Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 41
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Re: Dois Tu-160 pousam na Venezuela - SEIS HORAS a/p pag 27
Vamos aguardar mais uns dias para ver se a serenidade se mantém...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Dois Tu-160 pousam na Venezuela - SEIS HORAS a/p pag 27
SEIS HORAS - PARTE 35
No norte a batalha se encerrava. Sem apoio aéreo - destroçado pelos Super Tucanos - e cada vez mais acossados pela Infantaria de Selva, os invasores iam aos poucos se rendendo.
Ou morrendo, lutando até o último cartucho ou a última gota de sangue, o que acabasse primeiro.
O comandante da força americana tratou de retrair com os poucos que lhe restavam. Era-lhe insuportável atirar contra fantasmas, os Brasileiros não lutavam como os Árabes que ele já enfrentara, os FDPs mal se expunham, efetuavam um mísero disparo e desapareciam. Exasperante. Mais ainda porque volta e meia, após o dito disparo, um dos seus caía. Com os outros era diferente, se expunham ao atirar, chegando a ficar em pé no meio de uma rua disparando rajadas com suas AKs, até serem devidamente mortos.
Em dado momento, viu-se só com seu ajudante, um capitão, este já ferido no braço por um ricochete. Pela natureza do ferimento parecia "fogo amigo", um ricochete de FAL faria muito mais estrago. Sempre retraindo, foram se enfiando num matagal cada vez mais denso. Ali seria bem difícil para os inimigos os encontrarem. Acabaram ambos atrás de alguns troncos entrelaçados, o que restara da queda de uma árvore. Ele sabia que lá as raízes eram fracas, bastava um vendaval derrubar uma planta para que esta levasse várias consigo para o chão, num verdadeiro efeito-dominó. O capitão ergueu a cabeça para verificar as redondezas.
Ao mesmo tempo em que ouviu o estrondo, o coronel sentiu o jato de sangue e pedacinhos de crânio choverem sobre si. Mais essa: snipers. E agora estava só...
Uma das muitas coisas que não lhe haviam dito era que o CIGS, desde 2014, praticamente passara a fazer parte do 1º BIS, treinando-os diretamente, além dos cursos normais para sargentos e oficiais de outras unidades. E o CIGS fora inteiro para uma nova instalação, adjacente à do BIS. Tudo fora junto. A Sucuri, a onça...
E a onça Simba estava muito irritada com a quantidade de explosões que lhe feriam os sensíveis ouvidos. E, com aquela confusão toda, não fora alimentada. Fome, mais fome, cada vez mais, onde estava aquela carne sangrando que sempre os tratadores lhe traziam e pela qual os amava? Um estrondo ainda mais violento, o felino se contraiu de medo e raiva mas, olhando melhor...a porta da jaula fora praticamente arrancada! Então, em sua mente primitiva, a idéia: e se fosse buscar alimento por si própria? O instinto fez o resto.
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Reunido o grosso da força no lado argentino da fronteira, o Feldmarschall Einsamkeit deu ordens para avançar para Buenos Aires. Não havia como fazer isso por fonia, tal o ruído, então a mensagem era concisa, bem escrita e fácil de entender, como era o hábito do General de Divisão: "Avançar em força. Destruir qualquer oposição. Só deter ou retrair por ordem direta ou consentimento pessoal do CMT."
Não sabiam mas estavam a menos de 300 km de duas divisões americanas reforçadas por duas brigadas argentinas.
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- Walther, e aí?
- Uns três ou quatro dias para retornar ao Rio, senhor.
- E esse sujeito enlatado?
- Senhor, sei lá, nunca vi nada parecido a não ser em filme...
Observaram. O cavaleiro percorria o convoo calmamente, lança a uns 90º, olhando para lá e para cá. Havia baixado novamente a viseira do elmo, não tinha como compreender sua expressão nem saber exatamente para onde olhava ou o que pensava. Os tripulantes o olhavam com espanto mas, tão logo se voltava para eles, baixavam a cabeça e retornavam à sua faina.
"Ar de dono" - murmurou de si para si o CA Marino.
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Após o relatório da belíssima 98, o agente 47, que praticamente lhe bebera as palavras, fechou os olhos. "Chuck Norris, então é esse o alvo que tenho de pegar primeiro? Melhor saber bem quem ele é e do que é feito..." e colocou seu laptop sobre a mesa da sala. Abriu-o. A jovem o observava. Olhou-a e ergueu levemente a sobrancelha fina e negra. Ela notou:
- Acho que vou tomar um banho, se incomoda?
Ele nada disse. Apenas assentiu levemente com a cabeça calva. Ela seguiu para o banheiro. Fechou a porta - mas não trancou - despiu-se e ligou o chuveiro elétrico. A água era doce e morna, suave e reconfortante. Fazia-lhe carícias na pele. Imaginou aquele homem tão misterioso quanto famoso - entre os círculos certos, claro - ali com ela. O 47. Uma lenda e um verdadeiro asceta, segundo murmuravam. O que não teria para mostrar? Demonstrar? Diante de uma mulher que realmente o excitasse? Isso lhe incendiou a imaginação. Gemeu suavemente.
Então ouviu o leve rangido da porta do banheiro se abrindo. E ficou feliz. Mais do que em toda a sua curta vida de 22 anos.
Mas fora apenas uma leve rajada de vento que entreabrira a porta. Ao constatar finalmente, ela pensou: "se ele não tomar a iniciativa, bem..."
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Gabinete da Presidência - Brasília
- Presidente, assim não dá!
- Calma, Paisano, quer explicar?
- Presidente Orestes, mandamos dois bilhões ontem para o novo estado da Federação pagar dívidas e não param de chegar reclamações, nem um décimo disso chegou ao destino!!!
- Calma, homem. Você queria que Portugal fosse diferente de outro dos nossos outros estados?
- Francamente queria, sim!
- Não funciona desse jeito, Paisano. O que é do Estado e, portanto, de todos, passa a ser visto como de ninguém, justamente por, em sendo de todos, não ser de ninguém em especial...
- Mas o Sócas...
- Governador José Sócrates, por favor. Ele nos legitima lá, entenda, é o Libertador de Olivença. Espero que não tenha esquecido.
- E isso lhe dá o direito de roubar tão descaradamente?
- Roubar é uma palavra feia, caro Ministro...
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Simba sentia cheiro de sangue, quase podia lhe tomar o gosto. Percebia a direção. A fome intensa podia ser saciada. Bastava seguir a direção...
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Mensagem mundial via internet:
P44 avisa: a Verdadeira Jihad começou. Cada um por si. Allah-hu-Akhbar!
(continua..)
No norte a batalha se encerrava. Sem apoio aéreo - destroçado pelos Super Tucanos - e cada vez mais acossados pela Infantaria de Selva, os invasores iam aos poucos se rendendo.
Ou morrendo, lutando até o último cartucho ou a última gota de sangue, o que acabasse primeiro.
O comandante da força americana tratou de retrair com os poucos que lhe restavam. Era-lhe insuportável atirar contra fantasmas, os Brasileiros não lutavam como os Árabes que ele já enfrentara, os FDPs mal se expunham, efetuavam um mísero disparo e desapareciam. Exasperante. Mais ainda porque volta e meia, após o dito disparo, um dos seus caía. Com os outros era diferente, se expunham ao atirar, chegando a ficar em pé no meio de uma rua disparando rajadas com suas AKs, até serem devidamente mortos.
