Falta de efetivos nos Comandos obriga a integrar Paraquedistas em missão da ONU
Força de combate a enviar para a República Centro Africana no início de 2017 sairá da unidade que Marcelo visitou segunda-feira
Os paraquedistas vão constituir o próximo contingente militar do Exército a enviar para a República Centro Africana (RCA), soube o DN junto de fontes militares. A decisão é uma consequência da falta de efetivos suficientes no Regimento de Comandos para preparar e empenhar uma terceira força consecutiva (de 90 militares) no estrangeiro, neste caso na missão das Nações Unidas na RCA - pelo que a próxima unidade será do Regimento de Paraquedistas, explicaram algumas das fontes, ouvidas sob anonimato por não estarem autorizadas a falar.
O porta-voz do Exército, tenente-coronel Vicente Pereira, garantiu ao DN não haver qualquer decisão tomada, precisando que cabe à Brigada de Reação Rápida (BRR) fazer a proposta de constituição da próxima Força Nacional Destacada (FND) a enviar para Bangui.
Em rigor, muitos dos militares comandos que regressaram esta semana da RCA poderiam partir na próxima rotação - mas isso contraria a doutrina e constitui uma sobrecarga de fadiga sobre os operacionais. Por isso é que, estando os paraquedistas "mais folgados" por já terem terminado a missão no Kosovo (ao serviço da NATO), serão eles a avançar agora para a RCA, salientou uma das fontes.
O facto é que essa decisão terá de ser tomada muito em breve, uma vez que a preparação de um contingente inicia-se em regra seis meses antes do seu envio para o exterior - período de tempo que começou a contar esta semana, com a chegada da segunda força à RCA na terça-feira.
Por isso, dada a coincidência de o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas ter visitado o Regimento de Paraquedistas na mesma terça-feira, muito dificilmente o assunto terá ficado de fora do briefing dado pelas chefias do Exército.
Esta FND atua como força de reação rápida do comandante operacional das Nações Unidas na RCA, sendo composta por uma unidade de combate de 90 militares e por meia centena de efetivos do Exército para apoio logístico, além de três ou quatro controladores aéreos táticos da Força Aérea.
Uma das fontes admitiu, contudo, que a terceira FND "pode ser mista" - leia-se incluir militares comandos. Mas sabendo-se como atuam operacionalmente as unidades de paraquedistas e as de comandos, uma integração destes últimos só pode fazer-se em números reduzidos e para áreas específicas como a de condução de viaturas, explicou outra das fontes.
A falta de efetivos do Regimento de Comandos, outra das unidades da BRR, já tinha ficado à vista no final de julho, aquando do envio do segundo contingente para a RCA.
Recorde-se que a partida dessa FND foi adiada à última hora pela necessidade de excluir seis militares, por estarem acusados pelo Ministério Público no caso da morte de dois recrutas (no curso da especialidade em setembro passado). Oficialmente, o Exército explicou o atraso com a necessidade de certificar os substitutos para aquela missão - o que exigia cinco semanas. Contudo, esse argumento não foi aceite por várias fontes ouvidas então pelo DN, dado serem apenas seis os efetivos em causa.
http://www.dn.pt/portugal/interior/falt ... 49999.html
Ou seja o Batalhão de Comandos no seu quadro orgânico três companhias operacionais, mas depois não tem efectivos para três missões consecutivas no estrangeiro... isso revela como estão os efectivos por lá. Fala-se que estão 65% e vendo o texto deve ser mais ou menos isso mesmo.