PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O site do jornal "O ESTADO DE S. PAULO" traz documentário (fotos) sobre os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial (1914-18):
http://infograficos.estadao.com.br/publ ... a-mundial/
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http://infograficos.estadao.com.br/publ ... a-mundial/
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Único latino-americano a participar da
1ª Guerra, Brasil mostrou despreparo
Oficiais foram combater e navios patrulhar Atlântico, dizem historiadores.
165 brasileiros morreram; 5 pilotos abatidos e médicos, infectados por gripe.
fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/ ... eparo.html
Tahiane Stochero
Do G1, em São Paulo
Contratorpedeiro Paraíba integrou a força naval brasileira
que patrulhou a costa africana (Foto: Diretoria do
Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha)
A pequena atuação na 1ª Guerra Mundial (1914-1918), que começou cem anos atrás, demonstrou o total despreparo militar brasileiro para um conflito de grandes proporções e provocou mudanças na organização e no treinamento dos soldados, permitindo que o país pudesse ter uma presença maior na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), segundo especialistas ouvidos pelo G1.
Além do grupo de 28 oficiais enviados à França com a missão secreta de aprender operações e conhecer novas tecnologias de combate, o Brasil mandou ainda uma equipe médica, uma esquadra naval para patrulhar a costa africana e aviadores, que atuaram em aeronaves inglesas, francesas, americanas e italianas. Ao menos 165 militares brasileiros morreram nestas missões. A maioria, no entanto, foi vítima da gripe espanhola, não de combates. Cinco pilotos, da Marinha brasileira, foram abatidos quando confrontavam caças alemães.
“Mesmo após a Guerra do Paraguai (1864-1870) e o Contestado (1912-1916), nossa participação na 1ª Guerra Mundial demonstrou o total despreparo militar e a necessidade de se aperfeiçoar o treinamento e o equipamento das Forças Armadas. Logo que a guerra acabou, o governo brasileiro contratou uma missão francesa, que ficou no país 19 anos ensinando e reorganizando nossas tropas”, afirma o historiador Adler Homero Fonseca de Castro, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
“Houve uma grande mudança na mentalidade militar após a guerra. As batalhas anteriores, em que havíamos participado, tinham sido improvisadas e se pensou: vamos resolver o problema a partir de agora”, entende ele. Entre os aprendizados incorporados pela participação são citados a aquisição de carros de combate blindados, o uso de lança-chamas e de metralhadoras, a necessidade de se estudar a guerra antissubmarina, o aperfeiçoamento de treinamentos e a organização das academias militares.
O Brasil foi o único país sul-americano a participar efetivamente da 1ª Guerra Mundial, segundo três historiadores ouvidos pelo G1.
Conforme o mestre em história e relações internacionais Valterian Braga Mendonça, "apesar de Cuba, Panamá, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Haiti e Honduras declararem guerra à Alemanha, o Brasil foi o único a ter participação ativa. Nossa contribuição militar foi simbólica, mas a contribuição na área comercial foi significativa, mormente quando os aliados careciam de alimentos e de matérias-primas", afirma ele.
"Os demais países latino-americanos que se declararam em guerra, com pequena população, forças armadas incipientes e em constante instabilidade política, nada de significativo podiam fazer", acrescenta ele.
Argentina, Chile, Paraguai e Venezuela declararam-se neutros. México não se pronunciou, mas conservou neutralidade, já Bolívia, Equador, Peru e Uruguai romperam relações diplomáticas com a Alemanha, mas não declararam guerra, explicam os pesquisadores.
O Brasil só decidiu entrar no conflito e declarar estado de guerra em outubro de 1917, após manifestações violentas nas ruas e a pressão da opinão pública, provocadas pela perda de seis navios mercantes, que foram afundados, carregados de café, por submarinos alemães.
“Foi como os protestos de 2013, que varreram o país. Houve quebra-quebra, destruição de comércios e casas de descendentes de alemães, principalmente na Região Sul. Havia uma revolta social na população contra a Alemanha que levou o país a tomar uma posição”, diz o coronel Luíz Ernani Caminha Giorgis, pesquisador da história militar brasileira.
Contratorpedeiro Piauí em Gibraltar (Foto: Diretoria do
Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha)
Nos meses seguintes, o governo confiscou 42 navios mercantes alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra. Elas passaram a pertencer à frota brasileira. Parte das embarcações, segundo os historiadores, foi destruída ou sabotada pelas tripulações, que foram detidas.
“Nós estávamos totalmente atrasados militarmente para uma guerra das proporções da 1ª Guerra Mundial. Serviu para o Brasil melhorar e aprender, para estar pronto para mandar uma força expedicionária de 25 mil homens em 1942 para a 2ª Guerra Mundial”, salienta ele. Em 1893, o Exército havia comprado 600 mil fuzis Mauser alemães e o alto comando acreditava, até então, que a doutrina militar da Alemanha era a melhor no mundo e deveria ser adotada pelo país, diz o oficial.
“O ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras, calculava que o Brasil poderia mandar uma força de 150 mil homens para lutar contra a Alemanha. O efetivo do Exército em 1917 era de apenas 18 mil soldados e nem havia alistamento obrigatório (que foi criado após o conflito). Era uma propaganda para disseminar boatos, mas o Brasil não tinha condições financeiras e nem meios para recrutar, transportar, armar, treinar e manter este efetivo. Na 2ª Guerra, a força expedicionária só foi maior porque os Estados Unidos apoiaram”, entende Mendonça.
Na 2ª Guerra Mundial, em 1944, o Brasil mandou uma força expedicionária de 25 mil homens. Naquela época, o efetivo do Exército era de 175 mil soldados.
As 4 participações do Brasil
Missão francesa vem ao Brasil para melhorar
treinamento de soldados (Foto: Estado-maior
do Exército/acervo do historiador Claudio Bento)
Oficiais combatem para aprender
Uma das principais atuações brasileiras na guerra foi o envio de 28 oficiais para aprender operações e estudar a aquisição de material. ““Esta atuação foi a de maior aprendizado. Eles foram, na verdade, combater com o Exército francês”, diz o coronel Giorgis.
O que mais se destacou entre eles foi o tenente José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que acabou ferido em combate e contraindo tifo, após comandar uma fração de turcos “aguerridos” e vencer batalhas, segundo Cláudio Bento, Presidente da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil.
“Ele foi condecorado e comandou carros de combates Renault nas linhas de frente. Ao voltar para casa, brigou para que o Brasil comprasse blindados e também para a vinda da missão francesa, que reorganizou a estrutura militar do país e ensinou técnicas de combate entre as duas grandes guerras”, diz.
Rebocador Laurindo Pitta, usado pelo Brasil na
1ª Guerra, faz passeios na Baía de Guanabara (Foto:
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da
Marinha)
Divisão naval para a África
Oito navios brasileiros, entre eles torpedeiros e cruzadores, foram incumbidos de patrulhar a costa africana e proteger o Atlântico de possíveis ataques de submarinos alemães, em especial um triângulo entre Dacar, São Vicente, o Arquipélago de Cabo Verde e Gibraltar.
Movidos a carvão, e relativamente novos, comprados do Reino Unido, não chegaram a entrar em combate. O rebocador Laurindo Pitta, que atuou no conflito, é a única embarcação da Marinha ainda em funcionamento desde aquela época e realiza passeios na Baía de Guanabara, no Rio.
“Logo que os navios aportaram em Serra Leoa, 158 marinheiros morreram de gripe espanhola. A missão progrediu até Gibraltar para encontrar a Armada britânica, mas no dia seguinte a guerra acabou. Foi um fracasso total”, diz o coronel Giorgis.
O almirante Armando de Senna Bittencourt, diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, relembra que até então navios brasileiros nunca haviam se envolvido em conflito fora da América do Sul. “A Alemanha percebeu que o grande trunfo dela eram os submarinos e começou a afundar navios mercantes, inclusive brasileiros, indiscriminadamente. O Brasil dependia muito da exportação de matérias primas e da importação de petróleo. Não podíamos deixar que fosse interrompido o tráfego marítimo”, relembra.
“Não dominávamos as táticas antissubmarino. E era nisso que queriam a nossa ajuda”, diz.
Pilotos participam de missão na 1ª GM (Foto: Revista
do Exército/acervo do historiador Luiz Caminha)
Aviação de combate
Para enfrentar a força aérea alemã, o Brasil mandou 24 pilotos da Marinha e do Exército, que foram trabalhar em aeronaves de França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália.
“A aviação foi usada pela primeira vez como arma de combate neste conflito. Cinco brasileiros morreram, quatro em combate e um em acidente. Serviu para o Brasil se preocupar com isso e aperfeiçoar a aviação. Uma das consequências foi a criação da Força Aérea, em 1941.” diz o coronel Giorgis.
Missão médica
Em um antigo convento de Paris, 161 brasileiros, a maioria médicos voluntários, comandados por um coronel do Exército, fundaram um hospital com mais de 500 leitos para tratar feridos em batalhas e infectados pela gripe espanhola.
Missão médica brasileira atuou em Paris durante 6
meses (Foto: Biblioteca Nacional/acervo do historiador
Luiz Caminha)
Com “sucesso total”, segundo o coronel Giorgis, a missão foi estendida para o interior da França, atuando até seis meses após o término da guerra e só retornando ao Brasil em fevereiro de 1919.
“Quatro integrantes da equipe morreram no navio a caminho da França, acometidos pela gripe. Dezesseis outros médicos também ficaram doentes, mas foram curados. O envio de uma missão médica de tão grande porte em um prazo tão exíguo, justamente sendo o Brasil tão carente de serviços de saúde na época, só tinha como justificativa o governo querer aproveitar qualquer oportunidade para demonstrar colaboração aos Aliados”, entende Valterian Mendonça.
