Guerra por água
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Guerra por água
Ásia corre o risco de ver deflagrada uma guerra da água
Planos da China de usar rios que nascem no Tibete alarmam os países vizinhos
CESAR BAIMA
Publicado:
15/05/12 - 7h42
Atualizado:
15/05/12 - 7h42
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Tibetana é vista junto ao Rio Tsangpo, nome dado ao Brahmaputra perto de sua nascente, no Planalto do Tibete
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RIO - Atravessando o planalto do Tibete, cinco grandes rios — Indus, Brahmaputra, Irrawaddy, Salween e Mekong — carregam a água das geleiras dos Himalaias e das monções que abastece 1,3 bilhão de pessoas em vários países do Sudeste da Ásia. Agora, no entanto, este fornecimento está ameaçado pelos planos da China e de outros países da região de construir usinas, barragens e desvios em seu curso, o que pode gerar o primeiro grande conflito mundial em torno deste recurso cada vez mais escasso. A luta pelo controle desta verdadeira “caixa d'água” continental teve seu primeiro contragolpe desferido pela Índia, onde a Suprema Corte do país ordenou no mês passado o início dos trabalhos para a construção de canais que vão interligar os principais rios indianos. No centro do projeto está uma estrutura de 400 quilômetros de extensão que vai desviar a água do Brahmaputra para o Ganges, visando a irrigar terras cultiváveis sedentas a cerca de mil quilômetros ao Sul.
A decisão indiana é uma reação aos planos chineses de construir barragens e desviar o Brahmaputra, um dos últimos grandes rios do mundo ainda sem modificações no seu trajeto pelo homem, mais acima no seu curso, no Tibete. No Cânion de Tsangpo, o governo da China pretende levantar duas gigantescas hidrelétricas, cada uma gerando mais do dobro da energia da usina de Três Gargantas, no Yangtsé, atualmente a maior do mundo. Além disso, ainda mais alto no curso do Brahmaputra, os chineses querem criar um desvio que levaria até 40% de seu fluxo para as planícies do Norte do país.
O choque entre os projetos de China e Índia — duas potências nucleares —, no entanto, deve fazer uma vítima ainda mais vulnerável: Bangladesh. O país depende do Brahmaputra para conseguir dois terços de toda água que consome, grande parte usada para a irrigação dos campos de arroz durante a longa estação seca da região. Com o fluxo do rio desviado e reduzido, cerca de 20 milhões de agricultores de Bangladesh podem ver suas plantações, e eles próprios, morrerem de sede.
- No caso do Ganges-Brahmaputra, já existem barragens como a de Farakka, construída pela India, que trouxe impactos reduzindo áreas úmidas (pântanos) em Bangladesh - lembra Benedito Braga, professor de de Engenharia Civil e Ambiental da USP e vice-presidente do Conselho Mundial de Água. - Mas não acredito que veremos um choque armado entre países por causa disso. Iniciativas como a comissão multilateral para gestão da bacia do Rio Mekong e a South Asian Association of Regional Cooperation (Saarc), fundada em 1985 com representantes do Butão, India, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka, mas infelizmente sem a presença da China, mostram que há maior potencial para colaboração do que para conflito no caso da gestão das águas.
Controle chinês sobre o Planalto Tibetano faz dos vizinhos reféns
Até recentemente, a China havia focado a construção de suas usinas em rios que correm dentro do país. Mas, diante da explosão na demanda por eletricidade devido ao forte crescimento econômico, os chineses começaram a se voltar para os rios transnacionais. Nos últimos anos, o país já construiu uma série de barragens em afluentes do Brahmaputra e a primeira no curso principal do rio, a Usina de Zangmu, orçada em US$ 1 bilhão, deverá estar pronta em 2014. Depois, será a vez das obras no Cânion de Tsangpo, onde seriam instaladas as usinas gigantes de Motuo (38 gigawatts) e Daduqia (42 gigawatts). Para ser ter uma ideia do tamanho destas barragens, a usina das Três Gargantas, atualmente a maior do mundo, tem capacidade instalada de 22,5 gigawatts, enquanto Itaipu pode gerar até 14 gigawatts.
