Sobre a instalação dos interceptadores no leste europeu
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Sobre a instalação dos interceptadores no leste europeu
Sobre este assunto não dá para falar muita coisa em detalhes, por motivos óbvios, mas vou tentar dar uma base para que possam formar as convicções de vocês.
O que esta sendo dito no jogo diplomático, como é praxe neste tipo de situação não corresponde ao verdadeiro propósito estratégico que ambas as partes almejam.
1) O escudo no leste europeu é para interceptar mísseis iranianos?
Sim em teoria, se um dia o Irã construir um ICBM para ameaçar os EUA, sua trajetória ótima de interceptação passa pela instalação de uma grande estação de radar em banda X e uma base de lançamento de mísseis em solo Checo e Polonês. Um míssil lançado do Irã rumo aos EUA literalmente passa em cima de Varsóvia.
2) Mas porque apenas “em teoria”?
Porque a capacidade balística do Irã é quase toda procedente da Coréia do Norte, baseada em sistemas No Dong com 1500Km de alcance. Sistemas Taepodong não estão completamente desenvolvidos nem na Coréia do Norte e não tem potencial de crescimento que permita disparos contra o continente americano desde o oriente médio.
Existe também a clássica questão de tamanho de ogiva versus capacidade de carga x alcance. O Paquistão, é outro pais que compartilha da mesma base de mísseis balístico, foi quem desenvolveu a base de tecnologia de ogivas, tem se mostrado responsável em não compartilha-la com a Coréia do Norte, que por meios próprios não conseguiu ainda um projeto convincente de ogiva de plutônio. O Irã esta a pelo menos 10 anos atrasado da Coréia do Norte e quase 20 anos em relação ao Paquistão. Logo uma ogiva iraniana compatível com um ICBM iraniano é improvável por pelo menos duas décadas ou mais.
3) Então o escudo antimíssil é para deter os ICBM russos?
Isto também em teoria. Os ICBM´s russos estão posicionados ao longo de uma variação de longitude de quase 8000Km de leste a oeste do território russo, suas trajetória de ataque não passam pelo escudo americano em leste europeu. Bases no Alasca, Groenlândia e Norte do Canadá seriam as mais indicadas para este fim.
Existe também a força de SLBM da frota do mar do norte, virtualmente imune as defesas em solo europeu.
Alem de que a capacidade MIRV dos mísseis russos coloca a eficiência do escudo antimíssil em cheque, dada a sua arquitetura de interceptação.
4) Se o escudo não pode deter os ICBM´s russos, porque pressão do governo de Moscou?
Vamos responder a esta pergunta somando mais algumas.
I ) Porque os EUA querem colocar um escudo antimíssil que não serve para deter o Irã no futuro previsível, bem como e inócuo ao arsenal russo?
II )Porque a OTAN fechou questão pró EUA neste tema, mesmo a Alemanha, que se manteve contra a invasão do Iraque, apoiou abertamente a instalação do sistema?
III) Porque os governos europeus de França, Inglaterra, Alemanha, Itália fazem vistas grossas ao tema, com uma opinião publica que acha que a instalação nestes mísseis levariam a Europa ao cenário de “alvo nuclear” dos anos 80, que parece estar cada vez mais distante na lembrança?
Bem, ai entra uma questão bastante “invisível” para quem seja de fora do circulo de forças estratégicas mundial.
A Rússia é um pais bastante militarizado, e o governo Putin parece disposto a manter a Rússia entre as 3 ou 4 nações mais poderosas do planeta. Durante os primeiros 10 anos do fim da URSS, a inércia militar era muito forte, afinal da “nova Rússia” nasceu com milhares de itens soviéticos, mísseis balísticos, submarinos, tanques, aviões de combate e toda sorte de equipamentos e conhecimentos soviéticos.
Todos que trabalhavam com planejamento militar na Rússia da segunda metade dos anos de 1990 em diante, sabiam que chegaria o momento de projetar uma nova geração de sistemas estratégicos já sem as facilidades orçamentárias políticas e tecnológicas soviéticas.
Como projetar novos submarinos nucleares? Novos mísseis, aviões de combate, sistemas de defesa aéreos, como criar uma dúzia de tipo de satélites militares e lança-los em pro das forças espaciais?
Em fim, como ser a segunda potencia tecnológica militar do planeta com uma economia de pais em desenvolvimento?
