SYRIA

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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Re: SYRIA

#1351 Mensagem por Clermont » Dom Nov 22, 2015 5:00 pm

Bourne escreveu:A Hillary Clinton era outro nível. A mulher sabia o que fazer ou, pelo menos, ouvia quem sabia.
Sabia tanto que foi uma das principais responsáveis pelo fiasco da Líbia e depois que o país entrou em colapso com a morte do embaixador americano e outros funcionários declarou, de modo patético, que "não entendia porque os líbios fizeram isso depois de a América os ter salvo".

Hillary Clinton é apenas mais outra militarista e intervencionista que não aprendeu nada, já que continua defendendo um choque frontal com os russos na Síria por meio de uma tola zona de exclusão aérea.
Ao ser perguntada se com mais tropas e bombardeios é possível derrotar o EI, Pletka responde: “Você está falando sério? Somos os Estados Unidos da América e eles são um punhado de terroristas. É claro que sim”.
Eis outra pateta neocon que provavelmente estava em animação suspensa desde 2001, já que parece nunca ter ouvido falar em Afeganistão e Iraque.




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Re: SYRIA

#1352 Mensagem por Bolovo » Dom Nov 22, 2015 5:07 pm

EDSON escreveu:Este mapa da janes deve ser brincadeira da mal gosto. Botou o ISIS lado a lado com todos os outros moderados? Então os russos podem bombardear tudo pois tudo é o ISIS. :lol:

Imagem
Zombam dos 0,4%, mas é uma ótima notícia. Lembrem-se que com a campanha americana, sem apoiar o governo sírio, o ISIS ganhou 15% de terreno.




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Re: SYRIA

#1353 Mensagem por Bolovo » Dom Nov 22, 2015 5:13 pm

Bourne escreveu:O Obama diz que não é problema dos EUA e não gosta dos ataques russos. Então, isso quer dizer que o Putin está livre para agir e fazer amigos na europa. Depois vai ter uma forte amizade com Assad ou quem quer que assuma o governo Sírio e, ainda, ganha uma moção de apoio francesa.

A questão é que tinha dedo norte-americano para derrubar o Assad. Depois desandou e armou o estado islâmico que era apoiado pelas monarquias árabes. Agora o Obama se omite. Precisa ter uma posição clara. Seja qual for. Nem que fosse apoiar o Assad abertamente e dizer que os russos estão certos. A política externa norte-americana dos tempos de John Kerry é um desastre. A Hillary Clinton era outro nível. A mulher sabia o que fazer ou, pelo menos, ouvia quem sabia.
Vc tava em coma, Bourne? A Hillary é mais um ser desprezível, é igualzinha aqueles neocons loucos.

http://www.youtube.com/watch?v=Fgcd1ghag5Y




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Re: SYRIA

#1354 Mensagem por VivaRussia » Dom Nov 22, 2015 5:25 pm

[centralizar]A absoluta centralidade da Síria[/centralizar]

É virtualmente a norma na Europa e EUA ver a Síria através de uma única lente paradigmática: por essa lente, prosperidade, ordem, segurança e ausência de conflito são definidas como função direta da disseminação da ‘democracia'; e ‘democracia’, por sua vez, é conceito econômico – uma classe média global, (neo)liberal, secular e consumista, que cria um sistema ‘financeirizado’ de ordem. Nesse sentido ‘democracia’ já nada tem a ver com, por exemplo, o tradicional “nós o povo”/”do povo, pelo povo, para o povo”.

A antítese dessa ‘visão da época’ [orig. zeitgeist] insiste na autenticidade e mérito de valores nacionais não ocidentais e no concomitante direito de as nações viverem cada uma o seu próprio modo de ser; e quem rejeite especificadamente a hegemonia supra-soberania de que tanto fala a acima citada ‘ordem liberal’– é visto no ocidente como ameaça à paz, à ordem, aos próprios valores pelos quais, na avaliação de muitos no ocidente, todo o mundo deve deixar-se reger. O governo sírio, claro, foi deliberadamente convertido numa encarnação de tudo que haveria de errado no pensamento ‘não ocidental’.

É um modo de olhar para a Síria – o modo que prevalece em grande parte da Europa. E assim considerada, a Síria, como tal, torna-se extensão da Guerra Fria: mais uma rodada nesse conflito civilizacional, no qual a Rússia é mostrada como se defendesse (e representasse) um sistema não liberal, sem graça, de ameaça à segurança de pessoas e povos (a perfeita antítese do paradigma da ordem liberal). E matando os chamados sírios ‘moderados’, não o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico (como o ocidente alega), a Rússia não estaria, pela narrativa da ‘ordem liberal’, promovendo algum ‘futuro’ democrático, de ordem liberal, para a Síria – mas destruindo-o.

É um modo de ver as coisas. Mas é modo que, avaliado pelos seus próprios termos simplesmente deixa passar, como se não existissem, os motivos (absolutamente não liberais) que levam aliados do ‘ocidente’ como Arábia Saudita, Turquia e Qatar a guerrear para destruir o estado sírio. Podem até ser aliados do ocidente, mas absolutamente não dão nenhuma importância a qualquer formulação de ordem liberal. É também ‘um modo’ de dar claro impulso àqueles ocidentais que se assentam na premissa de sua ‘vitória’ de Guerra Fria sobre os soviéticos, para que se unam contra a Rússia. Há aqui risco real de esse impulso vir a dominar o pensamento nos EUA e na Europa sobre a Síria. Nesse caso, o risco é de que vejam a árvore, mas não vejam o bosque: a absoluta centralidade da Síria.

Em resumo, esse paradigma liberal/não liberal simplesmente encobre e obscurece a centralidade da Síria para o futuro do mundo da geopolítica (dado que ‘ordem’ não é a palavra certa nesse caso – que já está esgotada).

