10 de janeiro de 2007 - 18:11
Cabral não contesta mortes no Rio apresentadas por NY Times
Não temos que esconder a realidade, mas enfrentar os problemas, diz governador
Felipe Werneck e Karine Rodrigues
RIO - Sem contestar os números apresentados pelo The New York Times, o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), fez apenas um rápido comentário sobre a reportagem que dizia haver no Rio uma guerra não declarada, já que 18.920 mortes foram registradas entre 2004 e outubro de 2006.
"Não temos que esconder a realidade. Nosso papel é enfrentar os problemas", afirmou, durante entrevista no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), na Baixada Fluminense.
Depois de ressaltar que o Rio é uma das cidades mais desejadas por turistas, inclusive por norte-americanos, Cabral voltou a falar sobre o The New York Times, lembrando ter sido um dos defensores da permanência do repórter do NYT Larry Rother no Brasil, em 2004. Em reportagem sobre Lula, Rother escreveu que o presidente tinha problemas com bebidas alcoólicas e que isso era uma "preocupação nacional". Na ocasião, Lula chegou pedir a expulsão do jornalista do País, mas depois voltou atrás.
Os números
Os dados que o The New York Times diz serem oficiais não foram divulgados pelo Ministério da Saúde e nem mesmo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pois ambos não dispõem de informações referentes a 2006. Porém, os números não destoam da situação levantada pelos dois órgãos nos últimos anos. Segundo os números mais recentes do Ministério da Saúde, relativos ao ano de 2004, foram registradas no Rio 14.990 óbitos por causas externas, que incluem acidentes de trânsito, quedas, homicídios, afogamentos, queimaduras, envenenamentos, homicídios e suicídios.
Deste total, metade das mortes, ou seja, 7.374, foram em decorrência de homicídios. Se considerarmos que entre 2000 e 2004 a quantidade permaneceu praticamente no mesmo patamar, com apenas uma elevação grande em 2002 (8,2 mil óbitos), e projetando o número para os anos seguintes, a quantidade apresentada pelo NYT está dentro do padrão que vem sendo registrado.
Já os dados do IBGE, embora mais recentes, reúnem todos os tipos de mortes violentas, sejam as causadas por homicídios, acidentes de trânsito ou suicídios. As estatísticas são do Registro Civil, portanto, consideram apenas os óbitos ocorridos e registrados no mesmo ano. Em 2004, foram 12.468. Já no ano seguinte, o número subiu para 13.577.
Estatísticas divulgadas pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes, obtidas com base em dados do IBGE e da Secretaria Estadual de Segurança Pública, mostram que a quantidade de homicídios dolosos no Estado do Rio vem ultrapassando a barreira dos 6 mil desde 2000.
Os registros ocorridos em 2004 e em 2005 somaram 13.058 óbitos. Nenhum das fontes traz dados sobre o ano de 2006, como fez a reportagem do jornal norte-americano.
http://www11.estadao.com.br/ultimas/cid ... 10/320.htm
O pior é que nada muda. Vão criar factóides com o envio da FNSP, vão colocar tropas para serem fotografadas, e nada vai mudar.