O governo na época deveria ter colocado por escrito o acordo para conseguir uma fábrica, veio a crise do subprime em 2008 e a Toshiba desistiu de investir no setor no Brasil.J.Ricardo escreveu: Qua Dez 11, 2024 10:19 am até hoje me pergunto, onde esta a fábrica de semi-condutores que o governo do PT negociou com o Japão quando escolheram o modelo japonês de tv digital...
Toshiba desiste de fábrica de chip, diz Cabral
Governador do Rio afirma que Dilma Rousseff está frustrada pela falta de contrapartida para TV digital
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinhe ... 200819.htm
A crise na época aqui foi bem feia... foi comum ver famílias com filhos recém-nascidos morando debaixo de viadutos... me lembro de até o governo japonês dar passagens grátis aos brasileiros para retornarem ao Brasil porque não tinha emprego.
Eu morava perto deste local do vídeo e me lembro na época tinha umas 300 pessoas morando neste local aí que apareceram do nada, varias vezes vi brigas entre funcionários da prefeitura tentando remover as pessoas e ongs defendendo os sem teto, hoje 16 anos depois ele diz que sobrou 4 pessoas no local este velho do vídeo não está desde do início em 2008 ele se mudou para este local em 2012.
Para piorar em 2011 veio o terremoto e a paralisação mundial do setor nuclear, a Toshiba novamente faz uma burrada em ter comprado uma usina no Eua e tomou um prejuízo bilionário fazendo a empresa entrar em crise atrás de crise vendendo o setor de semicondutores para os americanos e depois vendendo o setor de produção de tvs para os chineses...
Em 2008 a indústria de tvs e semicondutores japoneses entraram em crise porque o iene se valorizou e os concorrentes coreanos estavam oferecendo produtos similares pela metade do preço de marcas japonesas.
Hoje de Panasonic, Toshiba, Sharph, Sanyo, Sony, Hitachi, Pionner, Jvc, Funai, Fujitsu, Nec, Mitsubishi e DX, sobrou somente (Sony, Funai, Panasonic e Sharph) o resto ou abandonou a produção de tvs, ou foi vendido para China.
Um outro fator que contribuiu para o fracasso das empresas japonesas e que elas eram todas rivais e não compartilhavam nada entre elas, cada uma tinha sua própria linha de produção de semicondutores, telas de lcd etc, bem diferente da TSMC por exemplo que fabrica vários tipos de semicondutores para qualquer cliente, me lembro que a Sony também quase desistiu de produzir tvs passou vários anos somente no vermelho e quem salvou foi o setor de filmes.
Abaixo uma reportagem da época sobre o assunto no Japão.
Quando os semicondutores retornarão? ~Taiwan em ascensão, Japão ficando para trás
28 de maio de 2009
Ponto de vista de Wataru Izumiya
"Ouvi dizer que os fundos de investimentos está diminuindo rapidamente. Fundos públicos no valor de 200 trilhões de ienes já foram injetados no mundo todo. Mas ainda assim, não há sinal de recuperação. Quando as coisas voltarão ao normal?" murmurou o chefe de uma fábrica central de um grande fabricante nacional de semicondutores, incapaz de esconder sua irritação.
A tendência de recuperação da indústria eletrônica até agora tem sido um padrão de recuperação dos Estados Unidos, depois da Europa e, por fim, do Japão, que segue o exemplo e cresce. Porém, desta vez é bem diferente. Espera-se que a economia dos EUA como um todo experimente um crescimento negativo de 2% em 2009, e a demanda privada ainda está lenta. Em resposta a isso, a China implementou subsídios para incentivar a compra de automóveis, eletrodomésticos digitais, telefones celulares e outros produtos, e a demanda privada está se expandindo rapidamente. Inicialmente, os subsídios eram limitados às áreas rurais, mas recentemente foram estendidos às áreas urbanas, como Xangai, impulsionando a recuperação econômica.
