#118
Mensagem
por Marino » Ter Dez 29, 2009 10:03 am
Globo:
Suriname conta 20 brasileiras estupradas
O ministro da Justiça e de Polícia do Suriname, Chandrika Santokhi, disse que pelo menos 20
brasileiras foram estupradas em Albina durante o ataque de quilombolas surinameses, na noite do dia
24. Cerca de 55 queixas de agressão, estupro, saques e destruição foram registradas. Não há
informação oficial de mortos, mas cinco vítimas dos ataques chegaram a Belém dizendo ter visto corpos.
Até ontem, 35 suspeitos tinham sido detidos pelos ataques. Três brasileiros ainda estão hospitalizados
em Paramaribo, a capital do país.
Brasileiros relatam 'cenas de filme de terror'
No Aeroporto de Belém, famílias se desesperam sem notícias de parentes no Suriname
Camila Nobrega*
Embora a embaixada brasileira não confirme nenhuma morte em decorrência do conflito no
Suriname, brasileiros vítimas do ataque afirmam ter visto corpos de conterrâneos enquanto tentavam
fugir do local, na cidade de Albina. Ainda assustados, cinco brasileiros atacados desembarcaram
anteontem à noite de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no Aeroporto de Belém.
Após passar cerca de 15 horas escondido na mata para não ser assassinado, o maranhense
Antônio José Oliveira contou no Aeroporto que viu um brasileiro morto e ouviu relatos de que haveria
mais mortos. Segundo o jornal “O Liberal”, do Pará, que acompanhou o desembarque, Oliveira disse que
um grupo de aproximadamente 80 homens e mulheres surinameses invadiu o acampamento, e “atacou
quem via pela frente”. Instalado no acampamento há dez meses, Oliveira contou que se mudou para o
Suriname a fim de juntar dinheiro com o garimpo ilegal, mas se arrependeu, pois a tensão com os
quilombolas era constante.
Já o maranhense Fernando Lima, de 29 anos, disse ter vivido “cenas de filme terror” na cidade
de Albina, onde morava no acampamento com outros garimpeiros brasileiros. Ferido na cabeça, ele
disse que o ataque começou às 20h do dia 24 e só terminou às 4h da manhã do dia de Natal. Fernando
confirmou que a invasão ocorreu após a morte de um quilombola, durante uma briga com um brasileiro.
Ele disse que os surinameses saquearam pertences dos brasileiros: — Fugi para tentar
sobreviver, mas muita gente ficou ferida. Eu mesmo fui atingido com um golpe de facão na cabeça. Eles
saíram cortando todo mundo e levando tudo o que podiam.
Ainda atearam fogo em um posto de gasolina e em dois supermercados de chineses.
Desde que recebeu a notícia de que o marido, Reginaldo Serra, havia sofrido o ataque, Fabiane
Serra está angustiada pela falta de informações.
Reginaldo é um dos cinco que desembarcaram em Belém. Ontem, ela aguardava a chegada dele
a Altamira, onde moram. Por telefone, disse que o marido está em estado de choque: — Ele está muito
nervoso, desesperado. Pulou na água para sobreviver e viu muita gente ferida. E ainda perdeu tudo o
que tinha.
Ontem de manhã, quando o primeiro avião comercial vindo da capital do Suriname, Paramaribo,
chegou ao Brasil, famílias dividiam sentimentos de alívio e preocupação. Enquanto alguns choravam ao
rever parentes que deixaram o Suriname preocupados com o clima de tensão no país, outros estavam
desesperados com a falta de informações sobre os familiares que vivem naquele país. É o caso de Maria
de Jesus, que foi fotografada aos prantos por não ter recebido notícias do filho. Sandra de Souza foi ao
Aeroporto à procura da filha Rosângela, de 23 anos. Sem querer falar sobre o ataque, com medo de que
a filha sofresse alguma represália, ela também chorava, segurando a foto de Rosângela, que não estava
entre os 66 passageiros brasileiros do avião e mora na cidade de Albina.
Entre os passageiros do voo comercial não havia vítimas do ataque, que estão sendo trazidas
em aviões da FAB, como informou o subcomandante da base aérea, tenente coronel José Roberto de
Oliveira.
A maioria mora em Paramaribo, mas resolveu voltar ao Brasil com medo de novos ataques.
Embora a embaixada brasileira trate o episódio como um caso isolado, o senador Eduardo
Azeredo (PSDB-MG), que esteve no Suriname em 27 de novembro, afirmou que o conflito não foi uma
surpresa, pois o Itamaraty sabia da tensão constante no local. Presidente da Comissão de Relações
Exteriores do Senado, Azeredo viajou na ocasião com o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) e dois
embaixadores do Itamaraty para se encontrar com o ministro da Justiça do Suriname e tratar do grande
número de imigrantes brasileiros no país e dos conflitos relacionados ao garimpo: — Fizemos um
relatório logo que chegamos, e o Itamaraty pretende fazer esforços, junto com o governo surinamês, para
mudar a situação.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco