RÚSSIA
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
12/08/2008
Putin cura velhas feridas com ataque à Geórgia
Ellen Barry
Em Moscou
Vladimir V. Putin, que chegou ao poder remoendo as feridas de uma Rússia humilhada, ofereceu nesta semana prova de seu ressurgimento. Até o momento, o Ocidente foi incapaz de conter seu avanço na Geórgia. Ele está tomando decisões que poderão redesenhar o mapa do Cáucaso em prol da Rússia -ou destruir o relacionamento com as potências ocidentais que a Rússia antes buscava como parceiras estratégicas.
Se havia alguma dúvida, a última semana confirmou que Putin, que se tornou primeiro-ministro há poucos meses após oito anos como presidente, está comandando a Rússia, e não seu sucessor, o presidente Dmitri Medvedev. E Putin pode finalmente encontrar alívio para os insultos que a Rússia sofreu após o colapso da União Soviética.
"A Geórgia, de certa forma, está sofrendo por tudo o que aconteceu à Rússia nos últimos 20 anos", disse Alexander Rahr, um importante estudioso alemão de política externa e um biógrafo de Putin.
Com as tropas russas posicionadas em duas frentes na Geórgia, cresce a especulação sobre o que Putin realmente deseja fazer. Ele enfrenta várias opções.
A Rússia poderia anexar os enclaves da Abkházia e da Ossétia do Sul -algo que suas forças em grande parte já conseguiram. As autoridades do Kremlin também falaram em trazer Mikhail Saakashvili, o presidente da Geórgia, para um tribunal de crimes de guerra pelo que disseram ser ataques contra civis em Tskhinvali, na semana passada.
Um maior avanço poderia incapacitar permanentemente as forças armadas da Geórgia. A opção mais extrema seria a ocupação da Geórgia, um país com uma população de 4,4 milhões e com séculos de desconfiança da Rússia, onde os países ocidentais há muito planejavam operar um importante oleoduto.
Mas enquanto o Ocidente vê uma Rússia agressiva, Putin se sente ameaçado e cercado, disse Sergei Markov, o diretor do Instituto de Estudos Políticos de Moscou, que tem relacionamento estreito com as autoridades no Kremlin.
"A Rússia está em uma situação extremamente perigosa", presa entre a obrigação de proteger os cidadãos russos e correndo o risco de uma escalada de uma "nova Guerra Fria" com os Estados Unidos, disse Markov.
"Washington e o governo estão jogando um jogo extremamente sujo", ele disse. "Eles mostrarão Putin como um ocupante mesmo se ele não fizer nada."
Putin e seus representantes têm se esforçado para argumentar que a Rússia está agindo apenas em defesa de seus cidadãos.
Nos últimos dias, Putin apareceu na televisão com suas mangas arregaçadas, se misturando aos refugiados na fronteira com a Ossétia do Sul -a própria imagem de um homem de ação.
Em comparação, Medvedev é mostrado sentado à sua mesa em Moscou, dando ordens cerimoniais ao ministro da Defesa.
"Todos os discursos liberais que ele fez em Berlim e em outros lugares foram esquecidos", disse Rahr, que serve no Conselho Alemão de Relações Exteriores, sobre o novo presidente. "Ele está cumprindo o papel que foi determinado por Putin."
Yulia L. Latynina, uma crítica freqüente do governo de Putin, achou graça que às vésperas do conflito na Geórgia, enquanto o presidente Bush e Putin estavam em profundas conversações em Pequim durante o início dos Jogos Olímpicos, Medvedev estava fazendo um cruzeiro pelo Rio Volga.
"Agora ele pode fazer cruzeiro pelo Volga por todos seus anos restantes ou ir direto para as Bahamas", ela escreveu no "Daily Magazine", um jornal russo. "Eu devo admitir que, pela primeira vez na minha vida, eu sinto admiração pela habilidade com que Vladimir Putin mantém seu poder."
Em 2000, Putin foi eleito presidente de um país incerto, abalado. A venda de empresas estatais para investidores privados levou a uma imensa fuga de capital. A economia estava em frangalhos. Mas a pílula mais amarga de todas foi a expansão da Otan pela antiga esfera de influência da Rússia.
Nada acentuou mais sua desmoralização do que Kosovo, onde a Otan ajudou a população de etnia albanesa a conquistar a independência da Sérvia. A Rússia tem poucos aliados tão próximos quanto a Sérvia, e os 78 dias de campanha de bombardeio liderada pelos americanos, em 1999, parecia transmitir a mensagem de que a antes grande potência estava impotente.
Putin estava determinado a mudar isso. Primeiro, ele fez com que o Estado retomasse o controle sobre as empresas de recursos naturais da Rússia, instalando pessoas leais ao governo em empresas como a Yukos e punindo os oligarcas que desafiaram seu poder. Com a Rússia reformada como um petro-Estado, cheio de dinheiro do petróleo e gás natural, Putin passou a enviar mensagens rudes aos seus vizinhos: o envio de energia barata pode ser interrompido. Há dois anos, após o que foi chamado de Revolução Laranja ter levado líderes pró-Ocidente ao poder na Ucrânia, a Rússia interrompeu brevemente o fornecimento de gás natural ao país, provocando ondas de ansiedade por toda a Europa.
Agora, com o rápido progresso da Rússia na Geórgia, Putin reafirmou o poderio militar russo. As tropas russas entraram em Senaki, no oeste da Geórgia, na segunda-feira, e Moscou reconheceu pela primeira vez que suas forças entraram em território georgiano.
"Eu diria que temos uma situação na qual os russos chegaram à linha vermelha", disse Dmitri Trenin, vice-diretor do Centro Carnegie Moscou. "Eu acho que contenção é um fator chave."
Ao descrever Putin, as pessoas freqüentemente usam a palavra "gélido". Após a presidência trôpega de Boris Yeltsin, Putin se ofereceu como um homem em controle consumado de seus impulsos. Ele não bebe álcool, ele costuma não almoçar; sua grande indulgência é o judô.
No início de sua presidência, ele encantou seus pares ocidentais, passando a imagem de um líder articulado e cosmopolita. Mas desde o começo, havia assuntos que traziam à tona um lado diferente dele.
Como primeiro-ministro durão de Yeltsin, ele causou agitação ao ameaçar os guerrilheiros tchetchenos com linguagem de sarjeta: "Se os pegarmos no toalete, nós os eliminaremos na privada".
Em 2002, quando um repórter francês acusou a Rússia da morte de civis inocentes na Tchetchênia, ele sugeriu que poderia arranjar uma circuncisão para o repórter, já que ele era tão solidário com os muçulmanos. "Eu recomendarei a condução da operação para que nada em você volte a crescer novamente", ele disse.
Os eventos que antecederam a atual crise na Geórgia revelam Putin tanto como um ator cuidadoso quanto um visceral. No segundo trimestre, quando os países ocidentais se alinhavam para reconhecer um Kosovo recém independente, Putin respondeu reconhecendo formalmente as duas repúblicas separatistas na Geórgia.
Ao longo da última década, o governo russo emitiu passaportes para virtualmente todos os moradores da Ossétia do Sul, um passo que se tornaria uma justificativa para o avanço de tropas pela fronteira georgiana. E no ano passado, a Rússia se retirou do Tratado de Forças Armadas Convencionais na Europa, que, entre outras coisas, exigia a retirada de tropas da Geórgia e Moldova.
Mas as emoções afloraram, às vezes de forma imprevisível. Putin nutre uma antipatia particular por Saakashvili.
Em abril, quando Putin decidiu estabelecer elos legais com os governos das regiões separatistas, o presidente georgiano telefonou para ele e o lembrou de que os líderes ocidentais fizeram declarações apoiando a posição da Geórgia. Putin respondeu lhe dizendo -em termos muito rudes- onde ele podia enfiar as declarações deles.
"Ele tem uma postura tão visceral em relação a Saakashvili que parece abafar qualquer outra coisa que alguém diga a ele", disse um alto funcionário americano, que falou sob a condição de anonimato.
Poderá levar tempo para entender as mensagens que Putin enviou na última semana, mas esta é clara: a Rússia insiste em ser vista como uma grande potência. "O problema é, que tipo de grande potência está surgindo?", disse Trenin, do Centro Carnegie. "Esta é uma grande potência que vive segundo as convenções do mundo, como existem no século 21?"
