Apenas questão de teoria vs pratica.
![Cool 8-]](./images/smilies/icon_cool.gif)
vlw a elucidação.
Moderador: Conselho de Moderação
Janet Yellen sinaliza continuidade da política monetária no Fed
Fonte: http://www.dw.de/janet-yellen-sinaliza- ... a-17150479
Ela será a primeira mulher a assumir a presidência do banco central mais poderoso do mundo. Atual vice do Fed, Yellen não deverá promover logo mudanças nos rumos da política monetária dos EUA.
Para os mercados financeiros, ser chefe do banco central americano, o Federal Reserve, é possivelmente o cargo mais importante que existte. É o Fed que estipula a taxa de juros do dólar, e codetermina de forma decisiva quanto dinheiro está disponível nos mercados. Trata-se, portanto, de um cargo de grande poder – e de responsabilidade ainda maior.
A economista Janet Yellen deverá em breve se tornar a primeira mulher a assumir a presidência do Fed, nos quase 100 anos de história da instituição.
A indicação de seu nome levou alguns jornalistas a exaltar a nova força feminina no mundo financeiro. A agência de notícias DPA efiniu Yellen, a presidente do FMI, Christine Lagarde, e a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, como "três mulheres que movem mercados".
Isso até pode ser verdade, mas não é relevante. Afinal, há mais de três anos Yellen é vice-presidente do Fed e, consequentemente, principal representante da política do atual presidente, Ben Bernanke.
Mais do mesmo
Ben Bernanke, atual presidente da Federal Reserve
"A sra. Yellen claramente apoia a política monetária que o Fed vem promovendo há alguns anos", afirma Nils Jannsen, analista da conjuntura econômica americana no Instituto de Economia Mundial da Universidade de Kiel. "Portanto, ela é por uma política monetária bastante expansiva, focada principalmente no desenvolvimento do mercado de trabalho."
No jargão dos mercados financeiros, quem confere importância especial ao combate ao desemprego é chamado de "pomba". Já quem se dedica à luta contra a inflação, é um "falcão". Essas denominações independem do gênero masculino ou feminino. Ben Bernake também é uma "pomba".
Em contraste com o antigo Bundesbank– que vigiava a estabilidade do marco alemão – e o Banco Central Europeu, o Fed não está comprometido apenas com a estabilidade da moeda. "O Fed cumpre um duplo mandato", explica Diemar Rieg, diretor executivo da Câmara de Comércio Alemanha-Estados Unidos, em Nova York. "Ele deve cuidar tanto da estabilidade dos preços quanto do pleno emprego." Uma vez que, com 7,3%, a taxa de desemprego anda relativamente alta para os EUA, Rieg não conta que o Fed vá mudar sua política monetária "num futuro próximo".
Onde pombas e falcões se encontram
De qualquer modo, a política monetária do banco central americano não é definida pelo presidente da instituição, mas pelos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), formado por sete governadores do Fed e cinco presidentes de suas sucursais regionais. São eles que decidem o valor dos juros e decidem sobre ações como a compra de títulos em massa, para abastecer o mercado com capital.
Na qualidade de vice-presidente do Fed e, anteriormente, de presidente da sede regional da instituição em San Francisco, Janet Yellen é, desde 2009, membro votante do FOMC, onde, lado a lado com muitos "pombos", sentam alguns "falcões". Estes desejam abandonar o mais rápido possível a política do dinheiro barato.
"As vozes críticas se multiplicam no Comitê de Mercado Aberto", explica Nils Janssen. "Entretanto, a indicação de Janet Yellen é um claro sinal de que a saída [da política de dinheiro barato] não deverá ocorrer tão cedo."
Política de empregos é o maior objetivo
Assim, a boa recepção dos mercados à indicação de Yellen não chega a ser surpreendente. Afinal, o capital a baixos juros anima as cotações das bolsas de valores. Mas também é certo que, caso se torne chefe do Fed, a certa altura ela terá que promover a mudança da política monetária, antecipa Gertrud Traud, economista-chefe do Helaba, banco estadual de Hessen-Turíngia. "Yellen tenderá a trilhar esse caminho de forma bastante cautelosa, para se assegurar que a conjuntura e a criação de empregos não sejam sufocadas."
O Senado americano, onde o Partido Democrata possui ampla maioria, deverá aprovar sem sobressaltos a indicação de Yellen pelo presidente Barack Obama. Aqui, o resultado parece seguro, ao contrário da Casa dos Representantes.
