Na hora do rancho, Fome Zero...

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Na hora do rancho, Fome Zero...

#1 Mensagem por Zero » Sex Mai 09, 2003 11:33 am

Caros colegas,

Pensei 10 vezes antes de postar este email. Mas lá vai.

O calunista Cláudio Humberto publicou o seguinte:
A carne é fraca
Praças do Comando Militar do Leste denunciam seu enquadramento na categoria dos “sem bife” no rancho. Os subtenentes e sargentos recebem meio bife, enquanto os oficiais comem quantos bifes quiserem. Teme-se a “revolta do bife” no Exército, que curiosamente participará do Fome Zero.

Vejam no link abaixo:
http://www.claudiohumberto.com.br/index ... 1052094753

Não sei se a informação acima procede mas sei que o meio-expediente é usado há muitos anos pelo EB como forma de poupar o custo do rancho. Isso é feito para desmoralizar as FFAA, dividir seus integrantes e tornar a profissão menos atraente.

O meu interesse no assunto se dá em relação à distribuição dos bifes segundo as "classes" identificadas pela nota acima. Assumindo que a nota procede vou fazer dois comentários.

Primeiro, o fato de existirem restaurantes diferenciados por posto e graduação é um absurdo. Quem vai para a batalha junto deveria almoçar junto.

Segundo, o fato de oficiais tomarem conta dos bifes deixando os restos para os demais é uma grave quebra da disciplina militar. Sou do tempo que os soldados se alimentavam primeiro, depois os sargento e por fim os oficiais. Uma forma de conviver com a escassez seria dar à companhia ou pelotão que melhor se saiu durante a semana (menor número de punições, venceu competição interna, etc) o fabuloso privilégio de consumir todos os bifes na semana seguinte.

Se eu sou o homem que eu penso que sou e fosse oficial do EB, e subordinado meu fosse impedido de se alimentar, eu não me alimentaria.
Essa atitude está de acordo com o espírito do ensinamento que recebi na escola militar que frequentei.

Grato pela atenção.




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#2 Mensagem por Vinicius Pimenta » Sex Mai 09, 2003 12:14 pm

Concordo plenamente. Se essa informação procede isso é um absurdo sem tamanho! É inadimissível que isso aconteça até! Espero sinceramente que isso seja um mal entendido.

A propósito, os amigos do fórum que estão na ativa atualmente podem comentar mais sobre isso. O Comando do Exército permite essa distinção ou isso é um atitute isolada do Comandante ou dos oficiais superiores dos batalhões?




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#3 Mensagem por Clermont » Sex Mai 09, 2003 6:28 pm

Injustificável era e é a existência de duas alimentações diferentes – uma para os oficiais e outra para os soldados. Se o oficial não come a bóia do praça, como aferir-lhe o gosto e prestabilidade? A alimentação deve ser a mesmíssima.

O soldado brasileiro foi encontrar a novidade da alimentação comum a oficiais e praças, na FEB, ou melhor, com os americanos do norte. (Espírito da FEB e espírito "do Caxias" - Ten Gois de Andrade)


Taí, essa era uma coisa que eu sempre quis saber: o moderno Exército brasileiro copiou os maus hábitos do exército de antes da guerra, ou os bons hábitos do "Exército da FEB"?

E um dos piores hábitos era justamente esse, o da refeição em separado para oficiais e praças.

Aliás, quando um oficial superior da FEB chegou à Itália e ficou ciente desse aspecto da organização militar americana, a tachou de "subversiva" pois, segundo ele, "iria quebrar a disciplina militar brasileira".




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#4 Mensagem por César » Sex Mai 09, 2003 8:32 pm

Se isso for verdade, é um absurdo sem tamanho! :x :shock:

Abraço a todos.

César




"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

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#5 Mensagem por Vinicius Pimenta » Sex Mai 09, 2003 11:21 pm

Respeito não se impõe, se conquista. Não é o fato de oficiais e praças comerem a mesma coisa que vai quebrar a disciplina.

Os oficiais têm que conquistar o respeito e admiração da tropa pelas suas atitudes. Sua maneira de agir, espírito de corpo, confiança, companherismo isso sim é que faz a diferença. É respeitando que se é respeitado, não é tratando os praças de uma maneira ridícula como essa.




