Para as perguntas 1 e 2: O governo vai gastar algo em torno de 260 milhões em 6 meses para a operação de GLO que ativou no Rio, uma manobra mais de marketing político do que de efetivo combate à criminalidade da cidade. Dinheiro, se quiserem, aparece de qualquer jeito.
260 milhões de reais, diga-se. Se o Ocean nos for vendido por US 80 milhões, só aí vai-se 250,6 milhões de reais. Isso claro se esse fosse o valor, o que duvido muito. Fora os custos de transporte, logística, formação de tripulação, manutenções/atualizações que devam ser feitas... enfim, não será um negócio barato. E ademais, qual a desculpa para comprar um navio destes agora, quando o governo corta na carne as verbas do MD alegando a eterna falta de verba e a manutenção do equilíbrio fiscal estatal? Não, o dinheiro não aparece assim tão fácil e de qualquer jeito.
Assim como a compra do G-40 Bahia também houve justificativa adequada e a adequação do orçamento ocorreu. Os valores são passíveis de negociações, inclusive parcelamento. Os gastos inerentes da adaptação de tripulações e logística são óbvios, cito novamente a incorporação do Bahia. A questão orçamentária não é incontornável, exemplo dado pela GLO no Rio, como já disse. Havendo vontade, a verba aparece.
3: Não me consta que Seahawk e Super Cougar não atendam à plena capacidade operacional do navio.
Os helos em si com certeza, mas e os quantitativos e a disponibilidade dos meios. O navio leva até 18 helos. Nós teremos com alguma sorte 16 UH-15/A mais os 6 SH-16 até 2021. Os 7 UH-14 só com um grande up grade poderão seguir mais alguns anos, apesar de serem contemporâneos dos SP da FAB, já fora de uso. Deveriam ser substituídos por mais UH-15, mas qual governo ou cmdte da MB vai fazer isso?
Nem no A-11, nem no A-12 se operava com a capacidade máxima de aeronaves. Nem a RN opera o HMS Ocean com a dotação máxima de aeronaves. Me parece que não preciso justificar a obviedade desse estratégia.
4: Não me parece razoável comparar um navio com quase 60 anos, movido à vapor, com tripulação que poderia chegar a quase 2 mil pessoas com outro propelido à diesel, com 20 anos de uso e com a tripulação equivalente numericamente à uma fragata da classe Niterói.
O navio como bem dissestes já tem vinte anos. Será que mesmo com as atualizações sofridas ainda a serviço da RN ele será um navio exatamente barato para os paupérrimos padrões orçamentários da MB? Os custos de um navio como estes não podem ser contados apenas com tripulação e logística operacional.
É para isso que a Marinha vai enviar uma comissão técnica para vistoriar o navio e levantar, dentre outras informações, questões como essa levantada por você.
De qualquer forma o HMS Ocean pode ser, ou não, uma boa aquisição. Não sem antes serem bem pensadas questões como as aqui levantadas. Estamos em um momento de transição, e que não é dos melhores, com poucas ou nenhuma boas perspectivas de futuro para a MB. Não temos sequer garantias de que teremos uma esquadra no final do próximo governo. Isso logo ali em 2022.
Conforme disse acima, a Marinha vai avaliar tudo isso com critério, por gente capacitada para diagnosticar não só questões técnicas e operacionais, como também custo dessas operações.
Ainda sou de opinião de que devemos evitar novamente o mesmo erro de antes, que é querer começar a casa pelo telhado. O Ocean pode ser um exemplo disso na atual situação.
Não é "começar pelo teto". Oportunidade é o que é, ou se aproveita ou se perde. É bom recordar que já perdemos várias por puro "encantamento" por opções que, diziam, poderia ocorrer de maneira diferente. No fim, ficamos sem os dois, como todos sabem.
Mas eu honestamente acho que no Brasil raramente as pessoas aprendem esse tipo de lição.
Coisas de país sem memória.
Não é o caso. Tudo será feito com responsabilidade. Não há, nem na equipe que vai à Inglaterra vistoriar tecnicamente o navio, nem no Almirantado, deslumbrados e/ou radicais. A Marinha sabe melhor que ninguém 'onde o calo aperta'.
Att.