GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
Foro fora de foco
Posted by E.M.Pinto
As manifestações tiveram diversos alvos como protesto, alguns dos quais apontavam para um ‘inimigo oculto’ que mais parecia fruto de uma teoria conspiratória do que uma clara demanda política.
por Anselmo Heidrich
Após o período de manifestações que sacudiram o país no mês passado, qual foi nosso saldo? Vinte centavos economizados? Brincadeira a parte, não ficou claro qual teria sido o objetivo e resultado disto tudo, sobretudo para quem não é brasileiro e um tanto orientado sobre os acontecimentos da política nacional, bem como a percepção política e ideológica de nosso país. Para se entender melhor a dificuldade de entendimento que possa atingir um estrangeiro lembre-se de outro país, também considerado emergente, cujos protestos ao seu presidente, Erdogan se iniciaram devido a uma interferência urbanística em Istambul, a maior cidade da Turquia. Interferência esta que versava sobre uma singela praça. Como é que é? Sim, este foi o estopim, mas claro que esta não é a situação cuja combustão foi iniciada por uma simples interferência urbanística. O que chama atenção neste caso são as duas ordens de causas, a imediata, como a ‘revitalização’ de um parque público na cidade de Istambul enquanto que, no fundo, a população que protestou era movida contra a “islamização sutil” do país.[1] No Brasil, muitos que aderiram aos protestos nunca teriam se movido por 20 centavos de aumento na tarifa de ônibus, mas aproveitaram a deixa para incrementar os protestos com suas próprias plataformas individuais.
Dentre os motivos de protestos que se avolumaram no Brasil, de um simples aumento da passagem de ônibus em São Paulo até a revisão do código penal, como a posição favorável à redução da maioridade penal, o que se viu foi um variado espectro de demandas, da esquerda estudantil, comandada pelo PSOL e PSTU até o clamor conservador. É um pouco difícil definir até onde vão as manifestações na internet e onde começam nas ruas, mas parece inegável a ligação entre uma e outra. Destas, uma chama atenção por se tratar de um tema nitidamente internacional, o “Foro de São Paulo”.[2]
Esta organização criada pelo Partido dos Trabalhadores em 1990 tinha como objetivo agregar governos latino-americanos descontentes com as ditas reformas neoliberais que se encontravam, supostamente, em crise devido às “próprias contradições do sistema capitalista”. Com o objetivo de assegurar um “giro à esquerda” na América Latina, se impunha a necessidade de elaborar estratégias práticas para tanta diversidade nas formas políticas assumidas pelos aliados. Como se lê na página do próprio Foro de São Paulo:
Embora costumem lançar mão, cedo ou tarde, da violência militar, as classes dominantes de cada um de nossos países e o imperialismo investem cotidianamente na luta política e ideológica, para o que contam com um imenso aparato educacional, uma indústria cultural potente e o oligopólio da comunicação de massas. A partir destas plataformas, buscam entre outros objetivos manipular a seu favor as diferenças estratégicas e programáticas existentes entre os governos, partidos e movimentos empenhados no “giro à esquerda” que nosso subcontinente vive desde 1998.
Alguns destes governos, partidos e movimentos declaram abertamente seu objetivo de construir o socialismo. Outros trabalham, assumidamente ou não, pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social, democracia política e soberania nacional, mas nos marcos do capitalismo. Importantes setores, embora integrantes de partidos de esquerda, adotam premissas neoliberais. Há também profundas diferenças estratégicas acerca das formas de luta e vias de tomada do poder, bem como sobre qual deve ser a relação dos governos eleitos com as classes dominantes de cada país, da Europa e dos Estados Unidos. Igualmente são distintas a visão e a postura frente aos chamados BRICS. Tais diferenças programáticas e estratégicas tornam particularmente complexo o debate sobre a natureza e o papel dos governos encabeçados por presidentes integrantes dos partidos de esquerda e progressistas de nossa região.[3]
Neste pequeno excerto se percebe no primeiro parágrafo uma nítida avaliação da conjuntura nos moldes marxistas. Para dizer a verdade, mais leninista que marxista. Lendo isto nem parece que temos uma diversidade de mídias e opiniões em nossa sociedade, mas um comitê reacionário empenhado em sufocar qualquer processo de mudança ou reformas sociais que precisa ser urgentemente combatido. O segundo parágrafo, por sua vez, mostra de forma evidente que o que se chama de “partidos de esquerda e progressistas” apresentam uma união presumida e um rótulo identificador, enquanto que na prática são tão diversos quantos os cenários culturais do subcontinente. Não há como, porque “trabalham (…) pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social” presumir que sejam de ‘esquerda’. Até parece que a diferença com relação ao que também se chama, genérica e imprecisamente, de ‘direita’ seja o objetivo de desenvolvimento. É como se a ‘esquerda’ fosse a única detentora deste objetivo… A diferença, quando se mostrou nítida ao longo da história sempre foi mais de método do que objetivo. Sejam agremiações de esquerda ou direita, cada um a seu modo, geralmente se declaram a favor do desenvolvimento.
E o que diriam os opositores desta agremiação? Como eles avaliariam a situação atual em relação ao sucesso do empreendimento chamado Foro de São Paulo? Um modo de entender o que acontece é mudar o nome do que se quer entender… Ao invés de procurar se entender o porquê da crise econômica do século XXI fica mais fácil de chamá-la de socialista, isentando o capitalismo de qualquer responsabilidade. Se vocês me entenderam, o que temos aí é proposital, pois grandes grupos estariam aliados ao governo para provocar uma crise que demandaria maior intervencionismo estatal, daí a raiz (e fim) socialista. Isto é a típica teoria conspiratória. E é análoga a que faziam as esquerdas promovendo a ideia de que toda e qualquer crise era produzida pelo capitalismo, com o fim precípuo de gerar maior empobrecimento da população para, por sua vez, maior enriquecimento de elites. Na verdade, o raciocínio de ambos os grupos, esquerda no passado e esta nova direita é exatamente o mesmo. O que eles fizeram foi apenas mudar os nomes dos agentes e suas posições. O que era uma “cúpula capitalista” vira uma “cúpula socialista”, o que se tinha como objetivo aumentar a exploração pública para fins privados permanece praticamente o mesmo, sendo que apenas mudam o verbo explorar por intervir. O léxico pode se diferenciar, mas o método argumentativo é gêmeo.[4]
A verdadeira oposição a isto deveria se pautar na realidade, nos fatos. O que o ex-presidente Lula disse em uma reunião desta agremiação dá uma mostra da ineficácia em que se encontram seus propósitos:
“— Pelo fato de a esquerda estar enfraquecida na maioria dos países do mundo, a América Latina pode, neste momento, ser o grande farol para a nova esquerda que queremos criar para o mundo. A esquerda europeia perdeu o discurso porque ficou muito semelhante ao discurso da direita — disse o ex-presidente Lula.”[5]
Se for assim, então esta agremiação de governos de esquerda não tem nenhuma eficácia mesmo. Tomemos o Chile como exemplo, que antes do atual presidente, Sebastián Piñera teve Michele Bachelet, auto-proclamada ‘socialista’ que em 2010 promulgou uma lei que obrigava as autoridades de seu país a declarar sua renda e bens publicamente. O que há de socialismo nisto? O que mais me impressiona é que com variantes de direita ou de esquerda, as instituições do país parecem tão sólidas que o caminho do desenvolvimento se encontra plenamente traçado.[6] Pensemos então no Equador, cujo presidente Rafael Correa desde 2007 no poder se reelegeu como outro representante das esquerdas. O que, efetivamente, fez em termos de fomento à atividade econômica em seu país? Vejamos: em que pese a redução da pobreza apoiada na criação de empregos, seu fomento vem da exploração de petróleo. Assim como outros petro-estados, uma vez que a oferta da commodity aumente no mercado internacional e seus preços caiam, este governo seguirá o caminho de outros (Irã, Venezuela etc.), cujos estados não terão condições de arcar com os gastos sociais a que estão regularmente submetidos e, provavelmente irão sofrer com o aumento de suas dívidas públicas.
Apesar do aumento da ingerência estatal na economia, o governo equatoriano acaba de aprovar uma lei que flexibiliza as condições de exploração mineral no país para atrair investidores, para descontentamento de grupos indígenas e ecologistas.[7] Agora vejamos o que defendem os porta-vozes do Foro de São Paulo neste assunto:
Puede afirmarse, por tanto, que la crisis actual del capitalismo es el mejor momento para su sustitución por el socialismo mediante la lucha revolucionaria, que es en primer lugar (según se desprende de la concepción leninista sobre la actualidad de la revolución – antes explicada –) un deber de todo revolucionario, independientemente de que el sistema esté o no en crisis. Por otra parte, siendo el socialismo la única alternativa revolucionaria posible al capitalismo, y siendo el neoliberalismo el único capitalismo posible en la era de la Revolución Electrónica y la resultante crisis de la intermediación, que es entre otras cosas la del papel protagónico del Estado en la economía (tanto en el socialismo como en el capitalismo), la única alternativa revolucionaria posible al neoliberalismo no es un capitalismo de algún tipo diferente, sino el socialismo, que según se ha visto, puede ser construido aunque no estén creadas las condiciones adecuadas. Por lo demás, cualquier otra opción implica la existencia de plazos que no existen, pues debido a la crisis ecológica, la vieja disyuntiva planteada por Rosa Luxemburgo entre socialismo y barbarie se plantea en estos tiempos entre socialismo ahora, o fin de la especie humana para siempre; entendiendo por socialismo el orden de cosas resultante del cambio revolucionario, que es sistémico-político (ejercicio del poder por las clases populares – de forma directa en la época actual – ), estructural-económico (socialización de la propiedad y peso creciente de los estímulos morales y colectivos para el trabajo y la actividad humana en general) y civilizatorio-cultural (de ser transformada la naturaleza por el ser humano en beneficio propio, a transformarse éste a sí mismo en beneficio de la naturaleza a la cual pertenece como ser biológico).
Não há para eles um “capitalismo de outro tipo” senão o socialismo mesmo e sem relativismos de ordem semântica, pois o autor deixa claro o que entende por ele, mudança revolucionária no sistema político, estrutura econômica com a socialização da propriedade. Também não se trata de dar um passo para trás e outros dois para frente quando, na verdade, os autores do suposto processo revolucionário estariam dando de marcha a ré desde que iniciaram seus governos. Claro que esta não é a situação da Bolívia, dominada por Evo Morales e a Venezuela dos bolivarianos, mas qual o estado atual desses países?
A Bolívia passou os últimos anos com crescimento de renda per capita capitaneado pela valorização de suas commodities no mercado internacional, o que possibilitou a nacionalização de ativos estrangeiros por Evo Morales.[8] Apesar desta estratégia, a expansão subsidiada de eletricidade não tem sido bem sucedida quanto à oferta de água. E o ciclo internacional de valorização das commodities corre o risco de esfriar devido à retração do crescimento chinês e os efeitos da crise sobre a economia européia.
A situação da Venezuela por sua vez é bem conhecida: escassez de itens básicos, inflação em alta, corrupção generalizada e violência crescente.[9] Creio que não eram bem estes os objetivos da “revolução bolivariana”… A Argentina de Cristina Kirchner segue em seu movimento de inércia. Sua política externa se resume a levantar barreiras alfandegárias e estimular o protecionismo tragando junto quem o apóia para um buraco negro diplomático.[10] Nada de novo, mas isto é decisivo para o fracasso do Foro de São Paulo.