Mas a China não está de olho só na água dos rios tibetanos que fluem para Índia e Bangladesh. Suas ambições também preocupam outros países vizinhos. Outro atrito recente envolve a barragem de Myitsone, que os chineses estão construindo no Rio Irrawaddy, no Norte de Mianmar. Há três anos, a junta militar que governava o país aprovou a construção, embora 90% da energia que vai ser gerada na usina de 6 gigawatts será exportada para a China. No fim do ano passado, porém, o governo militar de Mianmar suspendeu as obras depois que dezenas de pessoas morreram em choques entre a polícia e moradores locais, cujas vilas serão inundadas pelo reservatório.
A confusa situação política em Mianmar deixa em dúvidas o destino das usinas de Myitsone e 12 outras planejadas pelos chineses na região — seis no Rio Irrawaddy e seis no Rio Salween. Muitas das barragens estão em áreas remotas designadas Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas por seus ecossistemas únicos de florestas e água doce. Depois que a construção da usina Myitsone foi paralisada, veio a público um relatório ambiental de 900 páginas encomendado pela própria China desaconselhando as obras da barragem pelo perigo de inundação dos ecossistemas listados pela ONU.
Já o impacto do projeto indiano de desviar o Brahmaputra para alimentar o Ganges foi avaliado por Edward Barbier, da Universidade do Wyoming, nos EUA, e Anik Bhaduri, do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água em Nova Déli. Eles alertam que uma redução de 10% a 20% no fluxo do rio poderia deixar secas grandes áreas em Bangladesh. Além disso, com um fluxo menor de água doce, a água salgada da Baía de Bengala invadiria boa parte do delta do rio, causando uma verdadeira catástrofe ambiental.
A melhor prova de que as usinas podem provocar danos ecológicos graves está ali perto, no Rio Mekong, onde a construção de barragens pela China está mais adiantada. Até agora, o país já levantou quatro das oito hidrelétricas que pretende instalar no rio. Estas barragens capturam o fluxo de água das monções e o liberam durante a estação seca. O governo chinês argumenta que, ao regular o fluxo do rio, elas são benéficas, mas há três anos o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alertou que o fim do pulso natural de inundação e seca é uma “ameaça considerável” aos ecossistemas na parte baixa do rio. No estudo para o Pnuma, Ky Quang Vinh, do Centro Vietnamita de Observação dos recursos Naturais e Meio Ambiente, mostrou que um pulso mais fraco faria a água salgada do Mar do Sul da China invadir mais de 70 quilômetros adentro do delta do Mekong, destruindo grandes extensões de plantações de arroz na principal região de produção do segundo maior exportador mundial do cereal.
A luta pela água dos Himalaias está acirrada, mas muitos especialistas argumentam que o aproveitamento do potencial hidrelétrico da região é fundamental se o mundo quiser que países como a China e a Índia alimentem suas crescentes economias com fontes de energia de baixa emissão de carbono. Numa região onde o abastecimento de água já está no limite, no entanto, a disputa pelo recurso pode acirrar os ânimos. A China foi um dos países que votou contra proposta de tratado da ONU para regulamentar o aproveitamento de rios transnacionais, deixando seus vizinhos praticamente como reféns de seus projetos.
- Na verdade, esta resolução sobre usos não navegáveis de rios transfronteiriços está para ser ratificada desde 1997 - lembra Benedito Braga. - Há 15 anos, portanto, o sistema das Nações Unidas não consegue colocar em prática esta proposta de regular o aproveitamento pelos países dos rios que correm além das suas fronteiras políticas.
Braga destaca ainda que o próprio Brasil, Turquia, EUA, Israel e Áustria, entre outros países, são contra os termos da proposta da ONU por entenderem que ela interfere com o princípio da soberania dos Estados.