Não há dúvidas sobre a capacidade profissional de Yellen. Antes de ser vice do Fed, a economista de 67 anos lecionou em diversas universidades de prestígio nos EUA, foi consultora do presidente Bill Clinton e presidiu o Fed em San Francisco. E é bem possível até que, após cada dia de trabalho, ela siga discutindo sobre questões econômicas, pois é casada com George Akerlof, Prêmio Nobel de Economia de 2001.
Janet L. Yellen
Fonte: http://www.federalreserve.gov/aboutthef ... yellen.htm
Photo of Vice Chair Janet L. Yellen
Janet L. Yellen took office as Vice Chair of the Board of Governors of the Federal Reserve System on October 4, 2010, for a four-year term ending October 4, 2014. Dr. Yellen simultaneously began a 14-year term as a member of the Board that will expire January 31, 2024.
Prior to her appointment as Vice Chair, Dr. Yellen served as President and Chief Executive Officer of the Twelfth District Federal Reserve Bank, at San Francisco.
Dr. Yellen is Professor Emeritus at the University of California at Berkeley where she was the Eugene E. and Catherine M. Trefethen Professor of Business and Professor of Economics and has been a faculty member since 1980.
Dr. Yellen took leave from Berkeley for five years starting August 1994. She served as a member of the Board of Governors of the Federal Reserve System through February 1997, and then left the Federal Reserve to become chair of the Council of Economic Advisers through August 1999. She also chaired the Economic Policy Committee of the Organization for Economic Cooperation and Development from 1997 to 1999.
Dr. Yellen is a member of both the Council on Foreign Relations and the American Academy of Arts and Sciences. She has served as President of the Western Economic Association, Vice President of the American Economic Association and a Fellow of the Yale Corporation.
Dr. Yellen graduated summa cum laude from Brown University with a degree in economics in 1967, and received her Ph.D. in Economics from Yale University in 1971. She received the Wilbur Cross Medal from Yale in 1997, an honorary doctor of laws degree from Brown in 1998, and an honorary doctor of humane letters from Bard College in 2000.
An Assistant Professor at Harvard University from 1971 to 1976, Dr. Yellen served as an Economist with the Federal Reserve's Board of Governors in 1977 and 1978, and on the faculty of the London School of Economics and Political Science from 1978 to 1980.
Dr. Yellen has written on a wide variety of macroeconomic issues, while specializing in the causes, mechanisms, and implications of unemployment.
Dr. Yellen is married and has an adult son.
OCTOBER 13, 2013, 9:06 PM
Inequality Is a Choice
Fonte: http://opinionator.blogs.nytimes.com/20 ... nted=print
By JOSEPH E. STIGLITZ
It’s well known by now that income and wealth inequality in most rich countries, especially the United States, have soared in recent decades and, tragically, worsened even more since the Great Recession. But what about the rest of the world? Is the gap between countries narrowing, as rising economic powers like China and India have lifted hundreds of millions of people from poverty? And within poor and middle-income countries, is inequality getting worse or better? Are we moving toward a more fair world, or a more unjust one?
These are complex questions, and new research by a World Bank economist named Branko Milanovic, along with other scholars, points the way to some answers.
Starting in the 18th century, the industrial revolution produced giant wealth for Europe and North America. Of course, inequality within these countries was appalling — think of the textile mills of Liverpool and Manchester, England, in the 1820s, and the tenements of the Lower East Side of Manhattan and the South Side of Chicago in the 1890s — but the gap between the rich and the rest, as a global phenomenon, widened even more, right up through about World War II. To this day, inequality between countries is far greater than inequality within countries.
But starting around the fall of Communism in the late 1980s, economic globalization accelerated and the gap between nations began to shrink. The period from 1988 to 2008 “might have witnessed the first decline in global inequality between world citizens since the Industrial Revolution,” Mr. Milanovic, who was born in the former Yugoslavia and is the author of “The Haves and the Have-Nots: A Brief and Idiosyncratic History of Global Inequality,” wrote in a paper published last November. While the gap between some regions has markedly narrowed — namely, between Asia and the advanced economies of the West — huge gaps remain. Average global incomes, by country, have moved closer together over the last several decades, particularly on the strength of the growth of China and India. But overall equality across humanity, considered as individuals, has improved very little. (The Gini coefficient, a measurement of inequality, improved by just 1.4 points from 2002 to 2008.)
So while nations in Asia, the Middle East and Latin America, as a whole, might be catching up with the West, the poor everywhere are left behind, even in places like China where they’ve benefited somewhat from rising living standards.