Tradução: George El Khouri Andolfato
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Putin cura velhas feridas com ataque à Geórgia
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Em Moscou
Vladimir V. Putin, que chegou ao poder remoendo as feridas de uma Rússia humilhada, ofereceu nesta semana prova de seu ressurgimento. Até o momento, o Ocidente foi incapaz de conter seu avanço na Geórgia. Ele está tomando decisões que poderão redesenhar o mapa do Cáucaso em prol da Rússia -ou destruir o relacionamento com as potências ocidentais que a Rússia antes buscava como parceiras estratégicas.
Se havia alguma dúvida, a última semana confirmou que Putin, que se tornou primeiro-ministro há poucos meses após oito anos como presidente, está comandando a Rússia, e não seu sucessor, o presidente Dmitri Medvedev. E Putin pode finalmente encontrar alívio para os insultos que a Rússia sofreu após o colapso da União Soviética.
"A Geórgia, de certa forma, está sofrendo por tudo o que aconteceu à Rússia nos últimos 20 anos", disse Alexander Rahr, um importante estudioso alemão de política externa e um biógrafo de Putin.
Com as tropas russas posicionadas em duas frentes na Geórgia, cresce a especulação sobre o que Putin realmente deseja fazer. Ele enfrenta várias opções.
A Rússia poderia anexar os enclaves da Abkházia e da Ossétia do Sul -algo que suas forças em grande parte já conseguiram. As autoridades do Kremlin também falaram em trazer Mikhail Saakashvili, o presidente da Geórgia, para um tribunal de crimes de guerra pelo que disseram ser ataques contra civis em Tskhinvali, na semana passada.
Um maior avanço poderia incapacitar permanentemente as forças armadas da Geórgia. A opção mais extrema seria a ocupação da Geórgia, um país com uma população de 4,4 milhões e com séculos de desconfiança da Rússia, onde os países ocidentais há muito planejavam operar um importante oleoduto.
Mas enquanto o Ocidente vê uma Rússia agressiva, Putin se sente ameaçado e cercado, disse Sergei Markov, o diretor do Instituto de Estudos Políticos de Moscou, que tem relacionamento estreito com as autoridades no Kremlin.
"A Rússia está em uma situação extremamente perigosa", presa entre a obrigação de proteger os cidadãos russos e correndo o risco de uma escalada de uma "nova Guerra Fria" com os Estados Unidos, disse Markov.
"Washington e o governo estão jogando um jogo extremamente sujo", ele disse. "Eles mostrarão Putin como um ocupante mesmo se ele não fizer nada."
Putin e seus representantes têm se esforçado para argumentar que a Rússia está agindo apenas em defesa de seus cidadãos.
Nos últimos dias, Putin apareceu na televisão com suas mangas arregaçadas, se misturando aos refugiados na fronteira com a Ossétia do Sul -a própria imagem de um homem de ação.
Em comparação, Medvedev é mostrado sentado à sua mesa em Moscou, dando ordens cerimoniais ao ministro da Defesa.
"Todos os discursos liberais que ele fez em Berlim e em outros lugares foram esquecidos", disse Rahr, que serve no Conselho Alemão de Relações Exteriores, sobre o novo presidente. "Ele está cumprindo o papel que foi determinado por Putin."
Yulia L. Latynina, uma crítica freqüente do governo de Putin, achou graça que às vésperas do conflito na Geórgia, enquanto o presidente Bush e Putin estavam em profundas conversações em Pequim durante o início dos Jogos Olímpicos, Medvedev estava fazendo um cruzeiro pelo Rio Volga.
"Agora ele pode fazer cruzeiro pelo Volga por todos seus anos restantes ou ir direto para as Bahamas", ela escreveu no "Daily Magazine", um jornal russo. "Eu devo admitir que, pela primeira vez na minha vida, eu sinto admiração pela habilidade com que Vladimir Putin mantém seu poder."
Em 2000, Putin foi eleito presidente de um país incerto, abalado. A venda de empresas estatais para investidores privados levou a uma imensa fuga de capital. A economia estava em frangalhos. Mas a pílula mais amarga de todas foi a expansão da Otan pela antiga esfera de influência da Rússia.
Nada acentuou mais sua desmoralização do que Kosovo, onde a Otan ajudou a população de etnia albanesa a conquistar a independência da Sérvia. A Rússia tem poucos aliados tão próximos quanto a Sérvia, e os 78 dias de campanha de bombardeio liderada pelos americanos, em 1999, parecia transmitir a mensagem de que a antes grande potência estava impotente.
Putin estava determinado a mudar isso. Primeiro, ele fez com que o Estado retomasse o controle sobre as empresas de recursos naturais da Rússia, instalando pessoas leais ao governo em empresas como a Yukos e punindo os oligarcas que desafiaram seu poder. Com a Rússia reformada como um petro-Estado, cheio de dinheiro do petróleo e gás natural, Putin passou a enviar mensagens rudes aos seus vizinhos: o envio de energia barata pode ser interrompido. Há dois anos, após o que foi chamado de Revolução Laranja ter levado líderes pró-Ocidente ao poder na Ucrânia, a Rússia interrompeu brevemente o fornecimento de gás natural ao país, provocando ondas de ansiedade por toda a Europa.
Agora, com o rápido progresso da Rússia na Geórgia, Putin reafirmou o poderio militar russo. As tropas russas entraram em Senaki, no oeste da Geórgia, na segunda-feira, e Moscou reconheceu pela primeira vez que suas forças entraram em território georgiano.
"Eu diria que temos uma situação na qual os russos chegaram à linha vermelha", disse Dmitri Trenin, vice-diretor do Centro Carnegie Moscou. "Eu acho que contenção é um fator chave."
Ao descrever Putin, as pessoas freqüentemente usam a palavra "gélido". Após a presidência trôpega de Boris Yeltsin, Putin se ofereceu como um homem em controle consumado de seus impulsos. Ele não bebe álcool, ele costuma não almoçar; sua grande indulgência é o judô.
No início de sua presidência, ele encantou seus pares ocidentais, passando a imagem de um líder articulado e cosmopolita. Mas desde o começo, havia assuntos que traziam à tona um lado diferente dele.
Como primeiro-ministro durão de Yeltsin, ele causou agitação ao ameaçar os guerrilheiros tchetchenos com linguagem de sarjeta: "Se os pegarmos no toalete, nós os eliminaremos na privada".
Em 2002, quando um repórter francês acusou a Rússia da morte de civis inocentes na Tchetchênia, ele sugeriu que poderia arranjar uma circuncisão para o repórter, já que ele era tão solidário com os muçulmanos. "Eu recomendarei a condução da operação para que nada em você volte a crescer novamente", ele disse.
Os eventos que antecederam a atual crise na Geórgia revelam Putin tanto como um ator cuidadoso quanto um visceral. No segundo trimestre, quando os países ocidentais se alinhavam para reconhecer um Kosovo recém independente, Putin respondeu reconhecendo formalmente as duas repúblicas separatistas na Geórgia.
Ao longo da última década, o governo russo emitiu passaportes para virtualmente todos os moradores da Ossétia do Sul, um passo que se tornaria uma justificativa para o avanço de tropas pela fronteira georgiana. E no ano passado, a Rússia se retirou do Tratado de Forças Armadas Convencionais na Europa, que, entre outras coisas, exigia a retirada de tropas da Geórgia e Moldova.
Mas as emoções afloraram, às vezes de forma imprevisível. Putin nutre uma antipatia particular por Saakashvili.
Em abril, quando Putin decidiu estabelecer elos legais com os governos das regiões separatistas, o presidente georgiano telefonou para ele e o lembrou de que os líderes ocidentais fizeram declarações apoiando a posição da Geórgia. Putin respondeu lhe dizendo -em termos muito rudes- onde ele podia enfiar as declarações deles.
"Ele tem uma postura tão visceral em relação a Saakashvili que parece abafar qualquer outra coisa que alguém diga a ele", disse um alto funcionário americano, que falou sob a condição de anonimato.
Poderá levar tempo para entender as mensagens que Putin enviou na última semana, mas esta é clara: a Rússia insiste em ser vista como uma grande potência. "O problema é, que tipo de grande potência está surgindo?", disse Trenin, do Centro Carnegie. "Esta é uma grande potência que vive segundo as convenções do mundo, como existem no século 21?"
Tradução: George El Khouri Andolfato
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
SOLZHENITSYN E A QUESTÃO RUSSA.
Por John Laughland – 12 de agosto de 2008 – The Brussels Journal.