Quando a Guerra Fria estava em seu auge, a extinta URSS tratou de criar uma organização econômica que ligasse seus membros por algo mais que a força dos tanques soviéticos, o Conselho de Assistência Econômica Mútua, C.A.E.M. ou COMECON, na sigla em inglês. Este bloco econômico visava promover a troca de produtos entre seus membros, mas sobretudo a assessoria técnica e de planejamento centrado nas mãos de burocratas soviéticos. O que chama atenção é que o Foro de São Paulo não apresenta sequer algo assim. Com a política externa protecionista de seus membros, “anti-entreguista” como gostam de chamar, não apresentam força enquanto bloco, simplesmente porque seus laços econômicos não são proporcionais às intenções e retórica políticas. Tentativas de intensificar as “relações sul-sul” não lograram êxito porque, para serem bem sucedidas elas tem que se pautar justamente por critérios clássicos rejeitados pelas políticas econômicas de seus membros, como o aumento de produtividade e a busca por competitividade. Com uma China investindo fortemente nas plantas mineradoras africanas, com a economia americana retomando o rumo de seu crescimento e, o mais importante, a consolidação do mercado comum na bacia do Pacífico, a APEC,[11] os intentos dos foristas de São Paulo com ecos de Bandung estão condenados ao panteão dos anacronismos econômicos do século XXI. Crer que os membros do Foro de São Paulo têm força e eficácia é dar mais importância para um espantalho que as gralhas e os paranóicos desejam.
http://www.planobrazil.com/foro-fora-de-foco/
Posted by E.M.Pinto
As manifestações tiveram diversos alvos como protesto, alguns dos quais apontavam para um ‘inimigo oculto’ que mais parecia fruto de uma teoria conspiratória do que uma clara demanda política.
por Anselmo Heidrich
Após o período de manifestações que sacudiram o país no mês passado, qual foi nosso saldo? Vinte centavos economizados? Brincadeira a parte, não ficou claro qual teria sido o objetivo e resultado disto tudo, sobretudo para quem não é brasileiro e um tanto orientado sobre os acontecimentos da política nacional, bem como a percepção política e ideológica de nosso país. Para se entender melhor a dificuldade de entendimento que possa atingir um estrangeiro lembre-se de outro país, também considerado emergente, cujos protestos ao seu presidente, Erdogan se iniciaram devido a uma interferência urbanística em Istambul, a maior cidade da Turquia. Interferência esta que versava sobre uma singela praça. Como é que é? Sim, este foi o estopim, mas claro que esta não é a situação cuja combustão foi iniciada por uma simples interferência urbanística. O que chama atenção neste caso são as duas ordens de causas, a imediata, como a ‘revitalização’ de um parque público na cidade de Istambul enquanto que, no fundo, a população que protestou era movida contra a “islamização sutil” do país.[1] No Brasil, muitos que aderiram aos protestos nunca teriam se movido por 20 centavos de aumento na tarifa de ônibus, mas aproveitaram a deixa para incrementar os protestos com suas próprias plataformas individuais.
Dentre os motivos de protestos que se avolumaram no Brasil, de um simples aumento da passagem de ônibus em São Paulo até a revisão do código penal, como a posição favorável à redução da maioridade penal, o que se viu foi um variado espectro de demandas, da esquerda estudantil, comandada pelo PSOL e PSTU até o clamor conservador. É um pouco difícil definir até onde vão as manifestações na internet e onde começam nas ruas, mas parece inegável a ligação entre uma e outra. Destas, uma chama atenção por se tratar de um tema nitidamente internacional, o “Foro de São Paulo”.[2]
Esta organização criada pelo Partido dos Trabalhadores em 1990 tinha como objetivo agregar governos latino-americanos descontentes com as ditas reformas neoliberais que se encontravam, supostamente, em crise devido às “próprias contradições do sistema capitalista”. Com o objetivo de assegurar um “giro à esquerda” na América Latina, se impunha a necessidade de elaborar estratégias práticas para tanta diversidade nas formas políticas assumidas pelos aliados. Como se lê na página do próprio Foro de São Paulo:
Embora costumem lançar mão, cedo ou tarde, da violência militar, as classes dominantes de cada um de nossos países e o imperialismo investem cotidianamente na luta política e ideológica, para o que contam com um imenso aparato educacional, uma indústria cultural potente e o oligopólio da comunicação de massas. A partir destas plataformas, buscam entre outros objetivos manipular a seu favor as diferenças estratégicas e programáticas existentes entre os governos, partidos e movimentos empenhados no “giro à esquerda” que nosso subcontinente vive desde 1998.
Alguns destes governos, partidos e movimentos declaram abertamente seu objetivo de construir o socialismo. Outros trabalham, assumidamente ou não, pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social, democracia política e soberania nacional, mas nos marcos do capitalismo. Importantes setores, embora integrantes de partidos de esquerda, adotam premissas neoliberais. Há também profundas diferenças estratégicas acerca das formas de luta e vias de tomada do poder, bem como sobre qual deve ser a relação dos governos eleitos com as classes dominantes de cada país, da Europa e dos Estados Unidos. Igualmente são distintas a visão e a postura frente aos chamados BRICS. Tais diferenças programáticas e estratégicas tornam particularmente complexo o debate sobre a natureza e o papel dos governos encabeçados por presidentes integrantes dos partidos de esquerda e progressistas de nossa região.[3]
Neste pequeno excerto se percebe no primeiro parágrafo uma nítida avaliação da conjuntura nos moldes marxistas. Para dizer a verdade, mais leninista que marxista. Lendo isto nem parece que temos uma diversidade de mídias e opiniões em nossa sociedade, mas um comitê reacionário empenhado em sufocar qualquer processo de mudança ou reformas sociais que precisa ser urgentemente combatido. O segundo parágrafo, por sua vez, mostra de forma evidente que o que se chama de “partidos de esquerda e progressistas” apresentam uma união presumida e um rótulo identificador, enquanto que na prática são tão diversos quantos os cenários culturais do subcontinente. Não há como, porque “trabalham (…) pela constituição de sociedades com alta dose de bem-estar social” presumir que sejam de ‘esquerda’. Até parece que a diferença com relação ao que também se chama, genérica e imprecisamente, de ‘direita’ seja o objetivo de desenvolvimento. É como se a ‘esquerda’ fosse a única detentora deste objetivo… A diferença, quando se mostrou nítida ao longo da história sempre foi mais de método do que objetivo. Sejam agremiações de esquerda ou direita, cada um a seu modo, geralmente se declaram a favor do desenvolvimento.
E o que diriam os opositores desta agremiação? Como eles avaliariam a situação atual em relação ao sucesso do empreendimento chamado Foro de São Paulo? Um modo de entender o que acontece é mudar o nome do que se quer entender… Ao invés de procurar se entender o porquê da crise econômica do século XXI fica mais fácil de chamá-la de socialista, isentando o capitalismo de qualquer responsabilidade. Se vocês me entenderam, o que temos aí é proposital, pois grandes grupos estariam aliados ao governo para provocar uma crise que demandaria maior intervencionismo estatal, daí a raiz (e fim) socialista. Isto é a típica teoria conspiratória. E é análoga a que faziam as esquerdas promovendo a ideia de que toda e qualquer crise era produzida pelo capitalismo, com o fim precípuo de gerar maior empobrecimento da população para, por sua vez, maior enriquecimento de elites. Na verdade, o raciocínio de ambos os grupos, esquerda no passado e esta nova direita é exatamente o mesmo. O que eles fizeram foi apenas mudar os nomes dos agentes e suas posições. O que era uma “cúpula capitalista” vira uma “cúpula socialista”, o que se tinha como objetivo aumentar a exploração pública para fins privados permanece praticamente o mesmo, sendo que apenas mudam o verbo explorar por intervir. O léxico pode se diferenciar, mas o método argumentativo é gêmeo.[4]
A verdadeira oposição a isto deveria se pautar na realidade, nos fatos. O que o ex-presidente Lula disse em uma reunião desta agremiação dá uma mostra da ineficácia em que se encontram seus propósitos:
“— Pelo fato de a esquerda estar enfraquecida na maioria dos países do mundo, a América Latina pode, neste momento, ser o grande farol para a nova esquerda que queremos criar para o mundo. A esquerda europeia perdeu o discurso porque ficou muito semelhante ao discurso da direita — disse o ex-presidente Lula.”[5]
Se for assim, então esta agremiação de governos de esquerda não tem nenhuma eficácia mesmo. Tomemos o Chile como exemplo, que antes do atual presidente, Sebastián Piñera teve Michele Bachelet, auto-proclamada ‘socialista’ que em 2010 promulgou uma lei que obrigava as autoridades de seu país a declarar sua renda e bens publicamente. O que há de socialismo nisto? O que mais me impressiona é que com variantes de direita ou de esquerda, as instituições do país parecem tão sólidas que o caminho do desenvolvimento se encontra plenamente traçado.[6] Pensemos então no Equador, cujo presidente Rafael Correa desde 2007 no poder se reelegeu como outro representante das esquerdas. O que, efetivamente, fez em termos de fomento à atividade econômica em seu país? Vejamos: em que pese a redução da pobreza apoiada na criação de empregos, seu fomento vem da exploração de petróleo. Assim como outros petro-estados, uma vez que a oferta da commodity aumente no mercado internacional e seus preços caiam, este governo seguirá o caminho de outros (Irã, Venezuela etc.), cujos estados não terão condições de arcar com os gastos sociais a que estão regularmente submetidos e, provavelmente irão sofrer com o aumento de suas dívidas públicas.
Apesar do aumento da ingerência estatal na economia, o governo equatoriano acaba de aprovar uma lei que flexibiliza as condições de exploração mineral no país para atrair investidores, para descontentamento de grupos indígenas e ecologistas.[7] Agora vejamos o que defendem os porta-vozes do Foro de São Paulo neste assunto:
Puede afirmarse, por tanto, que la crisis actual del capitalismo es el mejor momento para su sustitución por el socialismo mediante la lucha revolucionaria, que es en primer lugar (según se desprende de la concepción leninista sobre la actualidad de la revolución – antes explicada –) un deber de todo revolucionario, independientemente de que el sistema esté o no en crisis. Por otra parte, siendo el socialismo la única alternativa revolucionaria posible al capitalismo, y siendo el neoliberalismo el único capitalismo posible en la era de la Revolución Electrónica y la resultante crisis de la intermediación, que es entre otras cosas la del papel protagónico del Estado en la economía (tanto en el socialismo como en el capitalismo), la única alternativa revolucionaria posible al neoliberalismo no es un capitalismo de algún tipo diferente, sino el socialismo, que según se ha visto, puede ser construido aunque no estén creadas las condiciones adecuadas. Por lo demás, cualquier otra opción implica la existencia de plazos que no existen, pues debido a la crisis ecológica, la vieja disyuntiva planteada por Rosa Luxemburgo entre socialismo y barbarie se plantea en estos tiempos entre socialismo ahora, o fin de la especie humana para siempre; entendiendo por socialismo el orden de cosas resultante del cambio revolucionario, que es sistémico-político (ejercicio del poder por las clases populares – de forma directa en la época actual – ), estructural-económico (socialización de la propiedad y peso creciente de los estímulos morales y colectivos para el trabajo y la actividad humana en general) y civilizatorio-cultural (de ser transformada la naturaleza por el ser humano en beneficio propio, a transformarse éste a sí mismo en beneficio de la naturaleza a la cual pertenece como ser biológico).
Não há para eles um “capitalismo de outro tipo” senão o socialismo mesmo e sem relativismos de ordem semântica, pois o autor deixa claro o que entende por ele, mudança revolucionária no sistema político, estrutura econômica com a socialização da propriedade. Também não se trata de dar um passo para trás e outros dois para frente quando, na verdade, os autores do suposto processo revolucionário estariam dando de marcha a ré desde que iniciaram seus governos. Claro que esta não é a situação da Bolívia, dominada por Evo Morales e a Venezuela dos bolivarianos, mas qual o estado atual desses países?
A Bolívia passou os últimos anos com crescimento de renda per capita capitaneado pela valorização de suas commodities no mercado internacional, o que possibilitou a nacionalização de ativos estrangeiros por Evo Morales.[8] Apesar desta estratégia, a expansão subsidiada de eletricidade não tem sido bem sucedida quanto à oferta de água. E o ciclo internacional de valorização das commodities corre o risco de esfriar devido à retração do crescimento chinês e os efeitos da crise sobre a economia européia.