Outro modo para ver a intervenção russa na Síria, seria em termos de ‘assuntos não resolvidos’ – de velhos ‘nós’ que jamais foram cuidados e desatados. Em resumo, nós podemos perceber a Síria em termos do choque entre a ordem liberal e o não liberalismo, mas a Rússia vê a mesma Síria de modo diferente. O problema com o pensamento binário é, precisamente, que ele encobre a centralidade do significado da Síria – na percepção de russos e seus aliados. Ao não ver esse aspecto crucialmente importante, o pensamento binário gera risco muito maior, para o futuro.

Por ‘assuntos não resolvidos’, referimo-nos às dores herdadas e aos traumas enterrados que são restos das duas Grandes Guerras. A Alemanha, traumaticamente, perdeu uma geração de homens mortos no massacre de Stalingrado (a Rússia perdeu mais gente). A batalha de Stalingrado é frequentemente citada como a mais sangrenta na história das guerras. Ali (em Stalingrado), a Alemanha essencialmente foi derrotada (adiante foi novamente derrotada na Normandia). Depois, a Alemanha deliberadamente buscou alívio psicológico ligando-se à França (ato que viria a ser a pedra inaugural da União Europeia); mas a ferida que Stalingrado abriu – no ocidente – não foi nunca curada pela Alemanha, nem psicologicamente nem politicamente. Ela permanece enterrada na memória coletiva das duas nações, como ferida que não cicatriza.

A Rússia, em especial, tendo experimentado a perda dolorosa de tantas vidas, nunca viu sua perda ser reconhecida e honrada. Em vez disso, foi posta em ostracismo pelos ex-aliados e tornou-se objeto de longo isolamento e constante atrito na Guerra Fria. Quando a Rússia aceitou, ainda consciente dos nós não desatados e sempre doloridos desde Stalingrado, de deixar que o Muro de Berlin caísse, nem assim passou a ser mais bem acolhida pela Europa. Ao contrário. A Rússia imediatamente sentiu que estava sendo encurralada pela OTAN que nunca desistiu de tentar avançar para o leste, diretamente para junto das fronteiras russas. Assim também, quando a União Soviética tentou desescalar a Guerra Fria, supondo que passaria a ser tratada como par dos europeus, logo percebeu, amargamente, o quanto se enganara. Diferente do que supunham os russos, o gesto foi denegrido, e os ex-inimigos da Rússia avançaram sobre o palco, aos gritos de que teriam alcançado uma vitória civilizacional.

Essa pode não ser a percepção ocidental da história, mas, sim, é a percepção que os russos têm da história deles. Não é questão de argumentos e contra-argumentos: é questão psicológica, de alma. E, então, veio a Ucrânia. Ficou imediatamente claro para os líderes russos que a qualquer momento – sem mais nem menos – qualquer questão externa poderá ser incendiada, a ponto de a Rússia ser empurrada para a guerra. (Há muitas e muitas provas de que esses medos, sobre a Ucrânia, foram muito reais entre os russos).

E o que tudo isso tem a ver com a Síria? É que a Rússia sente que tem de sair dessa ‘caixa’ de paredes que sempre desabam para dentro, com a OTAN sempre desgastando as forças da Rússia. A Rússia decidiu que teria de forçar a questão; insistir em ser reconhecida como parceiro confiável na ordem internacional, ou reconciliar-se com a possibilidade de que aqueles eventos (talvez novamente surgidos do nada) acabariam por levar o país a algum tipo de confronto com os EUA e, talvez, também com a Europa.

Não que a Rússia não tenha qualquer interesse na Síria. O país crê que está vendo a situação do Oriente Médio com total clareza.

Putin vê todos os estados-nação de toda a região em acelerado processo de erosão e enfraquecimento: o Iraque fraturado; a Síria em conflito; o Líbano sem estado funcional; a Líbia em caos total; o norte da África vulnerável, o Iêmen em anarquia e a Arábia Saudita varrida por múltiplas crises. A menos que o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico e seus aliados wahhabistas sejam detidos – efetivamente detidos, decisivamente detidos – toda a região está vulnerável a degradar-se cada vez mais rumo ao caos cada vez mais profundo.

A Síria é a verdadeira linha de frente da Rússia. A Rússia recorda como, depois da guerra afegã, os wahhabistas espalharam-se a partir do Afeganistão, alcançando a Ásia Central; e recorda também como a CIA e a Arábia Saudita inflamaram a insurgência chechena e a usaram para enfraquecer a Rússia.

E por que a Síria? Será que a Rússia tem interesses ali? Não. A Síria tem – e isso, sim, realmente interessa à Rússia – presidência efetiva e exército que já está engajado na luta contra o wahhabismo. De fato, a Síria é o eixo-pivô em torno do qual essa ‘guerra’ girará.

Mas o presidente Putin também partilha a percepção de muitos na região, de que os EUA (e aliados) não estão seriamente empenhados em derrotar o ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico. Ao sentir que o ocidente finalmente estava sendo atraído pela Turquia para a ideia de uma zona aérea de exclusão, que só faria na Síria o mesmo que fez na Líbia, e só acabaria em caos, Putin jogou sua mão surpresa: e entrou na guerra ‘contra o terror’, bloqueando o projeto turco (ver também nosso “Comentário Semanal” anterior) – e desafiou o ‘ocidente’ a aliar-se a ele na aventura.

Ao fazê-lo, Putin muito evidentemente deixou aberta a porta para os EUA – convidando-os repetidas vezes a unirem-se à Rússia, embora talvez contando com que os EUA, inicialmente, teriam de resistir (por causa dos laços dos EUA com o Golfo).