As melhores mentes russas trabalharam quase uma década nesta questão, e um plano foi concebido. Este plano não é perfeito mas é factível com as potencialidades e limitações.
A “Nova Rússia” iria então trocar seus equipamentos da era soviética para um cenário pós guerra fria.
Como manter o “hiato” de segurança durante esta reestruturação? Apostando em armas baratas do ponto de viste de eficiência, e os sistemas nucleares de dissuasão foram os primeiros a serem colocados em operação, dando a Rússia um escudo de 20 anos até que seu plano de segurança fica-se realmente implementado na segunda década deste século.
Qual a motivação americana nesta questão?
Forçar a russa a transferir recursos de seus programas de natureza flexível, como programas de aviões de combate por exemplo, para atualização de programas estratégicos como a força de mísseis nucleares.
A implementação dos mísseis americanos em solo europeu não detem um ataque nuclear russo, mas obriga dos russos a continuamente desenvolverem suas forças nucleares, retardando portanto o desenvolvimento da nova geração de forças convencionais, estas sim importantes para a Rússia no novo cenário pos guerra fria, e temida pela OTAN na medida que pode representar a difusão de armamentos modernos no oriente médio e na Ásia.
O governo Bush também tem seus interesses a defender.
Diante dos cenários estratégicos dos EUA no pós 11 de setembro, a industria americana foi pega na contra mão, itens como o programa NMD – National Missile Defense – verdadeira caixa preta de gastos militares – sonho de toda industria militar portanto, passaram a disputar verbas com itens mais triviais como coletes a prova de balas, blindagem auxiliar para carros de combate, munição de fuzil, e toda sorte de “commoditie” militar que tem um preço mais ou menos tabelado, e que não empolga muito o apetite das grandes fornecedoras americanas, acostumadas desde a era Regan aos grandes, complexos e esbanjadores programas de defesa estratégica.
Bush precisa de uma justificativa para mandar ao congresso pedidos extras de recursos para programas como o NMD, a tecnologia de ponta americana precisa de um inimigo para manter a estrutura de pesquisa e desenvolvimento de 20 anos atrás.
Putin sabe desta questão, já sabia disto quando assumiu o governo, e obviamente mandou seus planejadores militares criarem planos de contraposição a isto.
Esta é a parte que não pode ser contada.
O que esta sendo dito no jogo diplomático, como é praxe neste tipo de situação não corresponde ao verdadeiro propósito estratégico que ambas as partes almejam.
1) O escudo no leste europeu é para interceptar mísseis iranianos?
Sim em teoria, se um dia o Irã construir um ICBM para ameaçar os EUA, sua trajetória ótima de interceptação passa pela instalação de uma grande estação de radar em banda X e uma base de lançamento de mísseis em solo Checo e Polonês. Um míssil lançado do Irã rumo aos EUA literalmente passa em cima de Varsóvia.
2) Mas porque apenas “em teoria”?
Porque a capacidade balística do Irã é quase toda procedente da Coréia do Norte, baseada em sistemas No Dong com 1500Km de alcance. Sistemas Taepodong não estão completamente desenvolvidos nem na Coréia do Norte e não tem potencial de crescimento que permita disparos contra o continente americano desde o oriente médio.
Existe também a clássica questão de tamanho de ogiva versus capacidade de carga x alcance. O Paquistão, é outro pais que compartilha da mesma base de mísseis balístico, foi quem desenvolveu a base de tecnologia de ogivas, tem se mostrado responsável em não compartilha-la com a Coréia do Norte, que por meios próprios não conseguiu ainda um projeto convincente de ogiva de plutônio. O Irã esta a pelo menos 10 anos atrasado da Coréia do Norte e quase 20 anos em relação ao Paquistão. Logo uma ogiva iraniana compatível com um ICBM iraniano é improvável por pelo menos duas décadas ou mais.
3) Então o escudo antimíssil é para deter os ICBM russos?
Isto também em teoria. Os ICBM´s russos estão posicionados ao longo de uma variação de longitude de quase 8000Km de leste a oeste do território russo, suas trajetória de ataque não passam pelo escudo americano em leste europeu. Bases no Alasca, Groenlândia e Norte do Canadá seriam as mais indicadas para este fim.
