Silva x Sonnen não foi a luta do século
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Sonnen não é um adversário digno de proporcionar a maior luta de todos os tempos contra a lenda do esporte, o brasileiro Anderson Silva
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O Brasil, como poucas vezes foi visto antes, parou em frente à TV (na Globo ou no Premier Combate) na madrugada do domingo, 8, para ver a “luta do século”, protagonizada entre o brasileiro Anderson Silva e o americano Chael Sonnen, pelo cinturão dos médios do UFC. Lamento dizer, mas esse não foi o maior combate de MMA dos últimos tempos.
Não que outra luta já tenha ocorrido para merecer tal título. É que ela ainda não aconteceu de fato. Poderia ser essa a grande luta — se Sonnen tivesse pelo menos 90% da técnica e do talento de Anderson.
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O que mais se poderia aproximar ao que seria a “luta do século”, é um não remoto confronto entre o canadense George Saint Pierre, campeão dos meio-médios do UFC, e Anderson Silva, o supercampeão dos médios. Sonnen, que é um atleta razoável, falou muito, provocou demais, caiu nas graças de Dana White, do show business e da mídia em geral. Criou-se um reboliço causado pela rivalidade e pelo primeiro encontro entre os dois, ocorrido em 2010, pela disputa do título, em que Sonnen dominou os cinco rounds e foi finalizado por Anderson nos últimos momentos da luta. Esse episódio fez com que a revanche servisse como um tira-teima, já que o americano foi o último oponente que teve chances reais de vencer Anderson.
Sonnen é um atleta bom, mas há anos-luz da excepcionalidade de Anderson. O whrestler (para os não iniciados, o lutador que domina o wrestling, modalidade que é luta olímpica) consegue imprimir um estilo de luta bastante agressivo, mas parece que ainda não se adaptou ao MMA moderno: não sabe impetrar uma compilação de técnicas de diferentes artes marciais como boxe, muay thai e jiu-jítsu. Essa última é tida como o tendão de aquiles de Sonnen. Ele já foi finalizado com triângulos aplicados pelo próprio Anderson, Demian Maia e Forrest Griffin, em um passado não muito distante.
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Na última luta contra Anderson, o americano parecia ter reencarnado o compatriota já aposentado Dan “The Beast” Servern (o notável wrestler finalizado por Royce Gracie na final do UFC 4). Sonnen começou o combate dominando, após levar Anderson ao chão com um double leg bem aplicado. O americano falastrão tentou ainda impor um técnico jogo de "ground and pound" contra o brasileiro. Mas, no segundo round, não conseguiu suportar a pressão do sensacional jogo em pé de Anderson.
Sonnen é só mais um wrestler anabolizado no UFC. É mais um lutador do mesmo cacife de outros americanos como Mark Coleman, Mark Kerr, Kevin Randleman, Dan Severn e Ken Shamrock. É só mais um “trash talker”, longe de ser uma lenda do esporte como Royce Gracie, o próprio Anderson Silva, George Saint Pierre ou Randy Couture. Definitivamente, essa não foi a maior luta de todos os tempos do UFC. Esperamos um dia, quem sabe, assistir combates verdadeiramente homéricos, protagonizados entre Anderson Silva X Saint Pierre, ou Joe Jones X Anderson Silva. Mesmo de categorias diferentes, lutas envolvendo esses atletas estão no imaginário dos fãs e entusiastas do MMA.
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O próximo desafio de Anderson Silva, provavelmente poderá ser contra o campeão dos médios do Bellator (evento de MMA análogo ao UFC) Hector Lombard, recém-contratado pelo UFC, campeão dos médios do Bellator (evento de MMA análogo ao UFC) Hector Lombard, recém-contratado pelo UFC, que terá a chance de disputar o cinturão da categoria se vencer o norte-americano Brian Stann em agosto. Estaremos de olho.
Fonte:
http://www.jornalopcao.com.br/colunas/r ... -do-seculo