A situação da Venezuela por sua vez é bem conhecida: escassez de itens básicos, inflação em alta, corrupção generalizada e violência crescente.[9] Creio que não eram bem estes os objetivos da “revolução bolivariana”… A Argentina de Cristina Kirchner segue em seu movimento de inércia. Sua política externa se resume a levantar barreiras alfandegárias e estimular o protecionismo tragando junto quem o apóia para um buraco negro diplomático.[10] Nada de novo, mas isto é decisivo para o fracasso do Foro de São Paulo.
Quando a Guerra Fria estava em seu auge, a extinta URSS tratou de criar uma organização econômica que ligasse seus membros por algo mais que a força dos tanques soviéticos, o Conselho de Assistência Econômica Mútua, C.A.E.M. ou COMECON, na sigla em inglês. Este bloco econômico visava promover a troca de produtos entre seus membros, mas sobretudo a assessoria técnica e de planejamento centrado nas mãos de burocratas soviéticos. O que chama atenção é que o Foro de São Paulo não apresenta sequer algo assim. Com a política externa protecionista de seus membros, “anti-entreguista” como gostam de chamar, não apresentam força enquanto bloco, simplesmente porque seus laços econômicos não são proporcionais às intenções e retórica políticas. Tentativas de intensificar as “relações sul-sul” não lograram êxito porque, para serem bem sucedidas elas tem que se pautar justamente por critérios clássicos rejeitados pelas políticas econômicas de seus membros, como o aumento de produtividade e a busca por competitividade. Com uma China investindo fortemente nas plantas mineradoras africanas, com a economia americana retomando o rumo de seu crescimento e, o mais importante, a consolidação do mercado comum na bacia do Pacífico, a APEC,[11] os intentos dos foristas de São Paulo com ecos de Bandung estão condenados ao panteão dos anacronismos econômicos do século XXI. Crer que os membros do Foro de São Paulo têm força e eficácia é dar mais importância para um espantalho que as gralhas e os paranóicos desejam.
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Re: GEOPOLÍTICA
Não seria muito mais proveitoso para "nosotros" estreitar muito mais os laços de cooperação com a África do Sul, bem próxima a nós e oferecendo muito mais, do que com certa vizinhança ?Lirolfuti escreveu:Artigo de Mangabeira Unger: “Partindo para uma nova ordem global”
Roberto Mangabeira Unger, professor na Universidade Harvard e ex-ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil.
O mundo está inquieto sob o jugo da ditadura da falta de alternativas. Os países do BRIC e seu movimento oferecem uma das melhores perspectivas que temos no mundo atual para a derrubada desta ditadura. Na criação de alternativas que interessem a toda a humanidade, o bloco BRIC inclui quatro dos cinco países mais significativos do mundo. Cada um deles é uma fonte potencial de resistência às ortodoxias predominantes. Cada um deles tem os recursos espirituais e práticos para se imaginar um mundo diferente. Se os países do BRIC assumirem uma causa comum, eles podem trazer imenso benefício não só a si mesmos como ao mundo inteiro.
Eu proponho que se enfoque a tarefa diante dos países do BRIC de dois ângulos complementares. Uma perspectiva é aquela de seus projetos internos e a outra é a perspectiva da revisão da ordem global. A meta mais amplamente procurada no mundo atual é a organização de um crescimento econômico socialmente inclusivo, um crescimento econômico ancorado numa ampliação sustentável da oportunidade econômica e educacional, capaz de oferecer equipamento para a massa de homens e mulheres comuns.
Hoje esta meta deve ser procurada num contexto particular. Esse contexto é o surgimento, no mundo inteiro, de um novo estilo de produção, um estilo que está além dos limites da tradicional produção em massa. Esta nova forma de produção se caracteriza não apenas pelo acúmulo de tecnologia, capital e conhecimento, mas também, e acima de tudo, por um novo conjunto de práticas de produção. Ele atenua o contraste entre a supervisão e a execução das tarefas produtivas. Mistura a cooperação e a competição nos mesmos domínios e transforma toda atividade produtiva em uma forma de inovação permanente de tal modo que as melhores firmas se assemelham mais às melhores escolas.
O problema é que esta nova economia, como às vezes a chamamos, ou estilo pós-Fordista de produção (por vir depois da produção em massa), está caracteristicamente isolada em estreitas vanguardas produtivas, fracamente ligadas ao restante de nossas economias nacionais. A vasta maioria da força de trabalho nos países mais ricos, bem como nos principais países em desenvolvimento, permanece excluída destes setores avançados de produção, e sua exclusão se tornou uma vasta fonte de desigualdade no mundo.
Os dispositivos tradicionais para a moderação dessa desigualdade, como a redistribuição compensatória através de taxação e transferência, e a defesa das pequenas contra as grandes empresas, são inadequados para essa tarefa. O que precisamos é abrir as portas de acesso a estes novos setores avançados da produção e assim ganhar conteúdo prático para a meta do crescimento econômico socialmente inclusivo. Isso significa hoje em nossos países, as economias representativas do BRIC, uma reinvenção da política industrial. Os agentes mais importantes em nossas economias são a multidão de pequenas e médias empresas responsáveis pela preponderância da produção e pela grande maioria dos empregos. Se pudéssemos equipar algumas destas firmas com os instrumentos de acesso às formas avançadas de produção, nós criaríamos uma produtividade inclusiva, e desencadearíamos uma revolução na abertura da oportunidade econômica.
Essa nova política industrial que nossos países podem ajudar a criar e disseminar através do mundo deve ter como seus endereços primários não as grandes empresas tradicionais, mas as pequenas e médias empresas. O método não deveria ser o subsídio do crédito, mas principalmente a abertura de acesso ao crédito, à tecnologia, ao conhecimento e às práticas avançadas. É um projeto que só pode vingar se começarmos a inovar nos arranjos institucionais que modelam as relações entre os governos e as empresas, bem como as relações entre as empresas.
O Terceiro Modelo
Existem hoje no mundo dois modelos principais de relações entre Estados e negócios. Existe o modelo americano da regulamentação à distância dos negócios pelo governo e existe o modelo norte-asiático da formulação de um comércio unitário e de uma política industrial impostos de cima para baixo pelo aparato burocrático do Estado.
O que precisamos é de um terceiro modelo – uma forma de coordenação estratégica entre governos e empresas que seja descentralizada, pluralista, participativa e experimental, com o fim de disseminar as práticas da nova economia através de amplos setores da sociedade.
Esta coordenação estratégica descentralizada deve ter como sua contrapartida o apoio de regimes de competição cooperativa entre as pequenas e médias empresas, a fim de que possam continuar a competir umas contra as outras, mas ao mesmo tempo compartilhem certos recursos comerciais, tecnológicos ou financeiros, e através desse compartilhamento se tornem economias de grande porte. Com base nisso, podemos começar a dar ao mundo um exemplo de como a nova economia pode se tornar o modelo de um novo estilo de crescimento econômico socialmente inclusivo.
Tal projeto doméstico – um projeto a ser executado dentro de nossos países – tem como sua contrapartida uma revisão da ordem global, e tal revisão deve ser uma ambição significativa do movimento dos países do BRIC. Desde a Segunda Guerra Mundial o que prevaleceu no mundo foi um projeto prepotente que tentava impor em toda a humanidade certo programa institucional como condição de acesso aos bens públicos globais, ou à segurança política e abertura econômica. O que queremos nos países do BRIC é uma nova ordem global mais acolhedora às alternativas, à divergência, á experimentação e ás heresias.
Aquele projeto prepotente foi concretizado muito desigualmente em diferentes domínios. Foi implantado com menor sucesso no domínio da segurança política. Foi implantado de modo bastante limitado nos arranjos monetários internacionais para os quais não existe hoje nenhum regime de aceitação geral, desde o colapso do sistema original de Bretton Woods em 1971. O projeto foi implantado mais vigorosamente no regime do comércio mundial. O regime de comércio mundial estabelecido sob os tratados da Organização Mundial do Comércio é a expressão mais consumada desta tentativa de impor um modelo ao mundo. Um princípio deste regime de comércio mundial, ao qual deveríamos resistir, é a tentativa de definir o livre comércio como um fim em si mesmo, a maximização do livre comércio. Mas o livre comércio não é um fim em si mesmo; o livre comércio é apenas um meio de atingir um fim.
A posição compartilhada que começa a emergir hoje entre os países do BRIC é que a meta deveria ser definida como a criação de uma economia mundial aberta hospitaleira à coexistência de diferentes estratégias nacionais de desenvolvimento e diferentes experiências de civilização, uma forma de abertura econômica que aceita a divergência ao invés de impor uma convergência compulsiva em instituições e práticas.
Similarmente, o regime estabelecido do comércio mundial é desenhado agora sob a égide do princípio do maximalismo institucional. Ele requer adesão não só à economia de mercado como a uma versão particular da economia de mercado. Ele quer banir, sob o rótulo de “subsídios”, todas as formas de coordenação estratégica entre governos e negócios que os países hoje ricos usaram para se tornarem ricos. E quer incorporar às regras do livre comércio o regime de propriedade intelectual estabelecido no final do século 19 que coloca muitas das inovações tecnológicas do maior interesse para a humanidade sob o controle de um punhado de empresas privadas multinacionais gigantes.
Nós desejaríamos uma revisão desta ordem, um globalismo pluralista, um globalismo que permita a cada um de nossos países abordar a economia mundial em termos que sejam favoráveis a nossa construção nacional, de modo que duas partes desta agenda do BRIC, a parte doméstica e a parte global, sejam apenas o lado oposto um do outro e juntos nos permitam derrubar a ditadura da ausência de alternativas, em benefício da humanidade.
A África do Sul e o mundo
Com seu imenso dinamismo e sua estrutura econômica diversificada, a África do Sul pode dar uma contribuição vital ao movimento do BRICS. Não só pode disseminar alternativas progressistas pelo continente africano, mas pode exemplificar para a África e para o mundo muitas das alternativas que são do maior interesse para nós.
Penso especialmente em quatro domínios em que a África do Sul tem as matérias com as quais fará uma contribuição notável:
Primeiro, ajudará a equipar milhões de pequenos empresários e empreendedores potenciais que lutam para abrir e para manter pequenas empresas no país. Se algumas destas pessoas podem ter acesso ao equipamento econômico e educacional necessário, a África do Sul poderá provocar uma revolução de produtividade que servirá como exemplo para a África e para a humanidade.
Em segundo lugar, a África do Sul pode mostrar como essa transformação estrutural é capaz de tocar o futuro da agricultura. Não há razão para distinguir agricultura familiar e agricultura empresarial; a agricultura em escala familiar pode adquirir características empresariais. A África do Sul pode demonstrar como evitar o contraste entre um campo vazio e cidades cheias de trabalhadores sem empregos, promovendo uma forma de industrialização rural que atenue o contraste entre cidade e campo.
Em terceiro lugar, a África do Sul está focada hoje no imperativo educacional. O que desejamos em nossos países – uma produtividade inclusiva – não pode ser criado sem uma transformação radical na forma de aprendizado dos estudantes e na forma de ensinar dos professores. Precisamos de uma forma de educação que seja analítica, questionadora, cooperativa e dialética, ao invés de informativa, autoritária e dogmática. Precisamos colocar uma educação geral analítica em um continuum com uma nova forma de treinamento vocacional que enfatize as capacidades genéricas, práticas e conceituais, ao invés de talentos específicos voltados para empregos e a máquina. E a África do Sul é um dos terrenos mais promissores para se demonstrar o potencial desta revolução educacional.
