gabriel219 escreveu: ↑Sex Abr 28, 2023 8:09 am
Suetham escreveu: ↑Qui Abr 27, 2023 10:55 am
Eu não estava conseguindo acompanhar direito no domingo e na segunda pq desde sábado estava em viagem de trabalho e o wifi do hotel era uma bost@, ficar no celular e ainda postar no fórum era complicado pra mim.
É mt provável que isso é um ataque diversionário com limitado potencial de ser real. Não se pode descartar completamente que os ucranianos considerem seriamente forçar o Dnieper, mas apenas em circunstâncias muito específicas. No estado atual, uma passagem em vigor com seus meios anfíbios limitados levaria a uma cabeça de ponte extremamente vulnerável à menor contra-ofensiva séria, mesmo que os ucranianos conseguissem tomar um centro urbano como Oleshky ou Nova Khakovka. Portanto, deve ser um pré-requisito absoluto para tal movimento que a maior parte das reservas russas seja ocupada em outro lugar, normalmente repelindo uma ofensiva numerosa em outro lugar. Só então pode-se imaginar os ucranianos lançando um ataque ao Dnieper. São muitas suposições e "ses".
Agora brangendo a estratégia adotada pela AFU, o objetivo é “apodrecer” a situação nas margens para os russos de forma a obrigá-los a manter uma presença significativa naquele lado, limitando as tropas disponíveis para defender Melitopol ou Berdiansk, especialmente se posteriormente permitir uma derrota em definitivo, todas essas unidades serão sufocadas pelo itsmo da Criméia.
Como uma força diversionista com um potencial real de travessia se as condições forem adequadas, os ucranianos podem de fato tentar algo real ali. Se os russos estacionam forças em resposta, a AFU fica contente já que não estarão na frente ampla de Zaporizhia e se eles não estacionam nenhuma, então realmente podem cruzar o Dnieper, e também ficariam contentes. Posteriormente, de acordo com o ISW, o agrupamento russo em Kherson é provavelmente o mais medíocre dos presentes na Ucrânia, misturando unidades em reconstituições e fragmentos de unidades em falta de pessoal. O que não é ilógico, aliás, dada a formidável proteção oferecida pelo Dnieper. Não tenho certeza se essas unidades com potencial de combate limitado estão fazendo muita falta para os russos sendo consertados aqui. Mas confirma que esse agrupamento tem o potencial de ser pressionado por uma força relativamente limitada.
Na minha opinião, com base nessas informações, a possibilidade de cruzar o Dnieper está sendo seriamente explorada pelos ucranianos, e seria a cereja do bolo se o desenvolvimento de sua contraofensiva permitisse mobilizar forças russas suficientes para garantir que o pequeno grupo russo na margem esquerda do Dnieper não receberá grandes reforços. Mas ainda estamos longe disso, e tudo dependerá do sucesso do principal esforço ucraniano, provavelmente alguns ao sul de Zaporizhia, com uma resistência muito mais séria à derrota.
Pelo que vi da reação Russa contra o desembarque da AFU, acho que dificilmente qualquer ofensiva da AFU na região consiga ter algum êxito, até mesmo quanto a manter tropas Russas no local.
Pelo que pude constatar, creio que a quantidade de Infantaria Russa nem seja o crucial para impedir uma operação de translado, mas sim aviação e artilharia. Com umas 20 aeronaves disponíveis, Lancet, Geran e artilharia em geral, a AFU até conseguiria se estabelecer brevemente em Dacha ou Vesele, mas não por muito tempo. Segundo fontes, os Russos reagiram com artilharia 30 minutos após o desembarque, 45-60 minutos com a VKS.
Com base nisso, creio que não mais que 7 mil tropas é mais que o suficiente para barrar qualquer tentativa de desembarque, já que só há dois meios que a AFU poderá usar como translado com material pesado, que é Dacha-Oleshky e Vesele-Nova-Kakhovka. O restante, será basicamente infantaria leve com barcos pequenos, o que uma OM no valor Batalhão conseguiria barrar, como houve em Enegodar, onde até tentaram utilizar Mi-8 e dois Ka-52 apareceram para barrar o translado da AFU, no ano passado.
O único local em que poderia haver um ataque diversionário para retirar ou prender tropas seria em Bakhmut, mas também acho bem difícil, já que os últimos reportes indica que a AFU começa a abandonar de vez a cidade, demolindo prédios enquanto recua.