A morte de Alexander Solzhenitsyn produziu reações previsíveis dos comentarisas ocidentais. Foi dito, sim, ele era um gigante moral por expor, tão bravamente, os males do sistema penitenciário soviético no “Arquipélago Gulag”; mas, depois, ele comprometeu sua estatura moral ao fracassar em gostar do Ocidente e por se transformar num nacionalista russo.
Um exemplo perfeito deste raciocínio está no artigo de Anne Applebaum no The Guardian. Ela própria uma autora de uma história do Gulag, escreveu,
Tais comentários revelam mais sobre a autora do que sobre seu tema. Nós estamos lidando aqui com algo que eu proponho chamar de geo-ideologia: o, infelizmente, difundido preconceito de que “Ocidente” e “democracia” são conceitos idênticos. Nas mentes de tais comentaristas, além do mais, o “Ocidente” é também idêntico com “livre-mercado” e “cultura pop. O “Ocidente”, aparentemente, não mais quer dizer “Cristandade” ou, até mesmo, aquele corpo de herança do tesouro das culturas de Atenas e Roma. Ao invés, ele quer dizer MTV, cocaína e coca-cola.
Em cada nível, tais pressupostos são falsos. Vamos começar com “livre-mercado”, a infindável repetição da papagaiada dos globalistas. Mas por qual possível critério pode a Rússia ser considerada como tendo menos livre-mercado do que os Estados Unidos da América, ou mesmo a maioria dos estados-membros da União Européia? Uma medida-chave da liberdade de um mercado é o tanto de rendimento privado consumido pelo estado. O índice do imposto de renda, na Rússia, é fixado em 13 por cento – uma fração dos 25 ou mais por cento pagos nos EUA, os 33 por cento pagos no Reino Unido e os 40 por cento pagos na Europa continental. Quanto a cultura pop, a Rússia, infelizmente, tem muito dela. Sua juventude está tão imbuída com ela, lamentavelmente, quanto a juventude da América ou Europa.
Os comentários também falham em apresentar o leitor com qualquer análise séria da posição política de Solzhenitsyn. A autora faz referências vagas e disparatadas sobre a inadequabilidade da “visão de uma sociedade mais espiritual” de Solzhenitsyn e a seu “nacionalismo enferrujado e fora de moda” – julgamentos que parecem dever mais a propaganda soviética que ela diz rejeitar. Mas ela falha em permitir ao leitor saber o que ela está querendo dizer. Com certeza, na ocasião da morte de um homem, poderia ser oportuno contar as pessoas sobre o que ele pensava.
Qualquer um que leia o espantoso ensaio de Solzhenitsyn, de 1995, “The Russian Question at the End of the Twentieth Century”, irá ver que esta caricatura é uma insensatez. Não há nada de irracional ou místico sobre as posições políticas de Solzhenitsyn, afinal de contas – e ele faz, apenas, as mais oblíquas referências a religião, que, é fato sabido, ele acalentava. Não, o que emerge deste ensaio é uma posição política, extremamente simples e poderosa, que é facilmente traduzida para o inglês da América como “paleo-conservadorismo”.
Solzhenitsyn faz um devastador ataque contra trezentos anos de história russa. Quase nenhum líder russo emerge sem censura (ele gosta, apenas, da imperatriz Isabel [1741-1762] e do Tzar Alexandre III [1881-1894]); a maioria deles são, redondamente, condenados. Alguém poderia contestar a ferocidade dos ataques de Solzhenitsyn, mas a coerência ideológica deles é muito clara: ele se opõe a líderes que perseguem aventuras externas, incluindo construção de impérios, às custas da própria população russa. Isto, diz ele, é aquilo que une todos os Tzares, desde Pedro, O Grande, com os líderes bolchevistas.
De novo e de novo, numa variedade de contextos históricos, Solzhenitsyn diz que a Rússia nunca deveria ter ido em auxílio desta ou daquela causa externa, mas deveria, ao invés, ter se concentrado em promover a estabilidade e a prosperidade em casa.
Não há, literalmente, nada que separe esta visão das posições anti-intervencionistas e anti-guerra de Pat Buchanan (autor de A Republic not an Empire) ou Ron Paul.
Após lidar com ambos os horrores do comunismo, Solzhenitsyn, naturalmente, voltou sua atenção para o terrível caos do período pós-comunista. Aqui, novamente, sua preocupação pelo povo russo, em si mesmo, permanece consistente. Ele escreve,
Solzhenitsyn estava certo. Um dos mais duradouros legados do leninismo, que permaneceu após tudo o mais ter sido varrido para longe ou desabar, foi a decisão de criar falsas entidades federais em território do que tinha sido o estado unitário russo. Estas entidades, chamadas repúblicas soviéticas, contribuíram, somente, para a criação de nacionalismos falsificados e, é claro, para a diluição da nacionalidade russa. Eles eram falsificados porque as repúblicas em questão, de fato, não correspondiam à realidade étnica: os casaques, por exemplo, são e permanecem sendo uma minoria no Casaquistão, 1 enquanto, “Ucrânia” é, de fato uma coleção de antigas províncias russas (especialmente, Kiev) e algumas ucranianas. Este nacionalismo falsificado permitiu à União Soviética se apresentar como uma federação internacional de povos, similar a União Européia de hoje, mas isto foi explorado pelos inimigos da Rússia quando chegou o momento de destruir a existência geopolítica do estado russo. Isto aconteceu quando a URSS foi, unilateralmente, dissolvida por três líderes de repúblicas, em dezembro de 1991.
E esta é a chave para a hostilidade do Ocidente à Solzhenitsyn. O homem que o Ocidente explorou para destruir o comunismo recusou-se a dobrar os joelhos para as contínuas tentativas ocidentais (em grande medida, bem-sucedidas) para destruir a própria Rússia. Talvez não seja uma coincidência que Anne Applebaum, uma cidadã americana, seja esposa do Ministro do Exterior do mais antigo inimigo histórico da Rússia, a Polônia.
_____________________________________
1 : Buenas (by Túlio), segundo a Wikipédia, os casaques são, cerca de 60 % da atual população do país em questão. Embora, também seja dito que isto se deve a emigração de russos e outras etnias e à imigração de casaques de outros países, incluindo a China.
Por John Laughland – 12 de agosto de 2008 – The Brussels Journal.
A morte de Alexander Solzhenitsyn produziu reações previsíveis dos comentarisas ocidentais. Foi dito, sim, ele era um gigante moral por expor, tão bravamente, os males do sistema penitenciário soviético no “Arquipélago Gulag”; mas, depois, ele comprometeu sua estatura moral ao fracassar em gostar do Ocidente e por se transformar num nacionalista russo.
Um exemplo perfeito deste raciocínio está no artigo de Anne Applebaum no The Guardian. Ela própria uma autora de uma história do Gulag, escreveu,
Nos últimos anos, Solzhenitsyn perdeu algo de sua estatura... graças ao seu fracasso em abraçar a democracia liberal. Realmente, ele nunca gostou do Ocidente, realmente, nunca assumiu o livre-mercado ou a cultura pop.
Tais comentários revelam mais sobre a autora do que sobre seu tema. Nós estamos lidando aqui com algo que eu proponho chamar de geo-ideologia: o, infelizmente, difundido preconceito de que “Ocidente” e “democracia” são conceitos idênticos. Nas mentes de tais comentaristas, além do mais, o “Ocidente” é também idêntico com “livre-mercado” e “cultura pop. O “Ocidente”, aparentemente, não mais quer dizer “Cristandade” ou, até mesmo, aquele corpo de herança do tesouro das culturas de Atenas e Roma. Ao invés, ele quer dizer MTV, cocaína e coca-cola.
Em cada nível, tais pressupostos são falsos. Vamos começar com “livre-mercado”, a infindável repetição da papagaiada dos globalistas. Mas por qual possível critério pode a Rússia ser considerada como tendo menos livre-mercado do que os Estados Unidos da América, ou mesmo a maioria dos estados-membros da União Européia? Uma medida-chave da liberdade de um mercado é o tanto de rendimento privado consumido pelo estado. O índice do imposto de renda, na Rússia, é fixado em 13 por cento – uma fração dos 25 ou mais por cento pagos nos EUA, os 33 por cento pagos no Reino Unido e os 40 por cento pagos na Europa continental. Quanto a cultura pop, a Rússia, infelizmente, tem muito dela. Sua juventude está tão imbuída com ela, lamentavelmente, quanto a juventude da América ou Europa.
