NOTICIAS

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 39809
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 6223 vezes
Agradeceram: 3501 vezes

Re: NOTICIAS

#8416 Mensagem por FCarvalho » Qua Set 24, 2014 7:37 pm

Marino escreveu:A MB devia sim dizer o pq da necessidade de colocar o navio em reserva: CONTIGENCIAMENTO DO ORÇAMENTO.
O resto é pura baboseira.
Vamos ver se nao haverá resposta.
Se dissessem isso - a pura e simples verdade - caia na hora o cmte da MB e mais todo a almirantado. Iria todo mundo para o pijama no ato.

E o navio veleiro Cisne Branco seria o principal navio da esquadra nos próximos 15 anos.

abs.




Carpe Diem
Marechal-do-ar
Sênior
Sênior
Mensagens: 8789
Registrado em: Qua Set 10, 2003 8:28 pm
Agradeceu: 1 vez
Agradeceram: 419 vezes

Re: NOTICIAS

#8417 Mensagem por Marechal-do-ar » Qua Set 24, 2014 7:52 pm

FCarvalho escreveu:O fictício PAED como se sabe foi escrito para não ser cumprido, mas tão somente sabido, e usado pelo marketing político estatal a seu favor.
O PAED não é exatamente o que eu tinha em mente...
FCarvalho escreveu:Qualquer programa de equipamento ou reequipamento das ffaa's brasileiras está, como sempre esteve, atrelado as idiossincrasias do poder civil nacional, que nunca deixou de manifestar sua total e plena incompreensão e ignorância com as questões relativas a defesa nacional.
Não posso concordar que o problema seja só civil, os militares ficaram no poder por décadas e as FAs não se tornaram FAs de primeiro mundo.




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 39809
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 6223 vezes
Agradeceram: 3501 vezes

Re: NOTICIAS

#8418 Mensagem por FCarvalho » Qua Set 24, 2014 8:18 pm

Nos anos em que os militares passaram pelo exercicio do poder, os tempos, o país e a economia eram outros.
Podia faltar muita coisa nas ffaa's neste tempo, mas uma coisa temos de admitir que nunca faltou em relação a defesa: consciência.

Sem isso, nem o melhor dos presidentes, civil ou militar, poderia ter feito qualquer diferença.

Hoje, a falta que ela nos faz é e será muito mais danosa do que a verba que não tínhamos para desenvolver tudo a que nos propusermos fazer.

abs.




Carpe Diem
Lord Nauta
Sênior
Sênior
Mensagens: 4579
Registrado em: Dom Jul 15, 2007 4:29 pm
Agradeceram: 455 vezes

Re: NOTICIAS

#8419 Mensagem por Lord Nauta » Qui Set 25, 2014 1:01 am

Marechal-do-ar escreveu:A MB passou suas necessidades reais? As demais forças idem? É público isso?

Todas estas necessidades são de domínio público. Todos estes programas já foram amplamente divulgados.


Sds


Lord Nauta




Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 39809
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 6223 vezes
Agradeceram: 3501 vezes

Re: NOTICIAS

#8420 Mensagem por FCarvalho » Qui Set 25, 2014 9:42 am

Todas as necessidade das ffaa's para os próximos 30 anos estão descritas, identificadas, explicadas e planificadas temporal e financeiramente no PAED, que é um documento oficial de Estado do MD.

Mas onde esse documento foi parar mesmo? :?

abs.




Carpe Diem
JL
Sênior
Sênior
Mensagens: 1960
Registrado em: Dom Nov 14, 2004 9:17 pm
Localização: Santos
Agradeceram: 63 vezes

Re: NOTICIAS

#8421 Mensagem por JL » Qui Set 25, 2014 10:20 am

Realmente esqueci da base em Angra dos Reis certo. Uma obra pelo que vi fantástica, mas quanto custou aquela base 1 bilhão de euros, mesmo assim a conta ainda esta muito cara. Claro o acordo visa o submarino nuclear, não sei e nem tenho como saber o que os franceses estão contribuindo para este projeto, acredito que a maioria do pessoal da MB, também não sabe, tendo em vista o segredo militar. Agora quanto ao resultado somente me resta aguardar mais uns vinte anos quando eu tiver com quase 70 anos de idade, se estiver vivo, vou escrever em algum lugar, sobre isso.