Uma quarta área em que a África do Sul pode fazer uma diferença imensa é a organização de uma nova forma de política democrática. O que temos hoje principalmente no rico mundo do Atlântico Norte é uma espécie de democracia sonolenta, uma democracia organizada para fazer a mudança depender da crise. E o que queremos é uma política democrática de alta energia que não precise do trauma como condição de transformação. Uma série de inovações constitucionais já está sendo debatida na África do Sul, que elevará o nível da participação popular na vida pública; isto criaria mecanismos constitucionais que rapidamente superariam o impasse entre os ramos políticos do governo; e que exploraria o potencial do federalismo para criar modelos alternativos para o futuro. O país pode trilhar um caminho decisivo, mas ao mesmo tempo permitir que certos setores ou locais resguardem suas apostas e mostrem um caminho diferente para o futuro nacional.
Esta é a África do Sul que queremos e necessitamos, e esta é a África do Sul que pode ascender no futuro – a África do Sul que exemplifica para a África e para o mundo o caminho de uma produtividade inclusiva e de uma democracia enérgica e aprofundada.
(*) Este artigo é baseado num discurso para líderes empresariais do BRICS feito durante as deliberações da força-tarefa do B20, intitulado “Inovação e desenvolvimento como uma prioridade global”, na reunião de cúpula do BRICS em Durban, África do Sul, em 27 de março de 2013. O artigo foi publicado pela revista “BRICS Business Magazine”, com a qual o site Diário da Rússia mantém parceria.
http://www.planobrazil.com/artigo-de-ma ... em-global/
Wingate
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Re: GEOPOLÍTICA
Podes não gostar dos vizinhos, mas tem que ir na reunião de condomínio e negociar as melhorias na pensão e programas de cooperação.
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Re: GEOPOLÍTICA
Cresça e apreenda Brasil.
China é acusada de espionar para melhorar seus drones
EDWARD WONG
DO "NEW YORK TIMES", EM PEQUIM
Durante quase dois anos, hackers de Xangai atacaram sucessivas firmas estrangeiras de defesa, ao menos 20 no total. Seu alvo, segundo uma empresa americana de segurança cibernética, era a tecnologia por trás da clara liderança dos Estados Unidos no campo dos drones militares.
"Acredito que esta seja a maior campanha que já vimos a ser focada na tecnologia dos drones", disse Darien Kindlund, gerente de ameaças à inteligência nessa empresa, a FireEye, com sede na Califórnia. "Isso parece se alinhar bastante com o foco do governo chinês em ampliar suas próprias capacidades relativas à tecnologia com drones."
A operação de invasão cibernética, conduzida por um grupo chamado Comment Crew, foi um dos mais recentes sinais das ambições do programa chinês de aeronaves teleguiadas. O governo e os militares estão empenhados em colocar a China na linha de frente da fabricação de drones, para seu uso e para exportação.
Funcionários da chancelaria dizem que a China não aprova a ação de hackers, e que o próprio governo chinês é vítima, mas outra companhia americana de segurança cibernética já localizou membros do Comment Crew em um prédio do Exército Popular de Libertação nos arredores de Xangai.
Recentemente, autoridades chinesas enviaram um drone para perto de ilhas administradas pelo Japão, mas disputadas entre os dois países. Os chineses também já debateram o uso de um drone armado, no ano passado, para matar um suposto criminoso em Mianmar, e venderam aparelhos "caseiros", semelhantes ao modelo americano Predator, para outros países, por menos de US$ 1 milhão cada.
Analistas militares dizem que a China há anos tenta copiar os modelos dos drones estrangeiros. Ian Easton, analista militar do Instituto Projeto 2049, na Virgínia, disse que a espionagem cibernética é uma ferramenta em um amplo esforço chinês dos últimos anos para a aquisição ou desenvolvimento doméstico de drones usando toda a tecnologia disponível, nacional ou estrangeira.
Autoridades e engenheiros da China já fizeram engenharia reversa, estudaram material de fonte aberta e interrogaram especialistas americanos em drones que participam de conferências e outras reuniões na China.
Os militares chineses não divulgam estatísticas sobre o tamanho da sua frota de drones, mas um relatório do Ministério da Defesa de Taiwan disse que, em meados de 2011, a Força Aérea Chinesa tinha sozinha mais de 280 unidades. Analistas dizem que os outros ramos das Forças Armadas possuem milhares de drones, o que significa que a frota chinesa só é inferior à dos EUA, com cerca de 7.000 aparelhos.
O aparato chinês de segurança doméstica também está interessado nos drones, o que motiva questões sobre o potencial uso deles para a vigilância e possivelmente até para ataques dentro da China, inclusive em áreas turbulentas, como Xinjiang e Tibete.
Um momento sintomático no uso de drones pela China ocorreu em 9 de setembro, quando a Marinha enviou um drone de vigilância para perto das ilhas Diaoyu, que o Japão administra e chama de Senkaku. Jatos interceptadores japoneses foram às pressas para confrontá-lo. Essa foi a primeira vez que a China mobilizou um drone sobre o mar do Leste da China.
Easton disse que a mobilização do drone perto de ilhas e águas disputadas "foi algo bastante inédito" por parte da China, apanhando as autoridades japonesas de guarda baixa.
"Acho que isso é realmente apenas o começo de uma tendência muito mais ampla que vamos ver - que a China amplie sua capacidade de monitorar o mar do Leste da China e o oeste do Pacífico, para além das Filipinas, e aumente o envelope de operação das suas capacidades de ataque", disse ele.
Os militares chineses, com seu foco em uma potencial guerra contra Taiwan e de olho nas crescentes disputas territoriais chinesas, estão na vanguarda da preparação de drones para uso em situações marítimas.
A empresa FireEye batizou a campanha de furto de drones como Operação Beebus, traçando sua localização até um nódulo de comando e controle no endereço bee.businessconsults.net. Especialistas em segurança cibernética dizem que o endereço geral e as ferramentas vinculadas a ele estão associados ao Comment Crew, unidade chinesa de hackers da qual a Mandiant, outra empresa de segurança cibernética, tratou em um relatório em fevereiro. A Mandiant disse que o grupo é parte da Unidade 61398 do Exército Popular de Libertação, com sede em Xangai.
Embora as vítimas iniciais da Operação Beebus fossem grandes firmas de defesa, os hackers depois passaram a escolher empresas especializadas em tecnologia de drones, disse Kindlund, da FireEye. Aí eles se alternaram entre grandes empresas, fabricantes de uma ampla gama de tecnologias, e firmas "de butique", focadas nos drones.
Os drones chineses cada vez mais aparecem nos arsenais de outras nações. A versão chinesa do Predator, chamada Wing Loong, ou Pterodátilo, foi exportada pela primeira vez em 2011, segundo o "Diário do Povo". Na Exposição Aérea de Paris, em junho, o presidente de uma companhia aeronáutica chinesa disse ao "Global Times" que o drone teria capacidade para transportar dois mísseis guiados a laser, e que seria igual ao Predator em termos de resistência e alcance de voo, só que bem mais barato.
http://www.defesanet.com.br/china/notic ... us-drones/
China é acusada de espionar para melhorar seus drones
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Durante quase dois anos, hackers de Xangai atacaram sucessivas firmas estrangeiras de defesa, ao menos 20 no total. Seu alvo, segundo uma empresa americana de segurança cibernética, era a tecnologia por trás da clara liderança dos Estados Unidos no campo dos drones militares.
"Acredito que esta seja a maior campanha que já vimos a ser focada na tecnologia dos drones", disse Darien Kindlund, gerente de ameaças à inteligência nessa empresa, a FireEye, com sede na Califórnia. "Isso parece se alinhar bastante com o foco do governo chinês em ampliar suas próprias capacidades relativas à tecnologia com drones."
A operação de invasão cibernética, conduzida por um grupo chamado Comment Crew, foi um dos mais recentes sinais das ambições do programa chinês de aeronaves teleguiadas. O governo e os militares estão empenhados em colocar a China na linha de frente da fabricação de drones, para seu uso e para exportação.
Funcionários da chancelaria dizem que a China não aprova a ação de hackers, e que o próprio governo chinês é vítima, mas outra companhia americana de segurança cibernética já localizou membros do Comment Crew em um prédio do Exército Popular de Libertação nos arredores de Xangai.
Recentemente, autoridades chinesas enviaram um drone para perto de ilhas administradas pelo Japão, mas disputadas entre os dois países. Os chineses também já debateram o uso de um drone armado, no ano passado, para matar um suposto criminoso em Mianmar, e venderam aparelhos "caseiros", semelhantes ao modelo americano Predator, para outros países, por menos de US$ 1 milhão cada.
Analistas militares dizem que a China há anos tenta copiar os modelos dos drones estrangeiros. Ian Easton, analista militar do Instituto Projeto 2049, na Virgínia, disse que a espionagem cibernética é uma ferramenta em um amplo esforço chinês dos últimos anos para a aquisição ou desenvolvimento doméstico de drones usando toda a tecnologia disponível, nacional ou estrangeira.
Autoridades e engenheiros da China já fizeram engenharia reversa, estudaram material de fonte aberta e interrogaram especialistas americanos em drones que participam de conferências e outras reuniões na China.
Os militares chineses não divulgam estatísticas sobre o tamanho da sua frota de drones, mas um relatório do Ministério da Defesa de Taiwan disse que, em meados de 2011, a Força Aérea Chinesa tinha sozinha mais de 280 unidades. Analistas dizem que os outros ramos das Forças Armadas possuem milhares de drones, o que significa que a frota chinesa só é inferior à dos EUA, com cerca de 7.000 aparelhos.
O aparato chinês de segurança doméstica também está interessado nos drones, o que motiva questões sobre o potencial uso deles para a vigilância e possivelmente até para ataques dentro da China, inclusive em áreas turbulentas, como Xinjiang e Tibete.
Um momento sintomático no uso de drones pela China ocorreu em 9 de setembro, quando a Marinha enviou um drone de vigilância para perto das ilhas Diaoyu, que o Japão administra e chama de Senkaku. Jatos interceptadores japoneses foram às pressas para confrontá-lo. Essa foi a primeira vez que a China mobilizou um drone sobre o mar do Leste da China.
Easton disse que a mobilização do drone perto de ilhas e águas disputadas "foi algo bastante inédito" por parte da China, apanhando as autoridades japonesas de guarda baixa.
"Acho que isso é realmente apenas o começo de uma tendência muito mais ampla que vamos ver - que a China amplie sua capacidade de monitorar o mar do Leste da China e o oeste do Pacífico, para além das Filipinas, e aumente o envelope de operação das suas capacidades de ataque", disse ele.
Os militares chineses, com seu foco em uma potencial guerra contra Taiwan e de olho nas crescentes disputas territoriais chinesas, estão na vanguarda da preparação de drones para uso em situações marítimas.
A empresa FireEye batizou a campanha de furto de drones como Operação Beebus, traçando sua localização até um nódulo de comando e controle no endereço bee.businessconsults.net. Especialistas em segurança cibernética dizem que o endereço geral e as ferramentas vinculadas a ele estão associados ao Comment Crew, unidade chinesa de hackers da qual a Mandiant, outra empresa de segurança cibernética, tratou em um relatório em fevereiro. A Mandiant disse que o grupo é parte da Unidade 61398 do Exército Popular de Libertação, com sede em Xangai.
Embora as vítimas iniciais da Operação Beebus fossem grandes firmas de defesa, os hackers depois passaram a escolher empresas especializadas em tecnologia de drones, disse Kindlund, da FireEye. Aí eles se alternaram entre grandes empresas, fabricantes de uma ampla gama de tecnologias, e firmas "de butique", focadas nos drones.
Os drones chineses cada vez mais aparecem nos arsenais de outras nações. A versão chinesa do Predator, chamada Wing Loong, ou Pterodátilo, foi exportada pela primeira vez em 2011, segundo o "Diário do Povo". Na Exposição Aérea de Paris, em junho, o presidente de uma companhia aeronáutica chinesa disse ao "Global Times" que o drone teria capacidade para transportar dois mísseis guiados a laser, e que seria igual ao Predator em termos de resistência e alcance de voo, só que bem mais barato.
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Re: GEOPOLÍTICA
Sei não, esse drones ching-ling..."bem mais barato"....Não sei porque, me lembrei de um bumerangue voltando...Lirolfuti escreveu:Cresça e apreenda Brasil.