Em dado momento, viu-se só com seu ajudante, um capitão, este já ferido no braço por um ricochete. Pela natureza do ferimento parecia "fogo amigo", um ricochete de FAL faria muito mais estrago. Sempre retraindo, foram se enfiando num matagal cada vez mais denso. Ali seria bem difícil para os inimigos os encontrarem. Acabaram ambos atrás de alguns troncos entrelaçados, o que restara da queda de uma árvore. Ele sabia que lá as raízes eram fracas, bastava um vendaval derrubar uma planta para que esta levasse várias consigo para o chão, num verdadeiro efeito-dominó. O capitão ergueu a cabeça para verificar as redondezas.
Ao mesmo tempo em que ouviu o estrondo, o coronel sentiu o jato de sangue e pedacinhos de crânio choverem sobre si. Mais essa: snipers. E agora estava só...
Uma das muitas coisas que não lhe haviam dito era que o CIGS, desde 2014, praticamente passara a fazer parte do 1º BIS, treinando-os diretamente, além dos cursos normais para sargentos e oficiais de outras unidades. E o CIGS fora inteiro para uma nova instalação, adjacente à do BIS. Tudo fora junto. A Sucuri, a onça...
E a onça Simba estava muito irritada com a quantidade de explosões que lhe feriam os sensíveis ouvidos. E, com aquela confusão toda, não fora alimentada. Fome, mais fome, cada vez mais, onde estava aquela carne sangrando que sempre os tratadores lhe traziam e pela qual os amava? Um estrondo ainda mais violento, o felino se contraiu de medo e raiva mas, olhando melhor...a porta da jaula fora praticamente arrancada! Então, em sua mente primitiva, a idéia: e se fosse buscar alimento por si própria? O instinto fez o resto.
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Reunido o grosso da força no lado argentino da fronteira, o Feldmarschall Einsamkeit deu ordens para avançar para Buenos Aires. Não havia como fazer isso por fonia, tal o ruído, então a mensagem era concisa, bem escrita e fácil de entender, como era o hábito do General de Divisão: "Avançar em força. Destruir qualquer oposição. Só deter ou retrair por ordem direta ou consentimento pessoal do CMT."
Não sabiam mas estavam a menos de 300 km de duas divisões americanas reforçadas por duas brigadas argentinas.
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- Walther, e aí?
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- E esse sujeito enlatado?
- Senhor, sei lá, nunca vi nada parecido a não ser em filme...
Observaram. O cavaleiro percorria o convoo calmamente, lança a uns 90º, olhando para lá e para cá. Havia baixado novamente a viseira do elmo, não tinha como compreender sua expressão nem saber exatamente para onde olhava ou o que pensava. Os tripulantes o olhavam com espanto mas, tão logo se voltava para eles, baixavam a cabeça e retornavam à sua faina.
"Ar de dono" - murmurou de si para si o CA Marino.
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Após o relatório da belíssima 98, o agente 47, que praticamente lhe bebera as palavras, fechou os olhos. "Chuck Norris, então é esse o alvo que tenho de pegar primeiro? Melhor saber bem quem ele é e do que é feito..." e colocou seu laptop sobre a mesa da sala. Abriu-o. A jovem o observava. Olhou-a e ergueu levemente a sobrancelha fina e negra. Ela notou:
- Acho que vou tomar um banho, se incomoda?
Ele nada disse. Apenas assentiu levemente com a cabeça calva. Ela seguiu para o banheiro. Fechou a porta - mas não trancou - despiu-se e ligou o chuveiro elétrico. A água era doce e morna, suave e reconfortante. Fazia-lhe carícias na pele. Imaginou aquele homem tão misterioso quanto famoso - entre os círculos certos, claro - ali com ela. O 47. Uma lenda e um verdadeiro asceta, segundo murmuravam. O que não teria para mostrar? Demonstrar? Diante de uma mulher que realmente o excitasse? Isso lhe incendiou a imaginação. Gemeu suavemente.
Então ouviu o leve rangido da porta do banheiro se abrindo. E ficou feliz. Mais do que em toda a sua curta vida de 22 anos.
Mas fora apenas uma leve rajada de vento que entreabrira a porta. Ao constatar finalmente, ela pensou: "se ele não tomar a iniciativa, bem..."
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Vão aproveitando enquanto é de graça, tigrada, até o fim do ano vai estar pronto e talvez sair o que hoje chamo de "A Irmandade" e não vai ser de modo algum de graça nem e-book, mas papel...
(((Claro, o Autor sempre ganha uns exemplares FREE, com os quais presentearei os cupinchas...)))
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Túlio escreveu:
(((Claro, o Autor sempre ganha uns exemplares FREE, com os quais presentearei os cupinchas...)))
Quem tenho de matar?
Triste sina ter nascido português
-
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Re: Urgente!!!!!!!!!!! [EDIT] Dois Tu-160 pousam na Venezuel
Túlio escreveu:Aí, tigrada, dei uma parada na série porque estava até os olhos de serviço, mal dava para postar de vez em quando, POWS!!!
Saio de férias amanhã, daí vai dar para retomar, aliás uma parte do capítulo 23 já está escrita, ele será todo sobre o destino do São Paulo.
Um comentário: agradeço os elogios, eles cumpriram sua função, já estou bolando meu primeiro romance 'a sério', terá kôzaz em comum com o SEIS HORAS, como o personagem 'O Sniper' - fascinante pelos desenvolvimentos possíveis - e o que o terrível terrorista tuga P44 'Binla' quer fazer com as ogivas nucleares, por exemplo...
Mas eu pediria CRÍTICAS, tenho constatado erros, a gente aprende mais quando nos criticam do que quando nos elogiam. Temos aqui bastante gente afeita à LEITURA, gente que já leu e continua lendo kôza de primeira, por favor, DESÇAM O MALHO SEMPRE QUE PARECER QUE FIZ JOSTA, só irão me ajudar! Não esquentem, não sou birrento nem vou ficar magoadinho e parar a história, tá tri?
Valews!!!
Túlio, se eu entrar na história me coloca dentro de um submarino !!!!!
Editado pela última vez por WalterGaudério em Dom Jul 08, 2012 11:19 pm, em um total de 1 vez.
Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...
Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.
Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
SEIS HORAS - PARTE 36
O Feldmarschall Eins não viu quando o pequeno VANTC Harpia C (de Combate) passou quase que diretamente sobre sua cabeça a uma altitude de 20.000 pés, algo como seis km. Mas sabia que algumas unidades estariam por ali, o Brigadeiro Maicá lhe prometera, ainda em Santa Maria. A pequena aeronave a pistão de cauda dupla, eriçada de sensores e com um par de mísseis ar-ar IGLA-R (versão desenvolvida entre Brasil e Rússia, cujas principais características eram um motor mais potente e com menor emissão de fumaça e uma cabeça de busca por imagem termal, Refrigerada - daí o "R" - a nitrogênio líquido) cruzava a baixa velocidade em direção a uma das possíveis rotas da força mista americana-argentina com a missão do avaliar seu poderio, direção e velocidade de deslocamento. Eins não via aquelas pequenas aeronaves mas sabia que estavam lá, pois não havia nenhum '99 no TO (estavam todos no norte) e seu data-link estava sendo constantemente atualizado por meios que de modo algum poderiam ser terrestres. O BraSat-M na versão de espionagem também não podia ser, não produzia imagens com tal definição. Não, eram os "Falken" (falcões, como os chamava). Discutira com o Brigadeiro Maicá que, num primeiro momento, sugerira que fossem desarmados para otimizar a persistência no TO, o que o Feldmarschall achara uma heresia, um falcão sem capacidade de atacar; a seguir o Brigadeiro sugerira um par de mísseis AC MSS 3.2, para aproveitar alvos terrestres de oportunidade, o que levara Eins à indignação:
- Maicá, em terra pode deixar, eu e meus garotos podemos acabar com aquelas latas de lixo ambulantes deles sem qualquer ajuda, creia. - o Brigadeiro também havia oferecido um esquadrão de A-1M, polidamente recusados.