Se o sub nuclear vier a ser construído e se ele resultar em uma classe de pelo menos três unidades, para que sempre haja um em operação, então realmente a MB vai dar um salto quântico de poder. Mas devo lembrar que é bom que os franceses ajudem a sanar todos os problemas inerentes ao projeto, porque os primeiros sub russos e norte americanos eram extremamente problemáticos.

Agora minha dúvidas ficam por conta de nossa base industrial, tendo em vista que não temos produção de praticamente nada em termos de componentes para a construção de submarinos, como por exemplo: mastros e pelo que eu saiba, levando em conta que sou ignorante, não fabricamos praticamente nada na área. Será que os franceses vão fornecer tudinho e nós vamos entrar somente com o reator no casco ou será que uma vez construída a base, construído os quatros submarinos convencionais acordados, tendo sido transferida toda a documentação de projeto e o pessoal ter completado os seus cursos na França. O acordo não vai esta cumprido, restando ainda a tarefa fantástica de nós materializar o sub nuclear.

Eu de forma ignorante, não entendo porque para quase todo o armamento que o Brasil compra novo, é exigida a transferência de tecnologia, se não existe posteriormente uma produção em larga escala de nenhum produto similar com a tecnologia adquirida. Isto aparentemente encarece em muito os contratos de aquisição.

Cito exemplo dos canhões de 30 mm do A1 AMX, que foram nacionalizados, no entanto somente usados nos caças, as armas poderiam ter sido implantadas em forma de reparos para uso terrestre e naval, tendo em vista que nacionalizados, aparentemente compraram a patente, seriam nacionais. Mas não foram.

Ressalto que houve um programa de transferência de tecnologia alemã, referente a classe Tupi de submarinos, afinal que conseguimos, reformulamos o projeto que resultou no Tikuna, único da classe, mas também todo montado com componentes importados. Será que em termos práticos, reafirmo na prática, este contrato foi válido. Afinal se o Brasil procedesse como Portugal, comprando e mandando fazer, teríamos os mesmos submarinos, com custo menor com certeza. Claro estou desconsiderando todo o fator humano de cursos e aprimoramento pessoal, visto que, como o projeto em si não deu resultado, creio que em real isto acabou sendo desperdiçado.

É apenas uma opinião fria com base no resultado obtido, pois o acordo de submarinos com a Alemanha também foi passado como um projeto de longo curso, que visa a independência nacional na área e a chegada ao sub nuclear.




Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
Avatar do usuário
Marino
Sênior
Sênior
Mensagens: 15667
Registrado em: Dom Nov 26, 2006 4:04 pm
Agradeceu: 134 vezes
Agradeceram: 630 vezes

Re: NOTICIAS

#8422 Mensagem por Marino » Qui Set 25, 2014 10:38 am

JL, procure aqui no DB, ou no DAN, um artigo sobre o Programa Esporão.
Também busque as respostas da MB sobre ToT e capacitação de indústrias e pessoal dadas na época da escolha e transcritas aqui no DB.
Lhe respondendo sobre o primeiro ponto, os franceses darão consultoria no projeto do SSN, nao o fazendo na parte nuclear, que será totalmente projetada e construída por brasileiros.




"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
JL
Sênior
Sênior
Mensagens: 1960
Registrado em: Dom Nov 14, 2004 9:17 pm
Localização: Santos
Agradeceram: 63 vezes

Re: NOTICIAS

#8423 Mensagem por JL » Qui Set 25, 2014 12:34 pm

Caro comandante.

Primeiramente, gostaria de declarar que estou usando deste espaço de uma maneira informal, como amigos colocando ideias em uma conversa. Apesar deste Fórum ter muitos usuários, ele não é algo totalmente público e como ressalto minhas colocações são de um civil e leigo, portanto o que escrevo não tem o respaldo de um título ou têm o compromisso de ser irrefutável, são meras opiniões subjetivas.