From 1988 to 2008, Mr. Milanovic found, people in the world’s top 1 percent saw their incomes increase by 60 percent, while those in the bottom 5 percent had no change in their income. And while median incomes have greatly improved in recent decades, there are still enormous imbalances: 8 percent of humanity takes home 50 percent of global income; the top 1 percent alone takes home 15 percent. Income gains have been greatest among the global elite — financial and corporate executives in rich countries — and the great “emerging middle classes” of China, India, Indonesia and Brazil. Who lost out? Africans, some Latin Americans, and people in post-Communist Eastern Europe and the former Soviet Union, Mr. Milanovic found.
The United States provides a particularly grim example for the world. And because, in so many ways, America often “leads the world,” if others follow America’s example, it does not portend well for the future.
On the one hand, widening income and wealth inequality in America is part of a trend seen across the Western world. A 2011 study by the Organization for Economic Cooperation and Development found that income inequality first started to rise in the late ’70s and early ’80s in America and Britain (and also in Israel). The trend became more widespread starting in the late ’80s. Within the last decade, income inequality grew even in traditionally egalitarian countries like Germany, Sweden and Denmark. With a few exceptions — France, Japan, Spain — the top 10 percent of earners in most advanced economies raced ahead, while the bottom 10 percent fell further behind.
But the trend was not universal, or inevitable. Over these same years, countries like Chile, Mexico, Greece, Turkey and Hungary managed to reduce (in some cases very high) income inequality significantly, suggesting that inequality is a product of political and not merely macroeconomic forces. It is not true that inequality is an inevitable byproduct of globalization, the free movement of labor, capital, goods and services, and technological change that favors better-skilled and better-educated employees.
Of the advanced economies, America has some of the worst disparities in incomes and opportunities, with devastating macroeconomic consequences. The gross domestic product of the United States has more than quadrupled in the last 40 years and nearly doubled in the last 25, but as is now well known, the benefits have gone to the top — and increasingly to the very, very top.
Last year, the top 1 percent of Americans took home 22 percent of the nation’s income; the top 0.1 percent, 11 percent. Ninety-five percent of all income gains since 2009 have gone to the top 1 percent. Recently released census figures show that median income in America hasn’t budged in almost a quarter-century. The typical American man makes less than he did 45 years ago (after adjusting for inflation); men who graduated from high school but don’t have four-year college degrees make almost 40 percent less than they did four decades ago.
American inequality began its upswing 30 years ago, along with tax decreases for the rich and the easing of regulations on the financial sector. That’s no coincidence. It has worsened as we have under-invested in our infrastructure, education and health care systems, and social safety nets. Rising inequality reinforces itself by corroding our political system and our democratic governance.
And Europe seems all too eager to follow America’s bad example. The embrace of austerity, from Britain to Germany, is leading to high unemployment, falling wages and increasing inequality. Officials like Angela Merkel, the newly re-elected German chancellor, and Mario Draghi, president of the European Central Bank, argue that Europe’s problems are a result of a bloated welfare spending. But that line of thinking has only taken Europe into recession (and even depression). That things may have bottomed out — that the recession may be “officially” over — is little comfort to the 27 million out of a job in the E.U. On both sides of the Atlantic, the austerity fanatics say, march on: these are the bitter pills that we need to take to achieve prosperity. But prosperity for whom?
Excessive financialization — which helps explain Britain’s dubious status as the second-most-unequal country, after the United States, among the world’s most advanced economies — also helps explain the soaring inequality. In many countries, weak corporate governance and eroding social cohesion have led to increasing gaps between the pay of chief executives and that of ordinary workers — not yet approaching the 500-to-1 level for America’s biggest companies (as estimated by the International Labor Organization) but still greater than pre-recession levels. (Japan, which has curbed executive pay, is a notable exception.) American innovations in rent-seeking — enriching oneself not by making the size of the economic pie bigger but by manipulating the system to seize a larger slice — have gone global.
Asymmetric globalization has also exerted its toll around the globe. Mobile capital has demanded that workers make wage concessions and governments make tax concessions. The result is a race to the bottom. Wages and working conditions are being threatened. Pioneering firms like Apple, whose work relies on enormous advances in science and technology, many of them financed by government, have also shown great dexterity in avoiding taxes. They are willing to take, but not to give back.
Inequality and poverty among children are a special moral disgrace. They flout right-wing suggestions that poverty is a result of laziness and poor choices; children can’t choose their parents. In America, nearly one in four children lives in poverty; in Spain and Greece, about one in six; in Australia, Britain and Canada, more than one in 10. None of this is inevitable. Some countries have made the choice to create more equitable economies: South Korea, where a half-century ago just one in 10 people attained a college degree, today has one of the world’s highest university completion rates.
