, em razão de nossas credenciais únicas, a ninguém pode ocorrer a absurda possibilidade de fabricarmos a bomba. Nossas aspirações são legítimas e pacíficas e visam atender às necessidades de nosso extenso litoral, bem como às demandas de uma nação sedenta de desenvolvimento. Cabe lembrar, por exemplo, a última crise energética sofrida pelo país -o que exige que exploremos as fontes de energia disponíveis para atender ao sustentado crescimento da economia.
A proteção da tecnologia não é pretexto do governo para transgredir acordos internacionais. Não sejamos ingênuos: se patente resolvesse, as potências nucleares teriam patenteado a bomba atômica! A tecnologia da ultracentrífuga é 100% nacional e tem diferenciais importantes em relação às de outros países (quem não acredita que o Brasil é capaz de desenvolver tecnologia, que se lembre da nossa urna eletrônica, da declaração de Imposto de Renda pela internet, dos programas que tanta agilidade conferiram ao nosso sistema bancário...).
Se nossa tecnologia autóctone vazar, não apenas perderemos competitividade científica, técnica, comercial e industrial, mas também nossos intensos esforços de capacitação nuclear podem vir a ser mais facilmente retardados, como o vêm sendo há décadas.
Lembro que, apesar de ter assinado o Tratado de Não-Proliferação em 1998, além de todos os demais instrumentos internacionais pertinentes, o Brasil continua sofrendo restrições à aquisição de materiais nucleares no exterior. Não podemos permitir que se possam "mapear" aspectos de nossa tecnologia em que ainda não alcançamos capacitação plena: aí está nossa vulnerabilidade. Novamente, não sejamos ingênuos. Quando eu era diretor-geral da Opaq, nunca pude estar seguro, apesar de meu rigoroso envolvimento pessoal, de que o sofisticado regime de confidencialidade de "última geração" lá adotado fosse suficientemente confiável.
O governo brasileiro demonstra muito boa vontade e, porque nada de ilícito tem a esconder, vai seguramente encontrar a solução técnica que permita à Aiea verificar criteriosamente a inexistência de atividades nucleares não-declaradas em Resende, até mesmo -quem sabe?- por meio da eventual aplicação do protocolo adicional, sem prejuízo de nossos interesses legítimos.
Parece-me imperativo que a sociedade brasileira -em especial nosso Congresso Nacional e nossa imprensa- não se deixe iludir por certo "botabaixismo" doméstico e por insinuações alienígenas despropositadas sobre as atividades nucleares do Brasil. Devemos rechaçar a idéia de que somos um país "periférico". O governo do presidente Lula está cuidando dos interesses estratégicos do país. É preciso que a sociedade brasileira se mantenha unida diante dessa questão essencial para o futuro do Brasil.

Folha de S. Paulo, 10/10/2004




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#30 Mensagem por Naval » Dom Out 10, 2004 2:12 pm

Uma dúvida.
Alguém sabe informar a data que vai iniciar o enriquecimento de urânio em Resende, RJ??

Obrigado.




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