O aumento nas compras chinesas de equipamentos de TI está começando a ter impacto nos fabricantes de semicondutores europeus e americanos, bem como nas fundições taiwanesas. A TSMC, uma grande fundição taiwanesa, já está operando em capacidade máxima para processos de ponta, como 40 nm e 65 nm, com suas linhas lotadas. Além disso, a VIZIO, uma empresa norte-americana de TV LCD, viu um aumento repentino nas vendas graças à sua funcionalidade decente e preços acessíveis, e voltou ao topo das vendas nos EUA pela primeira vez em muito tempo. As TVs Vizio vendem bem nos Estados Unidos, mas também enviam uma grande quantidade para a China.
Infelizmente, o impacto dessa demanda especial da China não teve um impacto muito positivo em empresas japonesas como Sharp, Sony e Toshiba. Isso não é surpreendente. Os equipamentos eletrônicos japoneses são caros devido à sua alta funcionalidade e qualidade excessiva e, como usam infraestrutura doméstica cara (água, eletricidade e mão de obra), são completamente acirrados em termos de preço no mercado global. Se forem os ricos e as classes médias da Europa e dos Estados Unidos que estão impulsionando a atual recuperação do mercado de TI, eles provavelmente comprarão muitos produtos japoneses, o que terá um impacto positivo nos fabricantes japoneses. No entanto, a força de mercado que impulsiona a indústria global de TI hoje são países emergentes como China, Índia, Rússia e Brasil. Naturalmente, eles só compram TI de baixo preço.
Nessa situação, é fácil até para um estudante do ensino fundamental entender que o Japão ficará muito para trás. Se os eletrônicos japoneses atualmente não conseguem competir com o mercado global, é natural que os fabricantes japoneses de semicondutores não estejam se recuperando. Isso ocorre porque mais de 60% dos semicondutores japoneses são vendidos para fabricantes nacionais, sendo as vendas para mercados estrangeiros bastante fracas.
A maioria dos consumidores de eletrônicos em países como Brasil, Rússia, Índia e China tem uma renda anual de aproximadamente US$ 3.000. Esse grupo era de cerca de 200 milhões em 2005, ultrapassou 500 milhões em 2010 e espera-se que chegue a 1 bilhão até 2015. A menos que o Japão conquiste esse grande mercado, não haverá recuperação. No entanto, a menos que mudem seu estilo de negócios atual, é óbvio que os fabricantes de eletrônicos e semicondutores acabarão em uma situação em que apenas um fabricante japonês sairá perdendo.
Em outras palavras, não importa o quanto os fabricantes japoneses de semicondutores reclamem sobre o motivo pelo qual o ciclo do silício não está se recuperando como os anteriores, nada acontecerá. Mesmo que o mundo inteiro esteja no caminho da recuperação, o Japão pode acabar ficando para trás se não tomar cuidado.
O maior consumidor de semicondutores agora são os eletrodomésticos digitais, não os computadores pessoais. Os celulares também estão a caminho de passar do terceiro para o segundo lugar. Olhando para isso, fica claro que, a menos que produtos de baixo preço se tornem o núcleo das aplicações de semicondutores e semicondutores com funcionalidade decente possam ser fornecidos em grandes quantidades, os semicondutores japoneses nunca mais crescerão. Além disso, a menos que os fabricantes de equipamentos superem sua estrutura de alto custo, eles não serão mais capazes de competir no cenário mundial. Afinal, o custo total de uma TV Sony Bravia é de US$ 1.581, enquanto a rival Samsung a fabrica por apenas US$ 1.111.
Akira Minamikawa, um conhecido analista do setor (vice-presidente da iSuppli Japan), disse o seguinte sobre a recente falta de vitalidade entre as empresas japonesas: "De qualquer forma, os principais membros da indústria de semicondutores do Japão estão todos ficando mais velhos. Os mesmos membros de 20 a 30 anos atrás estão liderando pesquisa e desenvolvimento, planejando investimentos de capital e desenvolvendo estratégias de produtos. Não podemos vencer assim."
https://www.semiconportal.com/archive/b ... ifuku.html
Se passou 15 anos e hoje:
Saiu uma reportagem na semana passada mostrando que 3 empresas chinesas lideram as vendas de eletrodomésticos no Japão, eles conseguiram isto em 4 anos (2020/2024), o motivo é que os salários no Japão não aumentam, então os japoneses ficando cada vez mais pobres são obrigados a optar por produtos mais simples/baratos e para ajudar... a indústria japonesa ainda hoje continua a priorizar produtos caros...