Dieneces escreveu:Koslova , me permito discordar . Isso que você acredita não pertencer ao mundo dos confrontos modernos , um vetor COIN de médias prestações , é exatamente o que a USAF está requisitando para empregar , nada mais nada menos, que no Iraque . Não resta mais nada oriundo dos embates nos céus do sudeste asiático em condições de vôo , no inventário norte-americano. Favorito disparado , EMB-314 , ÚNICO VETOR DO PLANETA QUE PREENCHE OS REQUISITOS EXIGIDOS PELA USAF .Saudações.
Ola Dieneces, aproveitando para completar um pouco do que o A-29 também escreveu.
Sim, parece interessante, e razoavelmente coerente um avião relativamente barato de se voar como o ALX, realizando missões COIN contra forças irregulares.
Também parece bastante coerente que no atual momento militar em que vive o mundo, um avião como o ALX possa em teoria ter mais necessidades imediatas do que um caça de US$ 60 milhões.
Um bom exemplo disto, talvez fosse uma rápida pesquisa sobre quais aviões nos últimos 10 anos obtiveram mais vitórias ar-ar em todo o mundo.
Uma pesquisa bem elaborada, poderia nos mostrar o Tucano, operados pela FAC, FAP e FAV com um bom numero de vitórias ar-ar, talvez até á frente de dos F-16 da IAF e USAF.
Sinal claro e inequívoco de que as forças aéreas modernas, se envolvem mais em tarefas nada glamurosas de interceptar um Cessna cheio de cocaína ou bombardear um acampamento de guerrilheiros ou terroristas, sejam eles na África América do Sul, Iraque ou Afeganistão.
Porem, quero oferecer um outro ponto de vista para refletirem, porque é exatamente assim que forças aéreas sofisticadas como a USAF, a IAF, a RAF ou Armée De L’Air tem se posicionado.
Sabem qual foi um dos aviões que mais realizaram ataques em apoio a tropas americanas no começo da guerra do Afeganistão?
O B-1!
E sabe porque?
Dois motivos, o primeiro era reduzir a necessidade de atravessar o tempo todo os corredores abertos por paises como o Paquistão, também se evitaria ao Maximo operar ainda em solo afegão um grande numero de caças táticos, naquele momento simplificando o apoio logístico.
O segundo motivo é que o B-1, poderia ficar varias horas orbitando a grande altura, longe de qualquer ameaça ar-ar, e entregaria seu pacote de armas, JDAM com uma precisão de poucos metros do inimigo, quando as tropas em terra solicitassem.
Simplesmente a USAF vivia um paradoxo, empregava um dos seus aviões mais sofisticados para operar em um perfil tipicamente COIN.
O que permitia ao B-1 operar assim? Como o que permite a um Gripen ou F-16 ser um vetor anti tanque tão ou mais mortal que um helicóptero de combate?
Porque Israel, que tem a força aérea com maior experiência em combate contra o terror operar um F-16 como um vetor COIN e não um avião lento e simples como o ALX ou um treinador armado?
A resposta esta no foco que as forças aéreas de primeira linha tiveram após a guerra de 1990 no desenvolvimento de armamentos especializados e não de plataformas especializadas.
Quais os desenvolvimentos que USAF e IAF tem apostado para a guerra contra o terror?
Bombas termobáricas, UAV’s armados, melhores meios de coordenação de ataque com inteligência em tempo real, armas ultra precisas para apoio aéreo aproximado a alturas acima das defesas Manpads, integração entre forças de terra e áreas em níveis antes nunca visto.
E as plataformas?
Bem, elas continuam sendo as mesmas de sempre, o que muda é o pacote de missão.
Obviamente vocês estão fazendo a seguinte conta, a hora de vôo de um F-16 custa X, a hora de vôo de um ALX custa apenas uma fração de X, porque então ainda preferem um ALX?
Ai entram questões industriais, culturais e políticas. Qual seria a reação de prioridades se a USAF descobrir que precisa mais de um avião simples para combate COIN do que a versão V/STOL do F-35 que na pratica so existe para agradar os fuzileiros americanos, que em tese nem deveriam ter aviação orgânica e a Royal Navy. Qual seria a posição da Lockheed se seus sofisticados projetos de armamentos para UAV’s fossem preteridos por simples bombas burras em modo CCIP/ CCRP lançadas por um ALX?
A USAF pensa diferente, a IAF pensa diferente, ambas tem modelos operacionais e industriais que estão em outra realidade a FAB por exemplo.
O próprio ALX é um projeto cuja consideração é mais industrial do que operacional. Ele era o avião que a FAB poderia pagar e a Embraer poderia produzir, dentro da penúria orçamentária dos anos de 1990. Não houvesse o Tucano, e a necessidade de continuar neste nicho de mercado, não houvesse o interesse da FAB e Embraer em continuar a família Tucano, dificilmente teríamos um turbo-helice com estas características na FAB.
Eu não estou com isto querendo depreciar este projeto, pelo contrario, ele tem varias qualidades, mas daí a achar que ele é o avião que o “mundo” precisa, a distancia é grande.
Falta responder então, porque afinal de vincula a USAF ao ALX.
E primeiro lugar o ALX foi OFERECIDO para a USAF, isto é muito diferente de requisitado pela USAF.
E quando a USAF viver a requisitar um avião nesta classe, o motivo não será seu desempenho e custos baixos de manutenção, na cabeça de um general americano, eles ainda vão querer usar o F-16, F-18, F-35, Apache, B-52 e tudo mais que eles tem no inventario para realizar uma missão COIN, o foco é a especificidade de sensores e armamentos, mas existe um porem.
Os EUA devem reduzir sua presença militar no Iraque, no Afeganistão a médio prazo, também vão querer que alguns paises que tenham foco de atividades terroristas cuidem eles mesmos de seus interesses, e não dependam completamente de forças americanas para tal.
Um ALX pode não despertar paixões dentro da USAF, mas seria a escolha ótima de generais americanos para dotar paises como Iraque, Afeganistão de forças aéreas com capacidade COIN, já que para estes paises liberar um F-16 ou F-35 com JDAM seria um completo contra senso.
A USAF pode no futuro comprar um avião com estas características?
Até pode, mas isto é mais para desenvolver uma capacidade a ser repassada para forças aéreas nanicas que elas pretende implantar em alguns paises, do que necessariamente para ser um vetor importante em qualquer cenário que ela se envolva.
Volto a questão anterior.
· Porque o ALX não vende tão bem como o Tucano?
· Porque até mesmo os “novatos”Sul Coreanos tem conseguido algum mercado mesmo sem tradição alguma?
· Porque o PC-21 não é considerado como um avião com capacidade primaria para ataque se existe um bom mercado para tal, segundo alguns?
Isto tudo me lembra muito o "clima" feito em cima do AMX de 1984 primeiro vôo) até 1990, (primeiras unidades em serviço). O AMX era descrito como sendo de interesse de uma duzia de forças aereas pelo mundo, as revistas brasileiras até exibiam supostas listas de FA's operadoras, comentava-se até na troca da Spey por outro motor para atender a FAA. No mundo real, o AMX era apenas um A-4 que voou exatos 30 anos depois.
Ainda tenho a tese, de que o ALX é uma maravilha para o olhar e a realidade “Fabiana” mas mundo a fora, pouca gente pensa como a FAB.
Elizabeth