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#6 Mensagem por Guerra » Sáb Mai 10, 2003 3:14 pm

Dentro dos quarteis existem ranchos separados para oficiais, sargentos e cabo/soldados. Isso é previsto em regulamento. A diferença na etapa também é prevista em regulamento, porém esse negocio de bife de segunda para um e bife de primeira para outros não existe no regulamento. Cada um tem direito a uma porção de não sei quantas gramas de carne, arroz, feijão, etc por dia e é igual para todos. Tanto é assim, que as vezes a quantidade de certos itens por homem é tão pequena, que é preciso colocar esse item todo dia no cardapio para comer uma vez por semana, por que a quantidade por homem não dá.
O correto é que toda a comida seja feita junta, e só depois seja separada as etapas. Isso funciona dentro do quartel. Em exercicios de adestramentos ou em missões onde a comida é servida junta, se avança do mais moderno para o mais antigo, isso é algo consagrado no EB. Mesmo no periodo basico onde o soldado esta sendo treinado como combatente individual, é pratica comum que todos os oficiais e sargentos assista o rancho dos soldados e só depois vão almoçar.
Mesmo com essas diferenças nas etapas e com ranchos separados, previstos em regulamento, isso vai muito do comandante. Tem muito tempo que eu não vou num quartel onde a comida é diferente nos ranchos, o que um come, os outros também comem.
Na minha opinião, acho que deveriam acabar de vez com essa diferença regulamentar, já que praticamente ela não existe mais. Quanto a separar ranchos, para mim tanto faz comer com o general ou com um soldado.




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#7 Mensagem por Guerra » Sáb Mai 10, 2003 3:19 pm

Só uma pergunta meio fora do tópico. Essa Claúdio Humberto é aquele da era COLLOR?




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#8 Mensagem por Clermont » Sáb Mai 10, 2003 4:37 pm

Salve, Sgt Guerra.

Primeiro, respondendo sua pergunta: é o mesmo Cláudio Humberto. Infelizmente.

Segundo, sobre a sua exposição me corrija se eu entendi mal:

1) Não existe uma norma regulamentar, determinando que a comida que oficiais, graduados e praças consumam seja a mesmíssima. Assim, tal decisão fica a critério individual dos comandantes locais.

2) Por força de regulamento, a área de refeições (rancho ou refeitório) são ambientes separados para oficiais e praças.

O primeiro aspecto me parece fundamental. E se for mesmo assim, seria muito bom que o atual Ministério da Defesa chamasse os comandantes das Forças Armadas e sugerisse, fortemente, algumas alterações nos regulamentos.

Quanto ao aspecto do rancho, não sei isso tem muita importância em tempo de paz. Embora, por outro lado, a gente tenha a tendência de achar que a refeição comunitária, talvez fosse a coisa mais indicada.

Afinal, não dizem que os pelotões e companhias são uma grande família?




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#9 Mensagem por Vinicius Pimenta » Dom Mai 11, 2003 1:29 am

Na MB todo mundo come a mesma comida, no mesmo lugar, na mesma hora e mesmo assim a disciplina, o respeito, etc, são mantidos. Eu não consigo acreditar que o EB em 2003 siga fazendo a mesma coisa que a 200 anos atrás. =;

Se existir um regulamento do EB que preveja essas distinções ele está mais do que ultrapassado. E digo mais: é ridículo! :evil:




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#10 Mensagem por Zero » Seg Mai 12, 2003 10:39 am

Caros colegas,

Tendo lido o que o Sgt Guerra relatou, creio que a nota do Cláudio Humberto é baseada em maledicências e achismos que não foram verificados quanto a sua veracidade.

Se houvesse apenas um restaurante nos quartéis, a presença de oficiais e sargentos seria visível e esse problema não ocorreria.

Espero que o Ministério da Defesa tome providências e requeira do jornalista retratação, uma vez que a nota é ofensiva aos interesses do EB e de seus quadros.




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#11 Mensagem por Guerra » Qui Mai 15, 2003 11:00 am

Colocando melhor o que disse. Existe uma etapa igual para todos, iclusive feita na masma panela. Os oficiais e sgt tem direito a outra etapa complementar, que é uma melhoria. Eu não saberia responder o que é essa etapa, se é uma salada ou um outra coisa.
Essa falta de recursos esta nos ensinado muito nesse campo, podem ter certeza.
Perguntei sobre o autor do texto porque achei estranho a patota do Collor se importando atualmente com os praças. Quem te viu, quem te vê.
Cadê aquele pessoal que puniu vários militares, inclusive praças, por futilidades e caprichos?




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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