Metade dos candidatos falha provas de acesso às Forças Armadas
Número de candidatos até supera pedidos de recrutamento, mas quase metade não comparece ou reprova nas provas de seleção. Oficial sugere cooperativas de habitação para cativar mais jovens.
Mais de metade das vagas abertas no último ano pelas Forças Armadas ficaram por ocupar, embora o número de candidaturas recebidas seja quatro vezes superior ao das requeridas. A verdade é que a maioria fica pelo caminho, seja por não cumprir os requisitos necessários, seja por não comparecer nas provas.
A realidade não é nova e reflete as sucessivas perdas de efetivos dos últimos anos nos três ramos da tropa. O cenário até pode comprometer as missões internacionais das forças portuguesas, numa altura em que ainda é cedo para retirar resultados do aumento do suplemento da condição militar aprovado pelo Governo. Atualmente, existem quase 5 mil lugares disponíveis à espera de candidatos nas fileiras do Exército, da Marinha ou da Força Aérea.
Mais de três mil vagas
Arquiteto, atirador ou operador de equipamento pesado de engenharia: só o Exército tem abertos três concursos de admissão para a prestação de serviço militar com 3115 vagas, dos 18 aos 30 anos. Durante o ano passado e os primeiros seis meses do ano, foram 6330. Nestas, apenas foram admitidos 2465 candidatos. Cerca de 30% não reuniram as condições médicas, físicas ou psicológicas durante a realização das provas de seleção.
O cenário é idêntico nos outros dois ramos. A Força Aérea tem 724 vagas. Em 2023 e na primeira metade de 2024, abriu 1625 e recebeu 3376 candidaturas. Só preencheu 647. Por sua vez, a Marinha dispõe, atualmente, de 884. Abriu 516 no ano passado e admitiu 665 novos militares (compareceram 1053 candidatos nas provas e reprovaram 328). E é nas provas psicológicas e médicas que a maioria é considerada inapta. Atualmente, existem 22 915 efetivos nas Forças Armadas. Em 10 anos, houve uma redução de 8521 militares.
Apostar na habitação
Segundo o tenente-coronel João Alvelos, do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), o facto de as vagas disponibilizadas pelas Forças Armadas não serem preenchidas pode “colocar em causa o regular funcionamento da disposição dos efetivos para o cumprimentos das missões que são atribuídas”.
“As condições não são as melhores e ainda estamos à espera do efeito da valorização dos suplementos [salariais dos militares]”, nota o membro do OSCOT.
Ainda assim, aponta que apostar na valorização das carreiras não é suficiente. “Cooperativas de habitação para quem cumpre 13 anos nas fileiras do Exército e, também, jovens quadros permanentes pode ser uma solução. O Estado não financia nada, porque quem paga a habitação é o próprio, mas pode negociar com as autarquias a cedência de terrenos que visem a construção destas habitações”, sugere.
MULHERES NAS FORÇAS ARMADAS
Marinha
Primeira fuzileira
A Marinha lançou recentemente uma campanha nas redes sociais onde procura candidatas para a primeira fuzileira, uma vez que este corpo especial nunca contou com uma mulher. Isto apesar de já terem integrado uma submarinista e uma mergulhadora nas suas fileiras.
Força Aérea
Concursos para todos
Na Força Aérea, não há registo de mulheres no Núcleo de Operações Táticas de Polícia, que desempenha funções de proteção aos aviões em zonas perigosas, e no Tactical Air Control Party (controladores aéreos avançados). Ambas as sub especialidades têm concursos abertos para homens e mulheres.
Exército
Boina verde desde 61
Já no Exército, as mulheres fazem parte das tropas especiais, com a qualificação de “paraquedistas”. Os primeiros cursos remontam a 1961 onde foram ministrados 12 formações de paraquedismo específicos para enfermeiras que formaram 47 mulheres boinas verdes. Atualmente, existem 41 militares femininas (10 oficiais /19 sargentos /6 praças).
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