#1912
Mensagem
por binfa » Seg Nov 17, 2008 8:29 pm
Senhores(as) boa noite! como sou um quarentão que curte um bom rock and rool, pesquisando na revista Rolling Stones novidades, vejam o artigo editado na edição de Set/08, é bom saber que o assunto DEFESA, esta sendo divulgado em todos os meios...
Senhores das Armas - Por Maria Eugênia Sá e Vinicius Souza
Revista Rolling Stones Set/2008
O Brasil está no alvo de outras nações que buscam nossos recursos naturais e riquezas. Como escudo, o Governo Federal anuncia o Plano Estratégico Nacional de Defesa e dá a largada a uma nova corrida bélica para futuros tempos de guerra
O Brasil está no alvo de outras nações que buscam nossos recursos naturais e riquezas. Como escudo, o Governo Federal anuncia o Plano Estratégico Nacional de Defesa e dá a largada a uma nova corrida bélica para futuros tempos de guerra
O Brasil sempre foi o país do futuro, um "gigante pela própria natureza" e com a imagem de ter um povo hospitaleiro, cordato e amistoso. Uma terra tropical onde não há guerras, vulcões, terremotos ou furacões. No entanto, os índices de assassinatos ainda superam os de algumas regiões conflagradas, provando com números o que muitos afirmam ser uma guerra civil não declarada. Grupos de traficantes com hierarquia quase militar e milícias paramilitares (formadas por policiais) dominam vastas áreas urbanas nas periferias das grandes cidades, assim como ocorre nos arredores de Bogotá, Medellín e Cali. Além disso, "como nunca antes na história do Brasil", as imensas riquezas naturais estão visíveis para a cobiça internacional. Como se não bastassem as minas de ouro e diamante em terras indígenas de fronteira, temos ainda a biodiversidade sendo traficada para fora da Amazônia. E este ano foram anunciadas novas descobertas de bacias petrolíferas que podem transformar o Brasil em um grande exportador desse produto estratégico. Mas como manter a paz dentro de nosso país e proteger toda essa riqueza de potências estrangeiras, de modo a garantir que reflitam em benefício da população brasileira, em um mundo em que cada vez mais o dinheiro é globalizado e as disputas são militarizadas? É com essas contradições na mira que o governo acaba de lançar o Plano Estratégico Nacional de Defesa (Pend).
O Plano vem sendo gestado desde julho de 2007, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto montando um grupo de trabalho - composto pelo Ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelo Ministro da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, Mangabeira Unger, com a participação dos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica - para desenvolver o que chamou de PAC da Defesa. "Acho que agora está na hora de construir o PAC das nossas Forças Armadas e o PAC da nossa Defesa", disse o presidente na ocasião. "Temos que colocar nossa inteligência, militar e civil, para pensar o que nós queremos ser enquanto Forças Armadas, enquanto nação soberana, nos próximos 10 ou 15 anos." Diferente de simplesmente substituir armas antigas ou mesmo obsoletas, o novo Plano partiu de outras premissas. "É preciso lembrar que toda discussão sobre reaparelhamento das Forças Armadas é uma relação promíscua entre quem quer alguma coisa e o outro que quer fornecer ou não, com cada um tentando privilegiar seus interesses com os investimentos", explica o Ministro Jobim. "Por isso, coube a cada Força responder como poderia cumprir suas tarefas, estabelecendo claramente as necessidades nacionais não a partir de condicionantes do passado, mas sim em uma perspectiva de futuro, ou seja, de vanguarda tecnológica", detalha. "Definida e aprovada a forma de cumprimento da tarefa, passamos a uma segunda questão: o perfil e a organização da Força se ajusta ao cumprimento da tarefa? Ou requer modificações? Ora, isso significa que temos que rever a formação e o currículo das academias militares. Respondida essa pergunta, vem a seguinte: as práticas operacionais atuais têm que ser mantidas ou alteradas? Por exemplo, ainda faz sentido o aquartelamento de tropas tradicionalmente feito no leste do Brasil, quando em matéria de fronteiras os problemas estão no oeste? Somente a partir daí surge a terceira questão: quais são os equipamentos necessários para o cumprimento da tarefa? Desse modo, as armas se impõem como conseqüência lógica de uma decisão política sobre o perfil da organização e as práticas operacionais para o cumprimento das tarefas de Defesa Nacional."