For these reasons, I see us entering a world divided not just between the haves and have-nots, but also between those countries that do nothing about it, and those that do. Some countries will be successful in creating shared prosperity — the only kind of prosperity that I believe is truly sustainable. Others will let inequality run amok. In these divided societies, the rich will hunker in gated communities, almost completely separated from the poor, whose lives will be almost unfathomable to them, and vice versa. I’ve visited societies that seem to have chosen this path. They are not places in which most of us would want to live, whether in their cloistered enclaves or their desperate shantytowns.
Economista fala sobre importância do Estado para inovação e dinamismo da economia
Fonte: http://g1.globo.com/globo-news/milenio/ ... a/2903868/
A economia do intervencionismo
por Fabio Barbieri, quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1724
Fonte:
Não existe nada mais empolgante do que aquelas leituras, feitas aos vinte anos de idade, que mudam o nosso modo de pensar para sempre. Essas leituras cruciais fornecem o material que une o nosso conhecimento até então fragmentado em uma visão de mundo coerente e ao mesmo tempo estimulam o senso crítico necessário para o exame dos fragmentos incompatíveis com essa visão. Para o aluno, o aspecto mais fascinante da educação universitária deveria ser a construção, como uma espécie de "Lego intelectual", da própria visão de mundo, a partir do encaixe ou rejeição crítica de cada um dos tijolos sugeridos pelos textos.
Em especial, o início do processo de construção de um edifício explanatório deve ser recompensador, pois toda teoria apresenta algo como retornos decrescentes: no início, somos expostos a vasto território inexplorado, ao passo que o intelectual maduro é condenado a se repetir. O estudo da Economia, em particular, deveria proporcionar essa sensação de descoberta, pois ele nos fornece a chave para a compreensão da maioria dos erros que povoam o núcleo do discurso dos políticos e fornece fascinantes teorias que abrem nossos olhos para os reais fatores que geram prosperidade, sem a qual não seriam possíveis todas as conquistas de nossa civilização.
O estudante contemporâneo da teoria econômica, no entanto, raramente passa pela experiência de abertura de olhos proporcionada pelo contato com o modo de pensar dos economistas. Depois de aprender que preferências convexas são garantidas pelo uso de funções utilidade estritamente quase côncavas, o estudante raramente folheia um jornal e fica revoltado com a quantidade de falácias econômicas que povoam suas páginas. O formalismo que domina o ensino da economia moderna privilegia a solução de quebra-cabeças matemáticos em modelos de brinquedo (toy models), em detrimento do exame das consequências e aplicações mais amplas das teorias. Mas, por mais árido e pausterizado que possa parecer um moderno manual de microeconomia, a teoria dos preços lá exposta possui consequências cruciais para a discussão de questões políticas fundamentais, que quase sempre escapam ao estudante.
Mesmo nos cursos de Introdução à Economia, cujo propósito deveria ser exatamente expor o núcleo da visão de mundo do economista, os alunos geralmente sabem muito bem calcular elasticidades-preço da demanda, mas ignoram as implicações dos conceitos de escassez e custo de oportunidade. Assim, não é à toa que os cursos de economia não são muito populares nas universidades.
A paixão (ou ódio) pelas teorias econômicas surge com toda a sua força, porém, quando tais teorias são explicitamente associadas aos problemas políticos que motivaram sua elaboração. No presente volume, efetuamos uma análise das economias modernas a partir de um referencial explanatório fortemente calcado na teoria econômica, mas que contempla também ideias filosóficas e políticas. Essas ideias são combinadas em uma visão de mundo institucional: perguntaremos quais conjuntos de regras resultam em prosperidade ou estagnação e investigaremos quais regras são responsáveis pelos problemas econômicos atuais. Em especial, examinaremos os papéis desempenhados pela liberdade econômica e pela intervenção do estado na economia.
Para que essa análise comparativa seja feita a contento, será antes necessário nos livrarmos de noções que atrapalham essa tarefa. Em primeiro lugar, precisamos abandonar a noção marxista de "capitalismo". Além de pertencer a uma visão de mundo ultrapassada, associada a uma teoria econômica que foi ultrapassada ainda no século XIX, a identificação automática da realidade com a noção de capitalismo impede a comparação institucional que pretendemos, pois todas as instituições vigentes, segundo essa visão, seriam capitalistas e todos os males são atribuídos por definição a esse sistema, tornando impossível discutir de forma útil o papel do estado na economia.
Em segundo lugar, precisamos superar os defeitos inerentes ao formalismo que marca a teoria econômica moderna. Ao valorizar apenas aquilo que pode ser quantificado, a teoria econômica moderna tende a deixar de lado as características institucionais que são as causas últimas das diferenças de desempenho econômico dos países. Além disso, a recusa em abandonar a visão romântica do estado como entidade incorpórea, preocupada apenas com o bem estar coletivo, em favor de uma teoria que estude a ação estatal como algo exercido por pessoas de carne e osso, impede que se faça uma análise da lógica das intervenções na economia.