...
- delmar
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Penso que de mais óbvio ficou, tanto na 1ª como na 2ª guerra, é que, sem uma boa base industrial, um país não tem condições de participar de uma guerra de maneira eficiente. Fica sempre dependente de quem lhe alcance material. Não só armas, mas também mantimentos, roupas, calçados, transportes e suprimentos médicos. Sem capacidade de produzir estas coisas fica difícil manter tropas num front distante.
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Isso é óbvio. Mas a I guerra foi inicialmente uma guerra de impérios e nada mais que isso.
Ela começou como uma guerra entre um império (Austro-Hungria) e a pequena Sérvia, que os austriacos começavam a recear por causa das pseudo pretensões imperiais dos sérvios e da sua mania da «Grande Servia».
A Grande Sérvia era grosso modo o que veio a ser a antiga Jugoslávia (mais uns bocados da Bulgaria, Romenia e Hungria. Lutar contra a Grande Sérvia era a razão principal da agressividade austríaca.
Depois vieram os russos defender os sérvios.
Os alemães ficaram apavorados, porque a Áustria retirou tropas da fronteira com a Russia para as colocar na fronteira com a Sérvia e os russos percebendo isso, transferiram tropas da fronteira com a Áustria para a fronteira com a Alemanha.
Quando alemães e russos ameaçavam entrar no conflito, criou-se o problema da França, que se tinha aliado aos russos especificamente para contrariar a Alemanha.
Os alemães até ao último minuto, tentaram convencer os ingleses para forçar a França a ficar neutra, aparentemente um mal entendido encolerizou o Kaiser, que depois de mandar recuar as tropas preparadas para invadir a Belgica, deu depois ordem para avançar.
Os franceses na véspera da declaração de guerra alemã, lembraram os ingleses de um protocolo secreto, que determinava que a França seria a potência dominante no mediterrâneo e ao mesmo tempo a costa atlântica da França seria protegida pela Royal Navy.
Este estratégico protocolo era secreto. Os alemães não sabiam dele e não sabiam que, entrando em guerra com a França, isso forçaria a Royal Navy a defender as costas francesas.
A Alemanha ainda tentou à 09:00 da manhã do dia em que declarou guerra à França dizer aos ingleses que a Kriegsmarine não atuaria no Mar do Norte nem no Canal da Mancha.
Na tarde desse dia, declarava guerra à França.
Curiosamente foi a invasão da Bélgica e não a declaração de guerra alemã aos franceses que acabou justificando a intervenção dos ingleses.
O que é importante, é que só as potências imperiais condicionaram a I guerra mundial. O resto foi um side-show sem relevância. As outras potências importantes que entraram na guerra foram a Turquia, a Itália e finalmente os Estados Unidos.
Todos eles de uma forma ou de outra tinham a sua própria capacidade para produzir armamentos.
É claro que as debilidades de cada um se tornaram evidentes com o passar do tempo.
E isto, sem deixar de lembrar que, as exigências tecnologicas da segunda década do século eram mesmo assim relativamente simples.
Países como a Belgica, a Grécia, Portugal, a Sérvia ou a Bulgária, tinham industrias de armamento, capazes de pelo menos produzir armamento ligeiro e munição.
Ela começou como uma guerra entre um império (Austro-Hungria) e a pequena Sérvia, que os austriacos começavam a recear por causa das pseudo pretensões imperiais dos sérvios e da sua mania da «Grande Servia».
A Grande Sérvia era grosso modo o que veio a ser a antiga Jugoslávia (mais uns bocados da Bulgaria, Romenia e Hungria. Lutar contra a Grande Sérvia era a razão principal da agressividade austríaca.
Depois vieram os russos defender os sérvios.
Os alemães ficaram apavorados, porque a Áustria retirou tropas da fronteira com a Russia para as colocar na fronteira com a Sérvia e os russos percebendo isso, transferiram tropas da fronteira com a Áustria para a fronteira com a Alemanha.
Quando alemães e russos ameaçavam entrar no conflito, criou-se o problema da França, que se tinha aliado aos russos especificamente para contrariar a Alemanha.
Os alemães até ao último minuto, tentaram convencer os ingleses para forçar a França a ficar neutra, aparentemente um mal entendido encolerizou o Kaiser, que depois de mandar recuar as tropas preparadas para invadir a Belgica, deu depois ordem para avançar.
Os franceses na véspera da declaração de guerra alemã, lembraram os ingleses de um protocolo secreto, que determinava que a França seria a potência dominante no mediterrâneo e ao mesmo tempo a costa atlântica da França seria protegida pela Royal Navy.
Este estratégico protocolo era secreto. Os alemães não sabiam dele e não sabiam que, entrando em guerra com a França, isso forçaria a Royal Navy a defender as costas francesas.
A Alemanha ainda tentou à 09:00 da manhã do dia em que declarou guerra à França dizer aos ingleses que a Kriegsmarine não atuaria no Mar do Norte nem no Canal da Mancha.
Na tarde desse dia, declarava guerra à França.
Curiosamente foi a invasão da Bélgica e não a declaração de guerra alemã aos franceses que acabou justificando a intervenção dos ingleses.
O que é importante, é que só as potências imperiais condicionaram a I guerra mundial. O resto foi um side-show sem relevância. As outras potências importantes que entraram na guerra foram a Turquia, a Itália e finalmente os Estados Unidos.
Todos eles de uma forma ou de outra tinham a sua própria capacidade para produzir armamentos.
É claro que as debilidades de cada um se tornaram evidentes com o passar do tempo.
E isto, sem deixar de lembrar que, as exigências tecnologicas da segunda década do século eram mesmo assim relativamente simples.
Países como a Belgica, a Grécia, Portugal, a Sérvia ou a Bulgária, tinham industrias de armamento, capazes de pelo menos produzir armamento ligeiro e munição.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A Guerra Mais Trágica na História Contemporânea.
Eric Margolis - 2 de agosto de 2014.
O 100º aniversário do início da Grande Guerra está sobre nós. Devemos lamentar muito esse evento cataclísmico e continuar tirando lições dele.
Como antigo soldado e historiador militar, eu sempre considerei que a Grande Guerra foi o conflito mais trágico da história contemporânea: uma loucura totalmente evitável que arruinou a brilhante civilização da Europa e levou, diretamente, à Segunda Guerra Mundial, Hitler e Stalin.
Esse pesaroso aniversário reabriu feroz debate sobre quem foi responsável pela Grande Guerra.
De um lado do debate está a historiadora Margaret MacMillan, cujo novo livro "The War That Ended Peace", coloca a culpa primordialmente sobre as ambições comerciais e militares da Alemanha. MacMillan é uma adorável senhora - eu debati com ela na televisão - mas seu tedioso livro novo está tão entranhado no tradicional preconceito anglo-saxão/britânico contra a Alemanha que é de limitado valor.
Do outro está "The Sleepwalkers - How Europe Went to War in 1914" pelo professor de Cambridge, Christopher Clark. Este brilhante livro é o mais notável, mais instrutivo e melhor equilibrado já escrito sobre as origens da Grande Guerra.
Eu digo isto como detentor de um grau em história diplomática da Grande Guerra e alguém que já caminhou pela maioria dos campos de batalha da Frente Ocidental.
O professor Clark, hábil e elegantemente tece uma tapeçaria de eventos que conclusivamente demonstram que o papel da Alemanha no conflito não foi maior do que outros beligerantes, e talvez menos que comumente se acredita. Esfomeada até a submissão pelo bloqueio naval da Grã-Bretanha, a Alemanha foi injusta e tolamente onerada com a culpa total da guerra, e assisitu dez porcento de seu território e sete milhões de seus habitantes arrancados em Versalhes pelos vorazes vitoriosos.
Adolf Hitler ascendeu ao poder sobre sua promessa de devolver à Alemanha os territórios e povos perdidos que haviam sido dados à Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Stalin estava determinado a recuperar o território russo perdido no Tratado de Brest-Litovsk de 1918.
A maioria dos atuais problemas no Oriente Médio provém, diretamente, do linchamento da Alemanha em Versalhes, liderado pela França e Grã-Bretanha. Ambas potênciais imperiais temiam o crescente poder militar e comercial da Alemanha (como os Estados Unidos hoje temem a ascensão da China). A vibrante democracia social da Alemanha com seus direitos dos trabalhadores e preocupação com os pobres representava uma ameaça para os capitalistas da Grã-Bretanha e França. Os imperialistas britânicos estavam profundamente preocupados com a criação de um pequeno e débil império alemão sediado na África. Na época, eles controlavam um quarto do globo e todos os seus oceanos.
O livro de Clark demonstra, precisamente, como a cabala militar-nacionalista-religiosa da Sérvia, conhecida como a Mão Negra, cuidadosamente planejou e provocou a guerra, ao assassinar o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Arquiduque Franz Ferdinand e sua esposa, em Sarajevo, Bósnia, em 28 de junho de 1914.
O objetivo dos ultranacionalistas era anexar a Bósnia, Macedônia, o Kosovo albanês e o norte da Albânia para criar uma Grande Sérvia. Os sérvios buscaram provocar a guerra entre a Rússia e o decrépito Império austro-húngaro de forma a rechaçar a influência de Viena dos Balcãs permitindo a criação da Grande Sérvia. As primeiras duas guerras balcânicas de 1912 e 1913, expandiram a Sérvia mas fracassaram em dar-lhe o controle de todos os Balcãs e dos estratégicos portos albaneses de Durres e Vlores no Adriático. A Sérvia permaneceu sem um litoral.