O Complexo Industrial-Militar Brasileiro - Por Maria Eugênia Sá e Vinicius Souza
As seis principais empresas que fabricam nossas armas
Praticamente todas as empresas do Complexo Industrial-Militar brasileiro fabricam, além de armas, outros tipos de equipamentos e produtos para uso civil. E elas precisam de uma infinidade de peças e serviços fornecidos por uma imensa malha de companhias cujo principal mercado não está na defesa. "Só a Embraer tem mais de 120 fornecedores", explica o Almirante Pierantoni, vice-presidente da Abimde. A Associação tem em seu catálogo 352 empresas, mas pouco mais de 50 delas representam 90% do faturamento bruto do setor e só 25 exportam parte da produção. As seis mais importantes indústrias de defesa do Brasil, são:
AVIBRAS
Criada em 1961 para produzir aviões (chegou a lançar a aeronave de treinamento Falcão em 1962), a Avibras é a "jóia da coroa" do complexo industrial-militar brasileiro. Usando tecnologia própria, acabou se especializando, nos anos 80, em blindados e sistemas de artilharia antiaérea exportados com muito sucesso, principalmente para o Oriente Médio. O famoso "Caveirão", que sobe os morros cariocas, é um blindado leve 4x4 Guará AV-Bope TP 10, especialmente configurado para o Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro. E muitas das baterias que tentaram proteger o Iraque do bombardeio norte-americano em 2003 eram formadas por Sistemas para Lançamento de Foguetes de Saturação (Artillery SaturaTion ROcket System) Astros. A empresa também produz vários tipos de mísseis; sondas aeroespaciais; sistemas de radar e de comunicação para uso civil e militar; explosivos, tintas, resinas e selantes industriais, entre outros produtos. Com o desaparecimento do helicóptero em que viajava seu presidente e fundador João Verdi de Carvalho Leite e esposa em janeiro deste ano, a companhia passou por uma crise profunda e pensou-se que poderia até ser vendida para grupos estrangeiros ou que houvesse uma intervenção estatal. Mas no final de abril, em uma reunião com os acionistas, o herdeiro João Brasil assumiu o comando da empresa e manteve a gestão profissional dos demais diretores.
IMBEL
A empresa administra cinco unidades para a fabricação de produtos de uso militar e civil no mercado doméstico e internacional desde 1977. A unidade mais antiga, a Fábrica da Estrela sediada em Magé (RJ), foi fundada há 200 anos com a vinda da família real portuguesa e produziu toda a pólvora utilizada na coroação de D. Pedro II e na Guerra do Paraguai. A Imbel tem o monopólio no Brasil para a fabricação e venda do Fuzil de Assalto Leve - FAL (como o .308 AGLC Sniper e o 7,62 M964), utilizado pelas Forças Armadas e também pelas polícias. De acordo com pesquisa apresentada no livro Brasil: As Armas e as Vítimas [uma parceria do Instituto de Estudos da Religião e a ONG Viva Rio], a empresa teria fabricado 334.534 armas de pequeno porte entre sua fundação e o ano de 2004. Dois de seus maiores sucessos são a pistola Imbel .45, adotada como arma padrão da equipe de resgate de reféns do FBI, e a Colt M911A1, que representa mais de 75% do faturamento da unidade de Itajubá. Todo ano, entre 40% e 50% da produção seria exportada, especialmente para os Estados Unidos (90% das exportações). A empresa também segue produzindo explosivos, como pólvora, nitrocelulose, trinitrotolueno (TNT) e nitroglicerina e munições para morteiros (60, 70 e 81 mm). Além disso, desenvolve e produz sistemas operacionais computadorizados, equipamentos-rádio (transceptores HF e VHF), centrais e até telefones.
EMGEPRON
Assim como a Imbel, é ligada ao Ministério da Defesa pelo comando do Exército. A Emgepron, criada em 1982, é controlada pela Marinha para o desenvolvimento de tecnologia, sistemas navais, munições e navios de guerra. Se o projeto de submarino de propulsão atômica finalmente sair do papel, é na Emgepron, no Rio de Janeiro, que provavelmente será fabricado. Afinal, ele deverá usar a mesma carcaça do submarino classe Tupi IKL 209, com oito lançadores de torpedo - que faz parte da linha de produção da empresa. A Emgepron também fabrica fragatas Classe Niterói (com canhões 4.5 e 40 mm, lançador duplo de mísseis tipo Exocet MM-40, triplo lançador de torpedo MK-46 e duplo lançador de foguete Boroc), corvetas, navios-patrulha, lanchas de ação rápida (LARs) para patrulhamento e desembarque de tropas, munições para artilharia naval, sistemas de lançamento de despistadores de mísseis (SLDMs) e sistemas de controle tático (Sicontas).