- A perspectiva para solução desta questão seria o conceito moderno de compartilhar os benefícios advindos da gestão racional e integrada dos recursos hídricos das bacias transfronteiriças e não simplesmente compartilhar a água - defende. - Um exemplo típico disso é o aproveitamento hidrelétrico de Itaipu, onde Brasil e Paraguai dividem a energia gerada na bacia do Rio Paraná.
Planos da China de usar rios que nascem no Tibete alarmam os países vizinhos
CESAR BAIMA
Publicado:
15/05/12 - 7h42
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15/05/12 - 7h42
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Tibetana é vista junto ao Rio Tsangpo, nome dado ao Brahmaputra perto de sua nascente, no Planalto do Tibete
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RIO - Atravessando o planalto do Tibete, cinco grandes rios — Indus, Brahmaputra, Irrawaddy, Salween e Mekong — carregam a água das geleiras dos Himalaias e das monções que abastece 1,3 bilhão de pessoas em vários países do Sudeste da Ásia. Agora, no entanto, este fornecimento está ameaçado pelos planos da China e de outros países da região de construir usinas, barragens e desvios em seu curso, o que pode gerar o primeiro grande conflito mundial em torno deste recurso cada vez mais escasso. A luta pelo controle desta verdadeira “caixa d'água” continental teve seu primeiro contragolpe desferido pela Índia, onde a Suprema Corte do país ordenou no mês passado o início dos trabalhos para a construção de canais que vão interligar os principais rios indianos. No centro do projeto está uma estrutura de 400 quilômetros de extensão que vai desviar a água do Brahmaputra para o Ganges, visando a irrigar terras cultiváveis sedentas a cerca de mil quilômetros ao Sul.
A decisão indiana é uma reação aos planos chineses de construir barragens e desviar o Brahmaputra, um dos últimos grandes rios do mundo ainda sem modificações no seu trajeto pelo homem, mais acima no seu curso, no Tibete. No Cânion de Tsangpo, o governo da China pretende levantar duas gigantescas hidrelétricas, cada uma gerando mais do dobro da energia da usina de Três Gargantas, no Yangtsé, atualmente a maior do mundo. Além disso, ainda mais alto no curso do Brahmaputra, os chineses querem criar um desvio que levaria até 40% de seu fluxo para as planícies do Norte do país.
O choque entre os projetos de China e Índia — duas potências nucleares —, no entanto, deve fazer uma vítima ainda mais vulnerável: Bangladesh. O país depende do Brahmaputra para conseguir dois terços de toda água que consome, grande parte usada para a irrigação dos campos de arroz durante a longa estação seca da região. Com o fluxo do rio desviado e reduzido, cerca de 20 milhões de agricultores de Bangladesh podem ver suas plantações, e eles próprios, morrerem de sede.
- No caso do Ganges-Brahmaputra, já existem barragens como a de Farakka, construída pela India, que trouxe impactos reduzindo áreas úmidas (pântanos) em Bangladesh - lembra Benedito Braga, professor de de Engenharia Civil e Ambiental da USP e vice-presidente do Conselho Mundial de Água. - Mas não acredito que veremos um choque armado entre países por causa disso. Iniciativas como a comissão multilateral para gestão da bacia do Rio Mekong e a South Asian Association of Regional Cooperation (Saarc), fundada em 1985 com representantes do Butão, India, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka, mas infelizmente sem a presença da China, mostram que há maior potencial para colaboração do que para conflito no caso da gestão das águas.