China é acusada de espionar para melhorar seus drones
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Durante quase dois anos, hackers de Xangai atacaram sucessivas firmas estrangeiras de defesa, ao menos 20 no total. Seu alvo, segundo uma empresa americana de segurança cibernética, era a tecnologia por trás da clara liderança dos Estados Unidos no campo dos drones militares.
"Acredito que esta seja a maior campanha que já vimos a ser focada na tecnologia dos drones", disse Darien Kindlund, gerente de ameaças à inteligência nessa empresa, a FireEye, com sede na Califórnia. "Isso parece se alinhar bastante com o foco do governo chinês em ampliar suas próprias capacidades relativas à tecnologia com drones."
A operação de invasão cibernética, conduzida por um grupo chamado Comment Crew, foi um dos mais recentes sinais das ambições do programa chinês de aeronaves teleguiadas. O governo e os militares estão empenhados em colocar a China na linha de frente da fabricação de drones, para seu uso e para exportação.
Funcionários da chancelaria dizem que a China não aprova a ação de hackers, e que o próprio governo chinês é vítima, mas outra companhia americana de segurança cibernética já localizou membros do Comment Crew em um prédio do Exército Popular de Libertação nos arredores de Xangai.
Recentemente, autoridades chinesas enviaram um drone para perto de ilhas administradas pelo Japão, mas disputadas entre os dois países. Os chineses também já debateram o uso de um drone armado, no ano passado, para matar um suposto criminoso em Mianmar, e venderam aparelhos "caseiros", semelhantes ao modelo americano Predator, para outros países, por menos de US$ 1 milhão cada.
Analistas militares dizem que a China há anos tenta copiar os modelos dos drones estrangeiros. Ian Easton, analista militar do Instituto Projeto 2049, na Virgínia, disse que a espionagem cibernética é uma ferramenta em um amplo esforço chinês dos últimos anos para a aquisição ou desenvolvimento doméstico de drones usando toda a tecnologia disponível, nacional ou estrangeira.
Autoridades e engenheiros da China já fizeram engenharia reversa, estudaram material de fonte aberta e interrogaram especialistas americanos em drones que participam de conferências e outras reuniões na China.
Os militares chineses não divulgam estatísticas sobre o tamanho da sua frota de drones, mas um relatório do Ministério da Defesa de Taiwan disse que, em meados de 2011, a Força Aérea Chinesa tinha sozinha mais de 280 unidades. Analistas dizem que os outros ramos das Forças Armadas possuem milhares de drones, o que significa que a frota chinesa só é inferior à dos EUA, com cerca de 7.000 aparelhos.
O aparato chinês de segurança doméstica também está interessado nos drones, o que motiva questões sobre o potencial uso deles para a vigilância e possivelmente até para ataques dentro da China, inclusive em áreas turbulentas, como Xinjiang e Tibete.
Um momento sintomático no uso de drones pela China ocorreu em 9 de setembro, quando a Marinha enviou um drone de vigilância para perto das ilhas Diaoyu, que o Japão administra e chama de Senkaku. Jatos interceptadores japoneses foram às pressas para confrontá-lo. Essa foi a primeira vez que a China mobilizou um drone sobre o mar do Leste da China.
Easton disse que a mobilização do drone perto de ilhas e águas disputadas "foi algo bastante inédito" por parte da China, apanhando as autoridades japonesas de guarda baixa.
"Acho que isso é realmente apenas o começo de uma tendência muito mais ampla que vamos ver - que a China amplie sua capacidade de monitorar o mar do Leste da China e o oeste do Pacífico, para além das Filipinas, e aumente o envelope de operação das suas capacidades de ataque", disse ele.
Os militares chineses, com seu foco em uma potencial guerra contra Taiwan e de olho nas crescentes disputas territoriais chinesas, estão na vanguarda da preparação de drones para uso em situações marítimas.
A empresa FireEye batizou a campanha de furto de drones como Operação Beebus, traçando sua localização até um nódulo de comando e controle no endereço bee.businessconsults.net. Especialistas em segurança cibernética dizem que o endereço geral e as ferramentas vinculadas a ele estão associados ao Comment Crew, unidade chinesa de hackers da qual a Mandiant, outra empresa de segurança cibernética, tratou em um relatório em fevereiro. A Mandiant disse que o grupo é parte da Unidade 61398 do Exército Popular de Libertação, com sede em Xangai.
Embora as vítimas iniciais da Operação Beebus fossem grandes firmas de defesa, os hackers depois passaram a escolher empresas especializadas em tecnologia de drones, disse Kindlund, da FireEye. Aí eles se alternaram entre grandes empresas, fabricantes de uma ampla gama de tecnologias, e firmas "de butique", focadas nos drones.
Os drones chineses cada vez mais aparecem nos arsenais de outras nações. A versão chinesa do Predator, chamada Wing Loong, ou Pterodátilo, foi exportada pela primeira vez em 2011, segundo o "Diário do Povo". Na Exposição Aérea de Paris, em junho, o presidente de uma companhia aeronáutica chinesa disse ao "Global Times" que o drone teria capacidade para transportar dois mísseis guiados a laser, e que seria igual ao Predator em termos de resistência e alcance de voo, só que bem mais barato.
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Re: GEOPOLÍTICA
Em referendo, irlandeses rejeitam fim do SenadoProposta do atual governo foi repudiada por 51,7% dos eleitores na consulta desta sexta-feira (04/10)
Atualizada às 13h30
O fim do Senado irlandês, proposto pelo atual governo por meio de um referendo, foi recusado pela população. O resultado da consulta, divulgado neste sábado (05/10), indica que 51,7% dos eleitores do país desejam a continuidade dessa casa legislativa.
A decisão é uma grande derrota para a coalizão governista liderada por Enda Kenny e pode ser considerada surpreendente.
Até a semana passada, pesquisas de intenção davam como certo o fechamento do Senado, com o apoio de 62% dos irlandeses. Em junho, esse número era ainda mais expressivo, de 72%.
Agência Efe
Durante a campanha, os políticos governistas dos partidos Trabalhista e Fine Gael argumentavam que a Irlanda tinham uma concentração muito grande de parlamentares per capita, na comparação com outros países (foto).
"Em países como Alemanha e EUA, ter senadores faz sentido. Uma segunda câmara não faz sentido em um país pequeno como a Irlanda. Só serve de refúgio a ex-aristocratas ou políticos em declínio", argumentou o premiê Kenny em diversas oportunidades nas últimas semanas.O referendo foi realizado nesta sexta-feira (04/10)
Pertinente pq se o outro lado tive-se vencido poderia gerar impacto em muitos países.
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Re: GEOPOLÍTICA
Argentina investirá US$ 2 bi em suas forças
ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo
O governo da Argentina comprou 16 caças Mirage F1, usados da aviação militar da Espanha, para reequipar o Grupo 6 da VI Brigada Aérea, em Tandil. O valor do contrato, é de US$ 217 milhões. A presidente Cristina Kirchner lançou, em setembro, um programa de modernização das Forças Armadas que vai exigir investimentos de US$ 2 bilhões até 2018.
Os supersônicos foram fabricados na França, há 38 anos. Em junho, o Ejército del Aire - o EdA espanhol - desativou toda a frota que operava na base aérea de Albacete, na província de La Mancha.
A missão dos F1 será o controle da fronteira norte do país, rota de voos clandestinos. A Força Aérea argentina emprega 14 muito velhos Mirage III, todos produzidos há 40 anos. São os remanescentes da frota usada em 1982 na guerra pelo arquipélago das Falkland/Malvinas, contra a Inglaterra.
Não é o único projeto em desenvolvimento na região. O Peru anunciou há dez dias a aquisição de 110 tanques e blindados de apoio russos, da família T90. O carro de combate é considerado um dos três mais modernos e avançados do mundo.
A Operação Raiz do Fogo vai custar cerca de US$ 850 milhões e também integra um plano maior, de aumento da capacidade da Defesa do país ao longo de cinco anos.
O governo do presidente Ollanta Humala enfrenta problemas com a guerrilha Sendero Luminoso. O ministro da Defesa, Pedro Cateriano, decretou o estado de emergência em cinco províncias - Abade, Tocache, Leoncio Prado, Marañon e Huamalies. Nas áreas estão suspensos os direitos de livre trânsito, de inviolabilidade domiciliar e de reunião. Segundo Cateriano, "a luta armada nessas comunidades é uma realidade sustentada pelos plantadores de coca e distribuidores de drogas".
Os tanques pesam 45 toneladas e são armados com canhões de 125 milímetros com capacidade para disparar mísseis da classe Svir, de múltiplo emprego. O T90C emprega sistemas de mecatrônica que permitem a aplicação em terreno adverso, úmido, de selva, ou arenoso.
Em outra iniciativa as autoridades da Defesa peruana estão negociando, com a Rússia, a incorporação de ao menos 24 novos helicópteros de ataque, a série Mi-35 conhecida como Couraçados Voadores. França e Estados Unidos disputam a encomenda. Em dezembro de 2012, a tropa especial de intervenção rápida recebeu cinco helicópteros recuperados, porém, pouco atualizados, ao custo de US$ 10 milhões.
Mirage argentino. A Venezuela, a Colômbia, a Bolívia, e o pequeno Suriname, estão consolidando planos locais destinados a suprir demandas militares. Todos envolvem compras de blindados sobre rodas, aviões e helicópteros. O Centro de Estudos Estratégicos do Chile estima os gastos em andamento em US$ 10 bilhões. O maior pacote é do Brasil - os projetos estratégicos da Marinha, do Exército e Aeronáutica soma R$ 124 bilhões, algo próximo de US$ 62,5 bilhões.
Os Mirage F1 da Argentina devem começam a chegar ainda este an0. De acordo com o ministro da Defesa, Agustín Rossi, serão revisados na Fábrica Argentina de Aviones, em Córdoba. A situação dos esquadrões de caça locais é dramática. São considerados operaci0nais apenas sete Skyhawks, subsônicos, sobreviventes dos 36 comprados pelo ex-presidente Carlos Menem em 1997. Por causa da limitação orçamentária as horas de voo estão limitadas a 13,6 por ano. As patrulhas sobre o mar, não passam de sete na agenda de rotina anual de treinamento.
Os supersônicos espanhóis já somam 1.700 horas de voo cada um. São boas máquinas de guerra. Operados por 14 nações, podem levar de 4 a 6 toneladas de cargas de ataque - mísseis, foguetes, bombas - mais dois canhões de 30mm. Em Albacete, o a 14ª Ala do EdA acumulou 200 mil horas de voo com as aeronaves desde 1975. Perdeu 35 delas. E 12 pilotos morreram em ação.
Estadao
ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo
O governo da Argentina comprou 16 caças Mirage F1, usados da aviação militar da Espanha, para reequipar o Grupo 6 da VI Brigada Aérea, em Tandil. O valor do contrato, é de US$ 217 milhões. A presidente Cristina Kirchner lançou, em setembro, um programa de modernização das Forças Armadas que vai exigir investimentos de US$ 2 bilhões até 2018.
Os supersônicos foram fabricados na França, há 38 anos. Em junho, o Ejército del Aire - o EdA espanhol - desativou toda a frota que operava na base aérea de Albacete, na província de La Mancha.
A missão dos F1 será o controle da fronteira norte do país, rota de voos clandestinos. A Força Aérea argentina emprega 14 muito velhos Mirage III, todos produzidos há 40 anos. São os remanescentes da frota usada em 1982 na guerra pelo arquipélago das Falkland/Malvinas, contra a Inglaterra.
Não é o único projeto em desenvolvimento na região. O Peru anunciou há dez dias a aquisição de 110 tanques e blindados de apoio russos, da família T90. O carro de combate é considerado um dos três mais modernos e avançados do mundo.
A Operação Raiz do Fogo vai custar cerca de US$ 850 milhões e também integra um plano maior, de aumento da capacidade da Defesa do país ao longo de cinco anos.
