Sarkozy: Brasil no CS da ONU e no G-8
Enviado: Seg Ago 27, 2007 6:55 pm
Acho que ele joga para a platéia. Há muitos interesses sendo disputados atualmente e os países desenvolvidos vêem demonstrando isso ao disputar 'a tapa' os mercados emergentes...
O que acham?
O que acham?
Sarkozy quer Brasil no G8 e no Conselho de Segurança da ONU
Países emergentes formariam o G-13; Itamaraty viu proposta com bons olhos, mas quer saber como será aplicada
Jamil Chade, enviado especial
Presidente apresenta propostas de política externa
Presidente apresenta propostas de política externa
PARIS - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, quer o Brasil tanto no Conselho de Segurança da ONU como em uma ampliação do G-8 (grupo dos países industrializados). No domingo, 26, em Paris, o novo presidente francês apresentou a seu corpo diplomático suas idéias de política externa e deixou claro que o G-8 terá de se transformar em um G-13 (com os países emergentes).
Leia mais na edição de terça-feira, 28, de O Estado de S.Paulo.
O Itamaraty viu com bons olhos o discurso, mas quer saber como tal postura irá se traduzir na prática já que a realidade ainda está distante das propostas do francês. O Brasil se queixa da forma pela qual é tratado no G-8 e acusa os países ricos de ditar a agenda dos encontros.
Tanto a ampliação do G-8 como do Conselho de Segurança são pontos considerados como prioritários na agenda da política externa brasileira. No caso do G-8, o Brasil vem sendo convidado às cúpulas do grupo. Mas as reuniões são sempre curtas ou mesmo se limitam a um almoço e uma foto com os líderes mundiais.
Um incidente diplomático ainda ocorreu em junho em Heiligendamm, na última cúpula do G-8. A Alemanha, como anfitriã, já havia produzido e distribuído a declaração final do encontro entre o G-8 e os países emergentes (China, Índia, Brasil, África do Sul e México) antes mesmo da reunião ocorrer. Berlim foi obrigado a enviar suas desculpas oficiais aos países, mas ainda assim irritou os convidados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu na Alemanha que os países emergentes precisavam ter voz nas decisões mundiais, posição tomada também por Pequim e pelos demais governos convidados. Diante da demanda, Berlim inaugurou um novo modelo de participação dos emergentes, com o anúncio de que os cinco governos convidados e o G-8 debateriam temas específicos e um plano de ação seria criado nos próximos dois ano.
Mesmo assim, fontes do alto escalão da diplomacia brasileira afirmam que o País ainda não está satisfeito. Diplomatas alertam ao Estado que a agenda do grupo ainda é elaborada pelo G-8, definindo praticamente quais são os temas que poderão ser tratados com os países emergentes. Duas reuniões entre os emergentes e o G-8 já estão marcadas para ocorrer neste ano. Uma será em setembro em Nova Iorque e outra em Outubro, em Paris.
Discursando para seus embaixadores, Sarkozy sugeriu a transformação do G-8 em G-13, principalmente para lutar contra a degradação ambiental. Para o francês, China, Índia, Brasil, México e África do Sul devem se consolidar como membros do grupo e o processo iniciado nas cúpulas anteriores precisa ser "institucionalizado". Em sua avaliação, um dia inteiro deve ser reservado ao encontro do G-13, e não apenas algumas horas.
Segundo o francês, o motivo dessa institucionalização seria a necessidade de uma "cooperação estreita entre os países mais industrializados e os grandes países emergentes para lutar contra as mudanças climáticas, disse.
O G-8 precisa seguir sua lenta transformação, afirmou Sarkozy. Mas a ampliação do G8 também não é um consenso. A Alemanha aceita a ampliação do, mas apenas para temas específicos e negociados com antecedência. Estados Unidos e Japão resistem ainda mais à idéia de uma ampliação. "Nem todos dentro do G-8 devem estar satisfeitos com o que escutaram de Paris", confessa um diplomata alemão.
Sarkozy, tentando desenhar sua imagem do mundo, ainda defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU para incluir Brasil, Japão, Índia, Alemanha e um país africano. As reformas iniciadas em 2005 no sistema das Nações Unidas vão em uma boa direção. O que tem faltado até agora é a vontade política de concluir (a reforma)", afirmou.