Eu não estou tão certo disso. Essas manobras poderão(e provavelmente são) constituir uma primeira fase da contraofensiva, sendo tal operação, não ocorre em um único assalto, a AFU procurará primeiro localizar os pontos fracos dos pontos defensivos russos na margem esquerda, enquanto tentam destruir as linhas de apoio logístico, já foram realizadas as duas tentativas, pois, também tivemos relatos de ataques com Himars em Kherson/Melitopol.
Para uma pequena força de veículos blindados leves anfíbios e/ou buggy de FEs, há menos de 100 km em estradas secundárias entre o delta do Dnieper e o eixo logístico E97. Uma posição de bloqueio nesta estrada proibiria os suprimentos russos para a costa e cortaria as forças russas de sua retaguarda, permanecendo sob o guarda-chuva da artilharia ucraniana posicionada a menos de 50 km da outra margem.
O problema?
A composição da força de desembarque. Reconhecer 100 km além do Dnieper para interditar um eixo logístico russo com uma pequena força blindada leve é uma tarefa impossível nas condições ucranianas atuais que conhecemos.
As chances são mt maiores de que não vai funcionar, mas a intento poderia ter esse direcionamento.
Além disso, envolve mais coisas. Acima de tudo, mesmo que funcione, por quanto tempo funcionaria? E sobretudo, depois de quanto tempo a força de desembarque se verá cercada e depois exterminada? Isso tem um importante efeito militar. Isso só pode ser feito em conjunto com um ataque total combinado que reforce uma posição já estabelecida na retaguarda inimiga. Exatamente como a operação militar aerotransportado durante a Operação Overlord que garantiram as pontes e desestabilizaram a chegada de reforços alemães semeando a confusão. Mas em caso dos problemas supracitados, esse tipo de aventura também pode virar rapidamente para uma versão Market Garden.
Caso a Ucrânia e OTAN/Ucrânia identifiquem poucas tropas russas estacionadas em Kherson, isso pode significar que uma pequena força de desembarque tem maiores chances de sucesso, mas ainda seriamente difíceis de êxito total ou mesmo parcial, pois, ainda assim, as forças de desembarque estarão muito vulneráveis, já com relação aos russos, muda o cenário com poucas reservas russas para acionar, os russos não terão outra escolha a não ser recuar, isso claramente tem que estar em conjunção de uma possível operação aérea da AFU atacando bases da Crimeia sob a assistência direta dos ativos ISR da OTAN para anular essa superioridade aérea da Rússia na área de ação.
Vale lembrar que os ucranianos não tem os recursos necessários para fazer isso, não em quantidade suficiente para tornar esse tipo de operação uma realidade operacional, pelo menos até onde conseguimos rastrear em fontes abertas de entregas ocidentais e/ou que os próprios ucranianos publicam.
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O grande ponto de interrogação dessa possível contraofensiva ucraniana continua sendo Zaporizhzhia. São poucas informações que saem de fontes ucranianas sob essa frente ao sul, a maioria das informações de implantações, rotações e criações de unidades saem de fontes russas que usam informações e declarações de autoridades políticas e/ou militares russas.
Veremos o mesmo tipo de ação ucraniana citado nessa mesma frente, mas com bombardeio em direção a Tokmak, pois a cidade não é apenas uma encruzilhada estratégica, mas abriga também um centro de comando russo, instalações como um depósito de munições e um centro de redistribuição de tropas e um nitidamente um avanço com apoio mecanizado pela AFU.
Se tomarmos o desembarque na Normandia, Bagration ou mesmo Barbarossa como referências históricas, o lançamento de uma grande ofensiva é sempre difícil de esconder, se não impossível em dias modernos. Toda a arte consiste em cegar o adversário e persuadi-lo de que não irão atacar (exemplo: Stalin em 41 de junho que se recusou a admitir que os alemães iriam atacar, apesar de todas as informações que remontam a ele e que mostram as evidências em contrário) ou mostrando ao adversário que seria estúpido fazê-lo exemplo da Normandia contra Pas-de-Calais e Bielorrússia contra Ucrânia/Romênia para Operação Bragration.
Definitivamente, todos os caminhos da contraofensiva ucraniana ao sul levariam, portanto, à região de Kherson para depois se preparar para a Batalha da Crimeia. Mas é um cenário que tem um ar de déjà vu. Uma possibilidade de um ataque diversionário não pode ser negligenciado, a última ofensiva ucraniana que teve sucesso completo que levou a recaptura de Kharkiv em setembro de 2022, a AFU fingiu que o eixo ofensivo principal seria em Kherson para enganar os russos.