Segundo, não conheço os meandros e bastidores de nada, quanto aos programas já li alguma coisa sobre quase todos eles. No entanto a minha memória, devido ao stress diário, não é das melhores. Também desejo ressaltar que não ignoro o enorme esforço produzido por parte dos militares da marinha e acredito na boa fé da maioria absoluta, porém, novamente porém muitos e muitos dos projetos do passado não deram frutos. Já houve projetos ligados a produção de armas navais como torpedos.

Lembro me que existiu uma fábrica de torpedos da marinha, que houve até negociações com o torpedo italiano A 184 e outras negociações com os suecos, visando a produção local do torpedo 2000 etc. E o resultado é que não fabricamos torpedos, usamos o Tigerfish britânico, agora o Mark 48 norte americano e agora virá a tecnologia francesa. Poderia citar outras coisas e ficar divagando por outras histórias e estórias que já li, mas como não as vivi, fica difícil saber o que realmente aconteceu.

Infelizmente para a minha pessoa, tenho uma visão pessimista das possibilidades nacionais, em virtude de tantas decepções com a "coisa" pública nacional, então estou como Tomé, São Tomé, preciso ver, tocar e ainda assim vou ficar meio na dúvida.

Quando o sub. nuclear estiver singrando as profundezas do Atlântico Sul, tendo no seu bojo os torpedos nacionais e a Marinha sendo detentora de todas esta tecnologia operacional, então eu vou crê. Até lá continuarei duvidando.

Para finalizar, reafirmo que não tenho nenhuma dúvida com relação a importância estratégica para a Guerra Naval, destes dois sistemas de armas o submarino nuclear e o navio aeródromo, minhas dúvidas estão na nossa capacidade com os problemas políticos e orçamentários que sofremos, de poder chegar a dominar estas duas capacidades da área naval.

Falta vontade política, falta uma visão de estadista aos nosso líderes, falta a inspiração do povo em almejar o Brasil como uma potência. São estes os males, que nos afligem e fazem com que muitos destes projetos ambiciosos, se tornem apenas programas perenes.

Ficam tal como mulheres que sonham com um filho e que engravidam, carregam a criança no ventre, mas que abortam, sem chegar ao parto. Sofrem as dores e as restrições da gravidez, mas não alcançam a maternidade.

Assim tem sido muitos projetos militares, sendo que alguns até pariram, mas não chegaram a plenitude do que foi almejado. Não por culpa da parturiente e sim pela contínua astenia brasileira, gigante com pés de barro, deitado em berço perpétuo. Acomodado ao sol tropical.




Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
Avatar do usuário
cabeça de martelo
Sênior
Sênior
Mensagens: 41279
Registrado em: Sex Out 21, 2005 10:45 am
Localização: Portugal
Agradeceu: 1235 vezes
Agradeceram: 3161 vezes

Re: NOTICIAS

#8424 Mensagem por cabeça de martelo » Qui Set 25, 2014 12:58 pm

JL, Portugal comprou e não fez porque houve quem tenha decidido que não.

Os Franceses estavam dispostos a construir/montar os submarinos em Viana do Castelo. Todo o processo da aquisição dos submarinos está envolta em uma cortina de mistério (para não dizer algo mais feio).

Já houve Alemães condenados na Alemanha por causa deste projecto, já em Portugal... :evil:




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

O insulto é a arma dos fracos...

https://i.postimg.cc/QdsVdRtD/exwqs.jpg
JL
Sênior
Sênior
Mensagens: 1960
Registrado em: Dom Nov 14, 2004 9:17 pm
Localização: Santos
Agradeceram: 63 vezes