Nos fins dos 1980s, os extremistas sérvios, liderados por Slobodan Milosevic, que tentaram uma limpeza étnica de muçulmanos da Bósnia e Kosovo, eram cópias carbono da Mão Negra, com os mesmos objetivos geopolíticos racistas-nacionalistas.
O agressivo chefe militar da Áustria-Hungria, general Franz Conrad von Hotzendorf, enviou seu despreparado exército numa guerra para punir a Sérvia. A Rússia mobilizou-se para apoiar sua velha aliada sérvia.
A Alemanha, temendo profundamente uma guerra em duas frentes, tornada possível pela Entente franco-russa de 1894, teve de mobilizar-se antes que os exércitos da Rússia pudessem avassalar a Prússia Oriental. A França, aliada da Rússia, mobilizou-se, ardendo por vinganca pela sua humilhante derrota na Guerra Franco-Prussiana de 1870 e a perda da Alsácia e da Lorena.
Uma conflagração total ainda poderia ter sido impedida se a Grã-Bretanha, que estava em posição neutra, tivesse, ousadamente, exigido a cessação da corrida para a guerra. A França, improvavelmente, teria ido à guerra sem a Grã-Bretanha apoiando seu flanco esquerdo nas Flandres.
Mas o professor Clark, habilmente retrata como um círculo de autoridades anti-alemãs na Grã-Bretanha, liderado pelo dissimulado secretário do exterior, Sir Edward Grey e o ambicioso, imperialista sedento por guerra, Winston Churchill, empurraram o Império britânico para a guerra contra a Alemanha. A eles juntou-se uma cabala de germanófobos no governo francês. Industriais anglo-franceses, temerosos da competição alemã, e antevendo enormes lucros a serem ganhos, apoiaram o partido de guerra.
As panelinhas anti-alemãs anglo-francesas desempenharam o mesmo papel que os neoconservadores americanos pró-guerra na administração Bush, semeando falsas estórias na imprensa e promovendo aliados pró-guerra em posições de poder.
Clark também demonstra como, quase quarenta anos de pequenas rivalidades, intrigas e jogos de poder - todas contidas enquanto separadas - finalmente juntaram-se desastrosamente em 1914.
Assistimos os mesmos perigos, hoje, no pequeno porém crescente conflito sobre a Ucrânia entre Estados Unidos e suas satrapias européias e a Rússia. Cada semana parece trazer os EUA e a Rússia mais perto de uma colisão, enquanto Washington busca dominar a Ucrânia e utilizá-la como arma contra a Rússia. Mais uma vez, os neocons em Washington, aliados com os neocons e a extrema-direita da Ucrânia, estão promovendo o crescente conflito russo-americano.
Um conflito por uma quase-nação de absolutamente interesse estratégico nenhum para os Estados Unidos. Os neocons americanos e seus lacaios no Congresso estão, agora, clamando que a OTAN assuma o controle da Moldávia e Geórgia. Conrad von Hotzendorf teria aprovado.
Ninguém no Ocidente está pronto para morrer por Luhansky ou Donetsk, mas poucos, na Europa de 1914, estavam prontos para morrerem por Verdun ou Ypres - porém, milhões morreram.
Eric Margolis - 2 de agosto de 2014.
O 100º aniversário do início da Grande Guerra está sobre nós. Devemos lamentar muito esse evento cataclísmico e continuar tirando lições dele.
Como antigo soldado e historiador militar, eu sempre considerei que a Grande Guerra foi o conflito mais trágico da história contemporânea: uma loucura totalmente evitável que arruinou a brilhante civilização da Europa e levou, diretamente, à Segunda Guerra Mundial, Hitler e Stalin.
Esse pesaroso aniversário reabriu feroz debate sobre quem foi responsável pela Grande Guerra.
De um lado do debate está a historiadora Margaret MacMillan, cujo novo livro "The War That Ended Peace", coloca a culpa primordialmente sobre as ambições comerciais e militares da Alemanha. MacMillan é uma adorável senhora - eu debati com ela na televisão - mas seu tedioso livro novo está tão entranhado no tradicional preconceito anglo-saxão/britânico contra a Alemanha que é de limitado valor.
Do outro está "The Sleepwalkers - How Europe Went to War in 1914" pelo professor de Cambridge, Christopher Clark. Este brilhante livro é o mais notável, mais instrutivo e melhor equilibrado já escrito sobre as origens da Grande Guerra.
Eu digo isto como detentor de um grau em história diplomática da Grande Guerra e alguém que já caminhou pela maioria dos campos de batalha da Frente Ocidental.
O professor Clark, hábil e elegantemente tece uma tapeçaria de eventos que conclusivamente demonstram que o papel da Alemanha no conflito não foi maior do que outros beligerantes, e talvez menos que comumente se acredita. Esfomeada até a submissão pelo bloqueio naval da Grã-Bretanha, a Alemanha foi injusta e tolamente onerada com a culpa total da guerra, e assisitu dez porcento de seu território e sete milhões de seus habitantes arrancados em Versalhes pelos vorazes vitoriosos.
Adolf Hitler ascendeu ao poder sobre sua promessa de devolver à Alemanha os territórios e povos perdidos que haviam sido dados à Polônia, Tchecoslováquia e Iugoslávia. Stalin estava determinado a recuperar o território russo perdido no Tratado de Brest-Litovsk de 1918.
A maioria dos atuais problemas no Oriente Médio provém, diretamente, do linchamento da Alemanha em Versalhes, liderado pela França e Grã-Bretanha. Ambas potênciais imperiais temiam o crescente poder militar e comercial da Alemanha (como os Estados Unidos hoje temem a ascensão da China). A vibrante democracia social da Alemanha com seus direitos dos trabalhadores e preocupação com os pobres representava uma ameaça para os capitalistas da Grã-Bretanha e França. Os imperialistas britânicos estavam profundamente preocupados com a criação de um pequeno e débil império alemão sediado na África. Na época, eles controlavam um quarto do globo e todos os seus oceanos.
O livro de Clark demonstra, precisamente, como a cabala militar-nacionalista-religiosa da Sérvia, conhecida como a Mão Negra, cuidadosamente planejou e provocou a guerra, ao assassinar o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Arquiduque Franz Ferdinand e sua esposa, em Sarajevo, Bósnia, em 28 de junho de 1914.
O objetivo dos ultranacionalistas era anexar a Bósnia, Macedônia, o Kosovo albanês e o norte da Albânia para criar uma Grande Sérvia. Os sérvios buscaram provocar a guerra entre a Rússia e o decrépito Império austro-húngaro de forma a rechaçar a influência de Viena dos Balcãs permitindo a criação da Grande Sérvia. As primeiras duas guerras balcânicas de 1912 e 1913, expandiram a Sérvia mas fracassaram em dar-lhe o controle de todos os Balcãs e dos estratégicos portos albaneses de Durres e Vlores no Adriático. A Sérvia permaneceu sem um litoral.
Nos fins dos 1980s, os extremistas sérvios, liderados por Slobodan Milosevic, que tentaram uma limpeza étnica de muçulmanos da Bósnia e Kosovo, eram cópias carbono da Mão Negra, com os mesmos objetivos geopolíticos racistas-nacionalistas.
O agressivo chefe militar da Áustria-Hungria, general Franz Conrad von Hotzendorf, enviou seu despreparado exército numa guerra para punir a Sérvia. A Rússia mobilizou-se para apoiar sua velha aliada sérvia.
A Alemanha, temendo profundamente uma guerra em duas frentes, tornada possível pela Entente franco-russa de 1894, teve de mobilizar-se antes que os exércitos da Rússia pudessem avassalar a Prússia Oriental. A França, aliada da Rússia, mobilizou-se, ardendo por vinganca pela sua humilhante derrota na Guerra Franco-Prussiana de 1870 e a perda da Alsácia e da Lorena.
Uma conflagração total ainda poderia ter sido impedida se a Grã-Bretanha, que estava em posição neutra, tivesse, ousadamente, exigido a cessação da corrida para a guerra. A França, improvavelmente, teria ido à guerra sem a Grã-Bretanha apoiando seu flanco esquerdo nas Flandres.
Mas o professor Clark, habilmente retrata como um círculo de autoridades anti-alemãs na Grã-Bretanha, liderado pelo dissimulado secretário do exterior, Sir Edward Grey e o ambicioso, imperialista sedento por guerra, Winston Churchill, empurraram o Império britânico para a guerra contra a Alemanha. A eles juntou-se uma cabala de germanófobos no governo francês. Industriais anglo-franceses, temerosos da competição alemã, e antevendo enormes lucros a serem ganhos, apoiaram o partido de guerra.
As panelinhas anti-alemãs anglo-francesas desempenharam o mesmo papel que os neoconservadores americanos pró-guerra na administração Bush, semeando falsas estórias na imprensa e promovendo aliados pró-guerra em posições de poder.
Clark também demonstra como, quase quarenta anos de pequenas rivalidades, intrigas e jogos de poder - todas contidas enquanto separadas - finalmente juntaram-se desastrosamente em 1914.
Assistimos os mesmos perigos, hoje, no pequeno porém crescente conflito sobre a Ucrânia entre Estados Unidos e suas satrapias européias e a Rússia. Cada semana parece trazer os EUA e a Rússia mais perto de uma colisão, enquanto Washington busca dominar a Ucrânia e utilizá-la como arma contra a Rússia. Mais uma vez, os neocons em Washington, aliados com os neocons e a extrema-direita da Ucrânia, estão promovendo o crescente conflito russo-americano.
Um conflito por uma quase-nação de absolutamente interesse estratégico nenhum para os Estados Unidos. Os neocons americanos e seus lacaios no Congresso estão, agora, clamando que a OTAN assuma o controle da Moldávia e Geórgia. Conrad von Hotzendorf teria aprovado.