Rejeitadas as teorias clássica, marxista e estritamente neoclássica como referencial teórico, escolhemos a economia austríaca como base para nossa análise. Esse referencial nos convidará a substituir a noção marxista de capitalismo pela noção de sistema econômico intervencionista. Com isso, não mais será possível comparar o capitalismo, identificado automaticamente com os males do mundo real, com o socialismo, ideal abstrato e correto por definição. Do mesmo modo, não será mais possível avaliar os mercados segundo o ideal inalcançável de eficiência alocativa sem que ao mesmo tempo eles sejam comparados com a ação estatal. Eliminados os conceitos que tornam a liberdade inferior por definição, podemos efetuar uma análise econômica do sistema econômico intervencionista no qual vivemos.
Essa análise terá como base o pensamento dos dois economistas austríacos mais conhecidos, Mises e Hayek. Do primeiro, extraímos os fundamentos da análise austríaca dos mercados e o referencial básico de análise do socialismo e intervencionismo. Do segundo, tomamos emprestada a crítica ao mau uso da noção de equilíbrio, que fundamenta a análise austríaca moderna, a noção de ordem espontânea e suas teses metodológicas. O leitor perceberá que, de fato, o referencial teórico utilizado no presente volume é em larga medida hayekiano. Além desses autores, a nossa leitura da realidade toma emprestadas teses de diversos autores, como Popper, M. Polanyi, Bartley III, A. Smith, Bastiat, Buchanan, Coase, Kirzner, entre outros.
Os capítulos contidos em cada parte são textos originalmente escritos como artigos independentes uns dos outros. Três anos atrás, fui convidado para escrever artigos mensais para o sítio do Ordem Livre. Nesse espaço, tive a liberdade para me dedicar a artigos mais acadêmicos e gerais, em vez dos usuais textos sobre conjuntura de curto prazo normalmente demandados dos economistas. Naquela ocasião, imaginei a estrutura do presente livro, aceitando a oportunidade de escrevê-lo em 30 "prestações".
Aproveitei essa liberdade para escrever artigos mais acadêmicos do que se espera desse tipo de texto, utilizando extensivamente notas de rodapé com referências bibliográficas, mas menos formais do que se espera de artigos acadêmicos. Com a crescente especialização da academia, sobra cada vez menos espaço nessas revistas para análises interdisciplinares, como a empreendida neste livro, que trata de relações entre economia, filosofia e política. Menos espaço ainda existe, sobretudo nas revistas brasileiras, para abordagens teóricas minoritárias, como a austríaca. Porém, boa parte das teses aqui apresentadas tem origem no trabalho acadêmico do autor, sujeito ao tipo de restrição mencionada acima. Mas, com a liberdade proporcionada pela minha coluna, o resultado que pode ser visto nas próximas páginas foi um conjunto de artigos mais informal, que não foge de polêmicas ideológicas, mas que pretende levar a sério o debate entre visões de mundo concorrentes.
Agradeço ao Ordem Livre pela oportunidade de utilizar material publicado originalmente no sítio daquela instituição e ao Instituto Mises Brasil (www.mises.org.br), pelo mesmo motivo, no que diz respeito ao mais extenso ensaio aqui publicado, sobre os irmãos von Mises. Agradeço também a essas duas instituições pelos convites para proferir palestras sobre economia austríaca e poder participar do extraordinário movimento, em curso nos últimos anos, de divulgação das ideias austríacas no Brasil.
_______________________
O livro é dividido em três partes. Na primeira, reunimos artigos que discutem o referencial teórico básico empregado no mesmo. Esse referencial utiliza elementos da teoria econômica moderna, com ênfase no pensamento austríaco, em especial no que diz respeito aos mercados vistos como ordens espontâneas auto-organizadas. A liberdade, nessa visão hayekiana, é a única maneira de contornar a limitação do conhecimento dos agentes diante da tarefa cada vez mais complexa de coordenar as ações individuais. Depois de tratar da defesa da liberdade e sistemas descentralizados, na segunda parte o mesmo referencial teórico é empregado no exame dos sistemas econômicos comparados. Expomos a tese austríaca sobre a impossibilidade do socialismo e apresentamos a tese misesiana sobre a instabilidade do sistema econômico intervencionista. Na terceira parte, essa mesma análise do intervencionismo é empregada como base para a crítica de algumas políticas e tendências encontradas nas sociedades contemporâneas.
