Segunda, 12 de abril de 2004, 12h40 Atualizada às 15h20
Rio aumenta para 1,6 mil número de PMs na Rocinha
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, anunciou hoje que a polícia vai ocupar a favela da Rocinha com 1,6 mil policiais e não mais 990 como havia sido divulgado. De acordo com o secretário, a ocupação vai acontecer "pelo tempo necessário".
Hoje, um helicóptero da Polícia Militar foi atacado por traficantes do Morro de São Carlos, no Estácio, zona norte. Dois policiais, lotados no Grupamento Aéreo-Marítimo, foram atingidos. O aparelho fez um pouso de emergência no pátio do Batalhão de Choque.
A favela da Rocinha, na zona sul do Rio, vive uma guerra entre grupos rivais do tráfico de drogas desde a sexta-feira santa. Ao longo do feriado da Páscoa, dez pessoas morreram assassinadas no local. As duas últimas vítimas são traficantes mortos pela manhã e à tarde.
Também pela manhã, a polícia cercou a favela e tentou subir o morro, mas foi recebida a tiros pelos traficantes. O próprio comandante geral da PM, Renato Hottz, disse que foi obrigado a esconder-se atrás de um latão de lixo para proteger-se do tiroteio.
De acordo com a polícia, os bandidos pediram "reforços" a marginais de outras favelas cariocas e homens armados tentam entrar na favela para apoiar seus comparsas. Para a polícia, cerca de 120 homens de outros pontos da cidade entraram na Rocinha para apoiar suas facções na disputa por pontos de tráfico.
Moradores das comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Borel e Andaraí foram detidos na Rocinha. A PM acredita que metade deles já deixou a favela. Outros sessenta acusados de tráfico são procurados pela PM.
Policiais da guarda florestal do Rio foram convocados para vasculhar a mata no entorno da favela. A polícia acredita que muitos traficantes se refugiaram em áreas isoladas pela mata a fim de escapar do cerco policial. Helicópteros da PM também sobrevoam a favela para tentar identificar o movimento dos traficantes.
A Secretaria de Segurança disse que o plano da polícia é vasculhar cada beco da Rocinha com os 1600 homens deslocados para o local até prender todos os traficantes envolvidos nos episódios de violência.
O comandante da PM, Renato Hottz, disse que operações da PM serão realizadas em outras favelas do Rio, para evitar que traficantes que estejam fora da Rocinha tentem se deslocar para a favela.
Inteligência avisou PM
O serviço de inteligência da polícia do Rio de Janeiro avisou a polícia militar desde janeiro que uma guerra entre facções rivais podia acontecer a qualquer momento na favela da Rocinha. Para o comandante da PM, as informações foram levadas a sério e, por isso, a polícia fez diversas operações na favela desde o começo do ano.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio, a PM trabalha com efetivo máximo no Estado para não prejudicar o policiamento em outras áreas do Rio de Janeiro
Redação Terra