A estratégia de Putin para a Síria é, essencialmente, que nenhum acordo político surgiria simplesmente porque enxames de inimigos tivessem sido forçados, como rebanho, para dentro de uma sala de reuniões em Genebra. A pré-condição inicial dos EUA para as conversas, insistindo na deposição de Assad, absolutamente não incentivou a oposição a negociar com seriedade qualquer partilha de poder com o estado sírio. Dado que os EUA exigiam a deposição de Assad, bastaria que a oposição esperasse, e receberia de bandeja, das mãos de EUA e aliados, um Estado sem presidente.

O cálculo de Putin foi diferente. Para ele, nesse caso, algum acordo político só seria viabilizado pela força das armas: a influência dominante, nociva, dos terroristas tinha de ser esvaziada, antes de que os ‘reconciliáveis’ (na terminologia Rumsfeldiana) criassem coragem para se mostrar à discussão.

Em resumo, se o ‘ocidente’ vê a força militar russa como inimiga, seja como for, de algum acordo político, o presidente Putin (e também o presidente Assad) dizem que a dominação pelos terroristas, para a qual o ‘ocidente’ contribuiu, de fato veda completamente a possibilidade de acordo político. O recente convite de Putin ao Presidente Assad, para visitar Moscou parece ter sido concebido para ‘dizer’ e sublinhar duas coisas ao ‘ocidente': que o presidente Assad está, sim, realmente comprometido com uma reforma política; e para descartar completamente qualquer ideia de que a Rússia veria o presidente Assad como componente ‘descartável’ em alguma solução política.

Por enquanto, parece que o governo dos EUA vai deixar o trabalho pesado, na Síria, para os russos. Esperarão e observarão, ao mesmo tempo em que arrebanham uma coalizão internacional para pressionar a Rússia no sentido de que respeite os interesses norte-americanos, seja qual for o encaminhamento político.

O que parece, hoje, ainda mal avaliado em alguns setores ocidentais é que o efetivo poder aéreo que está sendo reunido, combinado com forças em solo que têm vasta experiência naquela região, realmente alterará os fatos em campo. E fatos em campo alterados, alterarão também, dramaticamente, a equação política.

Silenciosamente, os EUA provavelmente expandirão a cooperação com a Rússia. Parece provável que o presidente Putin não espere, nesse estágio, mais que isso. Mas se a Síria for um sucesso, ele talvez espere que floresça uma parceria ocidental, na sequência, quando chegar a hora do Iraque.

O risco em tudo isso é que o ‘ocidente’ se volte contra Putin – quando as percepções recaírem viciosamente nos velhos termos do meme ‘liberal/não liberal’ da Guerra Fria.

Nesse caso, o significado da iniciativa de Putin para a Síria terá sido desperdiçado, e as hostilidades escalarão. Putin não está só enfrentando a questão da política ocidental para a Síria. Está tentando enfrentar a própria questão do lugar da própria Rússia no mundo contemporâneo: livrar-se de vez do paradigma do pensamento do pós-guerra no qual a Rússia viu-se presa.

É um jogo, porque o gesto em si – se for bem-sucedido – modelará mais amplamente o Oriente Médio e toda a geopolítica global.

Se falhar, e prevalecer a dinâmica doméstica dos EUA, inevitavelmente os norte-americanos caminharão na direção de confronto com a Rússia (e com a China). Muito empenho de bastidores foi investido pela Rússia nessa reaproximação com a China, para que a Rússia admita sem reação uma volta à antiquada doutrina da triangulação de Kissinger (de manter Rússia e China sempre em situação de tensão, uma contra a outra).

Na Síria, Putin está forçando a mão, mas também está oferecendo aos EUA uma via para escapar de inevitável escalada contra ambos os países, Rússia e China, às vésperas da eleição de novo presidente dos EUA, que talvez seja eleito para ‘endurecer’. E essa iniciativa provocou profundo choque no establishment militar ‘ocidental’.

Presumia-se que a Rússia estivesse muito atrás do ‘ocidente’ em termos de armamento convencional e de suas plataformas aéreas; e seus exércitos sempre foram tratados como, de certo modo, ‘de segunda classe’. Mas o que o ‘gesto’ de Putin na Síria tornou também muito visível é a revolução que o mesmo Putin conduziu, em termos de reorganizar as forças armadas e atualizar o armamento disponível, depois da guerra na Geórgia em 2008.
Como Pepe Escobar observou:


“O Novo Grande Jogo na Eurásia avançou saltos e saltos semana passada, depois que a Rússia disparou 26 mísseis cruzadores, do Mar Cáspio, contra 11 alvos no ISIS/ISIL/Daesh por toda a Síria e destruiu todos. Esses ataques do mar foram a primeira vez, que se saiba, em que foram usados operacionalmente os mísseis cruzadores estado-da-arte SSN-30A Kalibr.

“O Pentágono está apoplético, porque essa mostra da tecnologia russa revelou ao mundo que acabou o monopólio dos EUA sobre os mísseis de longo alcance. Os analistas do Pentágono ainda trabalhavam sob o pressuposto de que o alcance desses mísseis não ultrapassaria 300 quilômetros.

“Além do mais, a OTAN foi avisada: a Rússia pode acabar com eles, num flash – como a vi ser avisada em conversas na Alemanha, semana passada. A retórica furiosa, do tipo “você está violando o meu espaço aéreo” tampouco tem qualquer serventia.”
Sejamos claros: a Rússia já mostrou que não apenas alcançou, mas possivelmente já ultrapassou os EUA em termos de tecnologia de mísseis, e que tem capacidade para interferir nos sistemas de comando, controle e orientação da OTAN (novamente, se viu claramente na Síria). Se a coalizão dos 4+Hezbollah avançar para além da Síria (com o sempre ativo suporte dos chineses), todas as bases militares e porta-aviões dos EUA que cercam o Irã e estão planejados para atuar na Eurásia não se tornam apenas redundantes – tornam-se também reféns vulneráveis.