A primeira parte inicia com um capítulo que expõe os principais fatores institucionais relacionados ao crescimento econômico, fatores esses expostos por economistas cujas ideias aparecerão incontáveis vezes no restante do livro. No segundo capítulo, utilizamos o pensamento de Bastiat para mostrar que as falácias econômicas são fruto da compreensão parcial do funcionamento das ordens espontâneas. Praticamente toda falácia econômica tem origem em análises que focam sua atenção em alguns mercados apenas, ignorando os custos de oportunidade das políticas econômicas nos demais. O terceiro, o mais extenso, utiliza a rivalidade entre os irmãos Mises para contrastar a metodologia da economia dos austríacos e da teoria tradicional. Acreditamos que as diferenças entre austríacos e neoclássicos repousa em última análise em diferenças metodológicas: o positivismo que informa a última impede que se perceba a importância dos fenômenos complexos enfatizados pela primeira escola, como a noção de auto-organização.
Os demais capítulos da primeira parte tratam da visão hayekiana da economia como uma ordem complexa auto-organizada e dos aspectos metodológicos de uma teoria que trata desse tipo de fenômeno. No quarto capítulo tratamos do problema da coordenação das atividades individuais em uma economia com divisão do trabalho cada vez mais detalhada. Nesse contexto, mostra-se como a liberdade é essencial para que o conhecimento disperso dos agentes seja utilizado e corrigido ao longo do tempo. No quinto e sexto capítulo, voltamos ao tema do terceiro capítulo e exploramos os aspectos metodológicos do estudo de fenômenos complexos. As teorias sobre esses fenômenos representam apenas certos princípios de funcionamento da ordem espontânea, nunca fornecendo previsões exatas sobre detalhes desses sistemas. Nos capítulos sete e oito, ilustramos essas ideias metodológicas através do exame de teorias sobre ordens espontâneas nos mercados e na natureza.
A primeira parte conclui com um ensaio que compara Hayek com Marx no que diz respeito ao papel do conhecimento limitado em ordens espontâneas e hierárquicas.
Na segunda parte, passamos ao exame crítico de sistemas econômicos mais hierarquizados. Nos capítulos dez e onze, visitamos a tese misesiana sobre a impossibilidade do cálculo econômico no socialismo. O primeiro expõe a tese em si e o segundo o debate entre austríacos e neoclássicos sobre o tema. Esse debate clarifica as diferenças entre as duas abordagens, que transparecerão ao longo de todo o livro. Os capítulos restantes dessa segunda parte tratam do intervencionismo, visto como o sistema econômico vigente no mundo atual.
O capítulo doze ilustra historicamente a análise do intervencionismo através do exame da recaída autoritária na última década na América Latina e o seguinte expõe a teoria austríaca sobre o intervencionismo. Para essa teoria, as "contradições internas" dos sistemas intervencionistas põem em marcha um processo que resulta em ciclos de expansão e contração do estado.
Os capítulos seguintes tratam de objeções a essa abordagem, oferecendo uma defesa metodológica do núcleo comum da teoria compartilhada entre austríacos e neoclássicos. O décimo quarto capítulo critica a tese historicista, defendida pelos marxistas, segundo a qual a teoria econômica só seria válida no capitalismo. O artigo mostra que, pelo contrário, qualquer sistema econômico tem que lidar com o problema alocativo. Os dois capítulos seguintes desmontam a crítica à teoria moderna segundo a qual esta dependeria da hipótese de agentes egoístas. Esses capítulos mostram que a teoria requer apenas agentes que tenham algum propósito, não importando a natureza dos mesmos e analisam o papel do pressuposto de autointeresse empregado na teoria econômica.
Os dois capítulos seguintes analisam os aspectos ideológicos da mentalidade estatista. O capítulo dezessete indaga se os instintos coletivistas seriam inerentes à natureza humana e o seguinte estuda as características da presente ideologia dos defensores do intervencionismo. Esse estudo é importante para o desenvolvimento da teoria no que diz respeito à fase do ciclo do intervencionismo na qual ocorrem reformas liberalizantes. Os capítulos dezenove e vinte tratam das dificuldades encontradas nessa fase de reformas. A expansão do estado faz com que reformas contrariem interesses e causem crises no curto prazo, que serão atribuídas não as distorções causadas pelas intervenções, mas as próprias reformas adotadas para aliviar o problema. Quanto mais se avança em direção ao controle central, por outro lado, mais difícil para as pessoas imaginarem instituições alternativas, compatíveis com a liberdade.
O penúltimo capítulo da segunda parte trata do final da fase de expansão do estado na teoria do intervencionismo, mostrando a diminuição da margem de manobras dos políticos nesse estágio. O capítulo final volta à ilustração da teoria, defendendo um revisionismo histórico que rejeite ideias marxistas e incorpore os resultados da teoria econômica moderna. Esse revisionismo traria inúmeras ilustrações da nossa teoria do intervencionismo.
