rodrigo escreveu:Motim militar é um bom começo para uma revolução. Vamos torcer que cheguem a um acordo entre o que os bombeiros merecem e o que o estado pode pagar. Deve ser fácil para um país que vai gastar 47 bilhões com a copa do mundo.
Concordo.
Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.
Uma coisa é a justa reinvidicação por melhores condições de trabalho e de salários. Realmente, é curioso como um estado que fez tanta questão de sediar olimpíada, jogo de copa do mundo e não sei mais o quê, tenha tanta dificuldade assim de conceder alguma coisa a mais para suas forças policiais e de defesa civil.
Outra coisa é a arruaça, a baderna e o motim. Eu sou daqueles que não acreditam que bombeiros devam ser "militares" mas, por enquanto, ainda o são. Aquela invasão do quartel-general foi uma das coisas mais inacreditáveis que já lembro de ter visto. Imediamente, lembrei do "cabo" Anselmo e da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais de 1964.
Cortejar a anarquia e o motim militar num país com a história do Brasil, é um suicídio. Será que a história não serve para ensinar, nem um tiquinho às pessoas?
Quanto a este Sérgio Cabral, é o seguinte: lendo alguns manuais militares, a gente aprende que, no meio militar, o comandante é o responsável por tudo o que os comandados fazem ou deixam de fazer. E ele não pode, em hipótese alguma, delegar esta responsabilidade que é a pedra angular da instituição militar. Ora, o presidente da república e o governador de estado são os comandantes-chefes das suas respectivas forças militares fardadas, federais e estaduais. Portanto, em último caso, a responsabilidade pelo que estas fazem ou deixam de fazer, é destas autoridades eleitas.
A desgraça do Brasil é que nossos governantes civis parecem não conhecer este ensinamento ou levá-lo à sério. Não acompanhei esta negociação dos bombeiros, mas partindo do pressuposto de que eles não são nem malucos, nem revolucionários marxistas, chega-se à conclusão que deve ter havido uma brutal falta de sensibilidade e de capacidade de negociação do governador e seus auxiliares, para a coisa tomar o rumo que tomou. Além disto, ele também é culpado caso não tenha determinado uma investigação preliminar para saber se estava havendo infitração político-partidária no movimento.
Então, Sérgio Cabral é o culpado pelo motim, assim como são culpados os governadores de estado onde já ocorreram motins de policiais militares.
Mas, já que a defecada foi feita, o negócio é fazer a limpeza para evitar um mau-cheiro ainda pior. Portanto, a ação de repressão e a retomada pela força do quartel-general com a prisão dos insubordinados foi totalmente correta. E agora, o governo não pode mais recuar. Os chefes do motim tem de serem identificados e entregues à justiça militar estadual que, só poderá expulsá-los.
Quanto aos políticos que estão, agora, pegando carona nesta tragédia, não há o que se esperar de diferente de seres feitos de lama como o ex-governador Garotinho e o ex-prefeito César Maia (aliás, não por coincidência, ambos irmãos gêmeos, GERADOS DENTRO DOS INTESTINOS DE LEONEL BRIZOLA).
Quanto ao povo comum que está colocando panos vermelhos nas janelas de vários bairros do Rio de Janeiro, por um lado representa uma saudável compreensão da importância do papel do bombeiro (e do policial) na sociedade, e os parcos salários que ganham para arriscarem a vida. Mas, tem uma coisa negativa que essas pessoas não compreendem: se os policiais e os bombeiros tiverem o direito de agir nas greves da mesma forma irresponsável que os funcionários públicos civis fazem, o desastre se tornará inevitável. Agora mesmo, houve casos de gente morta ficando até SEIS HORAS nas vias públicas, sem recolhimento pelos bombeiros. Ainda bem que o tempo está frio ou o "perfume" logo seria desagradável. E essas pessoas estariam dispostas a apoiar uma greve dos policiais militares no Rio de Janeiro, ao custo de ver a cidade ser tomada por toda espécie de bandidos e assistir suas residências sendo saqueadas à luz do dia? Já que, dificilmente, as pessoas já terão ouvido falar no Levante dos Sargentos de 1963, ou em "cabo" Anselmo, pelo menos, o amor à suas vidas e à suas propriedades deveria fazer com que pensassem duas vezes antes de dar incentivo à anarquia militar ou policial.