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Mensagem
por FCarvalho » Sáb Fev 24, 2024 12:50 pm
O que demonstra que a FAB está em uma sinuca de bico em relação ao A-29, e não sabe o que fazer, é o fato de até hoje, mais de 15 anos depois de sua entrada em operação, sequer um MLU foi pensado para ele, ou mesmo atualizações pontuais onde e quando possível. Podemos dizer que os Super Tucano da FAB em operação hoje são os mesmos aviões de vinte anos atrás, literalmente. A negativa em solicitar novas encomendas, mesmo sabendo que a Embraer tem unidades disponíveis para pronta entrega demonstra isso.
A mim me parece que na falta de verbas, e de saber o que fazer, eles estão cozinhando o avião da Embraer a panos mornos e deixando ele aí para ver até onde vai do jeito que está. É clara e inequívoca a discussão hoje no comando da FAB sobre o futuro da formação de novos caçadores, a começar por Natal, onde se forma os pilotos como alas, enquanto que nos esquadrões do 3o Gav eles são formados como líderes de esquadrilha, além da caça operacional em si, nas suas missões de vigilância de fronteira.
Até o momento esta linha de ação tem funcionado bem na FAB neste século tendo em vista os caças de primeira linha, como F-5M e A-1M. Mas a introdução do Gripen E\F mudou tudo desde 2014. Inclusive no sentido de contestar o atual treinamento em Natal e no 3o Gav. Conquanto, fato é que além de treinador, o Super Tucano é um vetor que cabe como uma luva para a realidade da defesa aérea das fronteiras, que não necessita e não pede um vetor a jato. Já em Natal, a questão fica mais complicada.
Acho eu aqui com os meus botões que um jato LIFT em Natal, para depois seguir para o A-29 em BV, PV e CG na cabeça de um jovem tenente caçador, vindo de um treinador a jato de alta performace, pode parecer um pé atrás de nível na sua carreira, o que penso, deva ser o mesmo que se passa na cabeça de alguns estrelados da caça no alto comando da FAB. Porém, a AEL junto com a Embraer já tem estudos em mãos para um possível MLU dos Super Tucano que deixaria o avião o mais próximo possível, em termos de sistemas de missão, dos F-39 na primeira linha. É algo com que a FAB também deva estar batendo cabeça agora, se vale a pena ou não.
Pessoalmente, creio que no caso da adoção de um jato LIFT em Natal, a linha de ação na formação de novos caçadores poderia se inverter, com a formação dos alas no 3o Gav, e depois de 2 ou 3 anos por lá, formados operacionalmente, seguiriam para Natal e seus jatos, para a formação de líderes de esquadrilha e conversão operacional para os Gripen E\F. Mas para isso funcionar direito, de preferência temos que ter um LIFT em Natal, qualquer que seja o modelo escolhido, que se aproxime também o mais possível dos sistemas de missão operados na primeira linha. Isso significa que o novo LIFT a jato precisa ter a maior comunalidade possível com os Gripen E\F, tanto logística como operacional, vide a tradição da FAB em se virar com o que tem na mão como primeira linha, mesmo que seja um vetor emprestado de outros setores.
Então, como nada vai mudar tão cedo na quantidade de caçadores formados, fica difícil justificar ao erário público a ampliação dos esquadrões de A-29 na fronteira, assim como a introdução de jatos em Natal, o que deixaria o custo de formação de pilotos mais caro. Caro demais até para os atuais padrões orçamentários de custeio e investimento da Defesa no Brasil.
Carpe Diem