Uma crítica muito "politicamente incorrecta" da invasão imigratória da Europa a partir da esquerda dissidente. Vão-se juntando as peças do puzzle em todos os lados do espectro político…
«(…)O governo germânico promoveu recentemente, em Berlim, uma conferência chamada “Diálogos e Visões para a Alemanha em 2050”. Nessa conferência previu-se que muitos dos termos sociológicos hoje utilizados tornar-se-ão brevemente obsoletos. Um desses termos é “imigrante” ou “de origem imigrante”. A brochura da conferência explica as razões para o obsoletismo do termo: todos estarão de tal modo misturados e todos terão ascendência imigrante.
Isto significa que a noção de pertença a uma nação, de ser capaz de traçar a sua ancestralidade através dos séculos na pátria em que se nasce, esta noção será obsoleta. Noutras palavras, ninguém terá qualquer identidade, para além da que é definida em função daquilo que se consome. O fetichismo dos bens e mercadorias constituirá a identidade dos alemães do futuro (NdT: e dos europeus). O documento também descreve este futuro como uma “utopia global”…só se for uma utopia para a elite dominante e um pesadelo para os milhões de desenraizados, “desaculturados”, nómadas pós-modernos. Embora ser cosmopolita possa ser uma vantagem para alguns, o cosmopolitismo como forma de engenharia social em função da classe é outro assunto. O cosmopolitismo como forma de engenharia social não é apenas luta de classe, constitui uma nova forma de colonialismo.
A colonização branca dos Estados Unidos levou ao fim brutal de séculos de culturas e civilizações nativas. Os nativos que sobreviveram à invasão colonial e genocídio estão hoje reduzidos à pobreza, exclusão social e miséria. Aquilo a que estamos a assistir na Europa é uma forma de colonialismo invertido em que as vítimas da globalização nos países do hemisfério sul estão a ser artificialmente transferidas para os Estados do hemisfério norte. Debaixo das condições do capitalismo isto conduzirá à guerra civil e ao caos.(…)
É muito politicamente incorrecto salientar estes aspectos da utopia multicultural da Alemanha e, como já mostrámos, o politicamente correcto constitui a atitude psicológica daquela classe social vacilante a que nos referimos como burguesia mesquinha. É uma forma de policiamento do pensamento baseada em injunções morais. Não podemos ser anti-semitas, não podemos ser racistas, não podemos ser islamófobos, não podemos ser homofóbicos, etc., etc. É a isto que Jean Bricmont se referiu, apropriadamente, como a “esquerda moral”. Na Europa, são melhor representados por grupos como os “antifa” que desempenham, ao nível da guerrilha social e psicológica, o papel levado a cabo pelos fantoches da NATO no campo de batalha; estes últimos a constante e infatigável promoção do sionismo como “anti-racismo” e dos interesses do sionismo sob a forma de “guerras humanitárias”.(…)»
Gearóid Ó Colmáin , 24 de janeiro de 2016
https://www.mondialisation.ca/imperiali ... pe/5504056
Gearóid Ó Colmáin , jornalista e analista político sedeado em Paris. O seu trabalho incide sobre a globalização, geopolítica e luta de classes. É colaborador regular nos sites Dissident Voice, Global Reserach, Russia Today International, Press TV, Sputnik Radio France, Sputnik English, Al Etijah TV, Sahar TV, e também já apareceu na Al Jazeera and Al Mayadeen