Re: NOTICIAS

#8425 Mensagem por JL » Qui Set 25, 2014 2:46 pm

Caro "cabeça de martelo", meu companheiro, compartilho com você a descendência portuguesa, sou filho de imigrantes. Pergunto fazer ou montar, pois se o submarino fosse construído em Portugal, ele apenas seria montado em Viana do Castelo, sendo que tudo viria da Alemanha e o que Portugal ganharia com isso, se somente foram construídas duas unidades. Ao meu ver vale muito mais um programa mais amplo de construção de OPV´s que possam vir a ser exportados do que uma empreitada desta.
Agora quanto a comprar e projetar/ construir submarinos quero mostrar dois exemplos o caso iraniano, que pelo que eu saiba esta sob um embargo de armas e mesmo assim lançou ao mar um submarino o Classe Fateh, claro que a qualidade tecnológica não deve nem chegar perto dos franceses ou alemães, mas parece um projeto próprio. E o caso israelense que não construiu nada mas recebeu prontinho o INS Tanin, mas desenvolveu os mísseis cruiser de tecnologia própria para armá-los.
Israel é racional nas suas necessidades compra de fora e produz internamente conforme as possibilidades e necessidades o Irã não pode comprar então desenvolve internamente.
Agora para que gastar muito mais, para simplesmente montar. Bem estou divagando.
Quanto a irregularidades prefiro esquecer, pois não gosto de tocar este assunto. Aqui links para os dois submarinos. Se alguém tiver o jeito, as fotos e desenhos do iraniano eram interessantes para postar aqui no Fórum.

http://www.hisutton.com/Fateh-Class_Submarine.html

http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=46196




Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
Marechal-do-ar
Sênior
Sênior
Mensagens: 8789
Registrado em: Qua Set 10, 2003 8:28 pm
Agradeceu: 1 vez
Agradeceram: 419 vezes

Re: NOTICIAS

#8426 Mensagem por Marechal-do-ar » Qui Set 25, 2014 7:11 pm

Lord Nauta escreveu:
Marechal-do-ar escreveu:A MB passou suas necessidades reais? As demais forças idem? É público isso?

Todas estas necessidades são de domínio público. Todos estes programas já foram amplamente divulgados.


Sds


Lord Nauta
FCarvalho escreveu:Todas as necessidade das ffaa's para os próximos 30 anos estão descritas, identificadas, explicadas e planificadas temporal e financeiramente no PAED, que é um documento oficial de Estado do MD.

Mas onde esse documento foi parar mesmo? :?

abs.
Acho que me expressei mal (ou o país segue uma linha de trabalho muito estranha...), o PAED não é uma necessidade, é um plano para atender a uma necessidade, a necessidade deve ter sido previamente definida, talvez, com base na END, a END, por sua vez, foi elaborada em cima de alguns objetivos, ok, a END e a PAED são públicas, já li elas, mas e o que veio antes da END e entre a END e a PAED?




"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 39809
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 6223 vezes
Agradeceram: 3501 vezes

Re: NOTICIAS

#8427 Mensagem por FCarvalho » Qui Set 25, 2014 9:56 pm

A PND - Política Nacional de Defesa. Que no caso do Brasil, está mais para uma "carta para inglês ver" do que um documento credível que respalde toda tanto a END como o PAED quanto o planejamento de reequipamento das ffaa's.

Enfim, é um documento burocrático e político. Nada mais.

abs




Carpe Diem
JL
Sênior
Sênior
Mensagens: 1960
Registrado em: Dom Nov 14, 2004 9:17 pm
Localização: Santos
Agradeceram: 63 vezes

Re: NOTICIAS

#8428 Mensagem por JL » Qui Set 25, 2014 11:30 pm

Na minha opinião desenvolver armas modernas, ou seja, qualquer tipo de projétil dirigido, seja um missil, uma bomba inteligente ou um torpedo, com todos os seus sistemas informáticos associados é prioridade absoluta, tal qual era na Guerra Antiga dominar a metalurgia, para produção de lâminas e depois dos tubos dos primeiros canhões. Aproveitando a menção do projeto Esporão. Aproveito para reproduzir um artigo inclusive já postado pelo comandante, devido a sua relevância e claro por ser muito prazeroso em termos de leitura, pois apesar do que possar parecer, ainda tenho alguma esperança.

Como pedido no site informo que o artigo é de autoria do Vice Almirante Fiuza de Castro e que foi retirado do site http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=11276 do nosso colega forista Luiz Padilha.

Luiz Padilha
04/11/2012

Durante as negociações difíceis e complexas do Prosub com os franceses, a Marinha do Brasil(MB), percebeu que o limite na Transferência de Tecnologia (ToT) oferecida para os sistemas de armas e gerenciamento de plataforma estaria na capacidade de fazer manutenção.

