#11774
Mensagem
por FCarvalho » Sex Mar 07, 2025 3:56 pm
Uma questão a ser vista nesta história de míssil AAe da marinha em relação a uma suposta versão grande altura\alcance.
Se o ASTROS 2020 fosse usado como plataforma, o container atual só cabem 4 foguetes da série SS-60, que possuem 300mm de diâmetro, e pouco mais de 5 metros de comprimento. O peso varia de acordo com a versão dos foguetes. No caso do AV-MTC, o míssil possui 450mm de diâmetro, 5,5 metros de comprimento, pesando em torno de 1.400 kg. E só cabem duas unidades por vez. Neste sentido, para que um míssil de longo alcance possa ser usado a partir de célula que caiba nestes containers, é necessário limitar as dimensões do mesmo de forma que seja suscetível à plataforma.
A versão ASTROS III proposta apresenta um novo container capaz de disparar até 4 AV-MTC ou 12 foguetes da série SS-60, de maneira que a capacidade de resistência da plataforma em atuar no TO por mais tempo, e contra uma diversidade de alvos fica aumentada expressivamente. Me parece, neste sentido, se a ideia de projetar um míssil de grande alcance\altura pela MB deve passar antes de mais nada, pela definição da plataforma terrestre básica a ser utilizada, de forma que isto possa orientar, também, as dimensões primárias do corpo do míssil, e por conseguinte, seu desempenho dentro daquilo que ele for capaz de sustentar em termos de tamanho, volume, combustível e propulsão.
Em que pese a possível utilização destes mísseis nas FCT, é preciso saber qual seria o tipo de células a MB comprou para equipar aqueles navios, e se estas teriam condições de arcar com mísseis maiores que os CAMM adquiridos para equipá-las. Acho muito difícil que qualquer coisa maior que os mísseis britânicos caibam nestas fragatas bombadas da marinha.
Fica também algo ainda a ser definido tecnicamente pela MB, e demais forças, diria, sobre o que elas consideram como sendo o desempenho básico de um sistema de grande altura\alcance. Sabemos que o sistema de média altura do EB estava definido como 15 mil metros de altura e 40 km de alcance, podendo chegar até 80 km. O míssil de grande altura seria então pouca coisa maior que isso? Se sim, ele ficaria limitado a que distância e altura, uma vez que a nossa doutrina AAe supõe que qualquer coisa voando além de 15 mil metros é de atribuição dos caças da FAB? A MB aceitaria tal limitação para seus futuros escoltas em pleno oceano, longe da costa, e da cobertura aérea da FAB?
Penso que definitivamente um coisa está descartada: o emprego do MANSUP como base para um míssil de grande altura\alcance, assim como o AV-MTC. Claro, suas tecnologias podem ajudar a projetar um futuro míssil, mas, grosso modo, pelo que temos já acordado, aparentemente, em termos de média altura\alcance, o sistema que funcionará acima, muito provavelmente será uma versão apenas encorpada deste, de forma a atingir o desempenho apontado quando da definição da arquitetura de ambos. E se for, por exemplo, apenas questão de duplicar o alcance - que se acontecer, não será exatamente uma novidade nos RO das ffaa's - isto significa um míssil de, pelo menos, 80 km de alcance, até no máximo 160 km, o que em termos de Brasil, com certeza já é muita coisa.
Estou meio convencido de que se se chegarmos a um míssil de longo alcance nestas condições, a priori, estaremos bem servidos, já que as tecnologias que temos aqui podem, em tese, apor a base necessária para o seu desenvolvimento. Ficaria faltando entender qual\quais seriam as plataformas terrestres a serem utilizadas, uma vez que não acredito que a MB desenvolva um sistema AAe sem vislumbrar, também, o seu pleno emprego no CFN.
A ver.
Carpe Diem