Os comentários também falham em apresentar o leitor com qualquer análise séria da posição política de Solzhenitsyn. A autora faz referências vagas e disparatadas sobre a inadequabilidade da “visão de uma sociedade mais espiritual” de Solzhenitsyn e a seu “nacionalismo enferrujado e fora de moda” – julgamentos que parecem dever mais a propaganda soviética que ela diz rejeitar. Mas ela falha em permitir ao leitor saber o que ela está querendo dizer. Com certeza, na ocasião da morte de um homem, poderia ser oportuno contar as pessoas sobre o que ele pensava.
Qualquer um que leia o espantoso ensaio de Solzhenitsyn, de 1995, “The Russian Question at the End of the Twentieth Century”, irá ver que esta caricatura é uma insensatez. Não há nada de irracional ou místico sobre as posições políticas de Solzhenitsyn, afinal de contas – e ele faz, apenas, as mais oblíquas referências a religião, que, é fato sabido, ele acalentava. Não, o que emerge deste ensaio é uma posição política, extremamente simples e poderosa, que é facilmente traduzida para o inglês da América como “paleo-conservadorismo”.
Solzhenitsyn faz um devastador ataque contra trezentos anos de história russa. Quase nenhum líder russo emerge sem censura (ele gosta, apenas, da imperatriz Isabel [1741-1762] e do Tzar Alexandre III [1881-1894]); a maioria deles são, redondamente, condenados. Alguém poderia contestar a ferocidade dos ataques de Solzhenitsyn, mas a coerência ideológica deles é muito clara: ele se opõe a líderes que perseguem aventuras externas, incluindo construção de impérios, às custas da própria população russa. Isto, diz ele, é aquilo que une todos os Tzares, desde Pedro, O Grande, com os líderes bolchevistas.
De novo e de novo, numa variedade de contextos históricos, Solzhenitsyn diz que a Rússia nunca deveria ter ido em auxílio desta ou daquela causa externa, mas deveria, ao invés, ter se concentrado em promover a estabilidade e a prosperidade em casa.
Enquanto sempre buscamos auxiliar os búlgaros, os sérvios, os montenegrinos, teríamos feito melhor em pensar, primeiramente, nos bielorussos e ucranianos: com a pesada mão do império nós os privamos do desenvolvimento cultural e espiritual em suas próprias tradições... as infindáveis guerras pelos cristãos balcânicos foram um crime contra o povo russo... A tentativa da russificação de toda a Rússia, provou-se danosa, não só para as características nacionais de todas as outras etnicidades no império, mas foi, muito mais detrimental para a própria nacionalidade russa, em si mesma... Os objetivos de um grande império e a saúde moral do povo são incompatíveis.. Manter um grande império significa contribuir para a extinção de nosso próprio povo.
Não há, literalmente, nada que separe esta visão das posições anti-intervencionistas e anti-guerra de Pat Buchanan (autor de A Republic not an Empire) ou Ron Paul.
Após lidar com ambos os horrores do comunismo, Solzhenitsyn, naturalmente, voltou sua atenção para o terrível caos do período pós-comunista. Aqui, novamente, sua preocupação pelo povo russo, em si mesmo, permanece consistente. Ele escreve,
O problema não é que a URSS se dissolveu – isso era inevitável. O real problema, e que nos irá enredar por ainda um longo tempo, é que a dissolução ocorreu ao longo de falsas fronteiras leninistas, usurpando de nós, províncias russas inteiras. Em vários dias, perdemos 25 milhões de russos étnicos – 18 por cento de nossa nação inteira – e o governo não pode arranjar coragem, até mesmo para tomar nota desse evento terrível, uma colossal derrota histórica para a Rússia, e para declarar sua discordância política com isto.
Solzhenitsyn estava certo. Um dos mais duradouros legados do leninismo, que permaneceu após tudo o mais ter sido varrido para longe ou desabar, foi a decisão de criar falsas entidades federais em território do que tinha sido o estado unitário russo. Estas entidades, chamadas repúblicas soviéticas, contribuíram, somente, para a criação de nacionalismos falsificados e, é claro, para a diluição da nacionalidade russa. Eles eram falsificados porque as repúblicas em questão, de fato, não correspondiam à realidade étnica: os casaques, por exemplo, são e permanecem sendo uma minoria no Casaquistão, 1 enquanto, “Ucrânia” é, de fato uma coleção de antigas províncias russas (especialmente, Kiev) e algumas ucranianas. Este nacionalismo falsificado permitiu à União Soviética se apresentar como uma federação internacional de povos, similar a União Européia de hoje, mas isto foi explorado pelos inimigos da Rússia quando chegou o momento de destruir a existência geopolítica do estado russo. Isto aconteceu quando a URSS foi, unilateralmente, dissolvida por três líderes de repúblicas, em dezembro de 1991.
E esta é a chave para a hostilidade do Ocidente à Solzhenitsyn. O homem que o Ocidente explorou para destruir o comunismo recusou-se a dobrar os joelhos para as contínuas tentativas ocidentais (em grande medida, bem-sucedidas) para destruir a própria Rússia. Talvez não seja uma coincidência que Anne Applebaum, uma cidadã americana, seja esposa do Ministro do Exterior do mais antigo inimigo histórico da Rússia, a Polônia.
_____________________________________
1 : Buenas (by Túlio), segundo a Wikipédia, os casaques são, cerca de 60 % da atual população do país em questão. Embora, também seja dito que isto se deve a emigração de russos e outras etnias e à imigração de casaques de outros países, incluindo a China.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Nossa este texto é muito bom mesmo. Cultura de primeira ordem e ajuda entender bem o problema da guerra que esta acontecendo.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
No entanto, há alguns erros fáceis de identificar no pensamento «Pan eslavo» do Soljenitzin.Solzhenitsyn estava certo. Um dos mais duradouros legados do leninismo, que permaneceu após tudo o mais ter sido varrido para longe ou desabar, foi a decisão de criar falsas entidades federais em território do que tinha sido o estado unitário russo. Estas entidades, chamadas repúblicas soviéticas, contribuíram, somente, para a criação de nacionalismos falsificados e, é claro, para a diluição da nacionalidade russa.
Sendo um russo do «core» ou nucleo principal do império, ele teve uma educação puramente russa, e essa educação era uma educação tendente a justificar a existência de um Estado Nação Russo.
Como sabemos a União Soviética foi na prática formada por Stalin, que era georgiano. Mas conforme podemos ver na biografia de Stalin, ele foi elogiado por ter tido um comportamento absolutamente brutal para com os seus conterrâneos.
A questão das étnias, era responsabilidade do departamento sob a alçada directa de Stalin dentro da estrutura bolchevique, e é uma das razões da sua ascenção depois da morte de Lenin.
E o próprio Stalin, desenhou a estrutura que mais tarde viria a ser a União Soviética, exactamente porque mesmo sabendo que poderia utilizar a mais inimaginavel violência e brutalidade, ele nunca poderia destruir os nacionalismos das terras que se estendiam desde a Polónia ao Kamchatka.
Stalin sabia bem o que se passava e conhecia bem o problema.
A Russia era demasiado diversa para resistir à tentativa de criar uma Russia Estado-Nação.
Se até Stalin, que era o homem que poderia te-lo criado utilizando a brutalidade criminosa que todos lhe reconhecem, sabia que era impossível criar uma Naçao Russa, então dificilmente Soljenitsin poderia ter alguma razão.
Soljenitsin é em grande medida um russo étnico, que nasceu numa das franjas do império. Para ele, era dificil de entender que as pessoas que estavam do outro lado das montanhas, fizessem parte da URSS mas não fossem russas.
Ele é um representante da étnia russa dominante. E em todos os impérios, a étnia dominante considera que tem o direito de dominar as outras e que as outras devem vergar-se à sua cultura, que é considerada superior.
Esse é o grande problema da Rússia e também da China (e de alguma forma da Índia, mas aí a coisa é diferente), e é o problema de todos os impérios.
Os impérios não se dão bem com um sistema democrático.
Dentro de estados multiétnicos, a democracia tende a criar as autonomias administrativas e as diferenças étnicas acabam sempre por estudar o problema da liberdade.
Nenhum povo da terra alguma vez será verdadeiramente livre, se não for independente.
A independência de um povo, é o patamar mais alto da Liberdade.
E os Homens nasceram para ser livres, não para serem escravos.
Por isso, eles tendem a dizer que a democracia é uma farsa e uma invenção capitalista. No fundo eles sabem perfeitamente que a democracia para eles, é uma doença incurável. Nenhum império resistirá. Para resistir precisa da força bruta e precisa de mostrar determinação em utilizar essa força bruta.
