O Negócio Perfeito
O Mirage 2000-5 foi: sonhado, desejado e desenhado como o futuro caça leve da IAF(Bharatiya Vayu Sena), para substituir o turbulento MiG-21, ou
caixão voador ,
como a imprensa da índia chama o avião, que tem ocasonado um número elevado de acidentes. Com cerca de 60 Mirage 2000H/TH, chamado de Vajra (Trovão Divino), na sua frota, a IAF contatou os franceses para adquirir o Mirage 2000-5 de forma direta. Especialmente o interesse era com o binômio avião-míssil (BVR MBDA MICA). Também previa a integração desse míssil no Su-30 MKI.
Em 2002, as negociações estavam avançadas, e o então VP Internacional da Dassault, Bruno Cotté informou a Defesa@Net que havia a possibilidade de haver uma otimização do programa F-X da FAB, com o programa da Índia. Um dos objetivos não declarados da criação do Consórcio Mirage 2000 BR, que foi lançado durante a FIDAE 2002, Santiago do Chile.
A criação de um grupo industrial, onde poderiam participar os três países: França (Dassault, SNECMA, THALES), Brasil ( Embraer) e Índia (HAL). Os planos previam as possíveis vendas geradas pela formação desse grupo. No caso da América Latina, que séria a área de influência da Embraer, o Peru, que opera o Mirage 2000, tinha mostrado interesse.
Porém, o impasse do programa F-X no Brasil, e os sucessivos adiamentos por parte dos indianos levou a estrutura a uma crise. O Programa F-X brasileiro acabou encerrado sem uma definição. O Brasil acabou por adquirir um lote de 12 Mirage C/B dos estoques do Armée de l´Air, e a Índia sob pressão interna e externa, após sucessivos adiamentos, acenou com a abertura de uma licitação internacional.
Contatada essa manhã, fonte próxima a Dassault informa que a empresa vê com reservas o atual programa de aquisição. Todas as outras aquisições da Índia sempre foram de compra direta. O movimento americano, feito em Março de 2005 (ver box), de oferecer equipamentos avançados, ao mesmo tempo, para a Índia e o Paquistão, e com isso trazendo para a competição os caças Boeing F/A-18 E/F Hornet e o Lockheed Martin F-16 E/F (Block 60), tornam imprevisível o resultado. Além do mais, a cota francesa de negócio de defesa e alta tecnologia, já teria sido completada com a aquisição pela Índia dos submarinos Scorpene, mísseis Exocet e os aviões Airbus.
Fontes francesas acreditam que o programa da índia terá o mesmo curso do Programa F-X da FAB, só que com um forte sabor de curry. A próxima viagem de Chirac é a Arábia Saudita, 04 Março. A França não considera perdido o mercado da Arábia Saudita ao Rafale. Novamente Bruno Cotté, agora coordenando a entidade governamental SOFRESA (entidade de fomento às exportações de equipamentos de defesa para os países árabes), tem desde a sua nomeação, em janeiro desse ano, acionado todos os contatos para manter o Rafale vivo na competição da Arábia Saudita.
A França deverá fechar o contrato MIKSA, valor de 7 bilhões de euros, vigilância eletrônica das fronteiras sauditas, durante a visita de Chirac.
Em tempo a FAB planeja reabrir o Programa F-X, agora em uma compra direta e o escolhido devrá ser o Rafale.