Nenhuma destruição de cidades em si ameaçaria a humanidade, mesmo que fossem mil cidades distribuídas por cem países. Somos demais, vários bilhões, e acabar com a humanidade apenas matando e destruindo cidades não faria muita diferença em termos históricos, em algumas dezenas ou no máximo centenas de anos estaríamos de volta onde estamos hoje. Perceba que as cidades e a infra-estrutura da Alemanha e do Japão foram destruídas em escala gigantesca durante os anos finais da Segunda Guerra Mundial, mas dez anos depois ambos os países já estavam praticamente recuperados. Mesmo se as potências nucleares por algum motivo tomassem a decisão de usar suas armas atômicas especificamente para matar a maior quantidade de humanos possível, ainda assim não haveria ogivas suficientes para destruir a tudo e a todos. Uma guerra nuclear total, que seria muito menos "eficiente" em termos de destruição, seria uma tragédia política e humanitária, mas apenas um evento passageiro para a humanidade no nível em que nós já estamos. Não muito pior do que a Peste Negra foi para a Europa na idade média.Clermont escreveu:Taí, curiosidade mórbida do dia: qual seria o "ponto sem retorno" para o planeta numa guerra nuclear?
Digo, se dez cidades americanas e dez russas forem atomizadas, isto destruiria a humanidade? Ou seriam vinte cidades de cada lado? Ou trinta?
Alguém já estabeleceu esse limite?
O maior risco poderia talvez ser a eventual alteração climática resultante do excesso de poluentes atmosféricos diversos lançados na atmosfera, que poderia alterar o equilíbrio dos ciclos geológicos e biológicos que a estabilizam. Mas neste caso os dados existentes não demonstram definitivamente que haveria algo realmente tão devastador como foi moda anunciar até o final da Guerra Fria. Os cálculos que basearam a famosa hipótese do "Inverno Nuclear" já foram demonstrados enganosos, e eu pelo menos nunca vi nenhum estudo sério corrigindo os erros daqueles modelos.
Então não sei se dá para afirmar que a humanidade conseguiria realmente se auto-destruir desta forma, através de um holocausto nuclear, mesmo que quisesse. Acho que existem formas mais práticas e eficientes de se fazer isso, caso desejado.
Leandro G. Card