Ninguém no Ocidente está pronto para morrer por Luhansky ou Donetsk, mas poucos, na Europa de 1914, estavam prontos para morrerem por Verdun ou Ypres - porém, milhões morreram.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Colega Pt.pt escreveu:Isso é óbvio. Mas a I guerra foi inicialmente uma guerra de impérios e nada mais que isso.
Ela começou como uma guerra entre um império (Austro-Hungria) e a pequena Sérvia, que os austriacos começavam a recear por causa das pseudo pretensões imperiais dos sérvios e da sua mania da «Grande Servia».
A Grande Sérvia era grosso modo o que veio a ser a antiga Jugoslávia (mais uns bocados da Bulgaria, Romenia e Hungria. Lutar contra a Grande Sérvia era a razão principal da agressividade austríaca.
Depois vieram os russos defender os sérvios.
Os alemães ficaram apavorados, porque a Áustria retirou tropas da fronteira com a Russia para as colocar na fronteira com a Sérvia e os russos percebendo isso, transferiram tropas da fronteira com a Áustria para a fronteira com a Alemanha.
Quando alemães e russos ameaçavam entrar no conflito, criou-se o problema da França, que se tinha aliado aos russos especificamente para contrariar a Alemanha.
Os alemães até ao último minuto, tentaram convencer os ingleses para forçar a França a ficar neutra, aparentemente um mal entendido encolerizou o Kaiser, que depois de mandar recuar as tropas preparadas para invadir a Belgica, deu depois ordem para avançar.
Os franceses na véspera da declaração de guerra alemã, lembraram os ingleses de um protocolo secreto, que determinava que a França seria a potência dominante no mediterrâneo e ao mesmo tempo a costa atlântica da França seria protegida pela Royal Navy.
Este estratégico protocolo era secreto. Os alemães não sabiam dele e não sabiam que, entrando em guerra com a França, isso forçaria a Royal Navy a defender as costas francesas.
A Alemanha ainda tentou à 09:00 da manhã do dia em que declarou guerra à França dizer aos ingleses que a Kriegsmarine não atuaria no Mar do Norte nem no Canal da Mancha.
Na tarde desse dia, declarava guerra à França.
Curiosamente foi a invasão da Bélgica e não a declaração de guerra alemã aos franceses que acabou justificando a intervenção dos ingleses.
O que é importante, é que só as potências imperiais condicionaram a I guerra mundial. O resto foi um side-show sem relevância. As outras potências importantes que entraram na guerra foram a Turquia, a Itália e finalmente os Estados Unidos.
Todos eles de uma forma ou de outra tinham a sua própria capacidade para produzir armamentos.
É claro que as debilidades de cada um se tornaram evidentes com o passar do tempo.
E isto, sem deixar de lembrar que, as exigências tecnologicas da segunda década do século eram mesmo assim relativamente simples.
Países como a Belgica, a Grécia, Portugal, a Sérvia ou a Bulgária, tinham industrias de armamento, capazes de pelo menos produzir armamento ligeiro e munição.
Eu o convido para falar um pouco, se possível, sobre a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Eu tive na família um tio (por afinidade, casou-se com uma tia minha de sangue) que foi motorista no Exército Português em França. Ele dirigia caminhões Vauxhall e Thornycroft (com transmissão a correntes). Naquela época os caminhões militares não tinham pàra-brisa e ele pegou uma bronquite que carregou até o fim de seus dias.
Desde já, meus agradecimentos.
Wingate
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Bom, na primeira fase da guerra, Portugal não participou. Aparticipação efetiva só ocorre depois de o império alemão e o império austro-hungaro terem declarado guerra a Portugal em 1916.
Nesta fase inicial, é preciso notar que Portugal tinha acabado de implantar a Republica havia pouco mais de 3 anos e meio. O regime republicano enfrentava gravíssimos perigos, com os monarquicos a conspirarem abertamente para a volta da monarquia e a volta do rei.
A Inglaterra continuava a abrigar o monarca constitucional (D. Manuel II) e o governo republicano precisava desesperadamente do apoio da Inglaterra.
Por isso, o governo de Portugal precisava de uma guerra para unir o país e garantir assim a sobrevivência da República.
A situação era extraordinariamente complicada, porque até 1912 os ingleses tinham cozinhado um plano para dividir entre a Alemanha e a Inglaterra os territórios portugueses de Angola e Moçambique e também o então Congo Belga.
A guerra veio cancelar o plano, e Portugal aproveitou então para ficar de boas relações com os ingleses. A melhor forma de fazer isso era entrar na guerra.
O problema é que os ingleses não queriam, porque Portugal seria um problema, muito mais que uma vantagem.
Entre os problemas estava o simples fato de o exército português estar equipado com armamento alemão, calibres típicos dos alemães e para lutar, precisava ser completamente reequipado. A marinha, abandonada desde 1910 não servia para mais nada que não fosse bombardear Lisboa:
Em 1915, numa das várias revoluções, foi para isso que serviu a marinha:
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=143
Neste golpe em 1915, chegou a jogar-se a possibilidade de um alinhamento com a Espanha, numa posição neutral. A marinha portuguesa bombardeou Lisboa durante dias e só calou o bico quando os espanhóis enviaram o seu mais poderoso navio de guerra para Lisboa.
Aí, é que tocaram os alarmes em Londres, que enviaram navios para Lisboa, para lembrar aos espanhóis que eram eles que mandavam em Portugal.
De qualquer forma, até 1916, é preciso lembrar que Portugal fez de tudo para hostilizar os alemães e também os austríacos. Portugal sem declaração de guerra atacou posições alemãs em África e fez tudo para atrair a ira do Reich.
Mas só em 1916, é que depois de um pedido da Inglaterra para tomar navios alemães internados em portos portugueses, é que a situação se tornou insustentável.
A Alemanha declarou guerra Portugal (ver no link)
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=131
A declaração de guerra, é na prática um lamento, pelo tratamento dado por Portugal à Alemanha durante 1914 e 1915.
Mas o governo republicano conseguiu finalmente o que queria. A declaração de guerra por parte do império alemão e por parte do império austro-hungaro, permitiu um governo de União Nacional (União Sagrada) e implicou o reconhecimento por parte da Inglaterra do governo repúblicano.
A declaração de guerra alemã, foi o prego final na monarquia portuguesa, que a partir dali estava condenada.
Estão previstos vários artigos no site areamilitar.net, à medida que forem passando os 100 anos.
Nesta fase inicial, é preciso notar que Portugal tinha acabado de implantar a Republica havia pouco mais de 3 anos e meio. O regime republicano enfrentava gravíssimos perigos, com os monarquicos a conspirarem abertamente para a volta da monarquia e a volta do rei.
A Inglaterra continuava a abrigar o monarca constitucional (D. Manuel II) e o governo republicano precisava desesperadamente do apoio da Inglaterra.
Por isso, o governo de Portugal precisava de uma guerra para unir o país e garantir assim a sobrevivência da República.
A situação era extraordinariamente complicada, porque até 1912 os ingleses tinham cozinhado um plano para dividir entre a Alemanha e a Inglaterra os territórios portugueses de Angola e Moçambique e também o então Congo Belga.
A guerra veio cancelar o plano, e Portugal aproveitou então para ficar de boas relações com os ingleses. A melhor forma de fazer isso era entrar na guerra.
O problema é que os ingleses não queriam, porque Portugal seria um problema, muito mais que uma vantagem.
Entre os problemas estava o simples fato de o exército português estar equipado com armamento alemão, calibres típicos dos alemães e para lutar, precisava ser completamente reequipado. A marinha, abandonada desde 1910 não servia para mais nada que não fosse bombardear Lisboa:
Em 1915, numa das várias revoluções, foi para isso que serviu a marinha:
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=143
Neste golpe em 1915, chegou a jogar-se a possibilidade de um alinhamento com a Espanha, numa posição neutral. A marinha portuguesa bombardeou Lisboa durante dias e só calou o bico quando os espanhóis enviaram o seu mais poderoso navio de guerra para Lisboa.
Aí, é que tocaram os alarmes em Londres, que enviaram navios para Lisboa, para lembrar aos espanhóis que eram eles que mandavam em Portugal.
De qualquer forma, até 1916, é preciso lembrar que Portugal fez de tudo para hostilizar os alemães e também os austríacos. Portugal sem declaração de guerra atacou posições alemãs em África e fez tudo para atrair a ira do Reich.
Mas só em 1916, é que depois de um pedido da Inglaterra para tomar navios alemães internados em portos portugueses, é que a situação se tornou insustentável.
A Alemanha declarou guerra Portugal (ver no link)
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=131
A declaração de guerra, é na prática um lamento, pelo tratamento dado por Portugal à Alemanha durante 1914 e 1915.
Mas o governo republicano conseguiu finalmente o que queria. A declaração de guerra por parte do império alemão e por parte do império austro-hungaro, permitiu um governo de União Nacional (União Sagrada) e implicou o reconhecimento por parte da Inglaterra do governo repúblicano.
A declaração de guerra alemã, foi o prego final na monarquia portuguesa, que a partir dali estava condenada.
Estão previstos vários artigos no site areamilitar.net, à medida que forem passando os 100 anos.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
1914 OU ESCRITORES EM GUERRA.
As mudanças sociais pós-45 foram, pode-se dizer a batalha final da Grande Guerra de 1914-1918. Essa guerra dividiu a intelectualidade brasileira: Rui Barbosa, por exemplo, defendia os aliados, de modo ingênuo, esquecendo-se de que a Inglaterra se metia nos negócios brasileiros e os atravancava.
Por Francisco Luiz Teixeira Vinhosa, Professor de História da UFRJ – JORNAL DO BRASIL, Domingo, 26 de agosto de 1984.
