EUA e Rússia passariam a ter apenas mil ogivas
Obama propõe redução em 80 por cento dos arsenais nucleares russo e americano
04.02.2009 - 15h18 PÚBLICO
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai propor à Rússia uma redução em 80 por cento dos arsenais nucleares dos dois países, à qual Moscovo já reagiu favoravelmente.
A proposta foi anunciada em primeira mão pelo diário britânico The Times, que a considera a mais ambiciosa em matéria de redução de arsenais nucleares numa geração.
O tratado conduziria a uma redução dos arsenais dos dois países a mil ogivas.
O vice-primeiro ministro russo, Sergei Ivanov, disse que Moscovo estaria disponível para assinar um novo acordo estratégico com Washington no espaço de um ano, diz o mesmo jornal.
“Acolhemos favoravelmente as declarações da nova Administração Obama no sentido de iniciar conversações e assinar, no espaço de um ano, dentro de um calendário muito apertado, um novo tratado russo-americano de limitação de armas estratégicas”, disse Ivanov.
O êxito desta proposta estará dependente da resolução do diferendo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre a construção de um escudo de defesa antimíssil norte-americano, que terá instalações na Polónia e na República Checa. Destinado, segundo Washington, a enfrentar a ameaça de estados como o Irão, o escudo é visto por Moscovo como uma ameaça à sua própria segurança.
A introdução do projecto do escudo antimíssil pela Administração Bush levou a um arrefecimento das negociações sobre armas nucleares entre os dois países. Em 1991, no final da guerra fria, os Estados Unidos e a União Soviética tinham assinado um acordo de redução de armas estratégicas (Strategic Reduction Arms Treaty, START), que reduzia os arsenais dos dois países de dez para cinco mil ogivas nucleares e que expira em Dezembro.
Barack Obama afirmara já, durante a campanha eleitoral, que a redução dos arsenais nucleares era um dos objectivos da sua estratégica contra a proliferação de armas nucleares, integrando num contexto mais geral a oposição internacional à eventual construção da arma atómica por Teerão.
A notícia desta proposta de Obama coincide com o recomeço, hoje, dos encontros do grupo 5+1 (os cinco membros com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mais a a Alemanha) sobre o Irão e surge a dois dias do arranque, na sexta-feira, da 45ª Conferência de Munique sobre Segurança, na qual participará o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, e em que estará em debate o tema da não-proliferação das armas nucleares.
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