Existe também a força de SLBM da frota do mar do norte, virtualmente imune as defesas em solo europeu.
Alem de que a capacidade MIRV dos mísseis russos coloca a eficiência do escudo antimíssil em cheque, dada a sua arquitetura de interceptação.
4) Se o escudo não pode deter os ICBM´s russos, porque pressão do governo de Moscou?
Vamos responder a esta pergunta somando mais algumas.
I ) Porque os EUA querem colocar um escudo antimíssil que não serve para deter o Irã no futuro previsível, bem como e inócuo ao arsenal russo?
II )Porque a OTAN fechou questão pró EUA neste tema, mesmo a Alemanha, que se manteve contra a invasão do Iraque, apoiou abertamente a instalação do sistema?
III) Porque os governos europeus de França, Inglaterra, Alemanha, Itália fazem vistas grossas ao tema, com uma opinião publica que acha que a instalação nestes mísseis levariam a Europa ao cenário de “alvo nuclear” dos anos 80, que parece estar cada vez mais distante na lembrança?
Bem, ai entra uma questão bastante “invisível” para quem seja de fora do circulo de forças estratégicas mundial.
A Rússia é um pais bastante militarizado, e o governo Putin parece disposto a manter a Rússia entre as 3 ou 4 nações mais poderosas do planeta. Durante os primeiros 10 anos do fim da URSS, a inércia militar era muito forte, afinal da “nova Rússia” nasceu com milhares de itens soviéticos, mísseis balísticos, submarinos, tanques, aviões de combate e toda sorte de equipamentos e conhecimentos soviéticos.
Todos que trabalhavam com planejamento militar na Rússia da segunda metade dos anos de 1990 em diante, sabiam que chegaria o momento de projetar uma nova geração de sistemas estratégicos já sem as facilidades orçamentárias políticas e tecnológicas soviéticas.
Como projetar novos submarinos nucleares? Novos mísseis, aviões de combate, sistemas de defesa aéreos, como criar uma dúzia de tipo de satélites militares e lança-los em pro das forças espaciais?
Em fim, como ser a segunda potencia tecnológica militar do planeta com uma economia de pais em desenvolvimento?
As melhores mentes russas trabalharam quase uma década nesta questão, e um plano foi concebido. Este plano não é perfeito mas é factível com as potencialidades e limitações.
A “Nova Rússia” iria então trocar seus equipamentos da era soviética para um cenário pós guerra fria.
Como manter o “hiato” de segurança durante esta reestruturação? Apostando em armas baratas do ponto de viste de eficiência, e os sistemas nucleares de dissuasão foram os primeiros a serem colocados em operação, dando a Rússia um escudo de 20 anos até que seu plano de segurança fica-se realmente implementado na segunda década deste século.
Qual a motivação americana nesta questão?
Forçar a russa a transferir recursos de seus programas de natureza flexível, como programas de aviões de combate por exemplo, para atualização de programas estratégicos como a força de mísseis nucleares.
A implementação dos mísseis americanos em solo europeu não detem um ataque nuclear russo, mas obriga dos russos a continuamente desenvolverem suas forças nucleares, retardando portanto o desenvolvimento da nova geração de forças convencionais, estas sim importantes para a Rússia no novo cenário pos guerra fria, e temida pela OTAN na medida que pode representar a difusão de armamentos modernos no oriente médio e na Ásia.
O governo Bush também tem seus interesses a defender.
Diante dos cenários estratégicos dos EUA no pós 11 de setembro, a industria americana foi pega na contra mão, itens como o programa NMD – National Missile Defense – verdadeira caixa preta de gastos militares – sonho de toda industria militar portanto, passaram a disputar verbas com itens mais triviais como coletes a prova de balas, blindagem auxiliar para carros de combate, munição de fuzil, e toda sorte de “commoditie” militar que tem um preço mais ou menos tabelado, e que não empolga muito o apetite das grandes fornecedoras americanas, acostumadas desde a era Regan aos grandes, complexos e esbanjadores programas de defesa estratégica.
Bush precisa de uma justificativa para mandar ao congresso pedidos extras de recursos para programas como o NMD, a tecnologia de ponta americana precisa de um inimigo para manter a estrutura de pesquisa e desenvolvimento de 20 anos atrás.
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Esta é a parte que não pode ser contada.