Então ficara assim, os Harpias (Falken, para Eins) levavam apenas um par de leves IGLAS-R, que proveriam sua própria defesa contra meios aéreos sem comprometer muito o alcance e persistência. Maicá ainda argumentara sobre a temeridade de se lançar ao ataque sem conhecer os meios de que o inimigo dispunha, principalmente aéreos. Eins apenas rira, ao responder:
- Meios aéreos? Todo mundo sabe que os americanos não trouxeram nem mesmo um helicóptero, por alguma razão lhes negaram apoio aéreo, talvez por acharem que iríamos concentrar tudo no norte o que, até onde sei, é verdade.
- Mas restam os argentinos, Eins...
- Eles? Meia dúzia de Mirages dos anos 70, uma de Skyhawks e outro tanto ou pouco mais de Pucarás. Hah! Você acha que essas velharias passam pela nossa Flak (era assim que o Feldmarschall se referia à AAAe)? Mas nem chegam perto, posso garantir. Se forem suficientemente doidos de voarem a menos de 100 km de nós vão direto pro chão, confie em mim.
E agora Eins sorria ao ser informado do abate de dois Skyhawks a cerca de 130 km pelos S-300 que davam proteção antiaérea de longa distância às suas forças. Não ficou tão feliz ao saber que um Predator também fora atingido mas, de certo modo, sabia que a presença deles no TO seria inevitável. Bem, contava com uma Flak muitíssimo melhor que a do inimigo...
O General Hopkins não estava gostando nada daquilo. Comandava uma força poderosa, mesmo para os padrões americanos, mas puramente terrestre. Nada de USAF arrasando o grosso das forças inimigas nem defendendo os céus acima dele, nada de helicópteros de ataque e transporte, nada de AC-130, tudo o que tinha no ar eram aquelas velharias dos argentinos e alguns Predators. Não era assim que se lutava uma guerra, ao menos não a maneira americana de fazê-lo. Pela primeira vez em bem mais de meio século uma força americana em avanço estava à mercê de um ataque aéreo. E o que tinham para enfrentar aeronaves inimigas, no caso os "bees" (era assim que chamavam os AMX) brasileiros, que podiam disparar com precisão armas guiadas a longa distância? Mísseis Stinger 2 e alguns sistemas Chaparral, velhíssimos, que disparavam as primeiras versões do míssil Sidewinder. Até os argentinos estavam melhor com seus igualmente velhos canhões geminados Oerlykon de 35 mm e alguns lançadores de mísseis Roland 2, tudo material dos anos 70 e ainda por cima rebocados, o que exigia um tempo de que não disporiam para entrarem em posição, se fossem atacados pelos malditos jatinhos brasileiros. Não, não estava gostando nada daquilo...
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O grande helicóptero, um AW-101VVIP, decolara fazia pouco mais de uma hora. O comandante, tendo por co-piloto um ex-militar altamente treinado pela aviação militar saudita, fizera uma grande curva a partir do ponto inicial, de modo a dirigir-se a seu destino parecendo vir de outro ponto. Os passageiros eram poucos para o tamanho e capacidade da aeronave: P44, aliás Bin Laden, com suas duas esposas favoritas, Cabeça de Martelo com uma lourinha sueca e um menino. Este, olhando pela ampla janela:
- Olha lá, tio Cabeça, que legal!
Os dois homens a bordo da cabine de passageiros olharam ao mesmo tempo. Seus semblantes endureceram.
Eram helicópteros militares americanos. Pelos rotores em tandem, pareciam Chinooks àquela distância. Dirigiam-se para sua residência, calculou P44. Perguntou a um dos dois pilotos e obteve confirmação, a rota que seguiam as aeronaves era aquela. À guisa de consolação, o co-piloto disse:
- Pode ser que passem direto ou estejam seguindo esta rota como disfarce para, mais adiante, virarem em direção a seu verdadeiro alvo.
P44 nada disse em resposta. Sentia que era sua casa o destino final daquelas aeronaves. Uma delas interrogou o comandante do voo (isso foi o que ele pensou, na verdade era um dos F-15SE que faziam a escolta da força de ataque e voavam muito mais alto), que respondeu em inglês se tratar de um voo de rotina para buscar um importante político marroquino em sua cidade natal. A informação era verificável, pois o político estava mesmo no local indicado, segundo a fonte da Al-Qaeda. O atentado contra ele se consumaria em menos de doze horas. Após alguns minutos, o piloto inimigo - que certamente verificou as informações dadas - chamou de volta e despediu-se com um lacônico "prossiga". O comandante do voo apenas sorriu de leve e bebeu um gole da garrafinha de Stolichnaya que carregava no bolso do peito da velha jaqueta de voo da FAB, que fazia questão de usar. "Que gente burra, POWS..." - murmurou.
Na traseira, o menino exclamava, entusiasmado:
- São dez, tio Cabeça, dez de uma vez só!
- Ó miúdo, que dizes? Contei nada menos de dezoito, pá!
Algo emburrado, o menino respondeu:
- É que só sei contar até dez...
Cabeça riu.
- Este puto é uma graça, não, meu sinhoire?
Mas P44 não sorriu, na verdade mal tinha ouvido a conversa. Pensava no que estava para acontecer. Seu chefe de segurança compreendeu e tentou animá-lo:
- Calma, meu sinhoire, pode ser o que o homem disse, eles podem estar apenas...
- Não tentes me enrolaire, ó raios! Sei para onde vão e o que pretendem fazeire, aliás, que irão fazeire!
Contrito, o segurança baixou a cabeça. Após alguns instante, tornou a a falar:
- Meu sinhoire, Alá sabe o que...
P44 explodiu:
- Queres paraire com essa conversa mole? Tens idéia do que é ficar viúvo setenta vezes ao mesmo tempo, pá?
Até o menino silenciou. As mulheres começaram a chorar, pois compreenderam do que ele falava, mesmo a jovem sueca. Falava de outras mulheres, que conheciam e que em breve iriam morrer.
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O coronel americano se embrenhou ainda mais no matagal. Era um homem enorme, daria um belo e apetitoso alvo para o sniper que abatera seu capitão. Precisava agora pensar em como sobreviver e escapar. Esta era a pior parte, estava, até onde sabia, a milhares de km da aeronave americana mais próxima. Vira seus helicópteros serem abatidos um a um, tanto os de transporte quanto os de ataque. Seus sentidos estavam aguçadíssimos, graças à adrenalina bombeada em suas veias. Foi quando, totalmente imóvel, ouviu um leve ruido atrás de si.
Simba seguira inicialmente o cheiro de sangue. Agora farejava algo vivo, o forte odor de suor. Mas não era o que conhecia, o dos homens que conhecia. Era como se houvesse gordura no ar. Nunca sentira um cheiro assim antes. E ele era bem apetitoso. Cautelosamente, foi em sua direção.
O coronel voltou-se lenta e silenciosamente em direção ao ruído que ouvira. Seria o maldito sniper? Bem, ele aguardaria que se movesse novamente e lhe daria algo de que nunca se esqueceria, ao menos não no seu último segundo de vida. Moveu bem devagar sua M-4, macabramente enfeitado com um escalpo humano (um afegão que abatera) bem na junção do cano com a telha, mais ou menos na direção do ruído, esperando que se repetisse.