Controle chinês sobre o Planalto Tibetano faz dos vizinhos reféns
Até recentemente, a China havia focado a construção de suas usinas em rios que correm dentro do país. Mas, diante da explosão na demanda por eletricidade devido ao forte crescimento econômico, os chineses começaram a se voltar para os rios transnacionais. Nos últimos anos, o país já construiu uma série de barragens em afluentes do Brahmaputra e a primeira no curso principal do rio, a Usina de Zangmu, orçada em US$ 1 bilhão, deverá estar pronta em 2014. Depois, será a vez das obras no Cânion de Tsangpo, onde seriam instaladas as usinas gigantes de Motuo (38 gigawatts) e Daduqia (42 gigawatts). Para ser ter uma ideia do tamanho destas barragens, a usina das Três Gargantas, atualmente a maior do mundo, tem capacidade instalada de 22,5 gigawatts, enquanto Itaipu pode gerar até 14 gigawatts.
Mas a China não está de olho só na água dos rios tibetanos que fluem para Índia e Bangladesh. Suas ambições também preocupam outros países vizinhos. Outro atrito recente envolve a barragem de Myitsone, que os chineses estão construindo no Rio Irrawaddy, no Norte de Mianmar. Há três anos, a junta militar que governava o país aprovou a construção, embora 90% da energia que vai ser gerada na usina de 6 gigawatts será exportada para a China. No fim do ano passado, porém, o governo militar de Mianmar suspendeu as obras depois que dezenas de pessoas morreram em choques entre a polícia e moradores locais, cujas vilas serão inundadas pelo reservatório.
A confusa situação política em Mianmar deixa em dúvidas o destino das usinas de Myitsone e 12 outras planejadas pelos chineses na região — seis no Rio Irrawaddy e seis no Rio Salween. Muitas das barragens estão em áreas remotas designadas Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas por seus ecossistemas únicos de florestas e água doce. Depois que a construção da usina Myitsone foi paralisada, veio a público um relatório ambiental de 900 páginas encomendado pela própria China desaconselhando as obras da barragem pelo perigo de inundação dos ecossistemas listados pela ONU.
Já o impacto do projeto indiano de desviar o Brahmaputra para alimentar o Ganges foi avaliado por Edward Barbier, da Universidade do Wyoming, nos EUA, e Anik Bhaduri, do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água em Nova Déli. Eles alertam que uma redução de 10% a 20% no fluxo do rio poderia deixar secas grandes áreas em Bangladesh. Além disso, com um fluxo menor de água doce, a água salgada da Baía de Bengala invadiria boa parte do delta do rio, causando uma verdadeira catástrofe ambiental.
A melhor prova de que as usinas podem provocar danos ecológicos graves está ali perto, no Rio Mekong, onde a construção de barragens pela China está mais adiantada. Até agora, o país já levantou quatro das oito hidrelétricas que pretende instalar no rio. Estas barragens capturam o fluxo de água das monções e o liberam durante a estação seca. O governo chinês argumenta que, ao regular o fluxo do rio, elas são benéficas, mas há três anos o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alertou que o fim do pulso natural de inundação e seca é uma “ameaça considerável” aos ecossistemas na parte baixa do rio. No estudo para o Pnuma, Ky Quang Vinh, do Centro Vietnamita de Observação dos recursos Naturais e Meio Ambiente, mostrou que um pulso mais fraco faria a água salgada do Mar do Sul da China invadir mais de 70 quilômetros adentro do delta do Mekong, destruindo grandes extensões de plantações de arroz na principal região de produção do segundo maior exportador mundial do cereal.
A luta pela água dos Himalaias está acirrada, mas muitos especialistas argumentam que o aproveitamento do potencial hidrelétrico da região é fundamental se o mundo quiser que países como a China e a Índia alimentem suas crescentes economias com fontes de energia de baixa emissão de carbono. Numa região onde o abastecimento de água já está no limite, no entanto, a disputa pelo recurso pode acirrar os ânimos. A China foi um dos países que votou contra proposta de tratado da ONU para regulamentar o aproveitamento de rios transnacionais, deixando seus vizinhos praticamente como reféns de seus projetos.