Na terceira parte do livro discutimos aspectos políticos da batalha pela liberdade. Nos capítulos 23 e 24, discutimos como o pensamento liberal em economia é bloqueado respectivamente pela identificação da realidade com o conceito de capitalismo e pela identificação do status quo com situação desprovida de intervenções corretivas. Em nossa opinião, os grandes problemas econômicos são falhas de governo, não falhas de mercado. No capítulo 25, examinaremos como a expansão do conceito de externalidade como justificativa para intervenções estatais nos leva progressivamente ao abandono das liberdades individuais. No capítulo seguinte, efetuamos uma crítica austríaca de como o economista lida com os monopólios e na sequência mostramos como a atividade empresarial é tratada de forma inadequada na visão ortodoxa sobre o funcionamento da competição nos mercados.
No capítulo 29, criticamos aqueles que veem nos preços as causas dos problemas macroeconômicos: as análises corretas deveriam investigar os fundamentos que fazem os preços se moverem. No capítulo 30, utilizamos a história infantil dos três porquinhos para ilustrar a teoria austríaca dos ciclos econômicos, que afirma que a expansão do crédito orquestrada pelos bancos centrais é a causa principal das crises econômicas.
Nos três capítulos seguintes, analisamos o mercado das ideias. No primeiro examinamos as falsas analogias entre mercados e o sistema educacional. No segundo e terceiro, argumentamos que a tentativa de estimular a competição através de mecanismos de incentivos à produtividade acadêmica não funciona. O argumento é baseado na tese da impossibilidade do cálculo econômico no socialismo: preços artificiais são inerentemente diferentes de preços em mercados reais. Argumentamos que a liberdade acadêmica é a principal vítima do "produtivismo" acadêmico.
Nos capítulos 33 e 34, mostramos que, sob o intervencionismo, opera um mecanismo seletivo hayekiano segundo o qual os piores chegam ao poder e as alternativas liberais tendem a desaparecer. Por fim, no último capítulo analisamos o fenômeno do discurso politicamente correto, visto como uma das maiores ameaças à liberdade.
Eis, a seguir, os capítulos do livro. Basta clicar sobre cada um para lê-lo na íntegra e gratuitamente.
Apresentação
Introdução
1. Seis Lições sobre Prosperidade e Pobreza
2. Bastiat e as Máquinas de Moto-Perpétuo Econômicas
3. Os Irmãos Mises: o Positivismo e as Ciências Sociais
4. A Economia Falibilista de Hayek
5. Hayek e o Uso Circunspecto dos Modelos Econômicos
6. Pangloss versus Procusto: um trade-off metodológico
7. Entre os Chipanzés e os Cupins
8. O Ar Condicionado Abstrato
9. Alienação: Marx e Hayek
10. Da Impossibilidade do Socialismo
11. O Socialismo de Mercado e a Importância da Competição
12. A Maré Estatista na América Latina e a Teoria do Intervencionismo
13. A Teoria Austríaca do Intervencionismo
14. Intervencionismo e Historicismo
15. Espantalhus œconomicus
16. Autointeresse, Instituições e Utopia
17. Arremesso de Anões
18. Dogmatismo e Ideologia Intervencionista
19. Chutando a Escada para a Liberdade
20. Liberdade e Custo de Oportunidade
21. Escassez de Líderes?
22. História: mais Bastiat e menos Marx
23. Abaixo o Capitalismo!
24. Eficiência Econômica e a Abordagem do Nirvana
25. Externalidades: caixa de Edgeworth ou de Pandora?
26. Economista e o Monopólio
27. Do Empresário Herói ao Empresário Invisível
28. Os Preços e as Causas dos Problemas Econômicos
29. Os Três Porquinhos e os Ciclos Econômicos
30. As Escolas e os Mercados
31. Mecanismos de Incentivos, Produtividade Acadêmica e o "Mercado das Ideias"
32. Liberdade Acadêmica
33. A Causa Traída: por que os piores chegam ao poder
34. Eleições: o copo meio cheio
35. O Moralismo Social
Referências
Procede? Não em vários pontos, tais como:Economics students need to be taught more than neoclassical theory
University syllabuses for economics are stuck on an outdated model. There are other schools of thought worth learning about
Fonte: http://www.theguardian.com/commentisfre ... cal-theory
Zach Ward-Perkins and Joe Earle
Monday 28 October 2013 08.00 GMT
Jump to comments (152)
Durham University library economics and politics books
'Neoclassical economics is the mainstream and it is vital for economics students to understand it … However, it does not comprise the whole of economics and nor should it.' Photograph: Graham Turner for the Guardian
Would the ordinary person regard how economics students are educated as a significant political issue? Probably not, but the way economics students are educated has much wider implications for society than is commonly imagined.