O único ponto aqui em relação aos russos, mesmo que eles consigam retardar o avanço ucraniano ou mesmo paralisar totalmente a contraofensiva, dificilmente eles terão forças para avançar, mesmo que a AFU consiga mudar a iniciativa em uma ou mesmo duas frentes ativas, os russos não sairão com vigor dessa ação ucraniana com potencial ofensivo suficiente para empurrar as unidades ucranianas para trás. Historicamente falando, durante a história da Batalha de Kursk na primavera-verão de 1943, as fortificações russas atrasaram os alemães, mas foram sobretudo as 2 contraofensivas em torno do saliente de Kursk que quebraram o exército alemão. Note-se também que as perdas soviéticas foram enormes, mais de 450.000 (mortos, feridos e desaparecidos) contra 60.000 para os alemães.
Não acredito que o exército russo de 2023 conseguiria, por um lado, fazer tais fortificações, organizar 1x/2x contraofensivas decisivas e suportar tantas perdas.
Embora, boas defesas aumentem significativamente o custo humano e material para o atacante, não sabemos a real capacidade da Ucrânia para essa contraofensiva(Oleksiy Reznikov acaba de afirmar que a Ucrânia está pronta para a ofensiva só esperando a decisão do comando superior e o clima ficar mais favorável) e defesas sempre podem ser furadas/contornadas, a vantagem dos ucranianos é o nível de consciência situacional, então não faria sentido pra mim chegar a qualquer conclusão acerca disso agora.
As operações defensivas são geralmente mais complexas do que as operações ofensivas (coordenação, dispositivos fixos pelo menos parcialmente contra um adversário que tem a iniciativa, inferioridade numérica...). O atacante tem um objetivo terrestre de avançar, ele terá que encontrar um local onde possa furar a defesa sem sofrer muitas perdas para poder explorar por trás (cortar suas linhas, fazer uma encruzilhada logística, cercá-lo), perfurar para encontrar-se diante de um pântano não faz mt sentido. Explorar um avanço é complexo, precisa avançar rápido, longe, mas evitando ficar isolado, pode até ser uma tática interessante deixar o atacante se esticar para melhor destruí-lo. Houve casos assim em ambas as duas guerras mundiais, mas onde a exploração por trás era impossível devido à falta de força ofensiva.
O equipamento ocidental geralmente é bom. Tenho mais medo do uso que será feito dela. A capacidade dos ucranianos de surpreender seus oponentes parece menos óbvia para mim do que durante a ofensiva Kharkiv-Kupiansk no outono passado. Da mesma forma, não estou certo de que a qualidade do equipamento pesado ocidental vá realmente fazer a diferença, é a massa geral que contará, especialmente na artilharia, no que rapidamente poderá se tornar uma nova batalha de desgaste.
Um outro problema que vejo é que os ucranianos terão que trazer seus (já enfraquecidos) meios antiaéreos para mais perto da linha de frente para conter a nova ameaça de bombas guiadas. Mas ao fazer isso, seus S-300s se tornarão mais vulneráveis aos Lancets, Geran entre outros. Isso é o que estamos começando a ver, ao que parece. Não sabemos até que ponto isso vai influenciar na decisão da Ucrânia de esperar para avançar até recomposição das unidades perdidas ou vai partir pro pau assim que as condições climáticas forem favoráveis, considerando o que o Ministro da Defesa da Ucrânia afirmou que só está esperando a decisão de cima para agir.
Uma grande operação envolvendo a travessia do Dnieper seria reconhecido previamente pelos russos, além disso, tal operação seria muito arriscado devido a transposição do rio Dnieper, aqui é mt mais arriscado do que avançar pela faixa terrestre de Zaporizhzhia, isso sem falar dos pântanos que tornam impossível um desembarque de veículos pesados ali como vc mesmo mencionou, MEM necessários para romper as linhas inimigas e etc. Talvez uma grande opção também para a contraofensiva seja Donbas. Especificamente a região de Luhansk. Não tem o Dnieper para cruzar, mas existe a desvantagem de que o terreno é mt menos plano do que a região de Kherson com mais cidades para conquistar, o que tornaria um progresso mt mais lento.
O problema é que o contexto de pressão para essa contraofensiva hipotética em Donbas pode ter consequências devastadoras para o planejamento das operações. Tal pressão levará os ucranianos a realizarem uma operação espetacular que eles mesmos pré-anunciaram, isso cria mt expectativa em função disso, ao invés de criar expectativas mais conservadoras, como um avanço mais devagar e com maior segurança, levando até mesmo a priorizar a conquista de território sobre a destruição de unidades russas, pq um mapa desenhando um avanço ucraniano parece ser mais popular na mídia social do que relatórios e briefings sobre tal unidade destruída e/ou capturada, algo que o MoD russo publica quase diariamente desde o início da guerra.