EMBRAER
Fundada em 1969 para produzir aviões de uso militar e civil no Brasil, a empresa foi privatizada em 1994 e hoje é a terceira maior fabricante do mundo, perdendo apenas para a Airbus e a Boeing. Com a reestruturação, tornou-se a maior exportadora brasileira entre os anos de 1999 e 2001 e a segunda maior entre 2002 e 2004. Já produziu mais de 5 mil aeronaves, que estão em funcionamento em cerca de 80 países. Seu principal sucesso comercial é a família ERJ de aviões para 37 a 50 passageiros. Desde o início dos anos 2000, a Embraer tem investido em uma nova família de aeronaves para até 122 lugares e brigado bastante no cenário internacional, principalmente com a canadense Bombardier, tanto no mercado de aviação civil como nos jatos executivos. Na área de defesa, a empresa alega que 50% dos aviões da Aeronáutica nacional foram fabricados por ela (e mais 99 Super Tucanos estariam "em carteira"). O avião de ataque leve que pode carregar até 1.500 kg de munição, incluindo sistemas de mísseis inteligentes, também foi vendido para as forças aéreas de 22 países. O Chile, por exemplo, assinou um contrato para adquirir 12 dessas aeronaves e as operações realizadas pelas forças armadas da Colômbia contra um acampamento das FARC em território equatoriano, no início do ano, tiveram o apoio de Super Tucanos. Os Super Tucanos também foram comprados pela Blackwater, empresa de soldados mercenários. A Embraer fabrica ainda aviões para treinamento militar e aeronaves de Inteligência, Reconhecimento e Vigilância (ISR).
TAURUS
Nascida como uma modesta fábrica de ferramentas em 1939, a Forjas Taurus tornou-se uma das maiores fabricantes de armas de cano curto do mundo. A produção começou logo após o fim da II Guerra Mundial e só cresceu até o aumento do controle de vendas de armas pelos militares a partir do golpe de 1964. Na época, a empresa chegou a ser vendida para a tradicional fabricante Smith & Wesson, mas teve seu controle retomado por brasileiros em 1977. Três anos mais tarde, comprou a operação da subsidiária brasileira da Beretta, passando a produzir também pistolas e submetralhadoras. Com a compra da Rossi em 1980, a Taurus se tornou a única fabricante de revólveres do Brasil. A exportação sempre foi um ponto de destaque da Companhia, que chegou a vender para o mercado externo 74% a 75% de sua produção em anos como 1993, 1994 e 2002 e possui uma subsidiária em Miami, nos Estados Unidos, desde os anos 1980. Sob o impacto do "Estatuto do Desarmamento" e do aumento nos impostos para exportação de armas para a América Latina, a empresa vem diversificando cada vez mais sua produção. Hoje, além de pistolas, revólveres e carabinas, a Taurus também fornece peças forjadas de metal para várias indústrias, máquinas-ferramentas, coletes à prova de bala, capacetes, ferramentas e até lixeiras industriais de plástico. Com isso, alcançou uma receita líquida no primeiro semestre de 2008 de R$ 262,4 milhões, um aumento de 22,9% sobre os R$ 213,4 milhões no mesmo período de 2007.
CBC
Fundada em 1926 por dois imigrantes italianos que não queriam importar munição para caça, a Companhia Brasileira de Cartuchos é hoje a única produtora de balas para o mercado civil no país. Assim como a Taurus, também foi vendida para estrangeiros (a norte-americana Remington Arms e a inglesa Imperial Chemical Industries). Com isso, a CBC começou a produzir armas para caça e tiro esportivo em 1960 e seis anos mais tarde passou a exportar espingardas para os Estados Unidos, que chegaram a adquirir mais de 1,5 milhão de armas da CBC. Em 1979 foi renacionalizada com investimento direto do governo e a aquisição de 30% de seu capital pela Imbel. Atualmente, cerca de 70% da produção da empresa é destinada ao mercado externo e, na mesma linha da Taurus, a Compahia Brasileira de Cartuchos também diversificou suas atividades produzindo coletes à prova de bala e equipamentos para pesca e camping. Hoje, além da carabina para uso policial Pump CBC 12, a espingarda para caça esportiva CBC 199 e o rifle calibre .22 CBC 7022, a empresa produz uma infinidade de munições para revólveres, pistolas, cartuchos de caça, de competição, calibre .12 (para uso policial), espoletas, projéteis e pólvoras.