Simba agora estava imóvel, a menos de seis metros da fonte do delicioso aroma, perfeitamente mesclada à vegetação circundante. Suas narinas se dilataram para desfrutar melhor do cheiro de sua próxima refeição, que estava meio de lado, olhando para um ponto acima, à sua esquerda. A onça de algum modo sabia que sua presa jamais teria oportunidade de se defender, tal a velocidade com que a atacaria. Então, impulsionada por seu instinto e pela fome que lhe roía as entranhas, lançou-se contra o homem de cheiro gostoso.
Na posição em que estava, era difícil mover-se sem produzir ruído. Ademais, era incômoda assim, meio de lado. Começou a mover-se lentamente, buscando produzir o mínimo de ruído ao tentar deitar-se de costas, mas sempre com os olhos e a arma varrendo a área de onde pensava ter vindo o ruído. Não se dá chance a um sniper.
Mas não estava absolutamente preparado para o que viu. No fim das contas, não era um sniper...
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O agente 47 esperou até ouvir o ruído do chuveiro sendo acionado. Então sim, posicionou os dedos sobre o teclado de modo a digitar por simples pressão, de modo a sequer ser possível a algum ouvinte ou microfone nem mesmo saber quantos caracteres digitara. Em instantes, estava logado e conectado ao principal banco de dados da Organização. Primeiramente - segurança nunca é perda de tempo - checou os assentamentos na ficha da agente 98. 22 anos mas com aparência e vocabulário de inofensiva adolescente. Fluente em seis idiomas. Expert em armas leves e combate corpo a corpo. Jamais sua competência ou lealdade à Organização fora sequer questionada. Isso era importante, sabia como aqueles padres eram desconfiados, paranóicos mesmo. A mais leve dúvida já causara mortes de operadores antes. Concluiu que ela era confiável. Bem, até certo ponto, claro. Ele tinha seus próprios critérios e eram bem mais rigorosos que os da Organização. Um dos padres já pagara discretamente com a vida por uma frase dita à pessoa errada, no lugar errado.
Então passou a outro ponto da database. Chuck Norris. O que leu, um longo dossiê, o preocupou como nunca antes: o homem era praticamente indestrutível, à prova de morte. Bem, diziam mais ou menos isso de John Rambo também e não lhe custara mais do que quatro dias de paciente espera e um projétil .338 Lapua Match para acabar com a lenda. Mas havia o relatório de 98. Um disparo de 5,7 mm na têmpora e mais dezenove distribuídos pelo tórax e abdômen. E mesmo assim conseguira acordar e matar o agente 17, que fora seu instrutor em sniping, o homem sabia tudo o que se podia saber sobre seu trabalho e mesmo assim fora abatido daquele jeito, com uma mísera mini-Uzi. Não, não era um caso a ser abordado de modo convencional. Tinha que escavar mais, achar algo que pudesse usar contra aquele homem. Nem ouviu o chuveiro ser desligado, tão concentrado estava. Havia achado algo. Sempre encontrava, era questão de saber procurar. Só então sentiu o perfume e ouviu a voz às suas costas:
- John Kirby? Quem é esse?
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A bordo do São Paulo algo estranho ocorria, como se já não bastassem todos os estranhos acontecimentos até então. O cavaleiro desmontara e retirara o elmo. Bastava aproximar-se de um marujo e este imediatamente se ajoelhava, cabeça e olhos baixos. Grupos inteiros faziam isso. O Comandante Marino estava atônito:
- O que diabos é isso agora, Ciclone?
O imediato Walther respondeu, com ar vago:
- O senhor sabe como é a marujada, não há nada mais supersticioso. Estão achando que é uma espécie de santo ou algo assim. Pelo menos é o que eu acho. O fato é que a gente se sente meio esquisito perto do homem, se ele olha nos olhos, então...
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
98 vestia apenas um roupão de saída de banho. Tinha a mão em seu ombro. Seu perfume era delicioso. Aquele corpo jovem, duro e macio nas partes certas. 47 até esqueceu de fechar o laptop. Isso por apenas um segundo, claro. Fechou-o então, voltou-se e a olhou nos olhos:
- O que deseja?
Ela nada disse. Apenas deixou cair o roupão. Um milhão de palavras não teriam tido tanta eloquência.
Pois não havia nada por baixo. Exceto o mais belo e desejável corpo que 47 já vira em seus 30 anos.
O Feldmarschall Eins não viu quando o pequeno VANTC Harpia C (de Combate) passou quase que diretamente sobre sua cabeça a uma altitude de 20.000 pés, algo como seis km. Mas sabia que algumas unidades estariam por ali, o Brigadeiro Maicá lhe prometera, ainda em Santa Maria. A pequena aeronave a pistão de cauda dupla, eriçada de sensores e com um par de mísseis ar-ar IGLA-R (versão desenvolvida entre Brasil e Rússia, cujas principais características eram um motor mais potente e com menor emissão de fumaça e uma cabeça de busca por imagem termal, Refrigerada - daí o "R" - a nitrogênio líquido) cruzava a baixa velocidade em direção a uma das possíveis rotas da força mista americana-argentina com a missão do avaliar seu poderio, direção e velocidade de deslocamento. Eins não via aquelas pequenas aeronaves mas sabia que estavam lá, pois não havia nenhum '99 no TO (estavam todos no norte) e seu data-link estava sendo constantemente atualizado por meios que de modo algum poderiam ser terrestres. O BraSat-M na versão de espionagem também não podia ser, não produzia imagens com tal definição. Não, eram os "Falken" (falcões, como os chamava). Discutira com o Brigadeiro Maicá que, num primeiro momento, sugerira que fossem desarmados para otimizar a persistência no TO, o que o Feldmarschall achara uma heresia, um falcão sem capacidade de atacar; a seguir o Brigadeiro sugerira um par de mísseis AC MSS 3.2, para aproveitar alvos terrestres de oportunidade, o que levara Eins à indignação:
- Maicá, em terra pode deixar, eu e meus garotos podemos acabar com aquelas latas de lixo ambulantes deles sem qualquer ajuda, creia. - o Brigadeiro também havia oferecido um esquadrão de A-1M, polidamente recusados.
Então ficara assim, os Harpias (Falken, para Eins) levavam apenas um par de leves IGLAS-R, que proveriam sua própria defesa contra meios aéreos sem comprometer muito o alcance e persistência. Maicá ainda argumentara sobre a temeridade de se lançar ao ataque sem conhecer os meios de que o inimigo dispunha, principalmente aéreos. Eins apenas rira, ao responder:
- Meios aéreos? Todo mundo sabe que os americanos não trouxeram nem mesmo um helicóptero, por alguma razão lhes negaram apoio aéreo, talvez por acharem que iríamos concentrar tudo no norte o que, até onde sei, é verdade.
- Mas restam os argentinos, Eins...
- Eles? Meia dúzia de Mirages dos anos 70, uma de Skyhawks e outro tanto ou pouco mais de Pucarás. Hah! Você acha que essas velharias passam pela nossa Flak (era assim que o Feldmarschall se referia à AAAe)? Mas nem chegam perto, posso garantir. Se forem suficientemente doidos de voarem a menos de 100 km de nós vão direto pro chão, confie em mim.
E agora Eins sorria ao ser informado do abate de dois Skyhawks a cerca de 130 km pelos S-300 que davam proteção antiaérea de longa distância às suas forças. Não ficou tão feliz ao saber que um Predator também fora atingido mas, de certo modo, sabia que a presença deles no TO seria inevitável. Bem, contava com uma Flak muitíssimo melhor que a do inimigo...