Foi o que vimos na Georgia.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
CUTUCANDO URSO COM VARA CURTA.
Por Patrick J. Buchanan – 15 de agosto de 2008.
A decisão de Mikheil Saakashvili de utilizar a abertura dos Jogos Olímpicos para acobertar a invasão, pela Geórgia, de sua província separatista da Ossétia do Sul, deve emparelhar em estupidez com a decisão de Gamal Abdel-Nasser de fechar os Estreitos de Tiran aos navios israelenses.
A asneira de Nasser custou-lhe o Sinai, na Guerra dos Seis Dias. A asneira de Saakashvili, provavelmente, irá significar a perda permanente da Ossétia do Sul e da Abkhazia.
Após canhonear e atacar aquilo que ele proclama ser próprio país, matando montes de seus próprios cidadãos ossétios e enviando dezenas de milhares em fuga para a Rússia, o exército de Saakashvili foi surrado e rechaçado de volta à Geórgia, em 48 horas.
Vladimir Putin agarrou a oportunidade para, também, chutar o exército georgiano para fora da Abkhazia, para bombardear Tbilisi e tomar Gori, local de nascimento de Stalin.
Revelando seu status de íntimo com George Bush, Dick Cheney e John McCain, e único aliado democrático no Cáucaso, Saakashvili achou que podia ir em frente com um golpe-relâmpago e apresentar ao mundo um fait accompli.
Mikheil não levou em conta, nem a fúria, nem a vontade do Urso.
As acusações americanas de agressão russa são ocas. A Geórgia começou esta luta – a Rússia acabou com ela. As pessoas que iniciam guerras não decidem como e quando elas acabam.
A resposta Russa foi “desproporcional” e “brutal”, tartamudeou Bush.
É verdade. Mas nós não autorizamos Israel a bombardear o Líbano, por 35 dias, em resposta a uma escaramuça de fronteira, na qual vários soldados israelenses foram foram mortos e dois capturados? Isso não foi, muitas vezes, mais “desproporcional”?
A Rússia invadiu um país soberano, braveja Bush. Mas os Estados Unidos não bombardearam a Sérvia, durante 78 dias, e a invadiram para obrigá-la a ceder uma província, Kosovo, à qual a Sérvia tinha, de longe, mais direitos históricos do que tem a Geórgia em relação à Abkhazia ou a Ossétia do Sul, ambas as quais preferem Moscou a Tbilisi?
A hipocrisia ocidental não é de espantar?
Quando a União Soviética dissolveu-se em 15 nações, nós celebramos. Quando a Eslovênia, Croácia, Macedônia, Bósnia, Montenegro e Kosovo separaram-se da Sérvia, nós nos rejubilamos. Por quê, então, a indignação quando duas províncias, cujos povos são etnicamente diferentes dos georgianos e que lutaram por sua independência, obtém sucesso em sua separação?
Secessões e dissoluções de nações são louváveis, apenas quando avançam a agenda dos neocons, muitos dos quais, visceralmente, detestam a Rússia?
Que Putin agarrou a ocasião da ação provocadora e estúpida de Saakashvili para administrar uma dose extra de castigo, é inegável. Mas a ira russa não é compreensível? Por anos, o Ocidente esfregou a derrota na Guerra Fria na cara da Rússia, e a tratou como a Alemanha de Weimar.
Quando Moscou retirou o Exército Vermelho da Europa, fechou suas bases em Cuba, dissolveu o império do mau, deixou a União Soviética se dissolver em 15 estados, e buscou aliança e amizade com os Estados Unidos, o que foi que nós fizemos?
Usurários americanos se conluiaram com mafiosos moscovitas para saquearem a nação russa. Rompendo uma promessa à Mikhail Gorbachev, nós movemos nossa aliança militar para dentro da Europa Oriental, então para a porta da Rússia. Seis nações do Pacto de Varsóvia e três antigas repúblicas da União Soviética, agora, são membros da OTAN.
Bush, Cheney e McCain tem feito pressão para trazer a Ucrânia e a Geórgia para a OTAN. Isso teria exigido que os Estados Unidos fossem à guerra com a Rússia por causa do terra natal de Stalin e sobre quem tem a soberania sobre a Península da Criméia e Sebastopol, tradicional casa da Frota do Mar Negro da Rússia.
Quando foi que esses se tornaram interesses vitais dos Estados Unidos, que justifiquem uma guerra contra a Rússia?
Os Estados Unidos, unilateralmente, denunciaram o tratado de mísseis anti-balísticos, porque nossa tecnologia era superior, então, planejamos situar defesas anti-míssil na Polônia e na República Tcheca, para defesa contra mísseis iranianos, embora o Irã não tenha nenhum ICBM e nenhuma bomba atômica. Uma contra-oferta russa para que, juntos, instalássemos um sistema anti-míssil no Azerbaijão, foi rejeitada, peremptoriamente.
Nós construímos um oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, do Azerbaijão via Geórgia para a Turquia, jogando a Rússia para escanteio. Então, ajudamos a derrubar regimes amigos de Moscou com “revoluções” democráticas, na Ucrânia e Geórgia, e tentamos repetir isso na Bielorússia.
Os americanos tem muitas excelentes qualidades. Porém, a capacidade de ver a nós mesmos, da forma como os outros nos vêem, não é uma delas.
Imaginem um mundo onde Ronald Reagan nunca tivesse existido, no qual a Europa optasse por sair da Guerra Fria, depois que Moscou instalou aqueles mísseis SS-20, ao leste do Elba. E que a Europa tivesse abandonado a OTAN, nos mandado voltar para casa, e se tornasse subserviente à Moscou.
Como teríamos reagido se Moscou tivesse levado a Europa Ocidental para dentro do Pacto de Varsóvia, estabelecido bases no México e no Panamá, colocado radares e mísseis de defesa anti-míssil em Cuba, juntado-se à China para construir oleodutos que transferissem o petróleo mexicano e venezuelano para portos no Pacífico, para embarque rumo à Ásia, e jogando os EUA para escanteio? Se houvessem conselheiros russos e chineses treinando exércitos latino-americanos, do modo com nós estamos fazendo nas antigas repúblicas soviéticas. Como iríamos reagir? Iríamos ficar olhando tal comportamento russo, com alegria?
Há uma década, alguns de nós tem prevenido sobre a tolice de se imiscuir no espaço russo e bater de frente com a Rússia. As galinhas do imperialismo democrático, agora começaram a fritar – em Tbilisi.
Por Patrick J. Buchanan – 15 de agosto de 2008.
A decisão de Mikheil Saakashvili de utilizar a abertura dos Jogos Olímpicos para acobertar a invasão, pela Geórgia, de sua província separatista da Ossétia do Sul, deve emparelhar em estupidez com a decisão de Gamal Abdel-Nasser de fechar os Estreitos de Tiran aos navios israelenses.
A asneira de Nasser custou-lhe o Sinai, na Guerra dos Seis Dias. A asneira de Saakashvili, provavelmente, irá significar a perda permanente da Ossétia do Sul e da Abkhazia.
Após canhonear e atacar aquilo que ele proclama ser próprio país, matando montes de seus próprios cidadãos ossétios e enviando dezenas de milhares em fuga para a Rússia, o exército de Saakashvili foi surrado e rechaçado de volta à Geórgia, em 48 horas.
Vladimir Putin agarrou a oportunidade para, também, chutar o exército georgiano para fora da Abkhazia, para bombardear Tbilisi e tomar Gori, local de nascimento de Stalin.
Revelando seu status de íntimo com George Bush, Dick Cheney e John McCain, e único aliado democrático no Cáucaso, Saakashvili achou que podia ir em frente com um golpe-relâmpago e apresentar ao mundo um fait accompli.
Mikheil não levou em conta, nem a fúria, nem a vontade do Urso.
As acusações americanas de agressão russa são ocas. A Geórgia começou esta luta – a Rússia acabou com ela. As pessoas que iniciam guerras não decidem como e quando elas acabam.
A resposta Russa foi “desproporcional” e “brutal”, tartamudeou Bush.
É verdade. Mas nós não autorizamos Israel a bombardear o Líbano, por 35 dias, em resposta a uma escaramuça de fronteira, na qual vários soldados israelenses foram foram mortos e dois capturados? Isso não foi, muitas vezes, mais “desproporcional”?