O governo do presidente Ollanta Humala enfrenta problemas com a guerrilha Sendero Luminoso. O ministro da Defesa, Pedro Cateriano, decretou o estado de emergência em cinco províncias - Abade, Tocache, Leoncio Prado, Marañon e Huamalies. Nas áreas estão suspensos os direitos de livre trânsito, de inviolabilidade domiciliar e de reunião. Segundo Cateriano, "a luta armada nessas comunidades é uma realidade sustentada pelos plantadores de coca e distribuidores de drogas".
Os tanques pesam 45 toneladas e são armados com canhões de 125 milímetros com capacidade para disparar mísseis da classe Svir, de múltiplo emprego. O T90C emprega sistemas de mecatrônica que permitem a aplicação em terreno adverso, úmido, de selva, ou arenoso.
Em outra iniciativa as autoridades da Defesa peruana estão negociando, com a Rússia, a incorporação de ao menos 24 novos helicópteros de ataque, a série Mi-35 conhecida como Couraçados Voadores. França e Estados Unidos disputam a encomenda. Em dezembro de 2012, a tropa especial de intervenção rápida recebeu cinco helicópteros recuperados, porém, pouco atualizados, ao custo de US$ 10 milhões.
Mirage argentino. A Venezuela, a Colômbia, a Bolívia, e o pequeno Suriname, estão consolidando planos locais destinados a suprir demandas militares. Todos envolvem compras de blindados sobre rodas, aviões e helicópteros. O Centro de Estudos Estratégicos do Chile estima os gastos em andamento em US$ 10 bilhões. O maior pacote é do Brasil - os projetos estratégicos da Marinha, do Exército e Aeronáutica soma R$ 124 bilhões, algo próximo de US$ 62,5 bilhões.
Os Mirage F1 da Argentina devem começam a chegar ainda este an0. De acordo com o ministro da Defesa, Agustín Rossi, serão revisados na Fábrica Argentina de Aviones, em Córdoba. A situação dos esquadrões de caça locais é dramática. São considerados operaci0nais apenas sete Skyhawks, subsônicos, sobreviventes dos 36 comprados pelo ex-presidente Carlos Menem em 1997. Por causa da limitação orçamentária as horas de voo estão limitadas a 13,6 por ano. As patrulhas sobre o mar, não passam de sete na agenda de rotina anual de treinamento.
Os supersônicos espanhóis já somam 1.700 horas de voo cada um. São boas máquinas de guerra. Operados por 14 nações, podem levar de 4 a 6 toneladas de cargas de ataque - mísseis, foguetes, bombas - mais dois canhões de 30mm. Em Albacete, o a 14ª Ala do EdA acumulou 200 mil horas de voo com as aeronaves desde 1975. Perdeu 35 delas. E 12 pilotos morreram em ação.
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Re: GEOPOLÍTICA
Um sonho para o Brasil...Sterrius escreveu:Em referendo, irlandeses rejeitam fim do SenadoProposta do atual governo foi repudiada por 51,7% dos eleitores na consulta desta sexta-feira (04/10)
Atualizada às 13h30
O fim do Senado irlandês, proposto pelo atual governo por meio de um referendo, foi recusado pela população. O resultado da consulta, divulgado neste sábado (05/10), indica que 51,7% dos eleitores do país desejam a continuidade dessa casa legislativa.
A decisão é uma grande derrota para a coalizão governista liderada por Enda Kenny e pode ser considerada surpreendente.
Até a semana passada, pesquisas de intenção davam como certo o fechamento do Senado, com o apoio de 62% dos irlandeses. Em junho, esse número era ainda mais expressivo, de 72%.
Agência Efe
Durante a campanha, os políticos governistas dos partidos Trabalhista e Fine Gael argumentavam que a Irlanda tinham uma concentração muito grande de parlamentares per capita, na comparação com outros países (foto).
"Em países como Alemanha e EUA, ter senadores faz sentido. Uma segunda câmara não faz sentido em um país pequeno como a Irlanda. Só serve de refúgio a ex-aristocratas ou políticos em declínio", argumentou o premiê Kenny em diversas oportunidades nas últimas semanas.O referendo foi realizado nesta sexta-feira (04/10)
Pertinente pq se o outro lado tive-se vencido poderia gerar impacto em muitos países.
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Re: GEOPOLÍTICA
Canal Livre debate a espionagem no mundo
CANAL LIVRE DEBATE ESPIONAGEM NORTE-AMERICANA
O convidado do Canal Livre é Vladimir Brito, agente da Polícia Federal e especialista em inteligência e espionagem discorre sobre o suposto caso de espionagem norte-americana, que veio à tona recentemente e sobre as vulnerabilidades da Internet. Clique na imagem para assistir ou aqui.
http://www.forte.jor.br/2013/10/04/a-es ... -no-mundo/
CANAL LIVRE DEBATE ESPIONAGEM NORTE-AMERICANA
O convidado do Canal Livre é Vladimir Brito, agente da Polícia Federal e especialista em inteligência e espionagem discorre sobre o suposto caso de espionagem norte-americana, que veio à tona recentemente e sobre as vulnerabilidades da Internet. Clique na imagem para assistir ou aqui.
http://www.forte.jor.br/2013/10/04/a-es ... -no-mundo/
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: GEOPOLÍTICA
http://www.youtube.com/watch?v=N-NqQcIACFo
http://www.youtube.com/watch?v=2R2lzWGQlXA
http://www.youtube.com/watch?v=xzYXXRjWxWw
http://www.youtube.com/watch?v=2R2lzWGQlXA
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Re: GEOPOLÍTICA
France Presse
21/10/2013 06h35 - Atualizado em 21/10/2013 07h30
França convoca embaixador americano por caso de espionagem
Representante dos EUA será recebido ainda nesta segunda (21).
Jornal francês divulgou que a NSA fez mais de 70 milhões de gravações.
Da France Presse
O chanceler da França, Laurent Fabius, anunciou nesta segunda-feira (21) a convocação de forma "imediata" do embaixador dos Estados Unidos em Paris pelo caso de espionagem citado pelo jornal Le Monde.
"Convoquei de forma imediata o embaixador dos Estados Unidos, que será recebido ainda esta manhã no Quai d'Orsay", sede do ministério francês das Relações Exteriores, disse Fabius antes de uma reunião europeia em Luxemburgo.
saiba mais
"Estas práticas entre sócios, que atentam contra a vida privada, são totalmente inaceitáveis. Temos que garantir rapidamente que, em qualquer, caso, não aconteçam mais", completou Fabius.
O ministro reagiu desta maneira à informação do jornal Le Monde de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) americana efetuou 70,3 milhões de gravações de dados telefônicos de franceses em um período de 30 dias entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013.
O ministro do Interior da França, Manuel Valls, considerou "chocantes" as revelações e pediu explicações. "Com as novas tecnologias da comunicação, está claro que são necessárias regras. Isto envolve todos os países", destacou Valls. "Se um país amigo, um país aliado, espiona a França ou espiona outros países europeus, isto é totalmente inaceitável", completou.
O Le Monde cita documentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden, atualmente exilado na Rússia.
Os documentos mostram que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com atividades terroristas, mas também indivíduos espionados simplesmente porque pertencem ao mundo empresarial, político ou ao governo francês.
Os documentos, revelados em junho por Snowden, descrevem as técnicas utilizadas para arrecadar ilegalmente dados secretos ou da vida cotidiana dos franceses, completa o jornal.
Segundo o Le Monde, a NSA dispõe de diversas técnicas para obter os dados.
Quando, por exemplo, alguns números de telefone são discados na França, ativam um sinal que desencadeia de forma automática a gravação de certas conversas.
Esta técnica permite também espionar os SMS e seu conteúdo com base em palavras-chave. Além disso, e de forma sistemática, a NSA conserva o histórico das ligações de cada objetivo, segundo o jornal.
Os documentos mostram que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com atividades terroristas, mas também indivíduos espionados simplesmente porque pertencem ao mundo empresarial, político ou ao governo francês.
O gráfico da NSA mostra a média de intercepção de três milhões de dados por dia, com picos de quase sete milhões em 24 de dezembro de 2012 e 7 de janeiro de 2013, segundo o jornal.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... nagem.html
21/10/2013 06h35 - Atualizado em 21/10/2013 07h30
França convoca embaixador americano por caso de espionagem
Representante dos EUA será recebido ainda nesta segunda (21).
Jornal francês divulgou que a NSA fez mais de 70 milhões de gravações.
Da France Presse
O chanceler da França, Laurent Fabius, anunciou nesta segunda-feira (21) a convocação de forma "imediata" do embaixador dos Estados Unidos em Paris pelo caso de espionagem citado pelo jornal Le Monde.
"Convoquei de forma imediata o embaixador dos Estados Unidos, que será recebido ainda esta manhã no Quai d'Orsay", sede do ministério francês das Relações Exteriores, disse Fabius antes de uma reunião europeia em Luxemburgo.
saiba mais
"Estas práticas entre sócios, que atentam contra a vida privada, são totalmente inaceitáveis. Temos que garantir rapidamente que, em qualquer, caso, não aconteçam mais", completou Fabius.
O ministro reagiu desta maneira à informação do jornal Le Monde de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) americana efetuou 70,3 milhões de gravações de dados telefônicos de franceses em um período de 30 dias entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013.
O ministro do Interior da França, Manuel Valls, considerou "chocantes" as revelações e pediu explicações. "Com as novas tecnologias da comunicação, está claro que são necessárias regras. Isto envolve todos os países", destacou Valls. "Se um país amigo, um país aliado, espiona a França ou espiona outros países europeus, isto é totalmente inaceitável", completou.
O Le Monde cita documentos do ex-consultor da NSA Edward Snowden, atualmente exilado na Rússia.
Os documentos mostram que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com atividades terroristas, mas também indivíduos espionados simplesmente porque pertencem ao mundo empresarial, político ou ao governo francês.
Os documentos, revelados em junho por Snowden, descrevem as técnicas utilizadas para arrecadar ilegalmente dados secretos ou da vida cotidiana dos franceses, completa o jornal.
Segundo o Le Monde, a NSA dispõe de diversas técnicas para obter os dados.
Quando, por exemplo, alguns números de telefone são discados na França, ativam um sinal que desencadeia de forma automática a gravação de certas conversas.
Esta técnica permite também espionar os SMS e seu conteúdo com base em palavras-chave. Além disso, e de forma sistemática, a NSA conserva o histórico das ligações de cada objetivo, segundo o jornal.
Os documentos mostram que os alvos da NSA são pessoas suspeitas de ligações com atividades terroristas, mas também indivíduos espionados simplesmente porque pertencem ao mundo empresarial, político ou ao governo francês.
O gráfico da NSA mostra a média de intercepção de três milhões de dados por dia, com picos de quase sete milhões em 24 de dezembro de 2012 e 7 de janeiro de 2013, segundo o jornal.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/ ... nagem.html
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Re: GEOPOLÍTICA
UM PÉ NA ÁSIA, OUTRO NO ORIENTE MÉDIO
A visão dupla dos Estados Unidos
http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1504
Se buscam ao mesmo tempo conter o Irã e garantir a sustentação tanto de Israel como da Arábia Saudita, os Estados Unidos cada vez mais lançam seus olhares em direção à Ásia, com a China na linha de mira
por Michael Klare
Desde o início da guerra civil na Síria, o presidente Barack Obama afirmou que preferia evitar a intervenção direta. Segundo ele, os Estados Unidos já travaram guerras suficientes no Oriente Médio e o conflito não ameaça seus interesses fundamentais. Por que então ele teria dado uma reviravolta, ameaçando ataques militares dirigidos contra o regime sírio, após o emprego, em 21 de agosto, de armas químicas contra a população civil? Por que o conflito de repente se deslocou das bordas para o centro da agenda estratégica norte-americana? Por que neste momento em particular?