O General Hopkins não estava gostando nada daquilo. Comandava uma força poderosa, mesmo para os padrões americanos, mas puramente terrestre. Nada de USAF arrasando o grosso das forças inimigas nem defendendo os céus acima dele, nada de helicópteros de ataque e transporte, nada de AC-130, tudo o que tinha no ar eram aquelas velharias dos argentinos e alguns Predators. Não era assim que se lutava uma guerra, ao menos não a maneira americana de fazê-lo. Pela primeira vez em bem mais de meio século uma força americana em avanço estava à mercê de um ataque aéreo. E o que tinham para enfrentar aeronaves inimigas, no caso os "bees" (era assim que chamavam os AMX) brasileiros, que podiam disparar com precisão armas guiadas a longa distância? Mísseis Stinger 2 e alguns sistemas Chaparral, velhíssimos, que disparavam as primeiras versões do míssil Sidewinder. Até os argentinos estavam melhor com seus igualmente velhos canhões geminados Oerlykon de 35 mm e alguns lançadores de mísseis Roland 2, tudo material dos anos 70 e ainda por cima rebocados, o que exigia um tempo de que não disporiam para entrarem em posição, se fossem atacados pelos malditos jatinhos brasileiros. Não, não estava gostando nada daquilo...
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O grande helicóptero, um AW-101VVIP, decolara fazia pouco mais de uma hora. O comandante, tendo por co-piloto um ex-militar altamente treinado pela aviação militar saudita, fizera uma grande curva a partir do ponto inicial, de modo a dirigir-se a seu destino parecendo vir de outro ponto. Os passageiros eram poucos para o tamanho e capacidade da aeronave: P44, aliás Bin Laden, com suas duas esposas favoritas, Cabeça de Martelo com uma lourinha sueca e um menino. Este, olhando pela ampla janela:
- Olha lá, tio Cabeça, que legal!
Os dois homens a bordo da cabine de passageiros olharam ao mesmo tempo. Seus semblantes endureceram.
Eram helicópteros militares americanos. Pelos rotores em tandem, pareciam Chinooks àquela distância. Dirigiam-se para sua residência, calculou P44. Perguntou a um dos dois pilotos e obteve confirmação, a rota que seguiam as aeronaves era aquela. À guisa de consolação, o co-piloto disse:
- Pode ser que passem direto ou estejam seguindo esta rota como disfarce para, mais adiante, virarem em direção a seu verdadeiro alvo.
P44 nada disse em resposta. Sentia que era sua casa o destino final daquelas aeronaves. Uma delas interrogou o comandante do voo (isso foi o que ele pensou, na verdade era um dos F-15SE que faziam a escolta da força de ataque e voavam muito mais alto), que respondeu em inglês se tratar de um voo de rotina para buscar um importante político marroquino em sua cidade natal. A informação era verificável, pois o político estava mesmo no local indicado, segundo a fonte da Al-Qaeda. O atentado contra ele se consumaria em menos de doze horas. Após alguns minutos, o piloto inimigo - que certamente verificou as informações dadas - chamou de volta e despediu-se com um lacônico "prossiga". O comandante do voo apenas sorriu de leve e bebeu um gole da garrafinha de Stolichnaya que carregava no bolso do peito da velha jaqueta de voo da FAB, que fazia questão de usar. "Que gente burra, POWS..." - murmurou.
Na traseira, o menino exclamava, entusiasmado:
- São dez, tio Cabeça, dez de uma vez só!
- Ó miúdo, que dizes? Contei nada menos de dezoito, pá!
Algo emburrado, o menino respondeu:
- É que só sei contar até dez...
Cabeça riu.
- Este puto é uma graça, não, meu sinhoire?
Mas P44 não sorriu, na verdade mal tinha ouvido a conversa. Pensava no que estava para acontecer. Seu chefe de segurança compreendeu e tentou animá-lo:
- Calma, meu sinhoire, pode ser o que o homem disse, eles podem estar apenas...
- Não tentes me enrolaire, ó raios! Sei para onde vão e o que pretendem fazeire, aliás, que irão fazeire!
Contrito, o segurança baixou a cabeça. Após alguns instante, tornou a a falar:
- Meu sinhoire, Alá sabe o que...
P44 explodiu:
- Queres paraire com essa conversa mole? Tens idéia do que é ficar viúvo setenta vezes ao mesmo tempo, pá?
Até o menino silenciou. As mulheres começaram a chorar, pois compreenderam do que ele falava, mesmo a jovem sueca. Falava de outras mulheres, que conheciam e que em breve iriam morrer.
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O coronel americano se embrenhou ainda mais no matagal. Era um homem enorme, daria um belo e apetitoso alvo para o sniper que abatera seu capitão. Precisava agora pensar em como sobreviver e escapar. Esta era a pior parte, estava, até onde sabia, a milhares de km da aeronave americana mais próxima. Vira seus helicópteros serem abatidos um a um, tanto os de transporte quanto os de ataque. Seus sentidos estavam aguçadíssimos, graças à adrenalina bombeada em suas veias. Foi quando, totalmente imóvel, ouviu um leve ruido atrás de si.
Simba seguira inicialmente o cheiro de sangue. Agora farejava algo vivo, o forte odor de suor. Mas não era o que conhecia, o dos homens que conhecia. Era como se houvesse gordura no ar. Nunca sentira um cheiro assim antes. E ele era bem apetitoso. Cautelosamente, foi em sua direção.
O coronel voltou-se lenta e silenciosamente em direção ao ruído que ouvira. Seria o maldito sniper? Bem, ele aguardaria que se movesse novamente e lhe daria algo de que nunca se esqueceria, ao menos não no seu último segundo de vida. Moveu bem devagar sua M-4, macabramente enfeitado com um escalpo humano (um afegão que abatera) bem na junção do cano com a telha, mais ou menos na direção do ruído, esperando que se repetisse.
Simba agora estava imóvel, a menos de seis metros da fonte do delicioso aroma, perfeitamente mesclada à vegetação circundante. Suas narinas se dilataram para desfrutar melhor do cheiro de sua próxima refeição, que estava meio de lado, olhando para um ponto acima, à sua esquerda. A onça de algum modo sabia que sua presa jamais teria oportunidade de se defender, tal a velocidade com que a atacaria. Então, impulsionada por seu instinto e pela fome que lhe roía as entranhas, lançou-se contra o homem de cheiro gostoso.
Na posição em que estava, era difícil mover-se sem produzir ruído. Ademais, era incômoda assim, meio de lado. Começou a mover-se lentamente, buscando produzir o mínimo de ruído ao tentar deitar-se de costas, mas sempre com os olhos e a arma varrendo a área de onde pensava ter vindo o ruído. Não se dá chance a um sniper.
Mas não estava absolutamente preparado para o que viu. No fim das contas, não era um sniper...
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O agente 47 esperou até ouvir o ruído do chuveiro sendo acionado. Então sim, posicionou os dedos sobre o teclado de modo a digitar por simples pressão, de modo a sequer ser possível a algum ouvinte ou microfone nem mesmo saber quantos caracteres digitara. Em instantes, estava logado e conectado ao principal banco de dados da Organização. Primeiramente - segurança nunca é perda de tempo - checou os assentamentos na ficha da agente 98. 22 anos mas com aparência e vocabulário de inofensiva adolescente. Fluente em seis idiomas. Expert em armas leves e combate corpo a corpo. Jamais sua competência ou lealdade à Organização fora sequer questionada. Isso era importante, sabia como aqueles padres eram desconfiados, paranóicos mesmo. A mais leve dúvida já causara mortes de operadores antes. Concluiu que ela era confiável. Bem, até certo ponto, claro. Ele tinha seus próprios critérios e eram bem mais rigorosos que os da Organização. Um dos padres já pagara discretamente com a vida por uma frase dita à pessoa errada, no lugar errado.