Neste mês de agosto de 1984, em que, tristemente se comemoram os 70 anos do início da Primeira Guerra Mundial, resumimos aqui a posição de alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros de então, em relação a este conflito, responsável por mudanças sociais drásticas e decisivas, que levou sistemas políticos e sociais seculares ou à derrocada ou a transformações profundas. Certezas milenares esvaíram-se sob o troar de canhões e o pipocar das metralhadoras. Tudo mudou. Começava uma nova era, a da incerteza, na história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial, 1939-1945 – que culminou com a derrota de Hitler e a destruição do fascismo, com o fim ou o princípio do fim dos grandes impérios coloniais, com o início da era nuclear, com a influência e o poderio soviéticos e norte-americanos se consolidando nas partes oriental e ocidental da Europa, com a Revolução Chinesa – deu apenas continuidade, aumentou e consolidou as transformações iniciadas em 1914. Foi, em suma, quanto às mudanças sociais, a batalha final da Grande Guerra de 1914-1918.
A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento de importância fundamental também para a história dos povos latino-americanos, pois, além de outros fatores, foi o momento decisivo para a penetração norte-americana na economia brasileira, o que permitiu aos Estados Unidos assumirem, no pós-guerra, uma posição hegemônica neste setor, em substituição à Inglaterra.
Apesar de o Brasil somente ter rompido relações diplomáticas com a Alemanha em 11 de abril de 1917 e lhe ter declarado guerra seis meses e meio depois, a 26 de outubro, a Primeira Guerra Mundial desde o seu início despertara paixões entre a intelectualidade brasileira. Eram evidentes, em grande maioria, as simpatias pelos aliados, principalmente pela França, seguida pela Inglaterra. A invasão da Bélgica, que era neutra, a 4 de agosto de 1914, pelos alemães, fez com que se fortalecesse o sentimento pró-aliados no país. E a coroação dessas simpatias e desse sentimento ocorreu no dia 7 de março de 1915, com a fundação da Liga Brasileira pelos Aliados. Para presidente, foi escolhido Rui Barbosa. Para vice-presidentes, tivemos: José Veríssimo, Graça Aranha, o Presidente do Senado, Antônio Azeredo, Pedro Lessa e o Deputado federal Barbosa Lima. E entre os seus mais ativos membros podemos destacar Olavo Bilac e o sociólogo Manuel Bonfim.
Rui Barbosa foi o grande arauto da propaganda pró-aliados no Brasil. Sua cruzada ganhou dimensão internacional após a célebre conferência que realizou na Faculdade de Direito de Buenos Aires, no dia 14 de julho de 1916, aonde fora enviado como Embaixador especial para os festejos comemorativos do centenário da independência da Argentina. Aí, defendeu a sua concepção de que os aliados representavam a lei, a justiça, a democracia, enquanto os impérios centrais (Alemanha e Áustria-Hungria) representavam o crime, a barbárie, o militarismo. No confronto entre as duas facções, ele chamava a América, os Estados Unidos, o Brasil ao cumprimento dos seus deveres de clamar e romper, de reagir e de protestar em defesa dos princípios dos aliados.
Longas e demoradas foram as repercussões dessa conferência do ilustre Senador baiano, muito aplaudido e elogiado, mas, por outro lado, não foram menores as críticas e as injúrias que recaíram sobre ele. Aliás, era grande a polêmica sobre a guerra. A própria imprensa do Rio de Janeiro estava alinhada entre as facções em luta. A Noite e o Jornal do Comércio, por exemplo eram pró-aliados. A Tribuna, pró-Alemanha. O Correio da Manhã e o Jornal do Brasil procuravam manter uma posição de neutralidade.
Além de Rui Barbosa, numerosos intelectuais brasileiros, de formação geralmente francesa, se posicionaram ao lado dos aliados, eram os aliadófilos. Entre os quais podemos citar: José Veríssimo, Medeiros e Albuquerque, José Carlos Rodrigues, Graça Aranha, Coelho Neto, Olavo Bilac, Afrânio Peixoto, Pandiá Calógeras, Emílio de Meneses, Félix Pacheco, Mário de Alencar, Alberto de Oliveira, Reis Carvalho, Nestor Vítor, Assis Brasil, Elísio de Carvalho, Lemos Brito, Miguel Lemos, Fontoura Xavier, Tobias Monteiro, Oto Prazeres, Gilberto Amado, Sá Viana, Flexa Ribeito e outros. Favoráveis aos impérios centrais, por inclinações pol´ticias e intelelctuais de antes da guerrra, rotulados como germanófilos, estavam João Barreto de Meneses, Dunshee de Abranches, Capistrano de Abreu, Lima Barreto, Said Ali. Nesse quadro, numa posição independente, quase sempre com sérias críticas às atitudes dos aliadófilos, podemos destacar: Pires do Rio Assis Chateaubriand, Vicente de Carvalho, Jacson de Figueiredo, Azevedo Amaral, Gabriel Salgado e, principalmente, Alberto Torres e Oliveira Lima.
Entre os intelectuais pró-Alemanha, a voz que se levantou com maior veemência foi a do Deputado Dunshee de Abranches (a quem Rui Barbosa chamava Deutsch de Abranches), que no início do conflito era o Presidente da Comissão de Diplomacia da Câmara. Num livro publicado em 1917 (A Ilusão brasileira – justificação histórica de uma atitude), não deixou dúvidas a respeito de seu pensamento sobre o Brasil e a conflagração européia. Denunciou a guerra como sendo única e exclusivamente uma guerra comercial e ratificou a sua concepção, defendida desde 1914, de que tanto para o Brasil como para os demais povos sul-americanos, o grande amigo e aliado no continente deveriam ser os Estados Unidos, mas na Europa a nação de que mais nos deveríamos aproximar era a Alemanha.
Numa posição independente, mas que coincidia muito com a de Dunshee de Abranches, encontrava-se o sociólogo, ensaísta e político fluminense Alberto Torres, para quem o ideal não seria a vitória da Alemanha e nem tampouco a dos aliados, mas sim um empate, após prolongado conflito, que enfraqueceria as tendências imperialistas de todos, e de que se beneficiariam, conseqüentemente, o Brasil e os demais países da América Latina.
Outro crítico ferrenho das relações entre o Brasil e os Estados Unidos e entre o Brasil e os aliados foi o diplomata e historiador Oliveira Lima. Sobre a guerra, a sua posição coincidiu muito com a de Dunshee de Abranches e a de Alberto Torres. Já antes da guerra, ele temia pelas conseqüências da “amizade” entre o Brasil e os Estados Unidos, cuja política expansionista na América Central ele vinha denunciando seguidamente. Já aposentado como diplomata, tendo fixado residência em Londres, desde o início do conflito Oliveira Lima viu crescer a sua fama de germanófilo devido a uma série de artigos que enviava para O Estado de São Paulo e que eram publicados sob o título “Ecos da guerra”. A acusação de que ele agia contra os interesses da causa aliada atingiu tal dimensão que tendo viajado para os Estados Unidos foi considerado persona non grata na Inglaterra. Sua cunhada, que permanecera em Londres, foi quem dispôs de sua casa e demais propriedades, tendo enviado todos os seus pertences pessoais, juntamente com a sua biblioteca, para Washington.
As arbitrariedades inglesas contra brasileiros na Inglaterra, contudo, não se restringiriam a este episódio ocorrido com o historiador de D. João VI no Brasil. Outro exemplo típico, entre vários, da atitude dos britânicos, foi a decisão de expulsar o correspondente do Correio da Manhã, Azevedo Amaral, do país, devido a uma série de artigos que ele enviava de Londres, desde 1912, com críticas ferinas à política externa inglesa. Com a deflagração do conflito, Azevedo Amaral viu-se envolvido com a polícia de Sua Majestade, tendo sido convidado a se retirar do país antes que o envolvessem num processo político de espionagem.
A crítica de Oliveira Lima recaiu, também, sobre a posição, um tanto ingênua, de Rui Barbosa, que não percebia o caráter econômico da guerra. Sobre a conferência deste em Buenos Aires, Oliveira Lima comentou que tínhamos, como povo, os nossos defeitos, mas não pecávamos pela falta de inteligência e conhecíamos em demasia a Europa e o que por lá se passava, para não sabermos que não se tratava de uma luta do direito contra a força, sendo isso apenas retórica de guerra, que como pretexto a ser invocado já fora relegado para o guarda-roupa das mentiras históricas.
De fato, o que a alienação dos aliadófilos não os deixava perceber, era que em defesa de seus interesses econômicos no Brasil, e procurando eliminar as atividades alemãs, aqui, o Governo inglês desencadeara uma violenta política imperialista sobre o Brasil. A ação indébita dos ingleses sobre o território brasileiro atingiu limites insuportáveis, com interferências arrogantes do Ministro inglês no Rio de Janeiro, e dos cônsules nos Estados, nos assuntos internos do país, num total desrespeito à soberania nacional. A pressão inglesa manifestou-se em vários setores: político, econômico, comercial, financeiro, diplomático, moral (através da propaganda) e naval. A Legação britânica, no Rio de Janeiro, julgava-se no direito de ordenar ao Governo brasileiro as medidas a serem adotadas. Funcionários oficiais ingleses, com os Cônsules à frente, fiscalizavam tudo o que passava no território brasileiro, principalmente a entrada e as saída de navios em nossos portos. O café foi considerado contrabando de guerra pelo Governo inglês, que proibiu a sua importação. Por fim, mas não menos grave, lembramos a aplicação, sobre todo o país, das famigeradas listas negras. Em suma, era a Inglaterra, como principal potência aliada, quem procurava estabelecer as normas de neutralidade a serem adotadas pelo Brasil.