Até então, o conflito sírio ocupava um papel negligenciável na política externa de Washington. Mesmo depois de dois anos de combates sangrentos e de mais de 100 mil mortos, a classe política permanecia em grande parte hostil a um envolvimento mais direto dos Estados Unidos. Obama tinha se contentado em fazer o mínimo, conclamando seu homólogo sírio Bashar al-Assad a renunciar e prometendo assistência técnica para facções laicas e moderadas da insurreição. Ele se recusava a fornecer a estas últimas as armas pesadas que elas exigiam e a iniciar qualquer ação que pudesse alterar o equilíbrio de forças na região. Diante da extensão dos massacres e das perdas civis, ele tinha de fato concordado em aumentar a ajuda aos insurgentes e considerar o cenário de uma operação militar limitada, mas precisando que esta só entraria em vigor se Al-Assad cruzasse a “linha vermelha” com a utilização de gases tóxicos ou com o fornecimento deles a grupos armados próximos ao regime.1
Ao transgredir o limite traçado publicamente pela Casa Branca, o ataque químico de 21 de agosto pedia então uma resposta militar, sem o que a primeira potência mundial ficaria desacreditada diante da “comunidade internacional”. “Ao nos recusarmos a agir, iríamos afetar a credibilidade de outros compromissos de segurança subscritos pelos Estados Unidos”, explicou o secretário da Defesa, Charles (“Chuck”) Hagel.2
Enquanto crescia a hostilidade da opinião pública norte-americana em relação a ataques contra Damasco, os cálculos estratégicos de Washington foram alterados por dois fatores: de um lado, o envolvimento no conflito sírio de atores regionais determinados a explorar os acontecimentos para defender interesses próprios, pelo fornecimento de armas ou por uma participação direta nos combates; de outro, o espaço crescente assumido entre eles por adversários estratégicos dos Estados Unidos, como o Irã e o Hezbollah (ler artigo na pág.10).3 O desejo manifestado por Obama de manter a Síria na periferia dos interesses norte-americanos entrava em confronto, de acordo com ele, com a intenção desses diversos grupos de tirar proveito dessa “negligência”.
Aos olhos de Washington, o Oriente Médio está dividido em dois centros de gravidade: Israel a oeste e as monarquias do petróleo a leste. Se a aliança com Tel-Aviv continua a ser a pedra angular de sua política na região, os países do Golfo mantêm um papel fundamental como detentores do maná de energia como um contrapeso ao poder iraniano. Há décadas, o interesse estratégico dos Estados Unidos é garantir a segurança de Israel e da Arábia Saudita, bem como assegurar o fluxo desimpedido de petróleo que provém do Golfo Pérsico para os mercados globais – uma política que se traduz em uma enorme interferência nos assuntos locais e, ocasionalmente, em expedições militares.4 Até agora, portanto, a Síria só interessava aos Estados Unidos na medida em que interferia nos interesses de Israel ou das monarquias petrolíferas.
Mesmo aquilo que se chamou de “Primavera Árabe” foi marcada pela indiferença: se Washington desempenhou um papel fundamental nas transições políticas no Egito, na Líbia e no Iêmen, esteve longe dos choques na Síria. Foi somente quando a atenção das potências regionais se concentrou sobre a Síria que esta acabou por se impor no tabuleiro de xadrez norte-americano.
Além disso, os líderes israelenses estão preocupados com as consequências do conflito em suas fronteiras: a crescente dependência de Al-Assad em relação aos reforços do Hezbollah poderia causar uma chegada de armas da Síria ao sul do Líbano, enquanto a frágil Jordânia, um importante aliado dos Estados Unidos, é desestabilizada pelo afluxo de refugiados que fogem dos combates. De sua parte, as monarquias do petróleo tomaram conta da crise para se dedicar a uma guerra por procuração contra o Irã, com cada lado tentando colocar em xeque a interferência do outro.5
Como se isso não bastasse, a Rússia há muito tempo compartilha numerosos interesses comuns com Damasco, entre os quais uma base naval em Tartu, a única instalação militar russa fora do antigo império soviético, e contratos de fornecimento de armas. Para Moscou, o desinteresse dos Estados Unidos pela Síria representa uma oportunidade de ouro para estender sua influência em detrimento de Washington.6
Esse risco não escapou aos conselheiros militares da Casa Branca, que há vários meses defendem com um fervor cada vez maior uma intervenção militar, segundo eles a única atitude capaz de manter intacta a esfera de influência norte-americana. Em junho, a decisão de Obama de fornecer aos rebeldes armas de combate, além dos equipamentos “não letais” que eles já recebiam, refletiu uma mudança de orientação. Ao mesmo tempo, o presidente também decidia intensificar esforços diplomáticos para uma solução não militar para o conflito.7
Em certo sentido, esse reposicionamento geoestratégico é um efeito colateral da vontade dos Estados Unidos, expressa pelo presidente há dois anos para reafirmar sua autoridade na Ásia e no Pacífico. A prioridade consiste em lidar com a erosão de sua influência nessa parte do mundo e deter a crescente hegemonia do grande rival chinês, para quem Washington, absorvido por suas guerras no Iraque e no Afeganistão, tinha até então deixado o campo livre. Por efeito de pêndulo, o retorno ao cenário asiático abriu um espaço no Oriente Médio do qual o Irã, a Rússia e outros tiram proveito hoje para disputar os papéis principais. As preocupações que isso provoca em Washington não são estranhas à firmeza repentina de Obama em relação a Al-Assad.
Ao envolver-se no processo diplomático, o presidente dos Estados Unidos mata dois coelhos com uma só cajadada. Em primeiro lugar, o espaço de destaque dado ao Kremlin na condução das negociações colocou a Rússia no centro das atenções da comunidade internacional, o que poderia dissuadi-la de desestabilizar ainda mais a região. Então, o confisco e a destruição dos estoques de gases tóxicos da Síria – cujos meios técnicos, logísticos e financeiros para sua aplicação ainda são ignorados – poderiam levar Teerã a uma maior flexibilidade para responder à pressão internacional sobre seu programa nuclear.
O momento em que os Estados Unidos impunham suas opiniões ao mundo parece ter passado e a Casa Branca agora manipula dois objetivos nem sempre conciliáveis: frear a influência chinesa no reforço de sua posição na Ásia e conter os apetites regionais do Irã e da Rússia envolvendo-se na questão síria.
Michael Klare
é professor de estudos sobre paz e segurança mundiais no Hampshire College, em Amherst, Masachusetts, e autor do recém lançado Rising powers, shrinking planet; the new geopolitics of energy, publicado nos Estados Unidos pela Metropolitan Books, e no Reino Unido pela One World Publications.
1 Ler James Ball, “Obama issues Syria a ‘red line’ warning on chemical weapons” [Obama emite um aviso de “linha vermelha” sobre armas químicas para a Síria], The Washington Post, 20 ago. 2012.
2 Declaração de Charles Hagel à Comissão de Relações Exteriores do Senado, 3 set. 2013.
3 Ler Alain Gresh, “De l’impasse syrienne à la guerre régionale” [Do impasse sírio à guerra regional], Le Monde Diplomatique, jul. 2013.
4 Michael T. Klare, Blood and oil [Sangue e petróleo], Metropolitan Books, Nova York, 2005; Michael Palmer, Guardians of the Gulf [Guardiões do Golfo], Free Press, Nova York, 1992.
5 Tim Arango, Anne Barnard e Duraid Adnan, “As Syrians fight, sectarian strife infects Mideast” [Enquanto os sírios lutam, o conflito sectário infecta o Oriente Médio], The New York Times, 1o jun. 2013.
6 Yagil Beinglass e Daniel Brode, “Russia’s Syrian power play” [A disputa russa pelo poder sobre a situação da Síria], The New York Times, 30 jan. 2012.
7 Mark Mazzetti, Michael R. Gordon e Mark Landler, “U.S. is said to plan to send weapons to Syrian rebels” [Acredita-se que os Estados Unidos planejam enviar armas aos rebeldes sírios], The New York Times, 13 jun. 2013.
A visão dupla dos Estados Unidos
http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=1504
Se buscam ao mesmo tempo conter o Irã e garantir a sustentação tanto de Israel como da Arábia Saudita, os Estados Unidos cada vez mais lançam seus olhares em direção à Ásia, com a China na linha de mira
por Michael Klare
Desde o início da guerra civil na Síria, o presidente Barack Obama afirmou que preferia evitar a intervenção direta. Segundo ele, os Estados Unidos já travaram guerras suficientes no Oriente Médio e o conflito não ameaça seus interesses fundamentais. Por que então ele teria dado uma reviravolta, ameaçando ataques militares dirigidos contra o regime sírio, após o emprego, em 21 de agosto, de armas químicas contra a população civil? Por que o conflito de repente se deslocou das bordas para o centro da agenda estratégica norte-americana? Por que neste momento em particular?
Até então, o conflito sírio ocupava um papel negligenciável na política externa de Washington. Mesmo depois de dois anos de combates sangrentos e de mais de 100 mil mortos, a classe política permanecia em grande parte hostil a um envolvimento mais direto dos Estados Unidos. Obama tinha se contentado em fazer o mínimo, conclamando seu homólogo sírio Bashar al-Assad a renunciar e prometendo assistência técnica para facções laicas e moderadas da insurreição. Ele se recusava a fornecer a estas últimas as armas pesadas que elas exigiam e a iniciar qualquer ação que pudesse alterar o equilíbrio de forças na região. Diante da extensão dos massacres e das perdas civis, ele tinha de fato concordado em aumentar a ajuda aos insurgentes e considerar o cenário de uma operação militar limitada, mas precisando que esta só entraria em vigor se Al-Assad cruzasse a “linha vermelha” com a utilização de gases tóxicos ou com o fornecimento deles a grupos armados próximos ao regime.1
Ao transgredir o limite traçado publicamente pela Casa Branca, o ataque químico de 21 de agosto pedia então uma resposta militar, sem o que a primeira potência mundial ficaria desacreditada diante da “comunidade internacional”. “Ao nos recusarmos a agir, iríamos afetar a credibilidade de outros compromissos de segurança subscritos pelos Estados Unidos”, explicou o secretário da Defesa, Charles (“Chuck”) Hagel.2
Enquanto crescia a hostilidade da opinião pública norte-americana em relação a ataques contra Damasco, os cálculos estratégicos de Washington foram alterados por dois fatores: de um lado, o envolvimento no conflito sírio de atores regionais determinados a explorar os acontecimentos para defender interesses próprios, pelo fornecimento de armas ou por uma participação direta nos combates; de outro, o espaço crescente assumido entre eles por adversários estratégicos dos Estados Unidos, como o Irã e o Hezbollah (ler artigo na pág.10).3 O desejo manifestado por Obama de manter a Síria na periferia dos interesses norte-americanos entrava em confronto, de acordo com ele, com a intenção desses diversos grupos de tirar proveito dessa “negligência”.
Aos olhos de Washington, o Oriente Médio está dividido em dois centros de gravidade: Israel a oeste e as monarquias do petróleo a leste. Se a aliança com Tel-Aviv continua a ser a pedra angular de sua política na região, os países do Golfo mantêm um papel fundamental como detentores do maná de energia como um contrapeso ao poder iraniano. Há décadas, o interesse estratégico dos Estados Unidos é garantir a segurança de Israel e da Arábia Saudita, bem como assegurar o fluxo desimpedido de petróleo que provém do Golfo Pérsico para os mercados globais – uma política que se traduz em uma enorme interferência nos assuntos locais e, ocasionalmente, em expedições militares.4 Até agora, portanto, a Síria só interessava aos Estados Unidos na medida em que interferia nos interesses de Israel ou das monarquias petrolíferas.
Mesmo aquilo que se chamou de “Primavera Árabe” foi marcada pela indiferença: se Washington desempenhou um papel fundamental nas transições políticas no Egito, na Líbia e no Iêmen, esteve longe dos choques na Síria. Foi somente quando a atenção das potências regionais se concentrou sobre a Síria que esta acabou por se impor no tabuleiro de xadrez norte-americano.