Então passou a outro ponto da database. Chuck Norris. O que leu, um longo dossiê, o preocupou como nunca antes: o homem era praticamente indestrutível, à prova de morte. Bem, diziam mais ou menos isso de John Rambo também e não lhe custara mais do que quatro dias de paciente espera e um projétil .338 Lapua Match para acabar com a lenda. Mas havia o relatório de 98. Um disparo de 5,7 mm na têmpora e mais dezenove distribuídos pelo tórax e abdômen. E mesmo assim conseguira acordar e matar o agente 17, que fora seu instrutor em sniping, o homem sabia tudo o que se podia saber sobre seu trabalho e mesmo assim fora abatido daquele jeito, com uma mísera mini-Uzi. Não, não era um caso a ser abordado de modo convencional. Tinha que escavar mais, achar algo que pudesse usar contra aquele homem. Nem ouviu o chuveiro ser desligado, tão concentrado estava. Havia achado algo. Sempre encontrava, era questão de saber procurar. Só então sentiu o perfume e ouviu a voz às suas costas:
- John Kirby? Quem é esse?
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A bordo do São Paulo algo estranho ocorria, como se já não bastassem todos os estranhos acontecimentos até então. O cavaleiro desmontara e retirara o elmo. Bastava aproximar-se de um marujo e este imediatamente se ajoelhava, cabeça e olhos baixos. Grupos inteiros faziam isso. O Comandante Marino estava atônito:
- O que diabos é isso agora, Ciclone?
O imediato Walther respondeu, com ar vago:
- O senhor sabe como é a marujada, não há nada mais supersticioso. Estão achando que é uma espécie de santo ou algo assim. Pelo menos é o que eu acho. O fato é que a gente se sente meio esquisito perto do homem, se ele olha nos olhos, então...
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98 vestia apenas um roupão de saída de banho. Tinha a mão em seu ombro. Seu perfume era delicioso. Aquele corpo jovem, duro e macio nas partes certas. 47 até esqueceu de fechar o laptop. Isso por apenas um segundo, claro. Fechou-o então, voltou-se e a olhou nos olhos:
- O que deseja?
Ela nada disse. Apenas deixou cair o roupão. Um milhão de palavras não teriam tido tanta eloquência.
Pois não havia nada por baixo. Exceto o mais belo e desejável corpo que 47 já vira em seus 30 anos.
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Pobre Pzito..... não se faz isso ao harém de um óme
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Deve ser sodas ficar viúvo 70 vezes ao mesmo tempo...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Por outro lado o trabalho de repor um "plantel" destes não deixa de ter seus atrativos... .Túlio escreveu:Deve ser sodas ficar viúvo 70 vezes ao mesmo tempo...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
O Prepe/Binla que decida, amanhã tem mais, já estou na metade...
PS.: e o teu livro, hôme véio? Já estou economizando (com o que juntei até agora mais a desistência de um carro novo e meu 13º vai dar legal) para lançar e distribuir os primeiros mil exemplares do meu mesmo sem editora - se for o caso - e vai ser bem tri...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Estou avançando, devagar mas avançando.Túlio escreveu:O Prepe/Binla que decida, amanhã tem mais, já estou na metade...
PS.: e o teu livro, hôme véio? Já estou economizando (com o que juntei até agora mais a desistência de um carro novo e meu 13º vai dar legal) para lançar e distribuir os primeiros mil exemplares do meu mesmo sem editora - se for o caso - e vai ser bem tri...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Tá sodas, a parte 37 está inteiramente pronta e tenho que aguentar até amanhã ao final da tarde para postar, que diabos (eu me impus isso, nada com o DB, viagem minha, deve ser)...
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
SEIS HORAS - PARTE 37
O presidente Orestes não conseguia conciliar o sono. A seu lado sua esposa roncava suavemente. Invejou-a pela facilidade em se desprender dos problemas do dia a dia e dormir o sono dos justos. "Justos", murmurou no escuro do quarto. Acaso não era um deles? Que injustiças praticara, afinal? Não era ele o melhor presidente que conseguia ser, seu índice de popularidade não alcançava e mesmo ultrapassava o histórico nível de 90%? Nove entre dez brasileiros consideravam seu governo bom, muito bom ou ótimo e na maioria estavam decididos a votar em sua reeleição! Estava pronto a responder mesmo diante de Deus sobre todos os atos de seu governo. Em completa paz consigo mesmo. Então, por que não conseguia dormir?
Levantou-se. Não ia dar para dormir mesmo, melhor umas doses de conhaque, a bebida tinha o condão de deixá-lo sonolento, bem sabia. Foi até a sala e serviu-se de uma dose. Tomou um pequeno gole, bochechou, ativando as papilas gustativas e então finalmente engoliu. Era seu ritual pessoal, uma forma de avisar ao corpo que "lá vai chumbo". Sorriu para a câmera que o vigiava e ergueu silenciosamente o copo para alguém do Serviço Secreto do outro lado. Ainda com o copo na mão apanhou a garrafa e se dirigiu à sua poltrona favorita. Sentou-se. E as memórias o assaltaram.
Quatro anos atrás era apenas um governador em fim de mandato de Minas Gerais. Sua gestão não fora particularmente brilhante, apenas comum, "matar um leão por dia", como costumava dizer. A única coisa que o distinguia dos seus pares em outros estados era a absoluta ausência de escândalos no Executivo estadual, embora os houvesse e até em certa abundância nos outros dois poderes. Então recebera aqueles dois visitantes. Ele os conhecia a ambos mas não haviam sequer avisado, simplesmente chegaram. E ele, cortês como sempre, os recebera.
Era um senador nordestino e um deputado federal catarinense. O que eles tinham a lhe propor mudaria sua vida para sempre, bem como o próprio país. Mas disso ele não sabia, não ainda...
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O pátio central do 1º BIS estava lotado de homens em uniforme de camuflagem, todos sentados e com as mãos na cabeça, atentamente vigiados por outros com fuzis e semblantes nada amistosos. Muitos dos homens sentados (tanto quanto seus vigilantes) usavam bandagens e ataduras, outros estavam sendo atendidos por paramédicos ali mesmo.
Em seu gabinete, o Coronel Jauro reunira seu Estado Maior. Faltava um, o major Fraga, ferido no peito com um disparo de M-4. Não havia muita esperança de que sobrevivesse mas o médicos estavam tentando o que podiam. O coronel indagou:
- Como está a contagem?
Adiantou-se o major Santos:
- Meu coronel, até agora recuperamos dezessete mortos nossos e noventa e seis deles. Do nosso lado há oitenta e três feridos, onze internados em estado grave, inclusive o major Fraga. Do deles, cento e setenta e dois feridos, oitenta e nove internados. O total de prisioneiros até agora chega a mais de trezentos e continua subindo, à medida que as patrulhas pegam os desgarrados. Mas deve haver mais mortos e feridos de ambos os lados, vamos levar uns dias para ter um quadro mais completo, até agora mais de cinquenta dos nossos não responderam à chamada...
- Algum foco de resistência ainda?
- Não senhor, no máximo alguns deles devem estar por aí, tentando escapar, como falei. Vão acabar todos pegos ou mortos, cedo ou tarde, não há como algum ianque escapar daqui.