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thicogo escreveu:Kolosva,você poderia comentar um pouco sobre a contra-propósta russa, com o uso do Radar em Gabala no Azerbaijão.
Eu sei que é daqueles radares soviéticos gigantes, mas eles servem para alguma coisa do atual cenário militar-extratégico.Grato
Vou ver se arrumo um tempinho para escrever algo sobre isto.
Benke escreveu:8-]É
Que comentário é este Benke? rs
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interessante, significa então que me forças regulares convêncionais (tanques, aviões, navios) o continente EUROPEU estaria já na frente da RUSSIA?? ao que parece esses escudos servem mesmo é a EUROPA.
com relação a sucessão de PUTIN, esses programas podem sofrer algum atraso?
Que tipo de "escudo" os RUSSOS tem para se defender??
com relação a sucessão de PUTIN, esses programas podem sofrer algum atraso?
Que tipo de "escudo" os RUSSOS tem para se defender??
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Em Moscou existe forte esquema ABM
Usam interceptadores Nucleares se nao me engano, junto com os S-400
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Somos memórias de lobos que rasgam a pele
Lobos que foram homens e o tornarão a ser
ou talvez memórias de homens.
que insistem em não rasgar a pele
Homens que procuram ser lobos
mas que jamais o tornarão a ser...
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Tu160bomber escreveu:Em Moscou existe forte esquema ABM
Usam interceptadores Nucleares se nao me engano, junto com os S-400
Moscow e a cidade mais protegida do mundo.
Esta afirmação baseia-se numa dupla cintura de baterias S-300PM-1 (SA-20A GARGOYLE), mais 4 silos de ABM-3 Gazelle (os tais com uma cabeça nuclear) de médio alcance e ainda 32 silos de ABM-4 Gorgon de longo alcance (interceptadores trans atmosféricos)...
Leiam este pdf (http://docs.nrdc.org/nuclear/nuc_04030101a_007.pdf) e creio que vão perceber porque é que eu sou contra a instalação do tal sistema às portas de Varsóvia...
Abraços
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EUA rejeitam oferta russa sobre escudo antimísseis
Os Estados Unidos disseram hoje que o radar oferecido pela Rússia no Azerbaijão não é uma alternativa ao que pretende instalar na República Tcheca como parte de seu escudo antimísseis na Europa, que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiu complementar para proteger o flanco sudeste do continente.
Após um Conselho Otan-Rússia realizado em paralelo à reunião de ministros da Defesa da Aliança, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse que foi "muito explícito" à respeito do assunto com seu colega russo, Anatoli Serdiukov.
Segundo Gates, os EUA consideram o radar de Gabalá (Azerbaijão) como "uma capacidade adicional", por isso que o país tem a intenção de continuar negociando a instalação de um radar na República Tcheca.
Washington também negocia com Varsóvia o posicionamento de uma base de 10 interceptores em seu território, com o objetivo de resistir a ataques balísticos provenientes do Irã.
A oferta do radar no Azerbaijão, feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula do G8 na Alemanha na semana passada, tinha como fim acabar com a crise entre Moscou e Washington por causa do escudo antimísseis, que a Rússia considera uma ameaça para sua segurança.
O ministro da Defesa da Espanha, José Antonio Alonso, declarou que, segundo a informação que tinha de seus assessores, "a oferta russa é interessante, mas não é tecnicamente viável nem suficiente".
Segundo o secretário da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, "nenhum aliado pôs hoje em dúvida as negociações entre EUA, Polônia e República Tcheca" para o escudo antimísseis americano.
A Otan encomendou hoje um estudo, que será apresentado aos ministros da Defesa em fevereiro de 2008, para determinar as implicações políticas e militares do escudo antimísseis americano sobre o sistema de defesa estudado pela Aliança.
De Hoop Scheffer disse que a Otan pode complementar o escudo com seu sistema de defesa contra mísseis de curto e médio alcance para proteger Bulgária, Romênia, Grécia e Turquia, que ficam fora da cobertura americana.
"Todos os aliados são iguais", declarou o secretário-geral antes de insistir no princípio da "indivisibilidade da segurança" dentro da Aliança e de destacar que "a Otan já tem um Mapa de Caminho claro para sua defesa antimísseis, com prazos concretos", para o qual se espera uma decisão na cúpula de Bucareste em abril de 2008.