Muito embora essa capacidade seja essencial para assegurar a confiabilidade dos sistemas fornecidos, estava muito longe da autonomia que a Marinha pretendia para o seu primeiro submarino com propulsão nuclear (SN-BR), e o fantasma de um improvável, mas possível embargo ou restrição ao seu emprego gerou a ideia de um “Plano B”.

Assim como a ideia de Barroso de usar as proas reforçadas de nossos navios para abalroar as naves inimigas foi uma improvisação, mas prevista na construção dos mesmos, o Programa Esporão pretende apresentar à MB uma solução alternativa para o evento improvável descrito, no caso do primeiro submarino de propulsão nuclear, e uma solução definitiva, longe de embargos e end users para os outros submarinos de propulsão nuclear que viermos a construir. Além disso, como aprendemos com os próprios franceses, no desenvolvimento do motor-foguete para a recertificação do Exocet, a ToT só acontece quando tentamos fazer algo por nós mesmos.

Um dos princípios da guerra que nos ensinam na escola de Guerra Naval (EGN) é a “exploração do êxito”. O que tentamos foi explorar o aparente êxito do modelo de gerenciamento implementado no desenvolvimento do motor-foguete para a recertificação dos nossos mísseis antinavio. Simplificadamente este modelo consiste numa gerência dentro da Diretoria de Sistemas de Armas da Marinha (DSAM), mas fora de sua estrutura organizacional, bastante enxuta, com oficiais da reserva contratados pela Emgepron, que definem, dentro das boas práticas do gerenciamento de projeto, o seu triângulo de ferro, ou seja, o “objeto”, o “custo” e o “prazo”. Segue-se uma WBS (Work Breaking Struture) em nível elevado que permita identificar uma ou mais empresas brasileiras com as quais possa ser celebrado um contrato de desenvolvimento.

Neste artigo não entraremos nos detalhes do gerenciamento, bastando citar que seguimos todas as recomendações estabelecidas no PMBOK (Project Management Body of Knowledge) nas suas versões mais recentes e adotadas por várias Marinhas. Como ferramenta de Análise de Risco, adotamos uma adaptação ao modelo tradicional desenvolvida especialmente para o projeto do míssil antinavio lançado da superfície (MAN-SUP) pela fundação Atech, que, aliás, é a entidade contratada para nos auxiliar no gerenciamento complementar.

O Programa esporão conta atualmente com cinco projetos específicos, que estão em diferentes estágios de maturação.

- projeto de desenvolvimento de um Torpedo Pesado (TPN);

- projeto de desenvolvimento de um míssil antinavio lançado por submarino (MAN-SUB);

- projeto de desenvolvimento de um sonar cilíndrico de casco;

- projeto de desenvolvimento do CMS (Combat Management System) – Siconta VIII; e

- projeto de desenvolvimento do IPMS ( Integrated Plataform Management System).

Contaremos de forma bastante resumida cada um desses projetos, sem entrar em aspectos técnicos e comerciais.

O primeiro e provavelmente o mais importante projeto é o Torpedo Pesado Nacional. Como todos sabemos, a credibilidade de um meio em provocar a dissuasão está diretamente relacionada com a percepção do oponente de que a sua arma é eficaz e confiável.

No passado recente, por conta de escolhas, e durante muito tempo nossos submarinos ficaram “desdentados”. Ao adquirirmos os ‘Oberon’ na Inglaterra com quase todos os seus sistemas ingleses, muito difícil seria escapar de adquirir o TP-MK 24 – Tigerfish, ainda em desenvolvimento, principalmente com os ingleses alardeando que ele estava operacional e provado em combate nas Malvinas, muito embora o único torpedo pesado que eles usaram para afundar o ‘Belgrano’ tenha sido o velho e confiável MK 8 de corrida reta e desenvolvido no início do século XX.

Ao adquirirmos o MK 24, constatamos os problemas relacionados a um sistema em desenvolvimento e resistimos às pressões para adquirirmos as suas versões posteriores, que, na opinião dos ingleses, resolveriam todos os problemas identificados naquele que agora era chamado de TP-MK 24 Mod1.

Para os IKL resolvemos inovar. Aproveitamos a proposta de uma empresa sueca para desenvolvermos em conjunto com ToT um torpedo pesado que atendesse aos requisitos operacionais de ambas as Marinhas.