OTAN já não pode sequer contar com automática superioridade aérea. Não surpreende que os EUA já tenham retirado seu porta-aviões do Golfo Persa.

A ‘mensagem’ de Putin para a Síria tem portanto uma centralidade que ultrapassa em muito a questão de se alguns sírios moderados foram ou deixaram de ser mortos, se cooperavam com a Frente Al-Nusra (al-Qaeda) e os detalhes de qualquer governo de transição na Síria. Todas essas são iniciativas no âmbito do microcosmo.

O macrocosmo aí é o repetido convite que Putin fez e repete, para desescalar todos os conflitos com o ‘ocidente’ – oferta que balançou até uma surpreendida OTAN, agora que já sentiu no lombo o peso do novo grande porrete da Rússia. Aí está a floresta que grande parte do ‘ocidente’ não consegue ver, porque só vê ‘árvores’ individuais e outros detalhes da situação síria. O que resultar da guerra síria modelará muitas, muitas outras grandes coisas. *****


fonte: http://www.orientemidia.org/a-absoluta- ... e-da-siria




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Re: SYRIA

#1355 Mensagem por Bourne » Dom Nov 22, 2015 5:57 pm

Bolovo escreveu: Vc tava em coma, Bourne? A Hillary é mais um ser desprezível, é igualzinha aqueles neocons loucos.

http://www.youtube.com/watch?v=Fgcd1ghag5Y
Mas ela faz alguma coisa. O Kerry não!!!




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Re: SYRIA

#1356 Mensagem por Bolovo » Dom Nov 22, 2015 6:27 pm

Bourne escreveu:
Bolovo escreveu: Vc tava em coma, Bourne? A Hillary é mais um ser desprezível, é igualzinha aqueles neocons loucos.

Mas ela faz alguma coisa. O Kerry não!!!
Sinceramente eu acho melhor fazer nada do que fazer um monte de merda.




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Re: SYRIA

#1357 Mensagem por pampa_01 » Dom Nov 22, 2015 6:58 pm

Bolovo escreveu:
Bourne escreveu: Mas ela faz alguma coisa. O Kerry não!!!
Sinceramente eu acho melhor fazer nada do que fazer um monte de merda.
Tenho que concordar.




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Re: SYRIA

#1358 Mensagem por Clermont » Dom Nov 22, 2015 7:07 pm

Bolovo escreveu:Sinceramente eu acho melhor fazer nada do que fazer um monte de merda.
Isso depende.

E se a pessoa estiver com uma violenta prisão de ventre?

8-]




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Re: SYRIA

#1359 Mensagem por Bolovo » Dom Nov 22, 2015 7:12 pm

Clermont escreveu:
Bolovo escreveu:Sinceramente eu acho melhor fazer nada do que fazer um monte de merda.
Isso depende.

E se a pessoa estiver com uma violenta prisão de ventre?

8-]
Deve ser a explicação para os últimos anos da política externa americana. O problema é o mundo faz o papel da privada.




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Re: SYRIA

#1360 Mensagem por mmatuso » Dom Nov 22, 2015 7:33 pm

Kerry eu acho que só faz cagada porque tentou fazer um monte de coisas sem conhecimento.

Tanto que lá quando tentaram invadir a Siria há uns anos os EUA só tomou um nó na questão de armas quimicas porque o Kerry foi afobado e tomou um nó do Lavrov impossibilitando os EUA de invadir.

Alias, essas fezes só chegaram aonde estão hoje por causa daquilo, EUA e UE intensificaram ajuda aos rebeldes moderados expulsos por excesso pelo AlKaeda.




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Re: SYRIA

#1361 Mensagem por DSA » Seg Nov 23, 2015 3:07 am

a alternativa vai ser o lunatico do Trump!!




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Re: SYRIA

#1362 Mensagem por akivrx78 » Seg Nov 23, 2015 3:27 pm

Síria: Dezenas de militares dos EUA vão chegar “muito em breve”
23/11/2015, 7:40

O enviado especial do Presidente Obama revelou que dezenas de militares norte-americanos vão chegar "muito em breve" à Síria. As tropas terão como missão organizar as forças locais.

Os soldados norte-americanos vão dar assistência a uma coligação árabe e curda, que inclui a principal milícia curda síria, bem como grupos árabes e cristãos sírios.

Agência Lusa

Dezenas de militares norte-americanos vão chegar “muito em breve” à Síria, indicou esta segunda-feira o enviado especial do Presidente Obama para a coligação internacional, liderada pelos EUA, contra o autoproclamado Estado Islâmico (EI).

Brett McGurk adiantou, ao canal de televisão CBS, que as tropas terão como missão organizar as forças locais no combate contra a organização terrorista, no nordeste da Síria.

No final de outubro, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou o envio de 50 soldados das forças especiais para a Síria.

Trata-se do primeiro envio oficial de tropas norte-americanas para a Síria desde que foi formada uma coligação internacional contra o EI.

Os soldados norte-americanos vão dar assistência a uma coligação árabe e curda, que inclui a principal milícia curda síria, a Unidades de Proteção do Povo Curdo, bem como grupos árabes e cristãos sírios. Uma das tarefas será isolar a cidade de Raqa, domínio do EI.

McGurk realçou que as forças locais curdas e árabes conseguiram, nas últimas duas semanas, recuperar mais de mil quilómetros quadrados de terreno no norte da Síria e matar cerca de 300 combatentes do Estado Islâmico.

De uma maneira geral, adiantou, o propósito da coligação internacional é “sufocar e estrangular o coração” do grupo terrorista no Iraque e na Síria através de múltiplas ofensivas.