O major Alves intrometeu-se:
- Falar em escapar, senhor, a Simba escapou. Aparentemente sua jaula foi aberta por alguma explosão e ela aproveitou para picar a mula. Não vimos sinal de sangue, logo, ferida pelo menos não está...
- Já enviou algum grupo de busca?
- Na verdade dois, senhor. Mais gente será perigoso, com todo esse furdunço ela...
- Sei, deve estar bem assustado o bichinho, pode atacar se não reconhecer quem se aproximar.
- Exato, senhor. Só mandei gente que ela conhece e sob o comando de um tratador. Tive de remover um tenente para outra função, pois se recusava a ser comandado por um cabo...
- Muito bom, Alves. - dirigiu-se então a todos:
- Senhores, estamos de parabéns. Repelimos com grande sucesso uma invasão à Pátria. É hora de pensar nos nossos garotos. Além das condecorações e citações que virão, o que podemos fazer agora para lhes mostrar nosso contentamento?
Respondeu o tenente-coronel Matheus:
- O senhor me desculpe mas só consigo pensar em uma coisa...
- E o que é?
- Acho que o senhor não vai gostar da idéia. - E a expôs. O coronel pensou. Então disse:
- Aprovado. Achem um jeito de trancar todos esses ianques e os ponham sob guarda de todos os praças e oficiais crentes que acharem. Depois peguem uns caminhões e me arrebanhem tudo quanto for p*ta e cachaça que estiverem de bobeira em Manaus e tragam para cá. Eles merecem, se portaram de um modo que encheria de orgulho o próprio peito de Caxias. - depois completou: Viva o Brasil! - todos repetiram a saudação. Sabiam que ele estava muito feliz pelo resultado do combate.
E pelas estrelas de General que o aguardavam também, claro.
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A poderosa força do Feldmarschall Einsamkeit avançava. Sem seu conhecimento - não dá para saber tudo, de modo algum - uma motocicleta que os seguia fora detectada, enquadrada e devidamente espantada com uma rajada de MAG disparada por um jipe Marruá que protegia a retaguarda. Não sabiam mas haviam cortado a única fonte de HUMINT (inteligência humana) que havia restado ao general inimigo. O homem da motocicleta, ainda a pé, havia contado as VTRs que haviam cruzado a ponte e e reportado como "tanques, caminhões e jipes", de acordo com o meio de tração e o tamanho. Não era um operador especializado, assim, carros de combate, transporte e obuseiros autopropulsados lhe pareciam os mesmos e assim também reportava caminhões de transporte e lançadores de foguetes ASTROS (bem como seus remuniciadores) como a mesma coisa. Quando acabaram de passar, montara na moto e passara a segui-los. Não era mais possível, após ser visto e ter levado uma rajada de advertência...
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O capitão Netto conduzia o Harpia C 1513 (o que significava que o ano de incorporação era 2015 e era a décima terceira unidade a ser incorporada naquele ano) sem dar chance ao piloto automático, aeromodelista fanático que era. Tinha consigo dois sargentos-especialistas, encarregados dos sensores. Em dado momento falou, enquanto um dos sargentos repassava dados às forças de terra:
- Peraí, tem uma coisa voando na nossa altitude...
Ele ainda não sabia mas iria participar do primeiro combate aéreo entre drones da história.
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Ele jamais tivera um nome, apenas 47. Supunha que ela também. Sua surpresa chegou ao auge ao ouvir, naquela voz tão ciciada quão perfumada:
- Sei que você deve apenas me considerar um número mas eu me chamo Carla. Vamos escolher um nome para você?
Olhou-o longamente. Ao final, pareceu decidir:
- Você tem cara de Patrick. Que acha?
Ele pensou "parece coisa de veado" e retrucou, entrando no jogo:
- Que tal...Timothy? (à falta do que dizer)
- Tim? Parece bacana... - e, inteiramente nua, o seu segundo braço segurou o outro ombro do agente 47. Ele era praticamente a morte em pessoa. Ela parecia não se importar. Nem um pouco, também não era nenhuma santa...
Ainda mais atrevida, montou em seu colo:
- Tim, você me acha feia ou desagradável por alguma razão?
Ele não sabia o que pensar. Mas tinha a desagradável idéia de que ela estava atrapalhando sua missão. Durante aquele sensual diálogo ele deveria estar procurando a localização de John Kirby. Enquanto não o localizasse aquela deliciosa jovem era agora o alvo número um para nada menos que Chuck Norris.
Mas ele estava no hospital com duas dezenas de projéteis no corpo.
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O ataque da onça foi perfeito. O homenzarrão deitado chegou a disparar sua arma mas errou. No instante seguinte, as patas dianteiras do felino pousavam pesadamente em seu largo peito. Mas não ficaram paradas ali, as longas e afiadas unhas se esticaram e as patas vieram descendo, rasgando roupas e carne, vertendo sangue, repuxando costelas. Mais um instante e suas presas estavam cravadas no ombro do homem, mordendo e dilacerando.
O último pensamento do coronel James Homer Custer foi para um seu longínquo antepassado, derrotado por índios Sioux comandados por um guerreiro chamado Cavalo Doido. O que ele pensaria sobre um descendente derrotado por um simples animal selvagem?
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E no convoo do São Paulo, já com terra à vista, novo espanto do Comandante Marino: O homem de armadura dizia algo a vários marujos, parecia ser algum tipo de discurso. Todos ouviam de joelhos e cabeça baixa.
Entre eles, seu imediato.
O presidente Orestes não conseguia conciliar o sono. A seu lado sua esposa roncava suavemente. Invejou-a pela facilidade em se desprender dos problemas do dia a dia e dormir o sono dos justos. "Justos", murmurou no escuro do quarto. Acaso não era um deles? Que injustiças praticara, afinal? Não era ele o melhor presidente que conseguia ser, seu índice de popularidade não alcançava e mesmo ultrapassava o histórico nível de 90%? Nove entre dez brasileiros consideravam seu governo bom, muito bom ou ótimo e na maioria estavam decididos a votar em sua reeleição! Estava pronto a responder mesmo diante de Deus sobre todos os atos de seu governo. Em completa paz consigo mesmo. Então, por que não conseguia dormir?
Levantou-se. Não ia dar para dormir mesmo, melhor umas doses de conhaque, a bebida tinha o condão de deixá-lo sonolento, bem sabia. Foi até a sala e serviu-se de uma dose. Tomou um pequeno gole, bochechou, ativando as papilas gustativas e então finalmente engoliu. Era seu ritual pessoal, uma forma de avisar ao corpo que "lá vai chumbo". Sorriu para a câmera que o vigiava e ergueu silenciosamente o copo para alguém do Serviço Secreto do outro lado. Ainda com o copo na mão apanhou a garrafa e se dirigiu à sua poltrona favorita. Sentou-se. E as memórias o assaltaram.
Quatro anos atrás era apenas um governador em fim de mandato de Minas Gerais. Sua gestão não fora particularmente brilhante, apenas comum, "matar um leão por dia", como costumava dizer. A única coisa que o distinguia dos seus pares em outros estados era a absoluta ausência de escândalos no Executivo estadual, embora os houvesse e até em certa abundância nos outros dois poderes. Então recebera aqueles dois visitantes. Ele os conhecia a ambos mas não haviam sequer avisado, simplesmente chegaram. E ele, cortês como sempre, os recebera.
Era um senador nordestino e um deputado federal catarinense. O que eles tinham a lhe propor mudaria sua vida para sempre, bem como o próprio país. Mas disso ele não sabia, não ainda...