Apesar de todas essas evidências, os aliadófilos teimavam em defender o ponto-de-vista da guerra do direito contra a força, da civilização contra a barbárie. Rui Barbosa, em seus discursos, definia a Inglaterra como a “mãe de todas a liberdades modernas”, enquanto que a Alemanha era a infratora dos tratados internacionais, desrespeitando a neutralidade dos belgas. Posicionamento que recebeu muitas críticas, entre as quais podemos destacar a de Abrahão Ribeiro, que ressaltou que a Inglaterra era a mãe de todas as liberdades modernas, mãe da liberdade sim, mas da liberdade dos ingleses, da liberdade com que esses senhores dos mares se envolviam nos negócios internos de outras nações, inclusive da nossa, abrindo a nossa correspondência particular e comercial, estorvando o nosso comércio interno e externo com as vergonhosas listas negras. E indagava: “O que pensará o Sr. Rui Barbosa de tudo isto? Será possível que a neutralidade da Bélgica lhe interessa mais do que a soberania do Brasil ferida pela prepotência britânica?”
Para justificar a atitude dos aliadófilos, lembramos José Maria Belo, que procurou definir a posição de alguns componentes de nossa elite intelectual como desenraizados, que viviam da Europa, da seiva estrangeira, para quem o destino brasileiro, as questões brasileiras, lhes eram estranhas, e que “levariam serenamente o país a uma guerra da França e da Inglaterra contra a Groenlândia ou outro país bárbaro, pelas simpatias íntimas para com a clara literatura francesa, para com a civilização do boulevard, ou em holocausto a sua anglomania do bom-tom, sem indagar, um momento, do ponto-de-vista brasileiro”.
De fato, o Ministro das Relações Exteriores, Lauro Muller, que fora um dos principais alvos da campanha aliadófila, demitiu-se no dia 3 de maio de 1917. Dois dias depois, Nilo Peçanha o substituiu com o objetivo precípuo de alinhar o Brasil como beligerante ao lado dos Estados Unidos e dos aliados, ignorando completamente a grave crise sócio-econômica que assolava o país, bem como as péssimas condições materiais de nossas forças armadas. Era a campanha aliadófila atingindo o seu principal objetivo.
As mudanças sociais pós-45 foram, pode-se dizer a batalha final da Grande Guerra de 1914-1918. Essa guerra dividiu a intelectualidade brasileira: Rui Barbosa, por exemplo, defendia os aliados, de modo ingênuo, esquecendo-se de que a Inglaterra se metia nos negócios brasileiros e os atravancava.
Por Francisco Luiz Teixeira Vinhosa, Professor de História da UFRJ – JORNAL DO BRASIL, Domingo, 26 de agosto de 1984.
Neste mês de agosto de 1984, em que, tristemente se comemoram os 70 anos do início da Primeira Guerra Mundial, resumimos aqui a posição de alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros de então, em relação a este conflito, responsável por mudanças sociais drásticas e decisivas, que levou sistemas políticos e sociais seculares ou à derrocada ou a transformações profundas. Certezas milenares esvaíram-se sob o troar de canhões e o pipocar das metralhadoras. Tudo mudou. Começava uma nova era, a da incerteza, na história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial, 1939-1945 – que culminou com a derrota de Hitler e a destruição do fascismo, com o fim ou o princípio do fim dos grandes impérios coloniais, com o início da era nuclear, com a influência e o poderio soviéticos e norte-americanos se consolidando nas partes oriental e ocidental da Europa, com a Revolução Chinesa – deu apenas continuidade, aumentou e consolidou as transformações iniciadas em 1914. Foi, em suma, quanto às mudanças sociais, a batalha final da Grande Guerra de 1914-1918.
A Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento de importância fundamental também para a história dos povos latino-americanos, pois, além de outros fatores, foi o momento decisivo para a penetração norte-americana na economia brasileira, o que permitiu aos Estados Unidos assumirem, no pós-guerra, uma posição hegemônica neste setor, em substituição à Inglaterra.
Apesar de o Brasil somente ter rompido relações diplomáticas com a Alemanha em 11 de abril de 1917 e lhe ter declarado guerra seis meses e meio depois, a 26 de outubro, a Primeira Guerra Mundial desde o seu início despertara paixões entre a intelectualidade brasileira. Eram evidentes, em grande maioria, as simpatias pelos aliados, principalmente pela França, seguida pela Inglaterra. A invasão da Bélgica, que era neutra, a 4 de agosto de 1914, pelos alemães, fez com que se fortalecesse o sentimento pró-aliados no país. E a coroação dessas simpatias e desse sentimento ocorreu no dia 7 de março de 1915, com a fundação da Liga Brasileira pelos Aliados. Para presidente, foi escolhido Rui Barbosa. Para vice-presidentes, tivemos: José Veríssimo, Graça Aranha, o Presidente do Senado, Antônio Azeredo, Pedro Lessa e o Deputado federal Barbosa Lima. E entre os seus mais ativos membros podemos destacar Olavo Bilac e o sociólogo Manuel Bonfim.
Rui Barbosa foi o grande arauto da propaganda pró-aliados no Brasil. Sua cruzada ganhou dimensão internacional após a célebre conferência que realizou na Faculdade de Direito de Buenos Aires, no dia 14 de julho de 1916, aonde fora enviado como Embaixador especial para os festejos comemorativos do centenário da independência da Argentina. Aí, defendeu a sua concepção de que os aliados representavam a lei, a justiça, a democracia, enquanto os impérios centrais (Alemanha e Áustria-Hungria) representavam o crime, a barbárie, o militarismo. No confronto entre as duas facções, ele chamava a América, os Estados Unidos, o Brasil ao cumprimento dos seus deveres de clamar e romper, de reagir e de protestar em defesa dos princípios dos aliados.
Longas e demoradas foram as repercussões dessa conferência do ilustre Senador baiano, muito aplaudido e elogiado, mas, por outro lado, não foram menores as críticas e as injúrias que recaíram sobre ele. Aliás, era grande a polêmica sobre a guerra. A própria imprensa do Rio de Janeiro estava alinhada entre as facções em luta. A Noite e o Jornal do Comércio, por exemplo eram pró-aliados. A Tribuna, pró-Alemanha. O Correio da Manhã e o Jornal do Brasil procuravam manter uma posição de neutralidade.
Além de Rui Barbosa, numerosos intelectuais brasileiros, de formação geralmente francesa, se posicionaram ao lado dos aliados, eram os aliadófilos. Entre os quais podemos citar: José Veríssimo, Medeiros e Albuquerque, José Carlos Rodrigues, Graça Aranha, Coelho Neto, Olavo Bilac, Afrânio Peixoto, Pandiá Calógeras, Emílio de Meneses, Félix Pacheco, Mário de Alencar, Alberto de Oliveira, Reis Carvalho, Nestor Vítor, Assis Brasil, Elísio de Carvalho, Lemos Brito, Miguel Lemos, Fontoura Xavier, Tobias Monteiro, Oto Prazeres, Gilberto Amado, Sá Viana, Flexa Ribeito e outros. Favoráveis aos impérios centrais, por inclinações pol´ticias e intelelctuais de antes da guerrra, rotulados como germanófilos, estavam João Barreto de Meneses, Dunshee de Abranches, Capistrano de Abreu, Lima Barreto, Said Ali. Nesse quadro, numa posição independente, quase sempre com sérias críticas às atitudes dos aliadófilos, podemos destacar: Pires do Rio Assis Chateaubriand, Vicente de Carvalho, Jacson de Figueiredo, Azevedo Amaral, Gabriel Salgado e, principalmente, Alberto Torres e Oliveira Lima.
Entre os intelectuais pró-Alemanha, a voz que se levantou com maior veemência foi a do Deputado Dunshee de Abranches (a quem Rui Barbosa chamava Deutsch de Abranches), que no início do conflito era o Presidente da Comissão de Diplomacia da Câmara. Num livro publicado em 1917 (A Ilusão brasileira – justificação histórica de uma atitude), não deixou dúvidas a respeito de seu pensamento sobre o Brasil e a conflagração européia. Denunciou a guerra como sendo única e exclusivamente uma guerra comercial e ratificou a sua concepção, defendida desde 1914, de que tanto para o Brasil como para os demais povos sul-americanos, o grande amigo e aliado no continente deveriam ser os Estados Unidos, mas na Europa a nação de que mais nos deveríamos aproximar era a Alemanha.
Numa posição independente, mas que coincidia muito com a de Dunshee de Abranches, encontrava-se o sociólogo, ensaísta e político fluminense Alberto Torres, para quem o ideal não seria a vitória da Alemanha e nem tampouco a dos aliados, mas sim um empate, após prolongado conflito, que enfraqueceria as tendências imperialistas de todos, e de que se beneficiariam, conseqüentemente, o Brasil e os demais países da América Latina.
Outro crítico ferrenho das relações entre o Brasil e os Estados Unidos e entre o Brasil e os aliados foi o diplomata e historiador Oliveira Lima. Sobre a guerra, a sua posição coincidiu muito com a de Dunshee de Abranches e a de Alberto Torres. Já antes da guerra, ele temia pelas conseqüências da “amizade” entre o Brasil e os Estados Unidos, cuja política expansionista na América Central ele vinha denunciando seguidamente. Já aposentado como diplomata, tendo fixado residência em Londres, desde o início do conflito Oliveira Lima viu crescer a sua fama de germanófilo devido a uma série de artigos que enviava para O Estado de São Paulo e que eram publicados sob o título “Ecos da guerra”. A acusação de que ele agia contra os interesses da causa aliada atingiu tal dimensão que tendo viajado para os Estados Unidos foi considerado persona non grata na Inglaterra. Sua cunhada, que permanecera em Londres, foi quem dispôs de sua casa e demais propriedades, tendo enviado todos os seus pertences pessoais, juntamente com a sua biblioteca, para Washington.
