Ckrauslo escreveu: ↑Qui Jun 18, 2020 10:04 pm
FCarvalho escreveu: ↑Qui Jun 18, 2020 8:59 pm
Na teoria, o MD tem tentado fazer exatamente isso, o problema é que o ministério não tem capacidade de impor-se frente ao comando das forças. Aí, fica só na reza e na promessa.
O velho e bom bairrismo ideológico continua a toda por aqui. Bom mesmo é ser stanag e Otan, mesmo que a gente não ponha uma vírgula no que escrevem nessas regras.
abs
Em Armas pequenas, eu prefiro as da Otan.
Em blindados eu me interessei muito pelas possibilidades desses novos blindados russos, tempo vai mostrar se eles são realmente bons, mas na teoria o conceito é ótimo.
Mas nós IFV eu prefiro os da OTAN os BMP russos são muito apertados e você não tem como sair rapidamente de dentro. Jatos eu fico entre alguns da OTAN e Russos/chineses. Francamente se eu pudesse chegar e simplesmente impor.
Olá CKraulo.
Eu acredito que em uma lógica bem simples: quem tem o melhor produto, pelo melhor preço, as melhores condições e que atendem de forma mais eficiente nossos requisitos?
Para mim em Defesa ser apenas eficaz não basta nesta seara de PDI e aquisição/logística de materiais.
Tanto russos como chineses hoje já dispõe de materiais que podem ser fornecidos com padrões ocidentais ou possuem configuração aberta para integrá-los. Neste aspecto, a qualidade e o preço serão equivalentes à demanda do comprador. Se quisermos comprar algo deles que atendam nossas necessidades e parâmetros, como se comprássemos de fornecedores usuais, então temos de estar preparados para enfiar a mão no bolso.
O resto, como citei no post anterior, é usar as mesmas regras que usamos para todos. Se eles provarem que o material atende o que precisamos, resta a pergunta: por que não?
Até onde eu consigo saber, vivo fuçando sites de empresa russas, é possível observar que a herança soviética nos materiais militares foi deixada para trás há tempos. E isso tem sido um paradoxo para eles, pois a introdução de novas tecnologias e formatos industriais e de PDI tem levado a um aumento natural dos custos dos produtos. E isso tem inclusive impactado na questão orçamentária da Defesa deles. Não é à toa que o Su-57 ainda não está sendo produzido a rodo como foi com seus antecessores.
Por outro lado a China está em um processo de avanço tecnológico mais recente, mas tem conseguido avanços que são inequívocos. Mas no caso deles é complicado saber se tudo o que tem feito até agora está realmente atingido parâmetros que possam ser comparáveis aos modelos ocidentais. No caso, por exemplo, do Norinco AH-4 155 AR, o pessoal do EB em visita à empresa diz-se que ficou muito bem impressionado com o desempenho dele na demonstração realizada. Ele é um produto que foi desenvolvido para exportação, com aplicações em modelos AP-SR já em andamento, no caso o SH-5. Eles são bons para equipar o EB? Não sei. E como saber? Bem, a melhor forma que vejo para ter certeza, é trazer ele aqui e testar in loco. Os turcos já perceberam isso como uma vantagem qualitativa comercial. Sai na frene quem souber aproveitar melhor os espaços que houverem.
Eu não seria tolo de acreditar que devêssemos sair e comprar tudo que é russo e chinês só de birra dos americanos e/ou europeus. Pelo contrário. Penso que é preciso um esforço entre o MD e outros ministérios para que a coisa vá mais longe do que simplesmente ir no balcão e comprar o que acharmos legal. O envolvimento tem de ser maior que isso. E sem envolvimento, sem comprometimento de longo prazo, eles sempre estarão tentados a nos tratar como a sua imensa freguesia comum.
Imagino que sair da barra da saia do mercado americano e europeu deva ser um dever de casa impositivo para nós. E Rússia e China são apenas dois exemplos com os quais temos de aproveitar e construir novas relações no campo da Defesa. Assim como Africa do Sul e Índia, Japão, Indonésia, Singapura, Malásia, Turquia, etc.
Para conseguir alcançar os resultados que precisamos é preciso ir mais longe do que as famosas compras de prateleira. Temos de mostrar, diria provar, que somos mais que isso. Somos parceiros confiáveis. Neste aspecto, levar a nossa BID e C&T a sério e resolver de forma definitiva e pertinente a questão orçamentária do MD é parte do processo de resolução. Sem essa previsibilidade e regularidade em investimento e custeio fica impossível conseguir qualquer bom negócio por aí, com quem quer que seja.
Aí pergunto: o que estamos fazendo de prático para antever todas as nossas reais necessidades das três forças em todas as áreas de atuação, no curto, médio e longo prazo? Até onde eu sei, cada força continua simplesmente fazendo seus próprios planos e o resto... é o resto.
Vou citar um exemplo final de negócio que poderia render muito para nós:
DT-30 / DT-10 Vityaz
Estes veículos são capazes de receber múltiplas plataformas, são anfíbios, possuem três versões totalmente intercambiáveis, diferentes faixas de peso, carga e dimensões.
No caso, eu que não passo de um mero nerd em Defesa, sei que eles teriam aplicações a perder de vista em todas as armas, quadros e serviços do EB e CFN. Até a força aérea teria alguma serventia para eles, mas ninguém aqui jamais sequer tocou no nome deles. Se perguntar para algum militar se o conhecem, provavelmente ele dirá que não, e se souber que é russo, muito provavelmente vai dizer que não presta, que não serve, sem sequer conhecer o veículo...
E eu já vi ele fazer coisas em lugares que fazem a transamazõnica parecer parquinho de criança.
Mas é russo...
abs