Foi a nossa primeira e péssima experiência com a tal da ToT. Os suecos não forneciam informações técnicas que pudesse nos ajudar de alguma forma. Acresce que o torpedo era movido pelo combustível peróxido de hidrogênio, altamente concentrado, que, como nos mostrou o acidente do Kursk , tem o péssimo hábito de explodir com muito pouco estímulo. Isso, aliado ao atraso de mais de dois anos na execução contratual, por atraso no desenvolvimento do torpedo, levou a MB a rescindir o contrato e, nas negociações do distrato, fomos ressarcidos dos recursos pagos, mas a verdade nua e crua é que continuamos “desdentados”.

Na tentativa de resolver definitivamente o problema e aproveitando uma janela de oportunidade política, solicitamos e recebemos dos americanos uma proposta para nos venderem o melhor torpedo pesado em operação na atualidade, o TP-MK 48.

Resolvido o problema, com ajuda da Marinha americana, do lançamento swin out, hoje este torpedo está integrado e foi lançado com êxito pelos submarinos classe Tupi e Tikuna. Mas permanece o fato de que este é um torpedo americano, e como tal, sujeito às idiossincrasias do governo americano, que, por vezes, modifica sua política de fornecimento de armamentos.

Não podendo contar com o MK 48 para o futuro submarino de propulsão nuclear, a MB decidiu utilizar o mesmo torpedo que os franceses utilizarão no seu mais novo submarino de ataque classe Barracuda. este torpedo é o F-21 e já está em desenvolvimento há algum tempo. Acontece que este torpedo era para ser um desenvolvimento conjunto ítalo-francês, mas houve desentendimento entre as partes, o que levou à ruptura com os italianos. Os franceses, mediante adaptações ao projeto, partiram para nova parceria, desta vez com os alemães. Muito embora todas as garantias de contrato e dos fabricantes nos permitam ser cautelosamente otimistas no sentido de que a MB terá um torpedo eficaz, confiável e o mesmo adotado na Marinha francesa, o espectro do passado nos obriga a pensar num Plano B.

O MAN-SUB é quase uma continuação natural dos projetos de desenvolvimento de mísseis da DSAM. Na sua forma original fornecida pelos franceses como SM-39, nada mais é do que um míssil AM-39 encapsulado numa espécie de torpedo movido a motor-foguete lançado por tubos de torpedos especialmente preparados com pistões que, uma vez distendidos, ejetam o conjunto e permitem ao motor-foguete inicial disparar e levá-lo para fora d’água, onde se separam e o AM-30 continua seu percurso até o alvo.

De todos os projetos é o mais maduro em termos gerenciais, isto porque o MAN-SUP começou em 2008, mas talvez seja aquele que mais controvérsia possa trazer ao ser avaliado na sua eficácia. Isto tudo por uma razão simples: um míssil AM-39 tem alcance de 60 Km, enquanto um torpedo moderno está com alcance também neste entorno. Ora, é difícil imaginar o que pode motivar o comandante de um submarino a lançar um míssil, com toda a indiscrição que isso acarreta, quando tiver à sua disposição um torpedo que possa engajar o mesmo alvo. Será preciso uma análise muito cuidadosa.

O desenvolvimento de um sonar nacional é sonho muito antigo na MB e sempre esbarrou na aplicação prática específica. Desenvolver para instalar aonde? Por outro lado, a formação acadêmica/teórica em propagação acústica submarina, processamento de sinais acústicos, filtragens e etc…, leva muitos anos e não tem atrativos duais para outros empregos, como no caso eletromagnético. E até hoje, nenhum empregador que não seja a MB. Esta situação desencorajou muitas mentes brilhantes, com exceção de pequeno grupo de abnegados. As propostas de ToT nesta área chegam a ser ridículas.

Para o programa Esporão, o desenvolvimento de um sonar é tão importante quanto seria desimportante um submarino com propulsão nuclear cego. Essa foi uma situação semelhante à que acabou ocorrendo com as nossas fragatas classe Niterói modernizadas quando receberam seus novos sonares americanos e descobrimos que estes não detectavam nada e que o problema aparentemente estava num filtro de propriedade intelectual da Marinha americana, o que o fabricante “esqueceu” de nos avisar. A solução foi usar aquele pequeno grupo de abnegados, que foram capazes de desenvolver outro filtro e instalá-los e testá-los nas fragatas.

