PT,
Apesar de não ser assunto da área de aeronaves do fórum, começo com a parte histórica quanto aos contingentes:
Sidney L. Mayer, na obra Gurras Recentes: Guerra da Coréia (Guerras do Século XX) informa que o contingente Chinês, em toda a guerra, não foi superior a ordem de 300.000 combatentes.
Este número corresponde ao contingente de combatentes da ONU, também da ordem de 300.000.
Somam-se 145.000 norte-coreanos e 100.000 sul-coreanos em armas (quando do início do conflito).
Nunca houve, portanto, "um milhão de chineses na península".
Os chineses empurraram McArthur para trás, das margens do Yalu até os subúrbios de Seul, com envolvimento tático, simples, porem genial: Uma pressão frontal, que forçava os defensores à fazerem carga, enquanto os chineses preparavam e executavam ataques pelos flancos. Isto resultou em um grande número de prisioneiros da ONU, e revelou uma genialidade operacional dos orientais.
Nada de "rolo compressor" ou desperdício de combatentes.
Houve depois, na altura do paralelo 38, reagrupamento das forças da ONU, que com renovada concentração de tanques e blindados não só sustaram como avançaram 40 km adentro. Mas, não tinham como sustentar um avanço maior.
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Da guerra aérea:
As B-29 não tiveram uso tático, ou seja, não foram usadas para atacar concentração de tropas, antes, tiveram suas ações dirigidas contra os entroncamentos ferroviários, estradas e cidades. As cidades coreanas, incluindo Pyongyang, foram arrasadas.
A aeronave que sustentou durante toda a guerra, os ataques às concentrações orientais foram os B-26's Invaders. Estes sofreram inúmeras perdas o que levou a sua retirada prematura de serviço após 1953 (Um erro, como o Vietnam demonstraria mais tarde).
As B-29 operaram durante a noite e em grupos pequenos na Coréia, afinal, como bem sabia o comando americano, voar de dia contra os MiG's, seria suicídio.
A ONU teve na guerra da Coréia superioridade material, quantitativa. Principalmente na parte aérea da guerra. No ar, os desafiantes eram aqueles que envergavam insígnias chinesas e norte-coreanas.
A 5ª Força Aérea e McArthur, vociferavam que havia no vale do Yalu 1.500 MiG's - 15. Isto não passou de uma fantasia, proposital, pois tornando o inimigo em algo maior do que ele efetivamente é, obtém-se mais recursos e a vitória, caso venha, será superdimensionada.
Na época, os Chineses não tinha mais que uma centena de aeronaves à reação, e talvez nem pilotos para tanto. Os voluntários da VVS, eram um punhado de duas dezenas de pilotos, que depois ganharam um reforço, pequeno: jamais chegaram a uma centena.
Para se ter uma idéia, em Maio de 1951 o 196. IAP, possuía apenas 36 pilotos!
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Sobre o F-86, "Sabre":
Parece que era a última bolacha do pacote em 1950: G-suit e mira com radar... Motorização J-47 (Axial)...
Engraçado que ele ganhou críticas bem duras, dos pilotos da USAF...
Será que o pequeno MiG-15 teve alguma coisa com isso?
Vamos lá:
A crítica principal se dava com o armamento, que no "Sabre" era uma bateria de seis metralhadoras 0.50.
Adequado para dar combate contra outros caças, um tanto leve para enfrentar grandes bombardeiros, já que para estes um "gancho" mais pesado se torna preferível. Os Mig's possuíam canhões de 23 e 37mm pelo simples motivo que a ameaça prevista eram justamente as grandes concentrações de bombardeiros americanos...
Foi dito aqui, que o MiG em alta velocidade ficava ingovernável, e tendia cair em "parafuso" do qual se não saísse rapidamente, era fatal. Mas... Surpresa! Estas falhas eram do Sabre:
''[...]
Porém, o F-86A mostrou ser inferior ao MiG-15 em poder de fogo, velocidade de subida (ascensão) e altitude operacional, embora gozasse de uma ligeira vantagem em velocidade máxima horizontal. Além disso, em mergulho transônico o caça americano tinha a tendência de 'levantar o nariz' e, se o mergulho se prolongasse abaixo de 7.600m, o F-86A também tendia a rolar (inclinação lateral). Para sanar as limitações de performance foi desenvolvido rapidamente o F-86E, com superfícies de causa servo-assistidas e asas dotadas de slats - porém, estes costumavam 'abrir' de modo intermitente em vôo, muitas vezes causando problemas de mira e tiro (motivo óbvio de muitas queixas de pilotos da USAF na Coréia), e acabaram sendo retirados na versão F-86F, de 1952".
(Revista ASAS Ano VII - Edição 42, página 59).
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Sobre perdas e vitórias:
"[...] ao se analisar a realidade dos combates na Coréia até fevereiro de 1952, período em que as unidades de MiG-15 e as norte-americanas de Sabre eram do mesmo padrão (unidades de caça de linha de frente), nota-se na relação de vitórias/perdas uma clara indicação de superioridade do caça russo em relação a seus oponentes ocidentais - nos combates no período citado, os soviéticos perderam 63 MiG - 15, mas tiveram 192 vitórias, incluindo 67 Sabre, 37 F-84 Thunderjet, 39 F-80C Shooting Star e nove Meteor F8".
(Revista ASAS Ano VII - Edição 42, página 59).
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Dos motores:
Em 1946, Clement Attlee autorizou a Rolls-Rouce atender um pedido formal de compra de turbinas Derwent e Nene.
Estes motores, de tecnologia de Fluxo centrífugo, foram aperfeiçoados e entraram em produção. As Nene como Klimov RD-45. A versão Bis do Mig-15 receberia uma versão com maior potência (aperfeiçoada).
Ou seja: não adianta apenas comprar, para produzir, mesmo que seja uma cópia, você precisa de técnicos capacitados.
Os americanos também usavam versões locais da RR-Nene: PW J42. Equipavam os Grumman's F9F - Panther.
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Por fim, PT, entenda que as revisões não são "teorias conspiratórias", nada mais são que trabalhos acadêmicos realizados sobre documentos, cujo sigilo decaiu. A abertura de fontes oficiais é o "oásis" de qualquer historiador. Descobrir que James Jabara não foi o primeiro a se sagrar às na Coréia, bem com ter duas de suas vitórias contestadas, não implica que tal piloto seja ruim ou um farsante. Apenas, as alegações não aconteceram (não se confirmaram).
O que é ruim é afirmar de forma doentia, que Jabara foi o primeiro às, mesmo quando se prova o contrário...
Isto já seria doença, como as beatas loucas nas igrejas.