As Armas e os Barões Assinalados -Por Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá
Infelizmente um país não se faz apenas com homens e livros, como queria o escritor Monteiro Lobato. Mais certo estava Camões em cantar aqueles que "entre gente remota edificaram novo reino". Os exércitos e a indústria bélica estão na gênese da maior parte das nações, e o Brasil não é diferente. Mesmo sem uma "guerra de independência de Portugal", os militares sempre tiverem papel preponderante na história do país, como mocinhos ou como bandidos. É um triste fato que as guerras impulsionam o desenvolvimento. Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, o Brasil não teria virado a sede do Império Lusitano e talvez só se libertasse junto com as outras colônias portuguesas na África nos anos 1970. "Coincidentemente", a história da indústria de defesa no Brasil se inicia exatamente com a vinda da família real em 1808. Foi no dia 13 de maio daquele ano que o príncipe regente Dom João fundou a "Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas", próxima ao Forte de São Clemente, onde hoje fica o Jardim Botânico carioca.
Depois da independência, Dom Pedro I iria transferir as instalações para o município de Magé em 1825. Ainda hoje funciona lá uma das cinco unidades de produção da Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL, empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa e controlada pelo Comando do Exército. Foi neste local, com mão-de-obra escrava, que se produziu toda a pólvora utilizada nos fogos de artifício da coroação de D. Pedro II. E também todos os explosivos utilizados pelas forças brasileiras durante o banho de sangue da Guerra do Paraguai. O conflito de 1864 a 1870 contra as tropas do presidente paraguaio Francisco Solano Lopez, aliás, foi a única grande guerra regional do continente e a que teve maior participação de forças brasileiras em toda a história.
"Obviamente é quando as ameaças são mais visíveis que há um investimento maior na indústria bélica", avalia o almirante Carlos Afonso Pierantoni, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança - ABIMDE. "Por causa da Guerra do Paraguai, chegamos a ter, em 1910, a 4ª maior esquadra de combate do mundo, formada principalmente por navios de fabricação inglesa. Mas quando finalmente nossas forças foram combater na I Guerra Mundial, o conflito já estava no fim". Ainda assim, foi na esteira do primeiro embate global, com a impossibilidade de comprar armas dos Estados Unidos e da Europa, que surgiram os primeiros fabricantes nacionais de espingardas (Boito) e de revólveres (Rossi), além da fabricante de munições CBC. Já durante a II Guerra Mundial, o núcleo do poder mundial havia atravessado o Atlântico e, em vez de contarmos com equipamentos ingleses, foi a vez de combatermos com armas, carros e navios norte-americanos. "A Marinha ainda tinha navios de fabricação inglesa e o exército usou alguns equipamentos franceses, mas o grosso mesmo viria dos Estados Unidos", conta o Almirante Pierantoni.
Mais uma vez, foi um conflito que impulsionou a modernização do Brasil. Para fazer parte do "esforço de guerra" ao lado dos "Aliados", Getúlio Vargas engoliu sua clara preferência pelo "Eixo" e recebeu o dinheiro e a tecnologia norte-americanos para a construção de nossa primeira siderúrgica, a Usina de Volta Redonda, pilar de toda a industrialização nacional, em especial da indústria automotiva. Em contrapartida, as armas e equipamentos made in USA, seriam a base das forças armadas nacionais pelas próximas décadas. Esse quadro somente iria começar a mudar com o golpe de 1964. "O Brasil vive de mitos, como a supremacia apenas no futebol e não a potência imperialista que os outros países do continente enxergam, e sempre viu a questão da defesa como algo secundário, com picos apenas na Guerra do Paraguai e no Tenentismo" alega Nelson During, do Defesa.Net. "Um dos mitos é que os Estados Unidos apoiaram o golpe militar". "Ao contrário, com a 'revolução', tivemos restrições impostas pelos Estados Unidos para manter o equilíbrio militar na América Latina, que eles consideram até hoje 'seu quintal', e rompemos o acordo de cooperação, o que nos permitiu ampliar nosso território marítimo para 200 milhas e hoje temos esse espaço para os novos campos de petróleo", acrescenta o vice-presidente da ABIMDE. "Além disso, com o aumento dos investimentos no setor de defesa para 5% a 6% do PIB no período, pudemos construir indústrias com capacidade de competir com as grandes do mundo, como a Engesa até os anos 1980 e a Embraer até hoje".
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