- Na verdade, esta resolução sobre usos não navegáveis de rios transfronteiriços está para ser ratificada desde 1997 - lembra Benedito Braga. - Há 15 anos, portanto, o sistema das Nações Unidas não consegue colocar em prática esta proposta de regular o aproveitamento pelos países dos rios que correm além das suas fronteiras políticas.
Braga destaca ainda que o próprio Brasil, Turquia, EUA, Israel e Áustria, entre outros países, são contra os termos da proposta da ONU por entenderem que ela interfere com o princípio da soberania dos Estados.
- A perspectiva para solução desta questão seria o conceito moderno de compartilhar os benefícios advindos da gestão racional e integrada dos recursos hídricos das bacias transfronteiriças e não simplesmente compartilhar a água - defende. - Um exemplo típico disso é o aproveitamento hidrelétrico de Itaipu, onde Brasil e Paraguai dividem a energia gerada na bacia do Rio Paraná.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: Guerra por água
Não vai acontecer nada pode apostar, se as nascentes estão dentro do territorio chinês quero quem vai peitar os chinese e duvido que os EUA se intrometam.
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Re: Guerra por água
Eu acho ainda que vai acontecer uma tensão entre Índia e China, e olha lá se não sobrar para Rússia tomar partido... Mas os EUA, não tem nada a ver com a questão, e dificilmente vão dar mais do que declarações públicas simples.FoxHound escreveu:Não vai acontecer nada pode apostar, se as nascentes estão dentro do territorio chinês quero quem vai peitar os chinese e duvido que os EUA se intrometam.
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- rodrigo
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Re: Guerra por água
E o que é que os EUA tem com isso? Eles vão é querer vender água para os dois lados.duvido que os EUA se intrometam.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: Guerra por água
rodrigo escreveu:E o que é que os EUA tem com isso? Eles vão é querer vender água para os dois lados.duvido que os EUA se intrometam.
E ainda lucrar com os copos que a negada vai usar pra beber.
- augustoviana75
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Re: Guerra por água
rodrigo escreveu:E o que é que os EUA tem com isso? Eles vão é querer vender água para os dois lados.duvido que os EUA se intrometam.
E como já tem muitos especialistas que dizem que a "água não pode ser tratada como commodity", acredito que haverá problemas de necessidade de projeção de força sim.
( http://www.fiocruz.br/omsambiental/medi ... o_agua.pdf )
- rodrigo
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Re: Guerra por água
O Brasil e os EUA são dois países com reservas suficientes de água para todas as suas necessidades durante muito tempo ainda. Estamos atrasados nas políticas, educação e conservação desses meios, principalmente em relação aos americanos e europeus. Mas conflitos ocorrerão nos locais onde o abastecimento será precário a curto prazo, como nas regiões onde a água é escassa, como o Oriente Médio, ou insuficiente para superpopulações, como Índia e China.E como já tem muitos especialistas que dizem que a "água não pode ser tratada como commodity", acredito que haverá problemas de necessidade de projeção de força sim.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
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Re: Guerra por água
Tratamento de água vira investimento para o futuro
21/08/2012
Iúlia Ponomareva, The Moscow Times
Apesar de economia russa estar fundamentada no petróleo, outro recurso nacional está se tornando cada vez mais precioso para a população mundial. As taxas globais de consumo de água aumentaram seis vezes ao longo do último e devem dobrar até 2050.
À medida que a demanda e o consumo de água aumentam e suas reservas entram em declínio, a Rússia torna-se cada vez mais importante no cenário mundial. Mas, embora possua um quarto de deve escapar da escassez de água no futuro, dizem os especialistas.
Os relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação apontam que quase um bilhão de pessoas ao redor do mundo não têm acesso à água potável, e 700 milhões em 43 países enfrentam escassez de água, número que deve chegar até os 3 bilhões de pessoas em 2025.
A principal razão pela qual a Rússia não deve ser exceção é a geografia do país. Enquanto 80% da população vive a oeste dos Urais, aproximadamente 80% do volume de água doce do país está concentrado no lago Baikal, na Sibéria, na Rússia Oriental.