Além da intervenção na cidade de Raqa, a coligação liderada pelos EUA está a tentar cortar os acessos do EI à fronteira síria e à estrada que liga Raqa a Mossul, no Iraque, e procura recuperar a cidade iraquiana de Ramadi.




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Re: SYRIA

#1363 Mensagem por VivaRussia » Seg Nov 23, 2015 7:56 pm

[centralizar]URGENTE - ENTREVISTA COM BASSAR AL ASSAD - 22/11/2015[/centralizar]

“Al Qaeda é criação dos EUA, com ajuda do dinheiro saudita wahhabista.
Turquia, Arábia Saudita, Qatar apoiam o ISIS“


Síria não é "incubadora" do Estado Islâmico -- Bashar al-Assad
Só não digam que foi por falta de aviso!


7/4/2013, Presidente Bashar al-Assad, da Síria (entrevista):
“Estamos cercados por países que estimulam o terrorismo”


26/9/2013, Presidente Bashar al-Assad (entrevista):
“Essas operações terroristas são financiadas, planejadas e instigadas por gente de fora da Síria”


22/11/2015, Presidente Bashar al-Assad (entrevista):
“Não há guerra civil na Síria. Todos os sírios estamos em guerra contra terroristas
reunidos, organizados e armados por interesses ‘ocidentais’.”


(Dentre outros exemplos de aviso…)
_________________________________________________

RAI UNO: Sr. Presidente, obrigado por nos receber. Comecemos por Paris. Como o senhor reagiu às notícias que chegavam de Paris?

Presidente Assad: Podemos começar por dizer que é crime horrível. Ao mesmo tempo é evento muito triste, sempre que se sabe de inocentes assassinados, sem qualquer motivo, mortos por nada. Os sírios conhecemos bem o significado de perder um membro amado da família, um amigo amado, alguém que você conheça só de vista, qualquer inocente, num crime tão horrível. Os sírios passamos por tudo isso, todos os dias, há cinco anos.

Sentimos pelos franceses, como sentimos pelos libaneses alguns dias antes e pelos russos que sofreram o atentado que derrubou o avião sobre o Sinai, e também pelos iemenitas. Mas e o resto do mundo, sobretudo o ‘ocidente’, sente por todas essas pessoas? Ou só chora por franceses? Será que lamentam e protestam por os sírios sermos alvos, há cinco anos, do mesmo tipo de terrorismo? Não se pode politizar o sofrimento, todos são vítimas, não se trata de nacionalidades, trata-se de ataque a toda a humanidade.

RAI UNO: Há o Daesh por trás disso. Mas daqui, desse ponto de vista, visto daqui de Damasco, qual a força do Daesh? Como o senhor entende que possamos combater terroristas em solo?

Presidente Assad: Se você quer falar sobre a força do Daesh, a primeira pergunta importante é quantas incubadoras, incubadoras reais, verdadeiras estruturas de incubação, efetivas forças de incubação, dentro da sociedade que possam levar ao surgimento e a manutenção do terrorismo. Até esse momento, o que posso dizer a você é que o Daesh não tem nenhum fator, agência ou estrutura social de incubação, dentro da Síria, que assegure sobrevida ao terrorismo. É muito bom, um fato que nos tranquiliza. Mas simultaneamente, se o terrorismo vai-se tornando crônico, se a ideologia do terrorismo, mesmo chegada de fora, implanta-se aqui, é uma ideologia que pode mudar a própria sociedade.

RAI UNO: Sim, mas alguns dos terroristas foram treinados aqui, na Síria, a poucos quilômetros daqui. O que significa isso?

Presidente Assad: Mas porque os turcos, os sauditas e os qataris os apoiavam. E, claro, sempre houve, aqui e em vários lugares, a política ocidental de apoiar terroristas, dos mais diferentes modos, desde o início da crise, claro, mas a questão não é essa. A questão é que, em primeiro lugar, se você não tem num determinado local, região ou estado, os fatores e agentes que garantem uma estrutura para incubação do terrorismo, não há por que se preocupar. Mas, por outro lado, em qualquer lugar o terrorismo e os terroristas podem se tornar muito fortes, se são apoiados, armados, financiados, e por estados, sejam estados aqui no Oriente Médio, ou no ocidente.

RAI UNO: Sr. Presidente, há especulações no ocidente que dizem que o senhor foi um dos que apoiou o Daesh no início da crise, para dividir a oposição. Como o senhor vê essa questão?

Presidente Assad: A Al-Qaeda foi criada pelos norte-americanos. De fato, é também o que dizem algumas autoridades norte-americanas, dentre as quais Hillary Clinton. A Al-Qaeda foi criada pelos norte-americanos com ajuda da ideologia e do dinheiro saudita wahhabista. Não há dúvida sobre isso, e inúmeras autoridades norte-americanas disseram exatamente isso, também nos EUA. E ISIS e al-Nusra, são desdobramentos, unidades que brotaram a partir da Al Qaeda.

Quanto ao ISIS, começou no Iraque, foi fundado no Iraque em 2006, e o líder era al-Zarqawi, que os norte-americanos mataram logo depois. O que todos sabem é que foi criado sob supervisão dos norte-americanos no Iraque. E o líder do ISIS hoje, conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi, conhece bem as prisões dos EUA. Os norte-americanos o puseram dentro de suas prisões em New York e os norte-americanos, depois, o tiraram de lá. Quero dizer: não foi na Síria, nada começou na Síria. Começou de fato no Afeganistão, antes até de recomeçar no Iraque, e isso é o que dizem as próprias autoridades ocidentais. O próprio Tony Blair disse, recentemente, que, sim, a guerra do Iraque ajudou a criar o ISIS. Quanto ao que você pergunta, portanto, mais importante do que ouvir a minha opinião, é ouvir o que os governos ocidentais já começaram a confessar.