A estratégia do projeto é continuar a desenvolver o processamento, algorítimos, modelos matemáticos e etc do sonar da fragata com objetivo de se chegar a uma maturidade intelectual que nos permita desenvolver um sonar de casco para submarino.



Os dois últimos projetos do Esporão são sistemas digitais operativos em tempo real, tanto o sistema de combate – Siconta – como a grande novidade , o IPMS, ou Integrated Plataform Management System.

O CMS que virá com o Scorpene e previsto no contrato é o Subtics. Após as primeiras discussões mais sérias, a MB constatou que, ao contrário das suas expectativas, teríamos nesses sistemas caixas “brancas”, “cinzas” e “pretas”.

Por outro lado, a MB já vem projetando, desenvolvendo e instalando em seus meios navais uma família de sistemas de Controle Tático e de Armas. Assim, foram instalados o Siconta MK II nas fragatas classe Niterói modernizadas, o Siconta MK III na corveta Barroso e o Siconta MK IV no NAe São Paulo (em fase de aceitação).

O Programa Esporão prevê o desenvolvimento do Sistema de Combate Siconta MK VIII para os submarinos. Para isso, fazendo uso da experiência anterior, a MB utilizará das “boas práticas” para executar a transferência de tecnologia, como execução de serviços ou obtenção de produto que contenha a tecnologia transferida. formará um grupo específico para absorver a tecnologia, distinto do que fiscalizará o projeto e contará com a participação de empresas, institutos de Ciência e Tecnologia, universidades e centros de pesquisas.

O Programa Esporão estruturará os processos de transferência de tecnologia hoje em curso, de forma a obter um sistema de combate para submarinos totalmente nacionalizado, com total conhecimento pelas empresas e técnicos brasileiros participantes do projeto, possibilitando atender ao programa de reaparelhamento de meios da MB e estimulando e contribuindo para o crescimento da indústria bélica do País.

Os sistemas de combate da família Siconta são atualmente sistemas estáveis e de manutenção integralmente dominada pela MB, em que pese a escassez de pessoal da área de Tecnologia da Informação (TI). Isso permite assegurar a certeza de sucesso do Siconta MK VIII para submarinos, pois este possui um nível de complexidade inferior ao de um navio-escolta, além da MB possuir total domínio sobre os códigos-fonte, o que permitirá a integração de novos equipamentos ao sistema de combate.

O IPMS já é um problema bem mais complicado. Primeiro, por desconhecimento e ignorância nosso. Nunca fizemos nenhum sistema de controle integrado de plataforma na MB, apenas sistemas isolados de controle de propulsão, governo, CAV e etc. Segundo pelos riscos envolvidos quando a plataforma é um submarino nuclear.

O sistema de gerenciamento integrado da plataforma – IPMS – consiste em um conjunto de equipamentos (hardware e software), que não se comunicam entre si por meio de uma ou mais rede de dados. Envolve vários subsistemas específicos que, de um lado, devem atuar com certo grau de autonomia e, de outro, mantém uma forte relação de interdependência (propulsão, geração e distribuição de energia, governos, mastros içáveis, hidráulica principal, compensação e trimagem, óleo diesel, óleo lubrificante, engraxamento centralizado, ar comprimido de alta pressão, tanques de lastro, circuitos de resfriamento, ar condicionado, ventilação, águadoce/desmineralizada, regeneração e monitoramento da atmosfera, resgate, esnorquel, drenagem de porões,fechamento de válvulas do mar em emergência, detecção e combate a incêndio, ar para respiração, circuito de 28 V para emergência e outros). Permite o controle ou monitoramento remoto da maioria dos subsistemas de bordo a partir de um compartimento de controle e controle local em diferentes compartimentos do submarino.

Nosso futuro submarino com propulsão nuclear exigirá um esforço conjunto para o desenvolvimento de um sistema de controle e proteção da planta de propulsão nuclear integrada com os demais subsistemas inerentes a um submarino. A interação entre tais subsistemas se torna ainda mais complexa se considerarmos a possibilidade da ocorrência de situações de emergência e a necessidade de serem mantidas as funções operacionais que envolvem a efetiva troca de informações entre esses subsistemas visando a salva-guarda da vida humana, do material e do meio ambiente.

