Obrigatoriedade do diploma de jornalista para fazer matérias

[Hermes]

Para mim o problema não é o jornalista apresentar versões anacrônicas da história ou perpetuar clichês, mas sim a omissão dos historiadores em escrever bons livros de história para o público em geral. Creio que para cada livro ou artigo acadêmico produzido os historiadores deveriam produzir versões mais palatáveis ao grande público, o que não acontece, sendo então esse nicho ocupado por jornalistas e outros, diplomados ou não, mas que escrevem bem. Acho essa reserva de mercado uma droga, que só vai afastar ainda mais a população do conhecimento histórico, pois os historiadores não vão querer escrever simples e não vai haver quem traduza o academicismo para o grande público. Outra coisa, quem conhece a Ordem dos Músicos sabe que não serve para nada, além de cobrar anuidade e acho que vai acontecer o mesmo caso seja criado um órgão de fiscalização para os historiadores. Quanto ao jornalismo, que é o objetivo do tópico, serve a mesma premissa: O Bial é formado e apresenta o Big Brother, então acho que exigência de diploma não quer dizer muita coisa.

[Diorgenes]

Hmundongo, não acho que um repórter não possa escrever um livro sobre historia, alias que escreva assim como outras áreas também o façam, o que não concordo é que escrevam sem consultar um historiador, saber como é passamento de uma época, não só no caso de livros mas, novelas, filmes e outras produções de época. O interessante nesta regularização da profissão de historiador é o fato de só um profissional formado em História poder lecionar sobre História, já que é comum ver profissionais de outras áreas ( matemáticos, físicos, advogados ...) lecionando sem estarem preparados, levando este anacronismo a estudantes, a uma população que não da valor na História e por ai vai.O resultado disso é o que vemos hoje, o outro sintoma é quando se fala para alguém que vai faz faculdade de história duas coisas vem a mente desta pessoa, é um maconheiro ou vai morrer de fome

[Bourne]

Olhe bem.

Vemos o meu ex-orientador que tem graduação em teologia, mestrado em filosofia e doutorado em história econômica por Sorbonne. Acho que ele está mais qualificado para escrever um livro sobre história que alguém com graduação em história. Será que ele não pode escrever um livro sobre história? E a esposa dele é formada em letras e tem doutorado em comunicação (ou coisa parecida) pela Sorbonne. Hoje ela é uma importante docente do curso de jornalismo da UFPR. Não é jornalista formal, mas conhecimento dela sobre a área é maior que muito jornalista com diploma e tales.

O problema é que compartimentalizar demais as áreas prejudica pesquisas e disseminação do conhecimento. A maioria das universidades públicas no Brasil começa a seguir os exemplos da Europa e EUA e ampliar o leque da formação dos profissionais que atuam nas áreas. Na maioria dos concursos para docente vai aparecer como exigência "áreas afins" para doutorado ou graduação.

[Diorgenes]

Todos podem escrever sobre História, o que acho muito bom só assim os historiadores descem de seus pedestais, sou contra esta ideia de que só os historiados possam escrever sobre determinado tema, agora o que defendo e o que a regularização da profissão vai trazer de beneficio é que todos que quiserem escrever sobre historia procurem um orientador na areá, coisa que nem tinha que vir por força de lei, tenho um grande amigo e meu ex professor de medieval, que hoje ta na Sorbonne fazendo um pós- doutorado em teria das ideias, quando ele tava aqui em BSB ele também dava aula pra o curso de marketing.
Com esta regularização o grande beneficio vai ser nas escolas de nível básico e médio, onde ah um grande numero de professores de outras ares sem conhecimento em historia dando aula, reflexo disso pode ser notado quando se pergunta aos estudantes o que eles acham da matéria, quase todos vão responder que é só decorar datas e nomes.

[Hermes]

Quanto à exigência do curso de História para o ensino sou a favor, pois é uma coisa muito específica e comum em várias áreas, mas quanto ao assessoramento para a escrita de livros ou artigos, acho que será uma forma de censurar e encarecer a produção de outras pessoas, sem necessáriamente melhorar a qualidade. Creio que melhor caminho é que os hstoriadores escrevam mais e tenham maior qualidade em seus trabalhos de divulgação científica, assim, em vez de reclamarmos que outros escrevem mal sobre história, poderíamos tomar o mercado pela qualidade e não pela reserva de mercado.

[Hermes]

Sobre novelas, filmes e produções de época, realmente, salvo algumas poucas excessões, a preocupação com a fidelidade é muito pouca, mas também não creio que isso vá mudar, pois mesmo em Hollywood vemos muita besteira. Imagina o diretor de um filme ou novela querendo fazer uma cena de ação com uma metralhadora em uma produção sobre a Guerra do Paraguai; vai ser muito difícil o historiador convencê-lo de que elas ainda não existiam e que ficaria melhor colocar balas de metralha nos canhões. Se o diretor for acessível ele até muda a cena, mas a maioria não vão sequer ouvir a versão do historiador. Volto a bater na tecla, isso só vai mudar quando se divulgar mais a história feita por historiadores, mas sem reserva de mercado, pois quem vai passar a cobrar é o públco pagante que sairá do cinema falando mal do diretor ou irá trocar de canal (sei que isso é utopia, mas não custa sonhar).

[Bourne]

No mundo do cinema, televisão e jogos começaram a surgir gente nas últimas décadas que dão assessoria para melhor adequar as produções a realidade. Um exemplo recente é de um ex-sargento da SAS britânica chamado Andy McNab. Depois que ficou quase 20 anos no exército britânico desistiu de arranjar um emprego comum e foi ser escritor e consultor de filmes e games. Ele explica como segurar a arma, o realismo dos diálogos, a dinâmica dos tiroteios, as ações e tudo mais do mundo militar.

Para games e filmes com teor histórico eles possuem especialistas que vão orientar os produtores. Por exemplo, pega um game de segunda guerra como Medal Of Honor tem algumas pessoas o ambiente da época, como foram as batalhas e tudo mais. O objetivo e dar maior emersão ao jogador e fidelidade aos fatos.