RAI UNO: Sr. Presidente, se se examina o mapa da Síria, tem-se a impressão de que as fronteiras entre Síria e Iraque já não existem. Que parte da Síria o senhor ainda controla?

Presidente Assad: Se você fala geograficamente, o traçado muda todos os dias. Mas o que importa é que proporção da população se reconhece sob a autoridade do governo sírio. Na verdade, praticamente toda a área em que há terroristas implantados já foi evacuada, ou pelos terroristas ou porque a população fugiu para regiões controladas pelo governo sírio.

Militarmente, um dia se ganha outro dia se perde território, e, de qualquer modo, o exército não pode estar presente em cada palmo de território sírio. Mas, se examina o mapa, como você disse, o que se vê é que o governo controlaria 50% ou menos território, que é o que a mídia ocidental não se cansa de ‘noticiar’. O que não noticiam é que 50-6-% do território sírio são áreas desertas, onde não há população. Por isso essas áreas são contadas pelos terroristas, e a mídia ocidental repete, como se estivessem sob controle dos terroristas. Não é verdade. Essas áreas são desertas, completamente desabitadas.

RAI UNO: E sobre as fronteiras entre Síria e Iraque?

Presidente Assad: É exatamente essa área. A partir de Damasco em direção ao Iraque, é área deserta, ninguém vive ali. Quanto às fronteiras políticas, é assunto que só se pode explicar se se explica a ação dos governos que apoiam os terroristas, como, sobretudo, o governo turco; e também o governo jordaniano. São dois estados que apoiam o terrorismo. Por isso a linha da fronteira parece pouco clara. Para que uma fronteira seja válida e politicamente estável, é preciso que os dois lados a reconheçam. Nesses pontos de que você fala, só estados que apoiam o terrorismo estão implantados. Estamos em guerra. São áreas disputadas.

RAI UNO: Bem, semana passada houve duas importantes reuniões para tratar sobre a situação síria, em Viena e em Antalya. Muitos países falam sobre a transição na Síria. Há posições diferentes, mas basicamente a maioria dos países concorda com a ideia de que haja eleições dentro de 18 meses. Mas também dizem que, até lá, o senhor tem de deixar a presidência. Qual sua posição sobre isso?

Presidente Assad: Não, não é verdade. A parte realmente importante da declaração de Viena é que tudo que tenha a ver com o processo político tem de ser decidido democraticamente pelo povo sírio. Quer dizer que o que realmente importa aí é a Constituição da Síria, e o presidente – qualquer presidente – deve chegar à presidência, permanecer nela e dela sair pelos procedimentos que a Constituição defina, não porque um ou outro país ocidental ou grande potência mundial ache ou deixe de achar. Assim sendo, se você fala a favor do consenso entre os sírios, é isso que interessa do que ficou resolvido em Viena;

Quanto aos prazos, depende dos acordos que alcancemos aqui entre nós, dentro da Síria. E se não houver acordo ainda ao final de 18 meses, continuaremos a negociar, por que não? Há muitas coisas que me parecem agora triviais, ou, digamos, não são pontos essenciais. O que realmente importa é que os sírios sentaremos todos nós e nós decidiremos planos e agendas nossas, dos sírios.

RAI UNO: Entendo. Mas o senhor considera a opção, a possibilidade de deixar o poder? Quero dizer, o senhor imagina algum processo eleitoral sem o senhor?

Presidente Assad: Depende. O que você quer dizer com processo eleitoral? Para eleger o Parlamento ou o presidente?

RAI UNO: O Parlamento.

Presidente Assad: Claro, haverá eleições parlamentares porque não há outro modo para estabelecer em que direção anda o desejo político dos sírios. Só com eleições parlamentares se pode determinar qual o poder político que tem raízes legítimas dentro da população. A verdade é que qualquer um pode dizer “Sou oposição”, mas ninguém sabe como isso se manifesta. Só com eleições parlamentares se pode determinar que oposição realmente existe, que ‘fatia’ do poder caberá a cada grupo no próximo governo. Isso, é claro, depois de aprovada uma nova constituição. O que estou dizendo a você é uma proposta, um exemplo, não estou dizendo que tudo isso já esteja aprovado.

RAI UNO: E quanto às [eleições] presidenciais?

Presidente Assad: Se os sírios, no diálogo nacional, desejarem eleições presidenciais, não haverá nenhuma linha vermelha. Mas não é decisão que eu possa tomar. Tem de ser resultado de consenso que os sírios construam.

RAI UNO: Mas pode haver outro nome, de sua confiança, que o substitua nas eleições.

Presidente Assad: Não entendi. Como assim “outro nome de minha confiança”?

RAI UNO: Quero dizer, outra pessoa, em quem o senhor confie para presidir a Síria.

Presidente Assad: [risos] Ah, sei. Mas você falou como se se tratasse de propriedade privada, minha propriedade. Então, vou lá e trago alguém para pôr no meu lugar. Não é nada disso. Você está falando de uma questão nacional da Síria. Uma questão nacional. Só os sírios podem escolher alguém em quem eles confiem. Justamente o que mais importa é garantir as condições necessárias para que a presidência síria seja entregue a alguém escolhido pelos próprios sírios, alguém em que os sírios confiem.

RAI UNO: Deixe-me ver se entendi bem. Qual é exatamente o seu cronograma, a sua agenda, um cronograma realista para sair dessa crise?