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O pátio central do 1º BIS estava lotado de homens em uniforme de camuflagem, todos sentados e com as mãos na cabeça, atentamente vigiados por outros com fuzis e semblantes nada amistosos. Muitos dos homens sentados (tanto quanto seus vigilantes) usavam bandagens e ataduras, outros estavam sendo atendidos por paramédicos ali mesmo.
Em seu gabinete, o Coronel Jauro reunira seu Estado Maior. Faltava um, o major Fraga, ferido no peito com um disparo de M-4. Não havia muita esperança de que sobrevivesse mas o médicos estavam tentando o que podiam. O coronel indagou:
- Como está a contagem?
Adiantou-se o major Santos:
- Meu coronel, até agora recuperamos dezessete mortos nossos e noventa e seis deles. Do nosso lado há oitenta e três feridos, onze internados em estado grave, inclusive o major Fraga. Do deles, cento e setenta e dois feridos, oitenta e nove internados. O total de prisioneiros até agora chega a mais de trezentos e continua subindo, à medida que as patrulhas pegam os desgarrados. Mas deve haver mais mortos e feridos de ambos os lados, vamos levar uns dias para ter um quadro mais completo, até agora mais de cinquenta dos nossos não responderam à chamada...
- Algum foco de resistência ainda?
- Não senhor, no máximo alguns deles devem estar por aí, tentando escapar, como falei. Vão acabar todos pegos ou mortos, cedo ou tarde, não há como algum ianque escapar daqui.
O major Alves intrometeu-se:
- Falar em escapar, senhor, a Simba escapou. Aparentemente sua jaula foi aberta por alguma explosão e ela aproveitou para picar a mula. Não vimos sinal de sangue, logo, ferida pelo menos não está...
- Já enviou algum grupo de busca?
- Na verdade dois, senhor. Mais gente será perigoso, com todo esse furdunço ela...
- Sei, deve estar bem assustado o bichinho, pode atacar se não reconhecer quem se aproximar.
- Exato, senhor. Só mandei gente que ela conhece e sob o comando de um tratador. Tive de remover um tenente para outra função, pois se recusava a ser comandado por um cabo...
- Muito bom, Alves. - dirigiu-se então a todos:
- Senhores, estamos de parabéns. Repelimos com grande sucesso uma invasão à Pátria. É hora de pensar nos nossos garotos. Além das condecorações e citações que virão, o que podemos fazer agora para lhes mostrar nosso contentamento?
Respondeu o tenente-coronel Matheus:
- O senhor me desculpe mas só consigo pensar em uma coisa...
- E o que é?
- Acho que o senhor não vai gostar da idéia. - E a expôs. O coronel pensou. Então disse:
- Aprovado. Achem um jeito de trancar todos esses ianques e os ponham sob guarda de todos os praças e oficiais crentes que acharem. Depois peguem uns caminhões e me arrebanhem tudo quanto for p*ta e cachaça que estiverem de bobeira em Manaus e tragam para cá. Eles merecem, se portaram de um modo que encheria de orgulho o próprio peito de Caxias. - depois completou: Viva o Brasil! - todos repetiram a saudação. Sabiam que ele estava muito feliz pelo resultado do combate.
E pelas estrelas de General que o aguardavam também, claro.
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A poderosa força do Feldmarschall Einsamkeit avançava. Sem seu conhecimento - não dá para saber tudo, de modo algum - uma motocicleta que os seguia fora detectada, enquadrada e devidamente espantada com uma rajada de MAG disparada por um jipe Marruá que protegia a retaguarda. Não sabiam mas haviam cortado a única fonte de HUMINT (inteligência humana) que havia restado ao general inimigo. O homem da motocicleta, ainda a pé, havia contado as VTRs que haviam cruzado a ponte e e reportado como "tanques, caminhões e jipes", de acordo com o meio de tração e o tamanho. Não era um operador especializado, assim, carros de combate, transporte e obuseiros autopropulsados lhe pareciam os mesmos e assim também reportava caminhões de transporte e lançadores de foguetes ASTROS (bem como seus remuniciadores) como a mesma coisa. Quando acabaram de passar, montara na moto e passara a segui-los. Não era mais possível, após ser visto e ter levado uma rajada de advertência...
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O capitão Netto conduzia o Harpia C 1513 (o que significava que o ano de incorporação era 2015 e era a décima terceira unidade a ser incorporada naquele ano) sem dar chance ao piloto automático, aeromodelista fanático que era. Tinha consigo dois sargentos-especialistas, encarregados dos sensores. Em dado momento falou, enquanto um dos sargentos repassava dados às forças de terra:
- Peraí, tem uma coisa voando na nossa altitude...
Ele ainda não sabia mas iria participar do primeiro combate aéreo entre drones da história.
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Ele jamais tivera um nome, apenas 47. Supunha que ela também. Sua surpresa chegou ao auge ao ouvir, naquela voz tão ciciada quão perfumada:
- Sei que você deve apenas me considerar um número mas eu me chamo Carla. Vamos escolher um nome para você?
Olhou-o longamente. Ao final, pareceu decidir:
- Você tem cara de Patrick. Que acha?
Ele pensou "parece coisa de veado" e retrucou, entrando no jogo:
- Que tal...Timothy? (à falta do que dizer)
- Tim? Parece bacana... - e, inteiramente nua, o seu segundo braço segurou o outro ombro do agente 47. Ele era praticamente a morte em pessoa. Ela parecia não se importar. Nem um pouco, também não era nenhuma santa...
Ainda mais atrevida, montou em seu colo:
- Tim, você me acha feia ou desagradável por alguma razão?
Ele não sabia o que pensar. Mas tinha a desagradável idéia de que ela estava atrapalhando sua missão. Durante aquele sensual diálogo ele deveria estar procurando a localização de John Kirby. Enquanto não o localizasse aquela deliciosa jovem era agora o alvo número um para nada menos que Chuck Norris.
Mas ele estava no hospital com duas dezenas de projéteis no corpo.
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O ataque da onça foi perfeito. O homenzarrão deitado chegou a disparar sua arma mas errou. No instante seguinte, as patas dianteiras do felino pousavam pesadamente em seu largo peito. Mas não ficaram paradas ali, as longas e afiadas unhas se esticaram e as patas vieram descendo, rasgando roupas e carne, vertendo sangue, repuxando costelas. Mais um instante e suas presas estavam cravadas no ombro do homem, mordendo e dilacerando.
O último pensamento do coronel James Homer Custer foi para um seu longínquo antepassado, derrotado por índios Sioux comandados por um guerreiro chamado Cavalo Doido. O que ele pensaria sobre um descendente derrotado por um simples animal selvagem?
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E no convoo do São Paulo, já com terra à vista, novo espanto do Comandante Marino: O homem de armadura dizia algo a vários marujos, parecia ser algum tipo de discurso. Todos ouviam de joelhos e cabeça baixa.
Entre eles, seu imediato.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
- Everson Garcia
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Re: Tu-160 - ROMANCE SEIS HORAS a/p pg 27 já na parte 35
Muito bom mesmo Tulio!!!!!!!!!!!!!Túlio escreveu:Vão aproveitando enquanto é de graça, tigrada, até o fim do ano vai estar pronto e talvez sair o que hoje chamo de "A Irmandade" e não vai ser de modo algum de graça nem e-book, mas papel...
(((Claro, o Autor sempre ganha uns exemplares FREE, com os quais presentearei os cupinchas...)))
Parábens!!!!!!!!
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