Every year thousands of economics graduates take jobs in the City, thinktanks and at the heart of government itself. Economics is highly technical and often mathematical, and this elevates economists to a position of expertise from which they mediate economic analysis to the British public. They are the guardians of our economy, charged with its upkeep, and they play an important role in shaping political narratives around economics. Yet British universities are producing economics graduates who are not fit for this purpose.
The financial crisis represents the ultimate failure of this education system and of the academic discipline as a whole. Economics education is dominated by neoclassical economics, which tries to understand the economy through modelling individual agents. Firms, consumers and politicians face clear choices under conditions of scarcity, and must allocate their resources in order to satisfy their preferences. Different agents meet through a market, where the mathematical formulae that characterise their behaviour interact to produce an "equilibrium". The theory emphasises the need for micro-foundations, which is a technical term for basing your model of the whole economy on extrapolating from individual behaviour.
Economists using this mainstream economic theory failed to predict the crisis spectacularly. Even the Queen asked professors at LSE why nobody saw it coming. Now five years on, after a bank bailout costing hundreds of billions, unemployment peaking at 2.7 million and plummeting wages, economics syllabuses remain unchanged.
The Post-Crash Economics Society is a group of economics students at the University of Manchester who believe that neoclassical economic theory should no longer have a monopoly within our economics courses. Societies at Cambridge, UCL and LSE have been founded to highlight similar issues and we hope this will spread to other universities too. At the moment an undergraduate, graduate or even a professional economist could easily go through their career without knowing anything substantive about other schools of thought, such as post-Keynesian, Austrian, institutional, Marxist, evolutionary, ecological or feminist economics. Such schools of thought are simply considered inferior or irrelevant for economic "science".
We are taught to memorise and regurgitate neoclassical economic theories and models. Our tutorials consist of copying problem sets off the board and critical discussion is non-existent. We studied our modules and found out that only 11 out of 48 even mentioned the words "critical", "evaluate" or "compare" in their course guides. Eighteen out of 50 of our modules have 50% or more of their marks awarded by multiple-choice exam and in nine of these it is more than 90%. This, combined with the fact that economics students don't have the option to do a dissertation, means that many accept economics as truth, rather than as contested theory.
When we raise these issues with our economics professors, many of them argue that mainstream economics is dominant because it is academically superior. At our first event, our old head of economics suggested that many of these schools of thought were disproven in the same way the "tobacco smoke enema" was not an accepted medical technique anymore.
Manchester used to have one of the most diverse economics departments in the country. This was reflected in a broader undergraduate syllabus, with modules such as comparative economic theory available to students. A major driver of nationwide economics department "ethnic cleansing", as one Manchester professor puts it, is the Research Excellence Framework (how the government allocates research funding to universities). Every four years a panel of leading academics grade economics journals from 4 stars to 0 depending on their academic quality. The problem is that there are no recognisably non-mainstream economists on this panel and the grading is done behind closed doors with only institutional results published. Because of this the highest graded journals are all neoclassical and universities must hire academics who subscribe to this school of thought.
Despite this dominance, the few who did predict the financial crisis were economists from non-mainstream backgrounds. This clearly shows that alternatives have much to contribute to the discipline of economics. Neoclassical economics is the mainstream and it is vital for economics students to understand it, and there are reasons it has proved so alluring to so many great minds. While in recent decades it has often been used to advocate free markets, it can be used to argue for a socialist economy, and indeed was in the 1930s. So it doesn't necessarily restrict us to a single political viewpoint. However, it does not comprise the whole of economics – and nor should it. This is not about ideology, it is about improving economics education.
We propose that neoclassical theory be taught alongside and in conjunction with a broad variety of other schools of thought consistently throughout the undergraduate degree. In this way the discipline is opened up to critical discussion and evaluation. How well do different schools explain economic phenomena? Which assumptions should we build our models upon? Should we believe that markets are inherently self-stabilising or does another school of thought explain reality better? When economists are taught to think like this, all of society will benefit and more economists will see the next crisis coming. Critical pluralism opens up possibilities and the imagination.
The current state of affairs is not good enough. Our classmates tell us that they are embarrassed when their family and friends ask them to explain the causes of the current crisis and they can't. One of our professors was told that he should follow the dominant research agenda or move to the business school or politics department. Another was told that if he stayed he would be "left to wither on the vine". This situation is reflected in economics departments across the country – it is national problem. Economics academia can and should be better than this, and that's why we are calling for change.