Presidente Assad: O cronograma, a agenda, se você prefere discutir só isso, começa depois de termos derrotado o terrorismo. Antes disso, não faz sentido algum decidir sobre agendas, porque não se pode conseguir nenhum objetivo político por vias políticas constitucionais se houver terroristas tomando porções do território sírio. Porque em todos os casos, o principal obstáculo a qualquer decisão ou processo político democrático não sou eu nem o meu governo: são os terroristas. Depois de derrotados os terroristas, entendo que de um ano e meio a dois anos é prazo suficiente para qualquer transição. É suficiente. Quero dizer: se se tratar de, primeiro, redigir uma nova Constituição, organizar o referendo que aprove a nova Constituição, depois as eleições parlamentares, depois algum tipo de procedimento para organizar o governo, seja presidencial ou parlamentar, não importa. Tudo isso pode estar feito em dois anos.

RAI UNO: Há mais uma coisa sobre a oposição: em todos esses anos o senhor disse que não considera como oposição os grupos armados. O senhor mudou de posição?

Presidente Assad: Claro que não. Vale o mesmo também para o seu país. Quem aceitaria como oposição ao governo gangues armadas que atacam a população? Quem receberia no Parlamento, como oposição, representantes armados dessas gangues? Ninguém, em nenhum lugar do mundo. Quem faça oposição armada, aterrorize a população, se aproprie de bens públicos dos sírios e passe a explorá-los para seu lucro privado, protegendo com metralhadoras os bens e instalações que roubaram… e matando inocentes, isso não é oposição política, nem na Síria nem em lugar algum.

“Oposição” é termo político. “Oposição política” não é coisa que se defina conforme alguém concorde ou não com opiniões individuais ou de grupos armados ou de grupos econômicos. Só há “oposição” se se organizar disputa política, pelas urnas eleitorais.

RAI UNO: E quem, então, hoje, o senhor considera como oposição, como oposição política?

Presidente Assad: Mas… Que importância tem o que eu considero?! Quem tem de considerar são os sírios. Se os sírios votarem, os partidos e nomes que receberem a maioria dos votos serão a “situação”. Os demais, nos termos do que a Constituição definir, serão a “oposição”, quer dizer, serão os que os sírios consideraram “oposição”. Só oposição eleita é oposição. Portanto, se não se respeitam eleições, não há oposição.

Mas se você quer saber minha opinião pessoal, entendo que só há oposição se ela tiver raízes aqui mesmo, na Síria. Eu não posso ser “oposição” no país dos outros. Um espião estrangeiro não é “oposição” em lugar algum do mundo. Não há nenhum único representante de alguma “oposição” vivendo na embaixada de país estrangeiro, em país estrangeiro ou em instalações clandestinas de país estrangeiro. Para ser “oposição” ao governo da Síria, é preciso ser sírio e não mercenário, fantoche pago para trabalhar contra a democracia síria.

RAI UNO: Hoje na Europa, na Itália, chegam muitos refugiados sírios. O que o senhor gostaria de dizer aos sírios que fogem, que tentam escapar da Síria?

Presidente Assad: Primeiro, quero dizer que cada um que deixa nosso país é uma perda para a Síria. Cada sírio obrigado a converter-se em refugiado tem longa história de sofrimento em nosso país. Essa é a questão importante: “por que eles saíram?”

Por muitas razões. A primeira, óbvia, é a ameaça direta dos terroristas. A segunda, é a ação dos terroristas, que destruíram porções enormes da infraestrutura do país, destruição que afeta a vida diária de todas essas pessoas.

Mas a terceira, no mínimo tão importante quanto a ação dos terroristas, é o embargo econômico que o ocidente impôs à Síria. Se você perguntar aos refugiados se desejam retornar à Síria, sim, muitos querem retornar imediatamente, mas não podem voltar enquanto todos os itens da vida mais básica, da própria sobrevivência deles e das famílias permanecerem tão dramaticamente afetados como hoje.

Dois fatores explicam que tantos sírios sejam obrigados a escolher entre o demônio e o fundo do mar: a influência do embargo ocidental e a influência do terrorismo.

RAI UNO: Mas o senhor não sente nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu ao seu povo?

Presidente Assad: Você diz eu, pessoalmente?

RAI UNO: Sim.

Presidente Assad: Eu, pessoalmente, e todo o meu governo, desde o início dessa crise, só fizemos combater o terrorismo, denunciar o terrorismo e apoiar o diálogo. O que mais os sírios poderíamos ter feito? Alguém é contra o diálogo? Alguém é contra combater o terrorismo?

Se você está querendo falar sobre detalhes e sobre propaganda para desfigurar a Síria no ocidente, não percamos nem o seu tempo nem o meu.

O problema do ocidente é que o ocidente ‘não quer’, na Síria, o governo que os sírios querem. Toda a propaganda é necessária para o ocidente, na tentativa de fazer fracassar o governo que os sírios elegeram. O ocidente precisa do colapso da Síria, para tentarem fazer a ‘mudança de regime’ de que tanto precisam.

Não lhe digo aí qualquer novidade. Todos sabem disso. Todo o jogo do ocidente é ‘mudar regimes’ que não agrade ao ocidente, e não importa que regime seja. No caso da Síria, não há ‘regime': a Síria é um estado. Mas para o ocidente não faz diferença alguma.

Assim sendo, você pode culpar quem você bem entenda, e escrever o que bem entenda no seu jornal, mas a principal culpa de toda a desgraça que se abate hoje sobre a Síria é o ocidente, que apoiou aqueles terroristas que criaram o ISIS na Síria e criaram a Frente al-Nusra, todos esses terroristas protegidos sob o guarda-chuva que o ocidente criou para proteger terroristas.

RAI UNO: O senhor então não se sente responsável por nada?