A Rússia invadiu um país soberano, braveja Bush. Mas os Estados Unidos não bombardearam a Sérvia, durante 78 dias, e a invadiram para obrigá-la a ceder uma província, Kosovo, à qual a Sérvia tinha, de longe, mais direitos históricos do que tem a Geórgia em relação à Abkhazia ou a Ossétia do Sul, ambas as quais preferem Moscou a Tbilisi?
A hipocrisia ocidental não é de espantar?
Quando a União Soviética dissolveu-se em 15 nações, nós celebramos. Quando a Eslovênia, Croácia, Macedônia, Bósnia, Montenegro e Kosovo separaram-se da Sérvia, nós nos rejubilamos. Por quê, então, a indignação quando duas províncias, cujos povos são etnicamente diferentes dos georgianos e que lutaram por sua independência, obtém sucesso em sua separação?
Secessões e dissoluções de nações são louváveis, apenas quando avançam a agenda dos neocons, muitos dos quais, visceralmente, detestam a Rússia?
Que Putin agarrou a ocasião da ação provocadora e estúpida de Saakashvili para administrar uma dose extra de castigo, é inegável. Mas a ira russa não é compreensível? Por anos, o Ocidente esfregou a derrota na Guerra Fria na cara da Rússia, e a tratou como a Alemanha de Weimar.
Quando Moscou retirou o Exército Vermelho da Europa, fechou suas bases em Cuba, dissolveu o império do mau, deixou a União Soviética se dissolver em 15 estados, e buscou aliança e amizade com os Estados Unidos, o que foi que nós fizemos?
Usurários americanos se conluiaram com mafiosos moscovitas para saquearem a nação russa. Rompendo uma promessa à Mikhail Gorbachev, nós movemos nossa aliança militar para dentro da Europa Oriental, então para a porta da Rússia. Seis nações do Pacto de Varsóvia e três antigas repúblicas da União Soviética, agora, são membros da OTAN.
Bush, Cheney e McCain tem feito pressão para trazer a Ucrânia e a Geórgia para a OTAN. Isso teria exigido que os Estados Unidos fossem à guerra com a Rússia por causa do terra natal de Stalin e sobre quem tem a soberania sobre a Península da Criméia e Sebastopol, tradicional casa da Frota do Mar Negro da Rússia.
Quando foi que esses se tornaram interesses vitais dos Estados Unidos, que justifiquem uma guerra contra a Rússia?
Os Estados Unidos, unilateralmente, denunciaram o tratado de mísseis anti-balísticos, porque nossa tecnologia era superior, então, planejamos situar defesas anti-míssil na Polônia e na República Tcheca, para defesa contra mísseis iranianos, embora o Irã não tenha nenhum ICBM e nenhuma bomba atômica. Uma contra-oferta russa para que, juntos, instalássemos um sistema anti-míssil no Azerbaijão, foi rejeitada, peremptoriamente.
Nós construímos um oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, do Azerbaijão via Geórgia para a Turquia, jogando a Rússia para escanteio. Então, ajudamos a derrubar regimes amigos de Moscou com “revoluções” democráticas, na Ucrânia e Geórgia, e tentamos repetir isso na Bielorússia.
Os americanos tem muitas excelentes qualidades. Porém, a capacidade de ver a nós mesmos, da forma como os outros nos vêem, não é uma delas.
Imaginem um mundo onde Ronald Reagan nunca tivesse existido, no qual a Europa optasse por sair da Guerra Fria, depois que Moscou instalou aqueles mísseis SS-20, ao leste do Elba. E que a Europa tivesse abandonado a OTAN, nos mandado voltar para casa, e se tornasse subserviente à Moscou.
Como teríamos reagido se Moscou tivesse levado a Europa Ocidental para dentro do Pacto de Varsóvia, estabelecido bases no México e no Panamá, colocado radares e mísseis de defesa anti-míssil em Cuba, juntado-se à China para construir oleodutos que transferissem o petróleo mexicano e venezuelano para portos no Pacífico, para embarque rumo à Ásia, e jogando os EUA para escanteio? Se houvessem conselheiros russos e chineses treinando exércitos latino-americanos, do modo com nós estamos fazendo nas antigas repúblicas soviéticas. Como iríamos reagir? Iríamos ficar olhando tal comportamento russo, com alegria?
Há uma década, alguns de nós tem prevenido sobre a tolice de se imiscuir no espaço russo e bater de frente com a Rússia. As galinhas do imperialismo democrático, agora começaram a fritar – em Tbilisi.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Russia
U.S. missile shield in Europe targets Russia - Medvedev
18:49 | 15/ 08/ 2008
SOCHI, August 15 (RIA Novosti) - Russian President Dmitry Medvedev said on Friday he has no doubt that a planned U.S. missile defense shield for Central Europe is aimed against Russia, but Moscow is ready to continue talks with all parties concerned.
"The deployment of new missile-defense elements in Europe has the Russian Federation as its aim," Medvedev said at a press conference with German Chancellor Angela Merkel in the Black Sea resort town of Sochi.
The United States and Poland signed an agreement on Thursday to deploy 10 U.S. interceptor missiles in the former Communist-bloc country.
The news comes amid a military crisis in Georgia that has provoked strong criticism of Russia by the United States and other Western countries.
Commenting on the move, Medvedev said: "We will continue working on this issue. We are ready to continue discussing these issues with all the parties."
Moscow's NATO ambassador said earlier on Friday that by signing a missile defense agreement with the United States, Poland has effectively confirmed that the missile shield is aimed against Russia.
"The Poles should be thanked for helping reveal the strategic goal of the U.S. missile defense plan," Dmitry Rogozin said in an interview with RIA Novosti.
A top Russian military official said the Polish-U.S. deal would worsen Russia's relationship with the United States.
"Regrettably, in the extremely difficult situation that has evolved today, the American side is aggravating the relationship between the U.S. and Russia," said Col. Gen. Anatoly Nogovitsyn, deputy chief of the General Staff of the Russian Armed Forces.
Russia is strongly opposed to the missile shield plan, which it says will undermine its nuclear deterrent and threaten its national security.
Washington says plans to place 10 interceptor missiles in Poland coupled with a radar system in the Czech Republic are intended to counter possible attacks from what it calls "rogue states," including Iran.
The agreement was reached after Washington agreed to reinforce Poland's air defenses. The deal is still to be approved by the two countries' governments and Poland's parliament.
Polish Prime Minister Donald Tusk said in televised remarks that "the events in the Caucasus show clearly that such security guarantees are indispensable." The U.S.-Polish missile talks had been dragging for months before recent hostilities in Georgia.
Moscow has accused the West of bias in favor of Georgia and reliance on statements from Tbilisi during the South Ossetia armed conflict. Russia says it deployed additional troops to South Ossetia to reinforce its peacekeepers and protect civilians after Georgia attacked the capital of the breakaway republic on August 8.
Officials say the interceptor base in Poland will be opened by 2012. The Czech Republic signed a deal to host a U.S. radar on July 8.
Russian officials earlier said Moscow could deploy its Iskander tactical missiles and strategic bombers in Belarus and Russia's westernmost exclave of Kaliningrad if Washington succeeded in its missile shield plans in Europe. Moscow also warned it could target its missiles on Poland.
U.S. missile shield in Europe targets Russia - Medvedev
18:49 | 15/ 08/ 2008
SOCHI, August 15 (RIA Novosti) - Russian President Dmitry Medvedev said on Friday he has no doubt that a planned U.S. missile defense shield for Central Europe is aimed against Russia, but Moscow is ready to continue talks with all parties concerned.
"The deployment of new missile-defense elements in Europe has the Russian Federation as its aim," Medvedev said at a press conference with German Chancellor Angela Merkel in the Black Sea resort town of Sochi.
The United States and Poland signed an agreement on Thursday to deploy 10 U.S. interceptor missiles in the former Communist-bloc country.
The news comes amid a military crisis in Georgia that has provoked strong criticism of Russia by the United States and other Western countries.
Commenting on the move, Medvedev said: "We will continue working on this issue. We are ready to continue discussing these issues with all the parties."
Moscow's NATO ambassador said earlier on Friday that by signing a missile defense agreement with the United States, Poland has effectively confirmed that the missile shield is aimed against Russia.
"The Poles should be thanked for helping reveal the strategic goal of the U.S. missile defense plan," Dmitry Rogozin said in an interview with RIA Novosti.
A top Russian military official said the Polish-U.S. deal would worsen Russia's relationship with the United States.