“A água doce está distribuída de forma bastante desigual pelo país”, explica Aleksandr Katkov, chefe da Associação Russa de Água, em entrevista à revista Ecolife. “Apenas 8% do estoque de água fluvial da Rússia está localizado na porção europeia do país.”
Além disso, enquanto três dos principais rios da Rússia – Volga, Don e Dnieper – correm do norte para o sul, fornecendo água para o maior centro populacional do país, a maioria dos outros rios fluem em sentido norte rumo ao Oceano Ártico, através de regiões inadequadas para agricultura sustentável.
Durante as secas, somente dois terços da demanda de água na região sul do país são atendidas, segundo relatórios do Instituto de Problemas de Água, da Academia de Ciências da Rússia.
Apesar da tentativa de irrigação na Ásia Central durante os anos 1970, os projetos foram abandonados na década seguinte devido à falta de financiamento e às preocupações ambientais.
Baixo investimento
Víktor Danilov-Danilian, diretor da empresa Projetos Internacionais de Água (IWP, na sigla em inglês) , acredita que o principal desafio é assegurar gestão e controle de qualidade da água adequados, bem como aumentar a responsabilidade pelo desperdício e poluição.
O investimento em tratamento de água na Rússia representa apenas 0,2% do capital aplicado na produção industrial, cinco vezes menor do que os índices mundiais.
Paralelamente, o consumo de água por unidade de PIB na Rússia é o dobro dos Estados Unidos e o triplo da Alemanha.
“O maior problema de nosso sistema de gestão de água são as enormes perdas no setor interno”, escreveu Danilov-Danilian em um relatório de 2010. “Até 65% da tubulação está desgastada, dos quais um terço em estado crítico, elevando o índice anual de vazamento a 3,26 bilhões de toneladas.”
A qualidade das tubulações é usada pelas autoridades como justificativa para cortes anuais de água quente, em virtude dos constantes testes e consertos realizados.
Poluição e segurança
Todos os anos, mais de 10 milhões de toneladas de poluentes são despejados nas águas da Rússia. No total, 62 bilhões de toneladas de água são desperdiçadas, uma vez que 17,7 bilhões de toneladas são despejadas em rios e lagos sem tratamento prévio.
“Como não existe um sistema nacional de controle de qualidade da água, apenas presume-se que essa água está sendo tratada”, completa Danilov-Danilian. Segundo o especialista, um terço das águas de torneira inspecionadas em todo o país apresenta qualidade inferior aos padrões mínimos.
No final dos anos 1980, o principal agente poluidor era a agricultura. Hoje, os grandes vilões são o uso industrial e o consumo doméstico.
A utilização de fertilizantes diminuiu após a queda da União Soviética, reduzindo o vazamento químico. No entanto, a infraestrutura industrial e doméstica não passam por manutenção há anos. Além disso, os financiamentos recebidos pelas estações de tratamento de água são insuficientes.
Abastecimento seguro em Moscou
A capital russa parece um refúgio seguro, entretanto. Iúri Gontchar, diretor-geral do Centro de Teste e Controle de Água Potável, que analisa cerca de 100 amostras por mês, diz que é absolutamente seguro beber água da torneira na cidade e que os rios e lagos locais são apropriados para o nado.
“A água que corre para a cidade vindo do norte tem a mesma qualidade da água que sai pelo sul”, diz Gontchar. “As pessoas podem bebê-la – a concentração de produtos químicos é mantida dentro dos limites de exposição ocupacional."
As técnicas ultrapassadas de tratamento apresentam, contudo, seus riscos. A grande maioria das estações de tratamento na Rússia utilizam cloro no processo.
Essa substância pode formar componentes cancerígenos, tais como clorofórmio, na reação com compostos orgânicos.