Além disso, os líderes israelenses estão preocupados com as consequências do conflito em suas fronteiras: a crescente dependência de Al-Assad em relação aos reforços do Hezbollah poderia causar uma chegada de armas da Síria ao sul do Líbano, enquanto a frágil Jordânia, um importante aliado dos Estados Unidos, é desestabilizada pelo afluxo de refugiados que fogem dos combates. De sua parte, as monarquias do petróleo tomaram conta da crise para se dedicar a uma guerra por procuração contra o Irã, com cada lado tentando colocar em xeque a interferência do outro.5
Como se isso não bastasse, a Rússia há muito tempo compartilha numerosos interesses comuns com Damasco, entre os quais uma base naval em Tartu, a única instalação militar russa fora do antigo império soviético, e contratos de fornecimento de armas. Para Moscou, o desinteresse dos Estados Unidos pela Síria representa uma oportunidade de ouro para estender sua influência em detrimento de Washington.6
Esse risco não escapou aos conselheiros militares da Casa Branca, que há vários meses defendem com um fervor cada vez maior uma intervenção militar, segundo eles a única atitude capaz de manter intacta a esfera de influência norte-americana. Em junho, a decisão de Obama de fornecer aos rebeldes armas de combate, além dos equipamentos “não letais” que eles já recebiam, refletiu uma mudança de orientação. Ao mesmo tempo, o presidente também decidia intensificar esforços diplomáticos para uma solução não militar para o conflito.7
Em certo sentido, esse reposicionamento geoestratégico é um efeito colateral da vontade dos Estados Unidos, expressa pelo presidente há dois anos para reafirmar sua autoridade na Ásia e no Pacífico. A prioridade consiste em lidar com a erosão de sua influência nessa parte do mundo e deter a crescente hegemonia do grande rival chinês, para quem Washington, absorvido por suas guerras no Iraque e no Afeganistão, tinha até então deixado o campo livre. Por efeito de pêndulo, o retorno ao cenário asiático abriu um espaço no Oriente Médio do qual o Irã, a Rússia e outros tiram proveito hoje para disputar os papéis principais. As preocupações que isso provoca em Washington não são estranhas à firmeza repentina de Obama em relação a Al-Assad.
Ao envolver-se no processo diplomático, o presidente dos Estados Unidos mata dois coelhos com uma só cajadada. Em primeiro lugar, o espaço de destaque dado ao Kremlin na condução das negociações colocou a Rússia no centro das atenções da comunidade internacional, o que poderia dissuadi-la de desestabilizar ainda mais a região. Então, o confisco e a destruição dos estoques de gases tóxicos da Síria – cujos meios técnicos, logísticos e financeiros para sua aplicação ainda são ignorados – poderiam levar Teerã a uma maior flexibilidade para responder à pressão internacional sobre seu programa nuclear.
O momento em que os Estados Unidos impunham suas opiniões ao mundo parece ter passado e a Casa Branca agora manipula dois objetivos nem sempre conciliáveis: frear a influência chinesa no reforço de sua posição na Ásia e conter os apetites regionais do Irã e da Rússia envolvendo-se na questão síria.
Michael Klare
é professor de estudos sobre paz e segurança mundiais no Hampshire College, em Amherst, Masachusetts, e autor do recém lançado Rising powers, shrinking planet; the new geopolitics of energy, publicado nos Estados Unidos pela Metropolitan Books, e no Reino Unido pela One World Publications.
1 Ler James Ball, “Obama issues Syria a ‘red line’ warning on chemical weapons” [Obama emite um aviso de “linha vermelha” sobre armas químicas para a Síria], The Washington Post, 20 ago. 2012.
2 Declaração de Charles Hagel à Comissão de Relações Exteriores do Senado, 3 set. 2013.
3 Ler Alain Gresh, “De l’impasse syrienne à la guerre régionale” [Do impasse sírio à guerra regional], Le Monde Diplomatique, jul. 2013.
4 Michael T. Klare, Blood and oil [Sangue e petróleo], Metropolitan Books, Nova York, 2005; Michael Palmer, Guardians of the Gulf [Guardiões do Golfo], Free Press, Nova York, 1992.
5 Tim Arango, Anne Barnard e Duraid Adnan, “As Syrians fight, sectarian strife infects Mideast” [Enquanto os sírios lutam, o conflito sectário infecta o Oriente Médio], The New York Times, 1o jun. 2013.
6 Yagil Beinglass e Daniel Brode, “Russia’s Syrian power play” [A disputa russa pelo poder sobre a situação da Síria], The New York Times, 30 jan. 2012.
7 Mark Mazzetti, Michael R. Gordon e Mark Landler, “U.S. is said to plan to send weapons to Syrian rebels” [Acredita-se que os Estados Unidos planejam enviar armas aos rebeldes sírios], The New York Times, 13 jun. 2013.
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Re: GEOPOLÍTICA
Cinco pares de ojos blancos y anglófonos
EEUU, Reino Unido, Australia, Canadá y Nueva Zelanda pactaron no espiarse
WALTER OPPENHEIMER Londres 26 OCT 2013 - 19:48 CET
http://internacional.elpais.com/interna ... ?rel=rosEP
Estados Unidos y Reino Unido no están solos en su viaje por el espionaje global. Cuentan con la íntima colaboración de otras tres naciones anglosajonas: Australia, Canadá y Nueva Zelanda. Todos juntos forman lo que se conoce como Cinco Ojos, un exclusivo club blanco y de lengua inglesa cuyos socios se han juramentado para colaborar de la forma más estrecha posible intercambiando información de inteligencia y repartiéndose el globo terráqueo en sus rastreos.
Es un club que nació de la colaboración entre Estados Unidos y Reino Unido durante la II Guerra Mundial y se consolidó y amplió durante la guerra fría. Su puesta en marcha formal quedó recogida en el Acuerdo Británico Estadounidense de Comunicación de Inteligencia, conocido como UKUSA y firmado en 1946 con carácter de absoluto secreto, hasta el punto de que su existencia fue negada durante muchos años y se dice que el primer ministro de Australia no fue informado hasta 1973 de que su propio país se había sumado al club.
Aunque la colaboración se formalizó en ese acuerdo de 1946, que se ha ido actualizando con los años, es más un pacto de sangre que un tratado o una serie de tratados a cinco bandas. “Los vínculos que unen a los socios son desde luego mucho más profundos de lo que muchos observadores creen, pero no hay acuerdos internacionales que gobiernen todas las relaciones de inteligencia entre los Cinco Ojos”, escribía en diciembre de 2012 el general canadiense retirado James S. Cox en un documento sobre el funcionamiento del grupo.
“De hecho, en lugar de tener una coreografía centralizada, la comunidad de los Cinco Ojos es más bien una compleja red cooperativa que vincula diversas agencias de inteligencia autónomas. Las organizaciones individuales de inteligencia actúan de acuerdo a sus propios mandatos legislativos nacionales, pero actúan con una afinidad reforzada por su cultura anglosajona común, sus aceptados valores democráticos y sus intereses nacionales complementarios, todo eso aderezado con un profundo sentido de confianza mutua y un grado de confianza profesional tan grande que es algo único en el mundo”, escribe Cox.
Según el exgeneral, los cinco países se reparten geográficamente su espacio de actuación: Canadá se ocupa de zonas del norte del Atlántico y el Pacífico, parte de Rusia y China y parte de América Latina; Australia controla el sur y el este de Asia; Nueva Zelanda cubre el Pacífico sur y el sureste asiático; Reino Unido se centra en Europa y Rusia Occidental; y Estados Unidos cubre parte de América Latina, el Caribe, China, Rusia, Oriente Próximo y África.
En teoría, el pacto de los Cinco Ojos no es solo de colaboración, sino de no agresión: entre ellos no se espían. Esa es al menos la teoría, porque en 2008 la cadena estadounidense ABC aseguró que había accedido a un documento de inteligencia que demostraba que en 2006 Estados Unidos espió conversaciones privadas del entonces primer ministro británico Tony Blair.
A ese núcleo duro de cinco países anglosajones se han ido sumando con el tiempo algunos otros, aunque sin alcanzar jamás el grado de integración y confianza que ata a los Cinco Ojos. Son países como Alemania, Dinamarca, Suecia, Filipinas, Singapur o Corea del Sur. Con ellos, como Angela Merkel y muchos otros han descubierto en los últimos días y meses, no hay pacto de no agresión.
EEUU, Reino Unido, Australia, Canadá y Nueva Zelanda pactaron no espiarse
WALTER OPPENHEIMER Londres 26 OCT 2013 - 19:48 CET
http://internacional.elpais.com/interna ... ?rel=rosEP
Estados Unidos y Reino Unido no están solos en su viaje por el espionaje global. Cuentan con la íntima colaboración de otras tres naciones anglosajonas: Australia, Canadá y Nueva Zelanda. Todos juntos forman lo que se conoce como Cinco Ojos, un exclusivo club blanco y de lengua inglesa cuyos socios se han juramentado para colaborar de la forma más estrecha posible intercambiando información de inteligencia y repartiéndose el globo terráqueo en sus rastreos.
Es un club que nació de la colaboración entre Estados Unidos y Reino Unido durante la II Guerra Mundial y se consolidó y amplió durante la guerra fría. Su puesta en marcha formal quedó recogida en el Acuerdo Británico Estadounidense de Comunicación de Inteligencia, conocido como UKUSA y firmado en 1946 con carácter de absoluto secreto, hasta el punto de que su existencia fue negada durante muchos años y se dice que el primer ministro de Australia no fue informado hasta 1973 de que su propio país se había sumado al club.
Aunque la colaboración se formalizó en ese acuerdo de 1946, que se ha ido actualizando con los años, es más un pacto de sangre que un tratado o una serie de tratados a cinco bandas. “Los vínculos que unen a los socios son desde luego mucho más profundos de lo que muchos observadores creen, pero no hay acuerdos internacionales que gobiernen todas las relaciones de inteligencia entre los Cinco Ojos”, escribía en diciembre de 2012 el general canadiense retirado James S. Cox en un documento sobre el funcionamiento del grupo.
“De hecho, en lugar de tener una coreografía centralizada, la comunidad de los Cinco Ojos es más bien una compleja red cooperativa que vincula diversas agencias de inteligencia autónomas. Las organizaciones individuales de inteligencia actúan de acuerdo a sus propios mandatos legislativos nacionales, pero actúan con una afinidad reforzada por su cultura anglosajona común, sus aceptados valores democráticos y sus intereses nacionales complementarios, todo eso aderezado con un profundo sentido de confianza mutua y un grado de confianza profesional tan grande que es algo único en el mundo”, escribe Cox.
Según el exgeneral, los cinco países se reparten geográficamente su espacio de actuación: Canadá se ocupa de zonas del norte del Atlántico y el Pacífico, parte de Rusia y China y parte de América Latina; Australia controla el sur y el este de Asia; Nueva Zelanda cubre el Pacífico sur y el sureste asiático; Reino Unido se centra en Europa y Rusia Occidental; y Estados Unidos cubre parte de América Latina, el Caribe, China, Rusia, Oriente Próximo y África.
En teoría, el pacto de los Cinco Ojos no es solo de colaboración, sino de no agresión: entre ellos no se espían. Esa es al menos la teoría, porque en 2008 la cadena estadounidense ABC aseguró que había accedido a un documento de inteligencia que demostraba que en 2006 Estados Unidos espió conversaciones privadas del entonces primer ministro británico Tony Blair.
A ese núcleo duro de cinco países anglosajones se han ido sumando con el tiempo algunos otros, aunque sin alcanzar jamás el grado de integración y confianza que ata a los Cinco Ojos. Son países como Alemania, Dinamarca, Suecia, Filipinas, Singapur o Corea del Sur. Con ellos, como Angela Merkel y muchos otros han descubierto en los últimos días y meses, no hay pacto de no agresión.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
Carlo M. Cipolla