"Regrettably, in the extremely difficult situation that has evolved today, the American side is aggravating the relationship between the U.S. and Russia," said Col. Gen. Anatoly Nogovitsyn, deputy chief of the General Staff of the Russian Armed Forces.
Russia is strongly opposed to the missile shield plan, which it says will undermine its nuclear deterrent and threaten its national security.
Washington says plans to place 10 interceptor missiles in Poland coupled with a radar system in the Czech Republic are intended to counter possible attacks from what it calls "rogue states," including Iran.
The agreement was reached after Washington agreed to reinforce Poland's air defenses. The deal is still to be approved by the two countries' governments and Poland's parliament.
Polish Prime Minister Donald Tusk said in televised remarks that "the events in the Caucasus show clearly that such security guarantees are indispensable." The U.S.-Polish missile talks had been dragging for months before recent hostilities in Georgia.
Moscow has accused the West of bias in favor of Georgia and reliance on statements from Tbilisi during the South Ossetia armed conflict. Russia says it deployed additional troops to South Ossetia to reinforce its peacekeepers and protect civilians after Georgia attacked the capital of the breakaway republic on August 8.
Officials say the interceptor base in Poland will be opened by 2012. The Czech Republic signed a deal to host a U.S. radar on July 8.
Russian officials earlier said Moscow could deploy its Iskander tactical missiles and strategic bombers in Belarus and Russia's westernmost exclave of Kaliningrad if Washington succeeded in its missile shield plans in Europe. Moscow also warned it could target its missiles on Poland.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
I guess the world will never be the same...
The multipolarity is comin', let us do for ourselves...
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“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
É bom o povo na Polônia comprar muito protetor solar e umas capas de chumbo.
Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
17/08/2008 - 05h59
Rússia considera possibilidade de pôr armas nucleares na sua frota no Báltico
Londres, 17 ago (EFE).- A Rússia estuda atualmente a possibilidade de dotar de armas nucleares pela primeira vez desde a Guerra Fria a sua frota do Báltico, segundo uma alta fonte militar desse país citada hoje por "The Sunday Times".
De acordo com esses supostos planos, seriam colocados armas nucleares nos submarinos, cruzeiros e nos caças da frota com base em Kaliningrado, enclave russo situado entre dois países da UE: Polônia e Lituânia.
Segundo a anônima fonte russa, desde a queda do comunismo, essa frota esteve um tanto quanto descuidada em relação a financiamento, mas "isso vai mudar agora".
"Em vista da determinação americana de montar um sistema antimísseis na Europa, os militares (russos) estão revisando todos seus planos para responder Washington adequadamente", acrescentou a fonte.
O embaixador americano na Otan, Kurt Volker, ao corrente dos supostos planos russos, criticou o fato de Moscou pretender reagir "colocando ogivas nucleares em vários lugares, se é que finalmente o faz, quando o resto do mundo não pensa em um conflito do tipo daqueles da Guerra Fria".
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 24470.jhtm
Rússia considera possibilidade de pôr armas nucleares na sua frota no Báltico
Londres, 17 ago (EFE).- A Rússia estuda atualmente a possibilidade de dotar de armas nucleares pela primeira vez desde a Guerra Fria a sua frota do Báltico, segundo uma alta fonte militar desse país citada hoje por "The Sunday Times".
De acordo com esses supostos planos, seriam colocados armas nucleares nos submarinos, cruzeiros e nos caças da frota com base em Kaliningrado, enclave russo situado entre dois países da UE: Polônia e Lituânia.
Segundo a anônima fonte russa, desde a queda do comunismo, essa frota esteve um tanto quanto descuidada em relação a financiamento, mas "isso vai mudar agora".
"Em vista da determinação americana de montar um sistema antimísseis na Europa, os militares (russos) estão revisando todos seus planos para responder Washington adequadamente", acrescentou a fonte.
O embaixador americano na Otan, Kurt Volker, ao corrente dos supostos planos russos, criticou o fato de Moscou pretender reagir "colocando ogivas nucleares em vários lugares, se é que finalmente o faz, quando o resto do mundo não pensa em um conflito do tipo daqueles da Guerra Fria".
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2 ... 24470.jhtm
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
é realmente impressionante a falta de escrupulos e a hipócrisia desta canalha!O embaixador americano na Otan, Kurt Volker, ao corrente dos supostos planos russos, criticou o fato de Moscou pretender reagir "colocando ogivas nucleares em vários lugares, se é que finalmente o faz, quando o resto do mundo não pensa em um conflito do tipo daqueles da Guerra Fria".
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
http://www.otempo.com.br/otempo/noticia ... icia=87897Guerra. Interesse de Moscou na região é estratégico do ponto de vista militar e energético, dizem analistas
Conflito é brecha para avanço de domínio russo no Cáucaso
Separação da Ossétia do Sul, porém, não está nos planos de Moscou
Renata Medeiros
Enquanto o mundo tinha suas atenções voltadas ao grande espetáculo que marcou o começo das Olimpíadas na China, teve início um combate que, além de trazer morte e destruição, abriu precedentes para o resgate de antigos desentendimentos. O estopim do conflito, que já se desenrola por mais de dez dias, foi uma ação militar georgiana na Província separatista Ossétia do Sul. A Rússia, aliada dos ossetianos, logo revidou, invadindo a Geórgia e atacando pontos estratégicos como a cidade de Gori, portos e bases militares. Mais do que defender a Ossétia, Moscou provou ainda que está disposta a estabelecer sua influência e garantir o controle da região.
No início da década de 90, após um combate que durou cerca dois anos, a Ossétia do Sul passou a ser uma região autônoma dentro da Geórgia. No mesmo período ela declarou sua independência unilateralmente, mas a decisão não foi reconhecida. Logo após o fim do conflito, tropas russas passaram a atuar dentro da Província com o objetivo de manter a paz no local. A Rússia passou também a ajudar economicamente a Ossétia do Sul. Cerca de dois terços do orçamento anual da região, algo em torno de US$ 30 milhões, vêm do governo russo. Além disso, Moscou passou também a emitir aos ossetas passaportes russos.
Ao tentar retomar o controle do território ossetiano no dia 7 deste mês, o presidente da Geórgia Mikhail Saakashvili, violou o acordo assinado em 1992, que coloca as regiões separatistas sob tutela russa. De acordo com o historiador Ângelo Segrillo, do Instituto Pushkin de Moscou, desde que assumiu o poder, em 2004, Saakashvili vem trazendo problemas a Moscou por tentar diminuir a influência russa na região e se aproximar do Ocidente. Uma prova disso é a tentativa da Geórgia, ainda que frustrada, de fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), fato que desagradou Moscou profundamente. Segrillo lembra ainda que o presidente "Saakashvili sempre deixou clara que sua prioridade seria a retomada de regiões separatistas".
Objetivos. De acordo com especialistas, o principal interesse estratégico da Rússia na Província é aumentar a hegemonia do país, que muitas vezes é prejudicada pela influência ocidental. "Os líderes russos estão interessados em reafirmar sua supremacia na região", diz a cientista política e especialista em Rússia Vidya Nadkami, da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos.
A necessidade de manter a soberania na região também está relacionada a questões energéticas. A Geórgia é um importante corredor para a industria de petróleo e gás, ligando a região do mar Cáspio aos mercados mundiais. A grande estratégia da União Européia hoje é desenvolver na Geórgia uma rota alternativa para o petróleo e o gás da região do Cáspio, sem passar pela Rússia, fato que, logicamente não agrada Moscou.
Apesar de apoiar a Ossétia do Sul, porém, a Rússia ainda não reconheceu a independência unilateral da Província e, segundo especialistas, é provável que isso não aconteça. "Os russos estão satisfeitos com a autonomia da Ossétia do Sul. Um apoio à independência poderia incentivar regiões autônomas da Federação Russa a requerer o mesmo direito", afirma Vydia.
Apesar da Ossétia do Sul estar do lado georgiano da fronteira e a Ossétia do Norte em território russo, os laços entre as duas regiões permaneceram fortes, já que seu passado cultural e étnico é o mesmo. Assim, para Segrillo, "a independência dos ossetas seria apenas um prelúdio para a reunificação com a Ossétia do Norte dentro dos quadros da Federação Russa".
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Análise
O anseio russo de controlar o Cáucaso
Geraldine Rosas
O atual conflito na Ossétia do Sul expressa o anseio russo de controlar a região do Cáucaso, limitando a influência norte-americana na área. Mais do que a independência de uma Província separatista, está em jogo a dinâmica de poder e influência na região como um todo. A Geórgia, que se tornou independente com o fim da União Soviética, é um país de relevância geopolítica e que, declaradamente, deseja crescer como eixo comercial.