O Programa Esporão prevê a contribuição no desenvolvimento de subsistemas para os SN-BR, como “Plano B” para dominar o conhecimento daqueles considerados de maior importância, não abrangidos pela planta nuclear (CTMSP), e cuja tecnologia não seja transferida inteiramente para a MB. Da mesma forma como no sistema de combate, fazendo uso da experiência anterior, foi vislumbrada a necessidade da formação de um grupo específico para absorver tecnologia e fixar conhecimentos por meio de um trabalho conjunto com a participação de empresas, institutos de Ciência e Tecnologia, universidades e centros de pesquisa, que permita a obtenção de produtos contendo a tecnologia transferida. Além disso, com a formação e o treinamento desse Grupo de Recebimento de Tecnologia para submarinos (GRTEC-SUB), pretende-se suprir parte da escassez de pessoal na área de TI, disseminar novas tecnologias e servir como embrião do CMS-SUB a ser implantado na futura Base de Submarinos, em Sepetiba.

NOTA DO EDITOR: Este artigo foi transcrito por Defesa Aérea & Naval da RMB, não possuindo arquivos em PDF disponíveis na internet. Solicitamos que em caso de cópia, seja mantida a originalidade do mesmo, citando a fonte.




Dos cosas te pido señor, la victoria y el regreso, pero si una sola haz de darme, que sea la victoria.
Avatar do usuário
Alcantara
Sênior
Sênior
Mensagens: 6586
Registrado em: Qui Jan 20, 2005 4:06 pm
Localização: Rio de Janeiro - RJ
Agradeceu: 215 vezes
Agradeceram: 248 vezes
Contato:

Re: NOTICIAS

#8429 Mensagem por Alcantara » Sex Set 26, 2014 11:09 am

Não sei se o Talharim já postou isso aqui, maaass...

AVISO DE LICITAÇÃO

LICITAÇÃO N.º 028/2014 - LEILÃO - ALIENAÇÃO, POR VENDA, DE CASCO DO EX - NDD RIO DE JANEIRO

Por ordem do Diretor-Presidente da EMGEPRON faço público que será realizada a Licitação N.º EGPN 028/2014, modalidade Leilão, conforme segue: 1. Objeto –Alienação, por venda, do casco do ex-Navio Desembarque Doca Rio de Janeiro – NDD Rio de Janeiro, pertencente ao Comando do 1º Esquadrão de Apoio – COMESQDAP-1; 2. Preço Mínimo de Alienação: R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais); 3. Data/Hora/Local: 27 de maio de 2014, às 14h na Rodovia Presidente Dutra, 748 (km um) - Jardim América - ao lado da Passarela sentido Rio/S.Paulo – Rio de Janeiro/RJ; 4. Fornecimento do Edital – O Edital completo contendo todos os dados e esclarecimentos poderá ser obtido na EMGEPRON, Edifício Almirante Raphael de Azevedo Branco, 2º andar, Ilha das Cobras, Rio de Janeiro, nos dias úteis de 09:00 às 11:00h e 13:30 às 16:00h ou capturado por meio da página na internet: www.emgepron.com.br ou www.emgepron.mar.mil.br Informações pelos telefones: (21) 3907-1831 e 3907-1845 / Fax (21) 3907-1831.

LUIZ ANGELO DE CARVALHO FILIPPO
Presidente da Comissão de Licitação




"Se o Brasil quer ser, então tem que ter!"
Avatar do usuário
FCarvalho
Sênior
Sênior
Mensagens: 39809
Registrado em: Sex Mai 02, 2003 6:55 pm
Localização: Manaus
Agradeceu: 6223 vezes
Agradeceram: 3501 vezes

Re: NOTICIAS

#8430 Mensagem por FCarvalho » Sex Set 26, 2014 5:57 pm

A venda da sucata deste navio deve render ao comprador bem mais que ele gastará para comprá-lo.
E segue a vida.

abs.




Carpe Diem
Responder