As arbitrariedades inglesas contra brasileiros na Inglaterra, contudo, não se restringiriam a este episódio ocorrido com o historiador de D. João VI no Brasil. Outro exemplo típico, entre vários, da atitude dos britânicos, foi a decisão de expulsar o correspondente do Correio da Manhã, Azevedo Amaral, do país, devido a uma série de artigos que ele enviava de Londres, desde 1912, com críticas ferinas à política externa inglesa. Com a deflagração do conflito, Azevedo Amaral viu-se envolvido com a polícia de Sua Majestade, tendo sido convidado a se retirar do país antes que o envolvessem num processo político de espionagem.
A crítica de Oliveira Lima recaiu, também, sobre a posição, um tanto ingênua, de Rui Barbosa, que não percebia o caráter econômico da guerra. Sobre a conferência deste em Buenos Aires, Oliveira Lima comentou que tínhamos, como povo, os nossos defeitos, mas não pecávamos pela falta de inteligência e conhecíamos em demasia a Europa e o que por lá se passava, para não sabermos que não se tratava de uma luta do direito contra a força, sendo isso apenas retórica de guerra, que como pretexto a ser invocado já fora relegado para o guarda-roupa das mentiras históricas.
De fato, o que a alienação dos aliadófilos não os deixava perceber, era que em defesa de seus interesses econômicos no Brasil, e procurando eliminar as atividades alemãs, aqui, o Governo inglês desencadeara uma violenta política imperialista sobre o Brasil. A ação indébita dos ingleses sobre o território brasileiro atingiu limites insuportáveis, com interferências arrogantes do Ministro inglês no Rio de Janeiro, e dos cônsules nos Estados, nos assuntos internos do país, num total desrespeito à soberania nacional. A pressão inglesa manifestou-se em vários setores: político, econômico, comercial, financeiro, diplomático, moral (através da propaganda) e naval. A Legação britânica, no Rio de Janeiro, julgava-se no direito de ordenar ao Governo brasileiro as medidas a serem adotadas. Funcionários oficiais ingleses, com os Cônsules à frente, fiscalizavam tudo o que passava no território brasileiro, principalmente a entrada e as saída de navios em nossos portos. O café foi considerado contrabando de guerra pelo Governo inglês, que proibiu a sua importação. Por fim, mas não menos grave, lembramos a aplicação, sobre todo o país, das famigeradas listas negras. Em suma, era a Inglaterra, como principal potência aliada, quem procurava estabelecer as normas de neutralidade a serem adotadas pelo Brasil.
Apesar de todas essas evidências, os aliadófilos teimavam em defender o ponto-de-vista da guerra do direito contra a força, da civilização contra a barbárie. Rui Barbosa, em seus discursos, definia a Inglaterra como a “mãe de todas a liberdades modernas”, enquanto que a Alemanha era a infratora dos tratados internacionais, desrespeitando a neutralidade dos belgas. Posicionamento que recebeu muitas críticas, entre as quais podemos destacar a de Abrahão Ribeiro, que ressaltou que a Inglaterra era a mãe de todas as liberdades modernas, mãe da liberdade sim, mas da liberdade dos ingleses, da liberdade com que esses senhores dos mares se envolviam nos negócios internos de outras nações, inclusive da nossa, abrindo a nossa correspondência particular e comercial, estorvando o nosso comércio interno e externo com as vergonhosas listas negras. E indagava: “O que pensará o Sr. Rui Barbosa de tudo isto? Será possível que a neutralidade da Bélgica lhe interessa mais do que a soberania do Brasil ferida pela prepotência britânica?”
Para justificar a atitude dos aliadófilos, lembramos José Maria Belo, que procurou definir a posição de alguns componentes de nossa elite intelectual como desenraizados, que viviam da Europa, da seiva estrangeira, para quem o destino brasileiro, as questões brasileiras, lhes eram estranhas, e que “levariam serenamente o país a uma guerra da França e da Inglaterra contra a Groenlândia ou outro país bárbaro, pelas simpatias íntimas para com a clara literatura francesa, para com a civilização do boulevard, ou em holocausto a sua anglomania do bom-tom, sem indagar, um momento, do ponto-de-vista brasileiro”.
De fato, o Ministro das Relações Exteriores, Lauro Muller, que fora um dos principais alvos da campanha aliadófila, demitiu-se no dia 3 de maio de 1917. Dois dias depois, Nilo Peçanha o substituiu com o objetivo precípuo de alinhar o Brasil como beligerante ao lado dos Estados Unidos e dos aliados, ignorando completamente a grave crise sócio-econômica que assolava o país, bem como as péssimas condições materiais de nossas forças armadas. Era a campanha aliadófila atingindo o seu principal objetivo.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Wingate escreveu:O site do jornal "O ESTADO DE S. PAULO" traz documentário (fotos) sobre os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial (1914-18):
http://infograficos.estadao.com.br/publ ... a-mundial/
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
delmar escreveu:Penso que de mais óbvio ficou, tanto na 1ª como na 2ª guerra, é que, sem uma boa base industrial, um país não tem condições de participar de uma guerra de maneira eficiente. Fica sempre dependente de quem lhe alcance material. Não só armas, mas também mantimentos, roupas, calçados, transportes e suprimentos médicos. Sem capacidade de produzir estas coisas fica difícil manter tropas num front distante.
esqueceste a parte mais importante: materia prima, quando digo materia prima estou a incluir recursos humanos tambem, vou dar dois exemplos
com o bloqueio naval a Austria e a alemanha passaram a contar exclusivamente com aquilo que existia dentro de suas fronteiras, na Austria ate sinos foram retirados das igrejas para fundir
a alemanha estava a perder mais soldados do que aqueles que podia repor
os aliados nao tinham estes problemas, a derrota a esta altura era uma questao de tempo
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Dos arquivos do Monitor: Japão entra Primeira Guerra Mundial
Cem anos atrás, hoje, o império japonês declarou guerra à Alemanha, transformando o conflito previamente Europa centrada em uma verdadeira "guerra mundial".
By The Monitor Gabinete Europeu 23 de agosto de 2014
O Christian Science Monitor, ProQuest
Estes artigos funcionou originalmente em The Christian Science Monitor em 24 de agosto de 1914 O império japonês tinha sido um aliado da Grã-Bretanha desde 1902, e com o início da Primeira Guerra Mundial, foi a encarar participações da Alemanha no que é hoje província de Shandong, na China. Em 14 de agosto de 1914, o Japão enviou Alemanha um ultimato que fui ignorado. Em 23 de agosto, o Japão declarou oficialmente guerra à Alemanha, transformando o conflito previamente Europa centrada em uma verdadeira "Guerra Mundial".
Por favor, note que o artigo utiliza várias grafias e nomes desatualizados para as cidades e regiões. Os nomes modernos e grafias foram inseridos entre parênteses, quando aplicável. Além disso, o termo "Mikado" é uma referência desatualizada ao imperador japonês.
http://www.csmonitor.com/World/Europe/2 ... orld-War-I
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Para matar a curiosidade do colega sobre a ação das forças portuguesas no front:Wingate escreveu:Colega Pt.
Eu o convido para falar um pouco, se possível, sobre a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial. Eu tive na família um tio (por afinidade, casou-se com uma tia minha de sangue) que foi motorista no Exército Português em França. Ele dirigia caminhões Vauxhall e Thornycroft (com transmissão a correntes). Naquela época os caminhões militares não tinham pàra-brisa e ele pegou uma bronquite que carregou até o fim de seus dias.
Desde já, meus agradecimentos.
Wingate
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=4
Leandro G. Card
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Quando falo em base industrial quero lembrar que o Brasil, até a segunda guerra mundial, era um país quase totalmente agrícola, sem nenhuma indústria que chamamos de "pesada". O Brasil não fabricava armas militares, não tinha siderúrgicas, não fabricava motores nem automóveis, não tinha nem uma produção industrial de ferramentas simples, como martelos, limas, facões, machados ou enxadas. Os meios de comunicação eram escassos, telefone só para poucos privilegiados, estradas só de chão batido. Um país ainda no século XIX.urss escreveu:delmar escreveu:Penso que de mais óbvio ficou, tanto na 1ª como na 2ª guerra, é que, sem uma boa base industrial, um país não tem condições de participar de uma guerra de maneira eficiente. Fica sempre dependente de quem lhe alcance material. Não só armas, mas também mantimentos, roupas, calçados, transportes e suprimentos médicos. Sem capacidade de produzir estas coisas fica difícil manter tropas num front distante.
esqueceste a parte mais importante: materia prima, quando digo materia prima estou a incluir recursos humanos tambem, vou dar dois exemplos
com o bloqueio naval a Austria e a alemanha passaram a contar exclusivamente com aquilo que existia dentro de suas fronteiras, na Austria ate sinos foram retirados das igrejas para fundir
a alemanha estava a perder mais soldados do que aqueles que podia repor
os aliados nao tinham estes problemas, a derrota a esta altura era uma questao de tempo
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Um documentário japonês da primeira guerra feita com imagens de arquivos de, americanos,franceses,russos,ingleses,alemães,japoneses e outros.
A primeira guerra foi a primeira documentada em filmes.
10:20 a França tem 1000 filmes da primeira guerra com 150 horas de gravações.
11:30 no inicio da guerra a arma mais letal era os canhões de artilharia, a tática era atacar com os canhões e a infantaria montada em cavalos em massa, esta tática vinha desde dos tempos do napoleão.