Para tanto, o país vem se alinhando aos Estados do Ocidente, almejando, inclusive, tornar-se membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Além disso, a Geórgia conta com o apoio dos Estados Unidos, que reconhece a soberania do país e apóia o Exército georgiano. A Rússia, por outro lado, desde o fim da Guerra Fria, busca retomar o controle da região, intervindo em questões internas das antigas repúblicas. O atual confronto entre Moscou e Tbilisi pode ser visto como uma tentativa de desestabilizar a Geórgia e, por conseqüência, diminuir a influência dos EUA no Cáucaso. Derrotando a Geórgia na questão da Ossétia do Sul, a Rússia atingiria a capacidade de influência regional norte-americana.
O apoio russo à busca por independência da Ossétia do Sul, portanto, não se explica pelo incentivo ao separatismo – o que acabaria abrindo precedente para outras Províncias separatistas. O conflito entre Rússia e Geórgia revela o desejo de Moscou de limitar a interferência dos EUA nas antigas repúblicas soviéticas, recuperando a capacidade de controlar os territórios vizinhos. Não se trata de uma oposição direta aos EUA, mas de uma nítida disputa por influência regional.
Professora de relações internacionais do Uni-BH
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
18/08/2008 - 10h07
Rússia promete "esmagar" futuros agressores
Por Oleg Shchedrov e James Kilner
KURSK/GORI (Reuters) - O presidente russo, Dmitry Medvedev, prometeu na segunda-feira uma "reação esmagadora" contra eventuais ataques a seus cidadãos, enquanto a Geórgia espera sinais concretos da prometida desocupação russa.
Logo depois do pronunciamento de Medvedev, militares russos anunciaram o início da retirada, o que a Geórgia disse não estar ocorrendo.
"Se alguém acha que pode matar nossos cidadãos e escapar impune, nunca permitiremos isso", disse Medvedev a veteranos da Segunda Guerra Mundial na cidade de Kursk. "Se alguém tentar isso de novo, vamos aparecer com uma reação esmagadora. Temos todos os recursos necessários --políticos, econômicos e militares. Se alguém tinha alguma ilusão a respeito, tem de abandoná-las."
A Rússia invadiu a Geórgia no começo do mês, depois que Tbilisi enviou tropas para tentar recuperar o controle da sua região separatista da Ossétia do Sul, que desde a década de 1990 goza de autonomia sob proteção de Moscou.
Em Moscou, o Estado-Maior russo anunciou em sua entrevista diária à imprensa que a desocupação havia começado, segundo o plano mediado pela comunidade internacional. Tbilisi negou.
"Os russos não estão se retirando, estão nos mesmos lugares. Estão em Senaki, Khashuri, Zugdidi e Gori", disse à Reuters Shota Utiashvili, funcionário do Ministério do Interior, por volta de 7h30 (hora de Brasília).
Soldados e blindados russos montaram barreiras em uma importante rodovia georgiana. Em postos de controle de Gori (centro da Geórgia), um repórter viu blindados entregando caixas, aparentemente de ração para os militares. Questionado sobre a duração de sua permanência, um soldado de Volgogrado respondeu: "Não sabemos. Nossas ordens são para ficar aqui."
Essa é a maior mobilização russa no exterior desde o fim da União Soviética, em 1991. A União Européia e os Estados Unidos pressionam Moscou a desocupar rapidamente a Geórgia, cujo governo é fortemente aliado ao Ocidente.
O Ocidente quer o envio imediato de monitores internacionais para fiscalizar a trégua, mas ainda não há acordo nesse sentido.
A ONU disse que um primeiro comboio de ajuda conseguiu entrar no domingo em Gori, onde a entidade disse haver "claros sinais de saques generalizados", embora os prédios não estejam muito danificados.
A TV georgiana mostrou tropas russas deixando a cidade de Senaki (oeste), mas não está claro se isso é parte da desocupação como um todo.
(Reportagem adicional de Guy Faulconbridge em Moscou, Margarita Antidze em Tbilisi)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reute ... 67225.jhtm
Rússia promete "esmagar" futuros agressores
Por Oleg Shchedrov e James Kilner
KURSK/GORI (Reuters) - O presidente russo, Dmitry Medvedev, prometeu na segunda-feira uma "reação esmagadora" contra eventuais ataques a seus cidadãos, enquanto a Geórgia espera sinais concretos da prometida desocupação russa.
Logo depois do pronunciamento de Medvedev, militares russos anunciaram o início da retirada, o que a Geórgia disse não estar ocorrendo.
"Se alguém acha que pode matar nossos cidadãos e escapar impune, nunca permitiremos isso", disse Medvedev a veteranos da Segunda Guerra Mundial na cidade de Kursk. "Se alguém tentar isso de novo, vamos aparecer com uma reação esmagadora. Temos todos os recursos necessários --políticos, econômicos e militares. Se alguém tinha alguma ilusão a respeito, tem de abandoná-las."
A Rússia invadiu a Geórgia no começo do mês, depois que Tbilisi enviou tropas para tentar recuperar o controle da sua região separatista da Ossétia do Sul, que desde a década de 1990 goza de autonomia sob proteção de Moscou.
Em Moscou, o Estado-Maior russo anunciou em sua entrevista diária à imprensa que a desocupação havia começado, segundo o plano mediado pela comunidade internacional. Tbilisi negou.
"Os russos não estão se retirando, estão nos mesmos lugares. Estão em Senaki, Khashuri, Zugdidi e Gori", disse à Reuters Shota Utiashvili, funcionário do Ministério do Interior, por volta de 7h30 (hora de Brasília).
Soldados e blindados russos montaram barreiras em uma importante rodovia georgiana. Em postos de controle de Gori (centro da Geórgia), um repórter viu blindados entregando caixas, aparentemente de ração para os militares. Questionado sobre a duração de sua permanência, um soldado de Volgogrado respondeu: "Não sabemos. Nossas ordens são para ficar aqui."
Essa é a maior mobilização russa no exterior desde o fim da União Soviética, em 1991. A União Européia e os Estados Unidos pressionam Moscou a desocupar rapidamente a Geórgia, cujo governo é fortemente aliado ao Ocidente.
O Ocidente quer o envio imediato de monitores internacionais para fiscalizar a trégua, mas ainda não há acordo nesse sentido.
A ONU disse que um primeiro comboio de ajuda conseguiu entrar no domingo em Gori, onde a entidade disse haver "claros sinais de saques generalizados", embora os prédios não estejam muito danificados.
A TV georgiana mostrou tropas russas deixando a cidade de Senaki (oeste), mas não está claro se isso é parte da desocupação como um todo.
(Reportagem adicional de Guy Faulconbridge em Moscou, Margarita Antidze em Tbilisi)
http://noticias.uol.com.br/ultnot/reute ... 67225.jhtm
Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
É, a guerra fria está voltando. Só que agora será com múltiplos jogadores.
O pior dos infernos é reservado àqueles que, em tempos de crise moral, escolheram por permanecerem neutros. Escolha o seu lado.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Agora vcs mesmo me dizem se a Ucrânia não vai dar problemas.
Edificios do Governo da Criméia.
Reconhecem a bandeira?
É ou não um cavalo de Tróia?
Vc acha que vai dar problemas?
Agora esta menina etnicamente russa com corpo de brazuca é bonita.
Da onde que eu iria brigar com quem fica a Criméia se é Rússia ou é a Ucrânia com um avião destes solto. Eu quero mais é que o mundo se exploda eu vou cuidar do que interessa.
Edificios do Governo da Criméia.
Reconhecem a bandeira?
É ou não um cavalo de Tróia?
Vc acha que vai dar problemas?
Agora esta menina etnicamente russa com corpo de brazuca é bonita.
Da onde que eu iria brigar com quem fica a Criméia se é Rússia ou é a Ucrânia com um avião destes solto. Eu quero mais é que o mundo se exploda eu vou cuidar do que interessa.
Editado pela última vez por EDSON em Seg Ago 18, 2008 4:55 pm, em um total de 3 vezes.
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Re: O REGRESSO DA GRANDE RÚSSIA?
Mas as regras são as mesmas, quem não aprendeu a jogar cai de novo.Kratos escreveu:É, a guerra fria está voltando. Só que agora será com múltiplos jogadores.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!