J.Ricardo escreveu: Seg Fev 15, 2021 10:48 am
Acho que se o Amaral tivesse focado no veículos utilitários, um bom projeto, inspirado nas caminhonetes japonesas, que não eram tão sofisticadas como são hoje, poderia ter tido um futuro melhor...
Algo desse tipo aquela época teria revolucionado o mercado.
Já imaginaram um desse em pleno anos 80? Aqui teria feito muito estrago no mercado local.
Cupincha, o que eu quis dizer com "old school" referente ao Gurgel foi que o seu modelo de negócio já estava se exaurindo no final dos anos 70, quando o mais difícil era não topar com um dos jipinhos dele, feitos em cima do "chinelo" do Fusca na rua. Era andar cinco minutos e ali estava um, andando ou estacionado; e nem era o único, tinha o Puma GTE/GTS com o mesmo "chinelo", o GTB com o do GM Opala 6 cil, o Miúra que largou com o da Brasília e terminou com o do Santana (AP 2000), e tudo isso por uma razão que fazia todo o sentido do mundo na época mas hoje a maioria nem sabe: ERA PROIBIDO (melhor, proibitivo) IMPORTAR!
E por azar só tinha quatro subsidiárias das grandes montadoras aqui: VW, Ford, GM e Fiat. E elas preferiam fazer e vender carro "popular" (este termo ainda não existia em Português, até onde eu possa lembrar) e "médio", sendo o Fusca (VW) o rei dos primeiros e o Opala (GM) o dos segundos, com o Maverick (Ford) sendo a coisa mais "esportiva" que havia. E fico nisso para não dar textão muito grande.
Bueno, o típico "empresário brasileiro" - Gurgel, p ex - era um cara que tentava ganhar com uma unidade o que os estrangeiros esperavam ganhar com cem, e para isso tinha o melhor dos dois mundos: comprava barato os insumos das grandes montadoras e de suas redes de fornecedores e fazia os veículos que faltavam (jipes leves, p ex) no mercado gastando pouco e vendendo-os a preço de zona.
E aqui corto direto para a conclusão: enquanto não concorria diretamente com a "mamãe" VW & alguma de suas três cupinchas o Gurgel podia fazer quantos jipinhos quisesse; no que se fresqueou de fazer o BR-800, que ia concorrer direto COM AS QUATRO (e já eram um Cartel) no "mercado-filé" usando um monte de insumos da VW (o motor era um BX 1600 cortado ao meio e com umas pequenas melhorias, p ex), claro que não ia colar e não colou, com o requinte de os fornecedores serem educadamente convidados a escolher entre As Quatro e a Gurgel, e com o GF tirando o time, pois não podia se dar ao luxo de ver sequer uma só delas se mudando de vez para a (então ainda) arquirrival Argentina.
Daí veio charla de carrinha a pilha & quetales; pick-up nem pensar, Ford e GM já faziam as suas F100 (depois F1000) e C/D10 (depois C/D20), ia comprar motor e insumos de quem (lembrar, não dava para importar)? É o que volta e meia digo, não dá pra começar a casa pelo telhado, o cara nunca nem pensou em desenvolver motor, transmissão e criar sua própria rede de fornecedores, seguindo sempre na garupa da Volks. Deu no que deu.