As Pereira da Silva, de facto parece ser uma aposta falhada.
Tudo leva a crer que a principal razão do seu abandono foram deficiencias aquando da construção. Tais deficiências levariam a uma vida útil reduzida, tornando desaconselhável investir nos navios.
Classe: Pereira da Silva (1963 - 1989)
Fragata / usos gerais
Deslocamento máximo: 1914 Ton.
Comprimento: 95.9 M
Largura: 11.17 M
Velocidade máxima: 27 nós
Numero de unidades produzidas: 3
Registo Nome Estaleiro Comissão Abatido
F 472 Pereira da Silva LISNAVE (Lisboa) 20-Dec-1966 1989
F 473 Gago Coutinho LISNAVE (Lisboa) 29-Nov-1967 1989
F 474 Magalhães Correia ENVC (Viana do Castelo) 04-Nov-1968 1989
[
b]Motores
Motores: 2 turbinas Laval, alimentadas por duas caldeiras Foster-Wheeler desenvolvendo 20.000 Hp- Autonomía para 11.000 Km a 15 nós
Tripulação: 12 Oficiais, 25 Sargentos e 142 Praças.
Armamento
Canhões:
2 (dois) canhões de 76mm Mk33 numa torre dupla
Torpedos: Dois lançadores triplos US Mk-32. para torpedos de 533mm
Dois morteiros anti-submarinos Bofors, de 375mm
Radares/Sonares
Radar:
Pesquisa aérea: MLA1b
Director de tiro: SPG-34
Navegação: Decca RM316P
Sonar: Sonar de pesquisa SQS-30(32A)
Notas adicionais
As fragatas da classe Pereira da Silva, foram três unidades da classe americana Dealey,
que são dos primeiros navios construidos depois da segunda-guerra mundial, com o objectivo de contrariar o esperado aumento exponêncial do numero de submarinos soviéticos a operar nas águas do Atlântico-Norte.
Estas fragatas, dispunham de uma
velocidade elevada para a altura, em que ainda estavam ao serviço muitos dos contra-torpedeiros e escoltadores vários, construidos para perseguir submarinos e escoltar os lentos navios de transporte, que supriam as necessidades dos exércitos aliados na Europa.
A principal arma, era a nova torre dupla com dois canhões de 76mm com funções anti-aéreas, que era controlada por radar.
O navio era extremamente eficiente, mas ao mesmo tempo, também foi considerado
extremamente caro.
A situação em África, no inicio dos anos 60, levou Portugal a restringir os investimentos militares em áreas consideradas não vitais. Por isso, a marinha portuguesa, encontrava-se na altura, numa situação algo complicada, com apenas um navio relativamente moderno, sendo o resto da frota, constituida por navios anteriores à segunda guerra mundial.
Em 1961, é afundado em combate o Aviso (canhoneira) Afonso de Albuquerque, em combate contra fragatas da União Indiana, o que demonstrou a total obsolescência dos meios navais portugueses.
Perante a pressão norte-americana, são encomendados em Abril de 1961, inicialmente dois navios, a que se junta mais tarde a encomenda de um terceiro em Novembro de 1962.
A construção das Pereira da Silva, decorreu em Portugal, mas foi vitima de inumeros problemas, de entre os quais se destacaram, por um lado a
dificuldade dos estaleiros portugueses em construirem navios que apresentavam uma sofisticação considerável para a época, e por outro, pelas opções do governo em termos de orçamento de um país que estava em guerra.
Além disso, uma vez que Portugal não podería utilizar estes navios em África, as fragatas da classe Comandante João Belo, encomendadas a estaleiros franceses, tiveram clara prioridade, uma vez que não teriam restrições de utilização.
As João Belo, eram aliás, mais poderosas que as Pereira da Silva. Mais pesadas, (embora bastante mais lentas), vinham equipadas com três canhões de 100mm de tiro rápido, que as tornavam muito mais capazes que as Pereira da Silva, nomeadamente em operações junto à costa.
A preferência em termos de orçamento, foi dada sempre aos navios franceses.
As Dealey/Pereira da Silva, foram sendo preteridas.
As Comandante João Belo, foram encomendadas em 1964, e começaram a ser entregues em 1967, sendo a última entregue em 1969. entretanto, o programa de construção das Pereira da Silva marcava passo. a última unidade só foi entregue em 1968, e quando foi entregue, já tinha necessidade de algumas alterações,
como as que foram feitas às Dealey americanas, que passaram por alterações ao nível dos sistemas de combate, electrónica e armamentos.
No entanto, a classe Dealey era relativamente pequena, e essa era tambémuma das razões para não fazer alterações aos navios. Os americanos reconheceram isso mesmo, ao abandonar a classe em 1972, em favor de fragatas com o dobro do deslocamento, como eram as fragatas Knox.
Entretanto, as fragatas francesas tinham, a clara preferência.
Mesmo com o fim da guerra em África, as Pereira da Silva, foram sempre consideradas como "parentes pobres"
embora tivessem potêncialidades para se transformar em navios bastante mais poderosos, se houvesse vontade de efectuar as alterações.
A Noruega, que comprou seis unidades (pagando apenas metade, dado a outra metade ter sido paga pelso Estados Unidos) continuou a modernizar as suas fragatas Dealey, e ao contrário de Portugal, não as substituiu no inicio dos anos 90.
Em 1985, a última Pereira da Silva, foi " encostada".
Os navios estavam completamente obsoletos, mercê do pouco investimento que neles se fez.
Os equipamentos que tinha, por serem obsoletos, necessitavam ser modernizados, e a tradicional falta de verbas impediu qualquer modernização.
Eventuais problemas e falhas, ocorridos durante a construção, que terão danificado a estrutura do navio, também podem, a ter ocorrido, estar na origem da decisão de não investir nestes navios.
Por tudo isto, as fragatas João Belo, continuavam a ser vistas como mais merecedoras de upgrades. Tanto que até ao final dos anos 80, ainda havia planos para instalar misseis Exocet nas fragatas da classe João Belo, e mesmo para lhes instalar um hangar para a operação de helicópteros.~
No fim, nem as três Pereira da Silva sofreram qualquer intervenção de nota, nem as quatro João Belo foram modernizadas (excepção feita a equipamentos de sonar e remoção de peças de 100mm).
As fragatas da classe Pereira da Silva, foram efectivamente substituidas pelas fragatas da classe MEKO-200, Vasco da Gama.
A marinha da Noruega, continua em 2005 a operar estes navios, embora estejam a ser substituidos pelas novas F-310 Naasen. Na fotografia pode ver-se uma fragata norueguesa, idêntica as Pereira da Silva, ao lado de uma fragata Kortenaer.
A comparação é curiosa, porque as Kortenaer, têm dimensões idênticas às actuais Vasco da Gama. Por isso, é possível efectuar uma comparação de tamanho.