Gates expressou seu "apreço" pela oferta russa do radar no Azerbaijão, que segundo ele foi um "reconhecimento" de Putin da existência da "ameaça de um ataque com mísseis provenientes do Oriente Médio".
"Queremos trabalhar com os russos sobre a questão da defesa antimísseis como parceiros", assinalou.
O secretário de Defesa americano se mostrou "cético" a respeito de uma reunião de especialistas para estudar a utilidade do radar do Azerbaijão, antes da cúpula que Putin e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, celebrarão em Washington nos dias 1 e 2 de julho.
Os ministros aliados reafirmaram hoje a necessidade de uma "máxima transparência" com a Rússia sobre os planos de defesa antimísseis, para evitar um aumento das tensões, e insistiram em que a Otan e o Conselho Otan-Rússia são os foros adequados para discutir o tema.
"A Rússia deve ter garantias de transparência", declarou o ministro espanhol, afirmando que o sistema de defesa antimísseis é "puramente defensivo" e "não vai prejudicar a Rússia".
Reuters
Os Estados Unidos disseram hoje que o radar oferecido pela Rússia no Azerbaijão não é uma alternativa ao que pretende instalar na República Tcheca como parte de seu escudo antimísseis na Europa, que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiu complementar para proteger o flanco sudeste do continente.
Após um Conselho Otan-Rússia realizado em paralelo à reunião de ministros da Defesa da Aliança, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse que foi "muito explícito" à respeito do assunto com seu colega russo, Anatoli Serdiukov.
Segundo Gates, os EUA consideram o radar de Gabalá (Azerbaijão) como "uma capacidade adicional", por isso que o país tem a intenção de continuar negociando a instalação de um radar na República Tcheca.
Washington também negocia com Varsóvia o posicionamento de uma base de 10 interceptores em seu território, com o objetivo de resistir a ataques balísticos provenientes do Irã.
A oferta do radar no Azerbaijão, feita pelo presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula do G8 na Alemanha na semana passada, tinha como fim acabar com a crise entre Moscou e Washington por causa do escudo antimísseis, que a Rússia considera uma ameaça para sua segurança.
O ministro da Defesa da Espanha, José Antonio Alonso, declarou que, segundo a informação que tinha de seus assessores, "a oferta russa é interessante, mas não é tecnicamente viável nem suficiente".
Segundo o secretário da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, "nenhum aliado pôs hoje em dúvida as negociações entre EUA, Polônia e República Tcheca" para o escudo antimísseis americano.
A Otan encomendou hoje um estudo, que será apresentado aos ministros da Defesa em fevereiro de 2008, para determinar as implicações políticas e militares do escudo antimísseis americano sobre o sistema de defesa estudado pela Aliança.
De Hoop Scheffer disse que a Otan pode complementar o escudo com seu sistema de defesa contra mísseis de curto e médio alcance para proteger Bulgária, Romênia, Grécia e Turquia, que ficam fora da cobertura americana.
"Todos os aliados são iguais", declarou o secretário-geral antes de insistir no princípio da "indivisibilidade da segurança" dentro da Aliança e de destacar que "a Otan já tem um Mapa de Caminho claro para sua defesa antimísseis, com prazos concretos", para o qual se espera uma decisão na cúpula de Bucareste em abril de 2008.
Gates expressou seu "apreço" pela oferta russa do radar no Azerbaijão, que segundo ele foi um "reconhecimento" de Putin da existência da "ameaça de um ataque com mísseis provenientes do Oriente Médio".
"Queremos trabalhar com os russos sobre a questão da defesa antimísseis como parceiros", assinalou.
O secretário de Defesa americano se mostrou "cético" a respeito de uma reunião de especialistas para estudar a utilidade do radar do Azerbaijão, antes da cúpula que Putin e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, celebrarão em Washington nos dias 1 e 2 de julho.
Os ministros aliados reafirmaram hoje a necessidade de uma "máxima transparência" com a Rússia sobre os planos de defesa antimísseis, para evitar um aumento das tensões, e insistiram em que a Otan e o Conselho Otan-Rússia são os foros adequados para discutir o tema.
"A Rússia deve ter garantias de transparência", declarou o ministro espanhol, afirmando que o sistema de defesa antimísseis é "puramente defensivo" e "não vai prejudicar a Rússia".
Reuters