Mariano Rajoy cada vez mais longe de conseguir formar governo
ana.petronilho@economico.pt.
Socialistas do PSOE deixam claro que não apoiam governo presidido por Mariano Rajoy e piscam olho aos partidos da esquerda. Podemos exige referendo à independência da Catalunha.
Um dia depois dos espanhóis terem ido às urnas é cada vez mais claro que Mariano Rajoy não vai conseguir continuar aos comandos do governo espanhol. Está em curso a maior crise política desde a restauração da democracia em Espanha, em 1978, sendo este o primeiro grande teste para o rei Filipe VI.
O Partido Popular venceu as eleições bem longe da maioria absoluta e para que Mariano Rajoy continue como presidente do governo terá de construir alianças com outros partidos. O que não acontecerá com nenhum partido da esquerda.
Ao mesmo tempo que os socialistas do PSOE, segundo partido mais votado, tornaram claro que não viabilizam um governo de Rajoy piscando o olho aos partidos da esquerda para conseguir a maioria parlamentar, o PP já preparava a sucessão do presidente do partido. José Maria Aznar, ex-presidente do governo, defende que é necessário um congresso para se fazer uma “reflexão profunda” do partido e se recupere o eleitorado de centro-direita.
E nem mesmo uma coligação entre o PP e o Ciudadanos será suficiente para conseguir os 176 deputados que garantam um executivo com maioria parlamentar.
O cenário mais provável será então uma coligação entre os partidos da esquerda para formarem governo. aliás, semelhante ao que aconteceu em Portugal nas últimas eleições legislativas.
Mas uma coligação entre os socialistas e o Podemos, que foi o grande vencedor destas eleições, tem um preço: um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE “não entende que Espanha é um pais diversificado e plurinacional. Ou o PSOE entende isto ou entrega o governo a Mariano Rajoy e ao Partido Popular”, disse Pablo Iglesias, líder do Podemos, em conferência de imprensa. Para já Iglesias sublinhou que vai iniciar uma ronda de contactos com as forças políticas com representação parlamentar, mas só depois de reunir o Conselho de Cidadãos do partido.
A incerteza quanto ao futuro do governo do país teve impacto na quarta maior economia da zona euro, com a bolsa de Madrid a sofrer a maior queda entre as praças europeias, a afundar 3,6%.
O PP, de Mariano Rajoy, venceu domingo as eleições em Espanha, com 123 deputados. Seria necessário mais 53 deputados para que o PP conseguisse a maioria absoluta.
Na corrida às urnas que ditou o fim do bipartidarismo, a segunda força política mais votada foi o PSOE, de Pedro Sanchez, que conseguiu 90 deputados.
Os dois vencedores da noite eleitoral foram os partidos emergentes, o Podemos, de Pablo Iglesias, à esquerda, com 69 deputados, e o Ciudadanos, de Alberto Rivera, com 40 deputados.
Com estes resultados, Mariano Rajoy precisaria do apoio ou abstenção do Ciudadanos e a abstenção do PSOE para evitar que todas as outras forças políticas bloqueassem a sua investidura como presidente.
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