“Cinco anos atrás colocamos sondas aquáticas em diversas cidades ao longo do rio Volkhov [no noroeste da Rússia] e descobrimos que as concentrações de clorofórmio eram cerca de 10 vezes mais altas do que o permitido”, afirmou Gontchar. “Beber essa água por um longo período de tempo pode aumentar os riscos de desenvolver câncer.”
Novos tratamentos
Uma nova tecnologia de tratamento está sendo usada em Moscou e em São Petersburgo desde o início dos anos 2000.
Em 2009, São Petersburgo tornou-se a primeira cidade no mundo a abandonar o cloro no tratamento de água, substituindo-o pela luz ultravioleta.
A qualidade da água aumentou principalmente em cidades grandes, mas é difícil controlar em áreas menos povoadas.
Quando, em 2005, uma fábrica chinesa espalhou 100 toneladas de nitrobenzeno tóxico no rio Songhua, um afluente do Amur, a Rússia não conseguiu determinar a extensão dos danos.
Como havia apenas três estações de monitoramento no Amur, os dados foram insuficientes para entrar com uma ação judicial contra a companhia chinesa.
http://gazetarussa.com.br/articles/2012 ... 15267.html
21/08/2012
Iúlia Ponomareva, The Moscow Times
Apesar de economia russa estar fundamentada no petróleo, outro recurso nacional está se tornando cada vez mais precioso para a população mundial. As taxas globais de consumo de água aumentaram seis vezes ao longo do último e devem dobrar até 2050.
À medida que a demanda e o consumo de água aumentam e suas reservas entram em declínio, a Rússia torna-se cada vez mais importante no cenário mundial. Mas, embora possua um quarto de deve escapar da escassez de água no futuro, dizem os especialistas.
Os relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação apontam que quase um bilhão de pessoas ao redor do mundo não têm acesso à água potável, e 700 milhões em 43 países enfrentam escassez de água, número que deve chegar até os 3 bilhões de pessoas em 2025.
A principal razão pela qual a Rússia não deve ser exceção é a geografia do país. Enquanto 80% da população vive a oeste dos Urais, aproximadamente 80% do volume de água doce do país está concentrado no lago Baikal, na Sibéria, na Rússia Oriental.
“A água doce está distribuída de forma bastante desigual pelo país”, explica Aleksandr Katkov, chefe da Associação Russa de Água, em entrevista à revista Ecolife. “Apenas 8% do estoque de água fluvial da Rússia está localizado na porção europeia do país.”
Além disso, enquanto três dos principais rios da Rússia – Volga, Don e Dnieper – correm do norte para o sul, fornecendo água para o maior centro populacional do país, a maioria dos outros rios fluem em sentido norte rumo ao Oceano Ártico, através de regiões inadequadas para agricultura sustentável.
Durante as secas, somente dois terços da demanda de água na região sul do país são atendidas, segundo relatórios do Instituto de Problemas de Água, da Academia de Ciências da Rússia.
Apesar da tentativa de irrigação na Ásia Central durante os anos 1970, os projetos foram abandonados na década seguinte devido à falta de financiamento e às preocupações ambientais.
Baixo investimento
Víktor Danilov-Danilian, diretor da empresa Projetos Internacionais de Água (IWP, na sigla em inglês) , acredita que o principal desafio é assegurar gestão e controle de qualidade da água adequados, bem como aumentar a responsabilidade pelo desperdício e poluição.
O investimento em tratamento de água na Rússia representa apenas 0,2% do capital aplicado na produção industrial, cinco vezes menor do que os índices mundiais.
Paralelamente, o consumo de água por unidade de PIB na Rússia é o dobro dos Estados Unidos e o triplo da Alemanha.
“O maior problema de nosso sistema de gestão de água são as enormes perdas no setor interno”, escreveu Danilov-Danilian em um relatório de 2010. “Até 65% da tubulação está desgastada, dos quais um terço em estado crítico, elevando o índice anual de vazamento a 3,26 bilhões de toneladas.”