Presidente Assad: Não, eu não disse isso. Como sírio, não estou dizendo que não cometemos erros. Todos os dias cometemos erros no plano tático, no trabalho, em casa, na vida diária. E temos estratégias. Mas no plano tático todos erramos todos os dias. Cada Sírio é responsável por tudo que aconteceu. Somos responsáveis, como sírios, quando deixamos que esses terroristas viessem e se instalassem aqui. Somos responsáveis como sírios, pelos sírios que aceitaram ser fantoches dos estados do Golfo e do ocidente. É claro que me sinto responsável por muitas coisas. Mas não vejo que importância teriam alguns detalhes. Acho difícil julgar atitudes e responsabilidades pessoais.

RAI UNO: Gostaria de perguntar-lhe: como foi sua viagem a Moscou?

Presidente Assad: Foi viagem para discutir a situação militar, porque aconteceu quase duas semanas depois de os russos começarem a atacar os terroristas, e para discutir o processo político, porque também aconteceu poucos dias antes de Viena 1. Foi viagem proveitosa, porque os russos compreendem muito bem essa nossa região, com a qual sempre tiveram relações históricas, embaixadas, todos os tipos de relações necessárias para desempenhar um papel no que acontece hoje por aqui. Sem dúvida, foi visita muito proveitosa.

RAI UNO: De Roma, do Vaticano, o Papa disse que matar em nome de Deus é blasfêmia. Mas a primeira questão é: essa guerra é realmente guerra de religião?

Presidente Assad: Não, não é. Não é guerra religiosa nem de religião. É guerra entre gente que se separou da religião real, em primeiro lugar, claro, do Islã, e abraçou o extremismo – que os muçulmanos não consideramos parte de nossa religião>

Aqui na nossa região, é guerra entre muçulmanos e terroristas. Claro que aparecem muitos nomes e títulos: guerra contra cristãos, guerra contra outras seitas. Mas não passam de fórmulas que os terroristas usam para promover a guerra que eles e o ocidente fazem contra alguns povos da nossa região. A maioria dos muçulmanos, a vasta maioria, são moderados e amantes da paz.

RAI UNO: Quem mata gritando Allah Akbar não está fazendo guerra religiosa?

Presidente Assad: É um modo de os terroristas promoverem a guerra deles. Por isso usam expressões ou palavras da religião, para impressionar outras pessoas, para ‘demonstrar’ que estariam lutando por Alá, por deus, o que é falso. Alguns fazem o que fazem sabendo que é falso, outros creem sinceramente que estejam fazendo guerra por Alá. […]

RAI UNO: Sr. Presidente, antes de encerrar, permita-me mais uma pergunta. Como o senhor vê seu próprio futuro? O que é mais importante: o futuro da Síria ou sua permanência no poder?

Presidente Assad: A mim só o futuro da Síria preocupa. Quero dizer: claro que meu futuro pessoal está entretecido com o futuro de meu país. Se a Síria não for lugar seguro para viver, não há segurança para nenhum sírio. Isso é autoevidente.

O problema aqui é que, se você insiste em criar uma ‘oposição’ entre o presidente da Síria em guerra e a Síria em guerra, é como você vir até aqui só para poder ‘conclui’ que “se o presidente continuar presidente, o futuro da Síria é desgraça.” Se o presidente deixar de ser presidente, a Síria terá futuro radioso.” Isso é pura propaganda ocidental.

A verdade é que dentro da Síria há gente que quer que o presidente permaneça onde está e há gente que não votou em mim e não apoia meu governo. Por isso as eleições são novamente indispensáveis. Para que a Síria escape completamente do falso dilema que o ocidente inventou, e a propaganda ocidental reproduz todos os dias: se o presidente sai, a Síria vive; se o presidente não sai, a Síria morre. Não posso responder a você como a propaganda ocidental manda, porque é desconectada da realidade. Tenho de responder conforme nossa realidade.

RAI UNO: Obrigado, senhor presidente. Obrigado pela entrevista.

Presidente Assad: Obrigado por sua visita à Síria. [Fim da transcrição]


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Re: SYRIA

#1364 Mensagem por VivaRussia » Ter Nov 24, 2015 12:18 am

QUE O SANGUE DE CADA CRIANÇA SÍRIA ASSASSINADA RECAIA SOBRE TODOS ESSES QUE APOIAM, FAZEM VISTA GROSSA E DEFENDEM O OCIDENTE DE TODOS OS CRIMES COMETIDOS.

Eu aceito que um cidadão comum, que pouco acesso tenha à leitura e que conhece o mundo através da lente da Rede Globo seja manipulado e não enxergue as coisas como elas são. Mas jornalistas comprados ou que querem defender sua carreira e pessoas de classe média que têm acesso à informação, como muitos aqui desde fórum, ficar defendendo Estados Unidos e sua política crimonosa? oras, se realmente quisessem saber a verdade, correriam atrás e perceberiam o que realmente está acontecendo.

Essas pessoas, por causa de sua ideologia anti-comunista ultrapassada, se recusam a chorar pelos quase 300.000 sírios mortos em quase 5 anos de guerra e mentem descaradamente. Mentem e não sei se somente para os outros ou para si mesmo também. Esses eu não perdoo.

Se fazem propaganda da política dos EUA, então estão sendo não só coniventes, mas cúmplices em tudo que está acontecendo.

QUE O SANGUE DAS CRIANÇAS, DAS MULHERES, DAS PESSOAS DE BEM DECAPITADAS PELO ESTADO ISLÂMICO RECAIA SOBRE VOCÊS!

VR




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Re: SYRIA

#1365 Mensagem por Brasileiro » Ter Nov 24, 2015 12:27 am

Ao que parece será uma repetição dos conflitos da guerra-fria.

Os EUA já avisaram que infiltrarão agentes especiais para ajudar a coordenar as forças rebeldes.

Não será surpresa alguma que já hajam militares russos em meio às tropas do governo com o mesmo intuito, e até mesmo fornecendo equipamentos e munição a partir de lançamento aéreo.


abraços




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