12:45 no inicio da guerra os soldados eram desprotegidos o capacete era de couro com panos.
13:38 pela primeira vez os soldados enfrentaram uma nova arma mortífera são as metralhadoras, no inicio eram poucas mas causaram grandes baixas, uma metralhadora tinha o mesmo poder de um batalhão.
No inicio os soldados eram mandados atacar contra metralhadoras, nem era preciso mirar os soldados que atacavam posições defendidas com metralhadoras caiam as centenas.
15:07 pela primeira vez surge o capacete blindado, para proteger os soldados.
15:29 mas metralhadoras pararam o avanço dos alemães.
16:28 a guerra agora inclui as colônias, 150 mil vietnamitas foram para França, milhares de africanos de Senegal foram treinados para lutar nas frentes de batalha na Europa, em cada 4 soldados ingleses tinha 1 de alguma colônia os europeus criaram empresas para importar mão de obra chinesa eles eram os burros de carga dos exércitos carregando suprimentos em munições para o fronte cerca de 100 mil chineses foram para Europa.
Ao todo cerca de 3 milhões de soldados de colônias foram empregados na guerra.
19:13 os táxis em Paris foram utilizados para transportar soldados, e tiveram grande importância no inicio da guerra.
19:27 os ônibus de 2 andares ingleses também tiveram grande importância no inicio da guerra no transporte de tropas.
19:48 em apenas 1 mês de guerra já teria sido gasto metade do estoque de munições, foi nesta época que inventaram o Horário de verão para os operários de fabricas poderem trabalhar mais durante o dia.
20:05 os trabalhos que eram exclusivos dos homens na época começaram a serem feitos por mulheres, foi a primeira vez que as mulheres também se tornaram militares.
21:05 foi a primeira vez na historia que fizeram bombardeios aéreo os Zeppelin atacaram Londres e depois Paris, as grandes cidades foram evacuadas os Zeppelin bombardearam Paris por 139 dias seguidos.
22:41 em 1 mês de guerra o fronte sofre a primeira evolução tática se inicia a guerra de trincheiras, em vez de ataques maciços agora a guerra se transforma em uma guerra de resistência.
23:47 os soldados agora ganham um novo equipamento os relógios, eles eram utilizados para contar o tempo de intervalos da artilharia e para planejar ataques coordenados simultâneos.
Em apenas 2 meses foram cavados 640km de trincheiras, em 700km das fronteiras.
26:10 algumas trincheiras eram sofisticadas tinham depósitos de munições e mantimentos e sua entrada era subterrânea com ligação de dezenas de km em tuneis na retaguarda, alguns tuneis eram cavados embaixo de trincheiras de inimigos para instalar bombas.
28:08 o maior inimigo dos soldados das trincheiras era as chuvas, virava um lamaçal infernal, logo os soldados começavam a ficar doentes, os famosos (pé de trincheira) micoses e gangrena eram comuns.
28:23 mostra a guerra nas trincheiras um soldado cai aparentemente morto, depois um soldado vai pegar o fuzil do soldado morto para atirar.
29:33 mostra os soldados mortos sendo carregados, na época era proibido mostrar estas imagens uma mãe de um soldado morto não podia chorar, se alguém tirar fotos de soldados mortos era punido com pena de morte na França.
30:18 mostra o inverno chegando a guerra que pensavam que iria terminar ate o natal de 1914 estava apenas se iniciando cerca de 2 milhões de soldados sem roupas apropriadas estavam nas trincheiras.
31:17 o mundo em 1914, mostra a Palestina que fazia parte da Turquia que vivia uma guerra interna contra árabes Thomas Edward Lawrenc um inglês liderava os árabes contra os turcos que eram aliados dos alemães.
32:42 na Índia o Mahatma Gandhi recrutava indianos para apoiar os ingleses.
33:42 No Eua eles viviam uma era de ouro, eles eram neutros na guerra, as exportações se multiplicaram por 4, eles inventaram a comida enlatada que se tornou um sucesso, hollywood começou a bombar nesta época se iniciou as exportações de filmes americanos com o declínio europeu, Charlie Chaplin foi contratado aos 27 anos por 675 mil dólares por ano, era um salário 7 vezes mais alto que do presidente americano.
Durante toda a guerra o Eua foi o pais que mais lucrou com o conflito.
35:14 os japoneses logo entram na guerra a pedidos dos ingleses e ocupam posições alemãs na China.
36:26 os japoneses depois do Eua foram o segundo pais que mais lucrou com a guerra suas exportações quadruplicaram, as indústrias metalúrgicas foram as que mais cresceram.
38:30 em 2015 surge uma nova arma, são as armas químicas durante a guerra foram produzidos 3000 tipos de armas químicas. o primeiro a utilizar foram os alemães em 22/04/1915, eles utilizaram 120 mil toneladas de gás de cloro e mataram 5000 soldados.
39:53 os soldados ingleses que ficaram cegos com o ataque alemão de gás.
39:59 mostra as primeiras tentativas de invenções de mascaras contra gás, em menos de 1 ano foi desenvolvido mascaras com tanques de oxigênio, muitos dos inventores que participaram do desenvolvimento das armas químicas décadas depois participaram do desenvolvimento de armas nucleares.
41:16 foi inventado a técnica de camuflagem para atacar inimigos mas não foi muito utilizado pois não se sabia se eram inimigos ou amigos...
41:48 inventaram manequins para enganar os inimigos.
42:08 inventaram o carrinho blindado para proteger os soldados contra tiros no campo de batalha, ingleses e franceses utilizaram.
42:52 dois anos após o inicio da guerra surge a arma que vai conseguir avançar sobre as trincheiras o primeiro MTB Mark 1.
45:57 a Mercedes desenvolve o primeiro grande motor a gasolina.
46:06 os ingleses desenvolve o primeiro carro blindado foi utilizado também na Turquia pelos árabes.
46:26 foi utilizado pela primeira vez aviões para bombardeios, os primeiros eram jogados as bombas com as mãos uma por vez, logo se desenvolve aviões bombardeiros com sistema de lançamento de bombas, depois começou a se instalar metralhadoras assim começa a guerra aérea.
47:44 os canhões também evoluíram para maior alcance eles se tornaram gigantes, os projeteis maiores chegavam a pesar 1 tonelada.
50:40 com a evolução das armas cada vez mais mortíferas, os feridos chegavam a mais de 10 mil por dia.
51:01 os soldados de trincheiras começaram a ter novas doenças com a pressão nas trincheiras eles começaram a ter neurastenia também conhecido como shell shock, 120 mil soldados ingleses ficaram com neurastenia.
52:23 a guerra naval sai com os ingleses vencedores mas os alemães inventam uma nova arma mortífera o U-Boat, com os submarinos eles iniciam ataques a qualquer alvo, e o afundamento de alguns navios civis americanos foi um dos motivos que levaram o Eua a entrar na guerra.
54:46 como os alemães ficaram sem acesso a matérias primas e os alemães afundavam com submarinos navios que carregavam suprimentos para os aliados, a fome se expandiu rapidamente na Europa.
A Rússia foi um dos que mais sofreram com a guerra, em 1 mês de guerra as munições e suprimentos começaram a se esgotar, em 3 anos cerca de 1 milhão de soldados abandonaram os frontes de batalha, em 1917 o povo se revolta conta o governo.
57:28 são as ultimas imagens da família Nicolau II que depois da revolução em fevereiro se mudam para Sibéria e acabam sendo fuzilados, logo em outubro Lenin lidera a revolução e sai da guerra, Eua Japão, França, e mais 4 países juntos invadem a Sibéria, depois da guerra ter terminado os japoneses manterão 70 mil soldados na Sibéria e somente se retiraram após receberem grande repudio internacional.
59:30 durante a revolução russa o Eua decide entrar na guerra, o maior motivo seria que se os ingleses e franceses perdessem eles não teriam como pagar os grandes empréstimos que fizeram com os americanos.
1:00:15 crianças americanas rasgam livros alemães, se inicia uma campanha de ódio contra alemães no Eua, hollywood também entra na guerra de propaganda contra alemães.
1:01:21 os americanos implantam um sistema de sorteio para alistamento militar, os soldados que eram 100 mil antes da guerra logo se tornaram 4 milhões, foram alistados negros que foram repudiados por soldados brancos, assim tiveram de formar batalhões apenas de negros separados de brancos.
Os negros faziam serviços pesados, como cavar trincheiras e carregar armamentos para os brancos.
1:02:28 se cria leis que não permitem americanos serem contra a guerra...Charlie Chaplin foi utilizado como garoto propaganda a favor da guerra.
1:04:20 em maio de 1917 o Eua envia soldados para a França.
1:05:40 cerca de 600 soldados cinegrafistas foram enviados para guerra.
1:05:54 mostra o Douglas MacArthur recebendo condecorações no campo de batalha.
1:06:02 mostra um trator americano que cava trincheiras.
1:06:10 o rádio sem fio.
1:06:14 o lançador de granadas de gás.
1:06:20 o lançador de chamas.
1:07:21 depois de sofrer grandes baixas em 1918 ocorre a revolução na Alemanha e a guerra termina.
Termina com uma mensagem do Winston Churchill que diz que o homem entrou em uma nova era, se foi o tempo das guerras de Alexander,Cesar,Napoleão onde os lideres lutavam juntos com os soldados no campo de batalha, a nova era agora são dos lideres em locais seguros comandando soldados de seus escritórios, a nova era agora com apenas um telefonema se da ordens para matar milhares de pessoas, a nova era agora são de guerras para matar civis, crianças e mulheres, com as novas armas foi criando o sistema para os estados se alto destruírem, esta era vai ser a evolução final da humanidade.