A qualidade das tubulações é usada pelas autoridades como justificativa para cortes anuais de água quente, em virtude dos constantes testes e consertos realizados.
Poluição e segurança
Todos os anos, mais de 10 milhões de toneladas de poluentes são despejados nas águas da Rússia. No total, 62 bilhões de toneladas de água são desperdiçadas, uma vez que 17,7 bilhões de toneladas são despejadas em rios e lagos sem tratamento prévio.
“Como não existe um sistema nacional de controle de qualidade da água, apenas presume-se que essa água está sendo tratada”, completa Danilov-Danilian. Segundo o especialista, um terço das águas de torneira inspecionadas em todo o país apresenta qualidade inferior aos padrões mínimos.
No final dos anos 1980, o principal agente poluidor era a agricultura. Hoje, os grandes vilões são o uso industrial e o consumo doméstico.
A utilização de fertilizantes diminuiu após a queda da União Soviética, reduzindo o vazamento químico. No entanto, a infraestrutura industrial e doméstica não passam por manutenção há anos. Além disso, os financiamentos recebidos pelas estações de tratamento de água são insuficientes.
Abastecimento seguro em Moscou
A capital russa parece um refúgio seguro, entretanto. Iúri Gontchar, diretor-geral do Centro de Teste e Controle de Água Potável, que analisa cerca de 100 amostras por mês, diz que é absolutamente seguro beber água da torneira na cidade e que os rios e lagos locais são apropriados para o nado.
“A água que corre para a cidade vindo do norte tem a mesma qualidade da água que sai pelo sul”, diz Gontchar. “As pessoas podem bebê-la – a concentração de produtos químicos é mantida dentro dos limites de exposição ocupacional."
As técnicas ultrapassadas de tratamento apresentam, contudo, seus riscos. A grande maioria das estações de tratamento na Rússia utilizam cloro no processo.
Essa substância pode formar componentes cancerígenos, tais como clorofórmio, na reação com compostos orgânicos.
“Cinco anos atrás colocamos sondas aquáticas em diversas cidades ao longo do rio Volkhov [no noroeste da Rússia] e descobrimos que as concentrações de clorofórmio eram cerca de 10 vezes mais altas do que o permitido”, afirmou Gontchar. “Beber essa água por um longo período de tempo pode aumentar os riscos de desenvolver câncer.”
Novos tratamentos
Uma nova tecnologia de tratamento está sendo usada em Moscou e em São Petersburgo desde o início dos anos 2000.
Em 2009, São Petersburgo tornou-se a primeira cidade no mundo a abandonar o cloro no tratamento de água, substituindo-o pela luz ultravioleta.
A qualidade da água aumentou principalmente em cidades grandes, mas é difícil controlar em áreas menos povoadas.
Quando, em 2005, uma fábrica chinesa espalhou 100 toneladas de nitrobenzeno tóxico no rio Songhua, um afluente do Amur, a Rússia não conseguiu determinar a extensão dos danos.
Como havia apenas três estações de monitoramento no Amur, os dados foram insuficientes para entrar com uma ação judicial contra a companhia chinesa.
http://gazetarussa.com.br/articles/2012 ... 15267.html
- Wingate
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Re: Guerra por água
Sem trocadilho: Nesse negócio de água é melhor colocar nossas barbas de molho e reforçar nossa defesa.rodrigo escreveu:O Brasil e os EUA são dois países com reservas suficientes de água para todas as suas necessidades durante muito tempo ainda. Estamos atrasados nas políticas, educação e conservação desses meios, principalmente em relação aos americanos e europeus. Mas conflitos ocorrerão nos locais onde o abastecimento será precário a curto prazo, como nas regiões onde a água é escassa, como o Oriente Médio, ou insuficiente para superpopulações, como Índia e China.E como já tem muitos especialistas que dizem que a "água não pode ser tratada como commodity", acredito que haverá problemas de necessidade de projeção de força sim.
Wingate